As ações da Eletrobras tiveram o segundo dia consecutivo de forte alta, impulsionando ganhos no setor elétrico, ainda refletindo as expectativas de que finalmente o governo vai fazer a necessária reestruturação da estatal de energia. As ações preferenciais classe B (PNB) fecharam ontem com alta de 10%, a R$ 16,83, e as ON avançaram 12,45%, a R$ 11,47. Desde o início da semana, a PNB acumula ganho de 25,8% e a ON já teve alta de 37%. Na quarta--feira, as ações tiveram ganhos acentuados, refletindo o convite feito pelo governo ao Wilson Ferreira Junior e um nome considerado forte no mercado, para presidir a estatal. O papel ON terminou o dia com alta de 12,08% e o PNB, de 6,84%. A MP 735, publicada ontem pela manhã, reforçou essa visão de uma abordagem mais favorável ao mercado na Eletrobras. A medida vai tirar da estatal a gestão de encargos setoriais e transferir para a CCEE. A partir do ano que vem, será da CCEE a gestão da CDE, CCC e da RGR. Outro item da medida vai ajudar a tornar o leilão de privatização da Celg D, mais atrativo. Pela nova regra, o comprador terá um prazo extra para cumprir as exigências de qualidade exigidas pela Aneel. Segundo um analista de um grande banco que pediu para não ser identificado, porém, os desafios relacionados à Eletrobras continuam muito altos e resta saber se Ferreira terá o espaço desejado para realizar as necessárias mudanças na estatal. Entre as barreiras que terá pela frente está sanear as demais distribuidoras do grupo, que acumulam prejuízos e dívidas elevadas, para que possam ser privatizadas. Além disso, a companhia continua enfrentando problemas relacionados às investigações de corrupção, que vieram à tona depois que a empresa foi relacionada à operação Lava--Jato. Por esse motivo, a Eletrobras não arquivou os formulários 20- F na SEC e está no meio de um processo de deslistagem da Nyse. (Valor Econômico – 24.06.2016)