Prezados Associados :
A AECEEE buscou esclarecimentos referentes a situação do CETAF, a saber:
1 - Como se dá essa parceria entre a CEEE e a UERGS (custos, utilização dos prédios e salas, etc.)?
Bem, essa parceria com a UERGS vem ao encontro dos nossos objetivos que era de manter a atual estrutura do CETAF ativa, uma vez que com uma ociosidade de 80%, mais o advento do curso a distância, assim como o fato de que esses gastos com a estrutura não são contemplados na tarifa. Alia-se a isso a atual situação financeira da empresa, o que dificilmente deixaria essa estrutura passar intacta. Esse convênio tem uma duração de 30 anos e permite a utilização pela UERGS de aproximadamente 50% das salas hoje existentes, o que significa dizer, que mesmo assim, teremos ainda uma área ociosa para continuarmos as nossas parcerias com outras instituições, e não faltará salas para a realização de treinamento para o nosso pessoal CEEE, em hipótese alguma. Dos prédios existentes são de uso exclusivo da UERGS os Prédios 4 e 12, de uso exclusivo da CEEE os Prédios 2, 6, 7, 10, 11, 15, sendo de uso compartilhado os Prédios 3, 5, 8, 9, 13 e 14).
Essa parceria prevê não apenas a utilização de salas pela UERGS, mas como contrapartida temos o pagamento de toda a manutenção do CETAF, isto é, continuaremos a utilizar a nossa própria área a um custo de manutenção zero. Isto é o custo de limpeza, vigilância, agua, luz, entre outros são suportados pela UERGS. Além dessas contrapartidas compete a UERGS equipar os laboratórios de eletrônica e eletrotécnica com instrumentos de ultima geração, os quais serão utilizados de forma compartilhada, assim como equipar os laboratórios de informática com 30 máquinas novas para cada. Permite-se afirmar que ganharemos um “up grade” tecnológico para desenvolvermos as nossas necessidades de treinamento nessa área. Outra questão que a CEEE se beneficia nessa parceria é a flexibilidade para contratação de treinamentos, para se ter uma ideia, lançamos recentemente um curso de especialização em gestão, o qual vai ao encontro dos interesses do grupo CEEE. O mesmo teve uma boa aceitação, e estamos desenvolvendo um novo curso de especialização em engenharia da energia que provavelmente terá seu inicio no segundo semestre de 2014. No tocante ao curso de gestão, já foi encaminhado ao MEC solicitação de aprovação de mestrado. Dessa parceria resultou ainda, neste momento, no oferecimento de curso de inglês em seus mais diversos níveis. O que significa dizer que outras necessidades da CEEE serão atendidas pela UERGS desde que pertençam a sua expertise.
2 - Com essa parceria, a quem pertence a propriedade do terreno e prédios localizados onde hoje funciona o CETAF? Há alguma relação com o repasse de recursos do CRC ao Governo do Estado?
A área é da CEEE-GT e o objeto dessa parceria é uma concessão onerosa de direito real de uso. Não há que se falar em cedência da área a titulo de repasse de recursos do CRC.
3 - O CETAF deixará de existir?
Não, o CETAF não deixa de existir, muito pelo contrário, ele sai fortificado dessa parceria firmada com a UERGS. Na realidade, quando fomos convidados para assumir o CETAF, o Diretor Halikan nos lançou um desafio, revitalizar o nosso centro de treinamento, de forma que as nossas ações trilhassem para que pudéssemos reconquistar, pouco a pouco, o patamar que a instituição conquistou nos anos 80, sendo considerado na época referência em treinamento para empresas do setor elétrico nacional, e o qual serviu de modelo para a implantação do centro de treinamento da CEMIG, da COPEL, entre outras.
