Os grupos Compass e Safira, com forte atuação no setor de comercialização de energia, lançaram este mês um novo produto financeiro para o setor de energia. Chamado de "contrato financeiro de energia", o produto prevê transações puramente financeiras do tipo "non deliverable forward" (NDF) ¬ contrato a termo de moeda sem entrega física ¬ referentes ao segundo trimestre de 2016. O novo contrato usa como referência qualquer índice a ser escolhido pelas contrapartes, entre eles o preço de liquidação das diferenças (PLD) ¬ o preço de energia no mercado de curto prazo ¬, para oferecer mais segurança aos agentes do mercado livre, ante a oscilação dos valores do PLD nas operações de compra e venda de energia. Na prática, segundo Mikio Kawai Jr., diretor executivo do grupo Safira, a operação assegura aos clientes a possibilidade de prefixar o valor do PLD, protegendo¬os de variações que os levem a perdas financeiras. "O produto possibilita que consumidores e geradores já travem o valor futuro do PLD, trazendo mais previsibilidade em questões de custos e receitas. Isso tudo sem a necessidade de efetivamente ter o lastro de energia, o que pode ser feito mês a mês, na medida em que o consumo e a geração forem ocorrendo", afirmou o executivo. Segundo ele, a criação de produtos financeiros em energia é uma tendência mundial. O principal benefício é gerar maior liquidez. "O ganho de liquidez com a transição para o mundo financeiro é brutal. Nos Estados Unidos, por exemplo, o mercado de energia se tornou oito vezes maior. Como parâmetro, o mercado livre de energia no Brasil poderia passar de R$ 13 bi para R$ 104 bi por ano", disse Marcelo Parodi, sócio¬diretor da Compass Energia. Na mesma linha, o BBCE, sistema eletrônico de negociação de contratos de energia, firmou parceria com a corretora XP Investimentos para criar uma plataforma de negociação de contratos financeiros de energia. A corretora será responsável por levar os contratos para aprovação e liquidação na Cetip. (Valor Econômico – 10.05.2016)