Os consumidores indústrias de energia elétrica se aliaram ao comando da Aneel na tentativa de barrar a aprovação de um conjunto de emendas incluídas na MP 706, de 2015. A representação empresarial mais empenhada em fazer o alerta sobre risco de serem criadas novas despesas bilionárias no setor elétrico é a Abrace que encontrou apoio na posição do diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. Para Romeu Rufino, as emendas interferem no ambiente regulatório. As distribuidoras do grupo estatal garantiriam, por exemplo, o prazo de dez anos para adequar a qualidade do serviço a uma base de indicadores defasados. Outras distribuidoras do setor, que renovaram a concessão, contaram com apenas cinco anos para atingir metas mais rigorosas definidas pela Aneel. A decisão de acolher as emendas parlamentares partiu do relator da matéria, senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia. Os ajustes mais polêmicos no texto receberam apoio de senadores do PMDB da região Norte, como Romero Jucá (RR) e Eduardo Braga (AM). A reação ao teor das emendas levou ao adiamento da votação do relatório na Comissão Mista. Ontem, o governo reuniu técnicos dos ministérios da Fazenda e Minas e Energia para buscar uma saída para o impasse. A assessoria econômica de Minas e Energia tentou, sem êxito, convencer representantes da indústria que o impacto financeiro nas tarifas não passaria de R$ 100 mi. A ajuda financeira estaria atrelada à cobertura de despesas com a compra de energia térmica. Cálculos da Abrace indicam que o impacto às tarifas dos consumidores pode chegar a R$ 40 bi em até dez anos. Dados mais conservadores apontam para o montante menor, de R$ 35,5 bi. Para o primeiro ano, seriam repassados até R$ 4 bi em 2017. Esses valores seriam acrescentados à CDE. Durante a reunião de ontem, técnicos da Fazenda asseguraram que o Tesouro cobrirá R$ 5 bi dos R$ 6,5 bi relacionados às dívidas das distribuidoras da Eletrobras com a Petrobras, pela compra de combustíveis para abastecer as térmicas dos sistemas isolados da região Norte. (Valor Econômico – 06.05.2016)