Até chegarmos a atual situação, muitos foram os desafios a serem ultrapassados, o primeiro deles era obter informações sobre as operações do CETAF, quando me refiro a operações falo em identificar a capacidade de produção (treinamento hora/aula), os custos, as despesas e até mesmo possibilidades de receitas, entre outras informações como se dava a forma de treinamento, a instrutoria, as convocações, enfim, conhecer a verdadeira razão de existência dessa estrutura de 13 hectares, para melhor atender as necessidades do grupo CEEE.
Ao nos depararmos com os números do CETAF, identificamos que ao longo dos últimos 5 anos possuíamos uma capacidade ociosa média de 80% ano, o que significa dizer que dos 815 lugares disponíveis do nosso centro de treinamento, ocupávamos apenas 163 lugares. Uma condição desfavorável para quem queria retomar aos patamares conquistados nos anos 80. Além de que essa ociosidade tornava os custos efetivos dos treinamentos elevados demais em comparação ao mercado.
4 - Há informação que o acervo da Biblioteca do Grupo CEEE foi doado à UERGS. Em que condições ocorreu essa doação? A Biblioteca deixará de existir?
Na realidade a biblioteca não deixará de existir, ela simplesmente terá o seu local de guarda e conservação dos seus volumes trocados. A nossa biblioteca possui hoje 24000 volumes, sendo desses 5000 volumes referem-se a obras literárias, as quais serão repassadas ao Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo, o restanet do acervo (19000) serão repassadas à UERGS que passarão, a partir de então, guardar, conservar e gerenciar o nosso acervo, e sendo que nós empregados do grupo CEEE continuaremos tendo acesso aos nossos 19000 volumes, acrescidos dos 50 mil volumes da UERGS devidamente atualizados. Pode-se afirmar que os funcionários da CEEE tiveram um acréscimo de material a sua disposição em maior quantidade e mais atualizados, isto é, um “up grade” bibliográfico. A operacionalização desse acesso está sendo discutida entre os técnicos desta CEEE e UERGS e em breve será informado.
5 - Em relação a metodologia de oferta de treinamentos, como surgiu a ideia de implantar o EAD na empresa?
Anteriormente a nossa chegada ao CETAF, o projeto EAD já vinha sendo estudado, apenas determinamos que o mesmo fosse implantado imediatamente, por entendermos que seria a única forma de reduzirmos os custos de treinamento na empresa, ainda por cima atingindo um maior número de colegas. Para essa implantação usamos uma plataforma livre chamada de moodle.
Em contrapartida, esse processo de mudança na forma de transmissão de conhecimento, passando de presencial para a distância, gerou, inicialmente, uma resistência muito grande por parte dos nossos colegas que realizavam os treinamentos, até por se tratar de uma mudança na forma de treinar de mais de 40 anos. Sem contar que com a implantação do EAD o volume de horas de instrutoria a serem pagas reduz consideravelmente. Alia-se a isso a questão da propriedade intelectual.
Porém, com essa prática deixamos de imprimir apostilas que anteriormente eram elaboradas e distribuídas para todos os alunos dos cursos realizados no CETAF. sem contar que o ensino a distância propiciou atingir um maior nº de alunos para os treinamentos em um menor espaço de tempo e sem deslocamentos. Exemplo está no curso de NR 10 Reciclagem, o qual recentemente foi realizado e onde treinamos 560 colegas em apenas 60 dias, ao passo que se treinássemos na forma tradicional, levaríamos mais de 12 meses para treiná-los, uma vez que é muito difícil a compatibilidade de horário entre os alunos e instrutores (liberação por parte da chefia). Outro fator que torna vantajoso o EAD é a identificação dos custos diretos, uma vez que esse curso de NR10 EAD teve um custo direto por aluno na ordem de R$ 0,50, e se o mesmo fosse realizado na forma presencial teria um custo médio de aproximadamente de R$ 760,00 (considerando passagem, ajuda de custo, janta, café-da-manhã, instrutoria, coffee-break, não estando computados os custos indiretos).
