Crise econômica e dificuldades maiores em conseguir financiamento, burocracia nos ritos de obtenção de licenças ambientais e descontentamento com taxas de retorno consideradas pouco atrativas são fatores que acarretaram, especialmente nos últimos dois anos, cenas comuns nos leilões de transmissão de energia da Aneel: sobram lotes e faltam investidores. O cenário atinge em cheio os negócios dos fabricantes de fios e cabos elétricos de alumínio, que após atingirem um pico histórico de produção e consumo, em 2011, na esteira de grandes projetos de UHE, viram a demanda arrefecer desde então. Mais barato e com cerca de um terço do peso do cobre, o alumínio ganhou espaço nos projetos de linhas de transmissão e distribuição de energia nos últimos anos. Conforme dados da Abal, o consumo de fios e cabos, que até meados da década passada rondava as 60 mil toneladas/ano, atingiu em 2011 167,4 mil t. Desde então, a demanda entrou em um viés de baixa: foram 147,7 mil toneladas consumidas em 2012, seguidas de 134,8 mil (2013), 129,3 mil (2014) e 120,3 mil (2015). Em 2016, a previsão é de manutenção dos patamares de consumo do último ano. "O principal drive do crescimento do setor foram as linhas de transmissão que o Brasil construiu desde 2010 e os pedidos para atender o complexo Madeira são o melhor exemplo. De lá para cá, apesar dos leilões de linhas de transmissão continuarem ocorrendo, os projetos não foram tão grandes e o interesse dos investidores que participam das concorrências diminuiu. Ainda assim, uma produção anual superior a 100 mil t é considerada razoável", avalia Roberto Seta, diretor comercial da General Cable, com share de 30% no mercado nacional. (Valor Econômico – 06.06.2016)