Os recentes leilões de energia de reserva para contratação de novas usinas fotovoltaicas podem representar um alento para os fabricantes de equipamentos de geração solar, principalmente no segmento de molduras, no qual o alumínio representa 100% da matéria prima. A impressão inicial é que o alumínio está presente apenas na composição da moldura do painel solar. Na realidade, vai bem mais longe. Além de ser usado na moldura, devido à resistência à corrosão e à baixa densidade do material, o alumínio é normalmente usado nos suportes dos painéis, nos filamentos das células fotovoltaicas que ficam entre os vidros e na proteção térmica dos inversores, aparelhos que transformam a energia armazenada de corrente contínua para corrente alternada. "Nas grandes usinas, o alumínio é usado como suporte por ser uma matéria que absorve melhor a irradiação e suporta altas temperaturas", diz Rodrigo Sauaia, presidente executivo da Absolar. Em média, cada painel solar tem capacidade de geração de 300 watts. No caso de uma hipotética usina solar com 30 MW, diz Sauaia seriam necessários 100 mil painéis solares, cada um ocupando cerca de 2 m2 . Atualmente, a maior iniciativa do setor é o parque híbrido. formado pelas usinas Fonte I e Fonte II, no município de Taracatu, no Estado de Pernambuco. O próprio setor do alumínio ainda não tem números consolidados a respeito do que pode representar o incremento da energia solar. "Ainda estamos dimensionando o potencial deste mercado", diz Adalberto Morales, coordenador do comitê de máquinas e equipamentos da Abal. Mas os cálculos iniciais preveem que uma eventual implantação de parques fotovoltaicos que atinjam 3.300 MW podem exigir a demanda de 89 mil toneladas de alumínio, um volume que representaria um terço da atual capacidade instalada. De acordo com Morales, no caso de uso residencial ou comercial, o maior entrave é o longo tempo de amortização do painel solar, algo em torno de cinco anos no caso de uma residência com consumo moderado. Há também a concorrência com o aço galvanizado, uma matéria prima mais barata, porém de menor durabilidade, e ainda o produto chinês, que entra com preço mais competitivo. Com uma produção mensal de 600 molduras, a capixaba Perfil Alumínio do Brasil tem no consumidor residencial o seu principal cliente. Segundo Jose de Arimateia Nonatto, gerente de engenharia e produtos, a demanda vem crescendo cerca de 10% nos últimos anos, mas o produto ainda é pouco significativo na produção de alumínio extrudado. (Valor Econômico – 06.06.2016)