6 - E com essa prática não tornaria o CETAF mais ocioso?
Sem sombra de dúvidas, a implantação do EAD retiraria mais colegas de dentro do CETAF, e esse era o nosso maior desafio, retirar colegas de dentro do CETAF treinando-os a um custo mais baixo, e ao mesmo tempo trazendo pessoas para as dependências do CETAF como forma de contribuir para pagamentos das despesas de manutenção. Diante disso, sentimo-nos forçados a ir em busca de parcerias, e muitas foram feitas, como por exemplo as parcerias com a Brigada Militar, a qual realizou a formação de 80 soldados por um período de 8 meses usando as nossas instalações e como contrapartida assumiu os serviços de vigilância noturna de 3 postos, economizando para a CEEE no período uma redução de mais de R$ 300.000,00.
Outra parceria que destacamos é com a FDRH, onde alugamos a área para a realização de treinamentos, como por exemplo citamos o curso de formação de agentes penitenciários realizados nas nossas dependências em um período de 30 dias, o que gerou uma receita pela locação do espaço em, mais de R$ 30.000,00
Destaca-se também, a parceria firmada com a Unisinos, a qual, através do curso de engenharia elétrica utiliza a nossa mini usina para fins de transmissão de conhecimentos aos seus alunos, 1 dia por mês, durante 1 ano e como contrapartida nos fornecem curso que entendemos pertinentes para o grupo e onde não possuímos expertises. Como exemplo de treinamento oferecido em contrapartida foi o curso de administração financeira para gestores, onde nossa proposta foi levar aos gestores conhecimentos mínimos de administração financeira com o intuito de auxiliar na tomada de decisão, pois entendemos que nem sempre R$ 10,00 é maior que R$ 9,00. Destacamos uma parceria que está sendo desenvolvida é com a UFRGS onde estamos estudando a possibilidade de realização de um mestrado em engenharia elétrica, onde os resultados desses projetos deverão resultar obrigatoriamente em vantajosidade para o grupo CEEE através da solução de algum gargalo, e, se possível, enquadramento no P & D.
7 - Qual a situação do alojamento e do coffee-break nos treinamentos?
Olha, com relação ao alojamento, em nossos estudos apontaram que tínhamos uma capacidade ociosa de 60% de um total de 80 leitos ao longo dos últimos 5 anos, e os custos para sua manutenção como limpeza, agua, recepção, lavagem de lençol, roupa de cama, segurança, alimentação e ajuda de custos são maiores que o pagamento de diárias, sem contar que nas avaliações realizadas pelos usuários as reclamações mais constantes eram as condições dessas instalações como roupeiros velhos, falta de ar condicionado, o que para sua regularização ensejaria um gasto elevado. Torna-se mais vantajoso para a empresa se desfazer dessa atividade orientando seus funcionários que se dirijam a um hotel com diárias quando do deslocamento a este CETAF para treinamento.
Quanto ao coffee-break entendemos se tratar de um gasto desnecessário levando em consideração ao atual momento da empresa, e que o mesmo não tem impacto no resultado que se deseja alcançar que é a aquisição do conhecimento. Gastava-se em média R$ 240.000,00 ano em coffee-break, o que, certamente, não agrega valor ao produto final.
8 - Com relação a oferta de cursos irá diminuir ou não?
Conforme orientação do Diretor Halikan os cursos ofertados pelo CETAF deverão obrigatoriamente seguir três eixos: regulatório, legal e estratégico, isto é, apenas cursos que contemplem esses eixos serão oferecidos e autorizados. A tendência é que façamos mais cursos a distância do que presenciais, e se presenciais será avaliado a necessidade de ser centralizado (CETAF), pois a preferencia é o descentralizado. Nosso objetivo principal é não perder a qualidade do treinamento oferecido mas que o mesmo seja realizado a um baixíssimo custo.
Informações prestadas pelo chefe do CETAF
Cláudio Soares dos Santos