Notícias do setor
13/05/2016
AES Eletropaulo vê risco de colapso financeiro por sobras de energia

A distribuidora de energia AES Eletropaulo enviou carta à Aneel na qual afirma que "estará sujeita ao risco de colapso financeiro" caso o regulador não encontre uma solução para as sobras de energia contratada da empresa, que têm sido vendidas com prejuízo no mercado spot de eletricidade. As distribuidoras compram energia antecipadamente, em leilões promovidos pelo governo federal, e a maior parte delas encontra-se hoje com excesso de contratação devido à queda de demanda dos clientes, conforme o Brasil caminha para o segundo ano consecutivo de retração no consumo devido à recessão e à forte elevação das tarifas no ano passado. Quando as sobras de energia são de até 5%, as distribuidoras podem repassar o custo da sobrecontratação aos consumidores, enquanto excedentes acima disso podem gerar perda financeira para as companhias. A companhia, que distribui 34% da energia consumida no Estado de São Paulo, já afirmou que a sobrecontratação encerrará o ano em 16%, o que deverá multiplicar perdas registradas no primeiro trimestre, se nada for feito. A sobrecontratação da Eletropaulo foi de 5,9% no primeiro trimestre, o que gerou efeito negativo de R$ 40,3 mi no balanço do período, colaborando para reduzir o lucro líquido em 34,6% ante mesmo trimestre de 2015, para R$ 30,6 mi. Na carta à Aneel, à qual a Reuters teve acesso, datada de 11 de abril, a companhia afirmou que tem atualmente contratos de compra de energia "com custo de aproximadamente R$ 400 mi ao ano sem qualquer cobertura tarifária". Essa energia é comprada por um preço médio de 148 reais por MWh e vendida pelo preço spot, que começou o ano na casa dos R$ 30 por MWh e atualmente está em cerca de R$ 80 por MWh. Em nota à Reuters, a Eletropaulo disse que não tem projeções sobre perdas com o atual nível de sobrecontratação, uma vez que o impacto "pode ser afetado por variações do preço da energia no mercado de curto prazo". "O nível de sobrecontratação pode levar qualquer companhia a exposições financeiras importantes, razão pela qual, para serem mitigadas, requerem ações de controle e, entre elas, a atuação do regulador. Essa foi a motivação do requerimento administrativo apresentado", explicou a empresa. Desde que a carta foi enviada à Aneel, há exatamente um mês, nenhuma medida foi efetivada para resolver o problema. Procurado nesta quarta-feira, o regulador não respondeu imediatamente. (O Globo – 11.05.2016)

 

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