A Eletrobras pretende chegar a um acordo ainda este mês com os sócios na Norte Energia relativo à parcela de energia descontratada da UHE de Belo Monte destinada ao mercado livre. A comprovação da comercialização desse bloco de energia, da ordem de 900 MWme, é necessária para que a Norte Energia tenha acesso a uma tranche do financiamento do BNDES para o empreendimento, no valor de R$ 2 bi. "Estamos equacionando os PPAs de tal maneira que a gente tenha condições de, com isso, pegar o financiamento que falta do BNDES. Acho que até o fim deste mês a gente consegue. [O caso] está bem adiantado", disse ontem o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto. O executivo não forneceu detalhes das negociações. No fim de abril, os sócios da Eletrobras aprovaram a abertura de uma arbitragem para tratar de uma divergência com a estatal em relação a uma cláusula do acordo de acionistas. Na prática, os sócios entendem que o grupo estatal deve comprar a parcela de energia descontratada de Belo Monte. Já a Eletrobras propõe que cada acionista compre essa energia na proporção de sua participação no empreendimento. A Eletrobras, junto com Chesf e Eletronorte, possui 49% da Norte Energia. O restante pertence a um conjunto de sócios, entre eles Vale, Cemig, Neoenergia e Light. Com relação à suspensão da negociação das ADRs na Nyse, Carvalho Neto disse que a companhia enviará recurso à entidade dentro do prazo, até domingo. Com relação à investigação interna sobre indícios de corrupção na companhia, ele contou que a Eletrobras está fazendo "o máximo possível" para ter elementos suficientes para obter o parecer da KPMG e arquivar o relatório 20-F na SEC antes de a Nyse deslistar as ADRs. O executivo disse que espera para os próximos quinze dias a definição do nome para ocupar a recém--criada diretoria de Compliance. Sobre a privatização da Celg D, o presidente da Eletrobras disse esperar que as pendências existentes entre o governo de Goiás e o governo federal sejam resolvidas rapidamente para que a empresa possa ser licitada. A Eletrobras possui 51% da Celg D. O restante pertence ao governo goiano, por meio da Celgpar. (Valor Econômico – 25.05.2016)