Segundo o novo diretor de Operações, empresa precisa ter um olhar diferenciado para o sistema existente
Carolina Medeiros, da Agência CanalEnergia, Operação e Manutenção
19/08/2016
A Chesf quer ampliar seus resultados operacionais, aumentando a disponibilidade do sistema para que ele possa operar com mais confiabilidade e cumprir seu papel de atendimento aos consumidores. Em paralelo, a ideia do novo diretor de Operações da companhia, João Henrique Franklin, é arrumar a casa e colocar em dia até 2018 as obras atrasadas em geração e transmissão outorgadas ou que a empresa arrematou em leilões.
Segundo o executivo, que assumiu a diretoria no último dia 3 de agosto, existe um esforço grande da empresa no sentido de priorizar para colocar em operação comercial alguns desses empreendimentos, mas ainda será necessário algum tempo para que todos eles estejam concluídos. "A gente vai ter ainda um momento de dificuldade no que diz respeito aos novos empreendimentos. Os principais problemas que a gente vem enfrentando, de uma forma geral, são as dificuldades com licenciamento ambiental, questões fundiárias e também, temos enfrentado circunstancialmente uma dificuldade com relação a questão do fluxo de caixa da empresa", comentou.
Franklin afirma que a Chesf vem vivendo um momento de dificuldade financeira, que deve permanecer ainda por um tempo, e que os anos de 2016 e 2017 servirão para resolver essas pendências. Um alívio financeiro deverá vir com a entrada de indenizações relativas à RBSE, pela qual a Chesf teve reconhecido um valor de pouco mais de R$ 5 bilhões a preços de 2012, e na área de geração, onde a companhia estima receber em torno de R$ 4,8 bilhões também a preços de 2012. "O RBSE está mais encaminhado o processo e a parte de geração ainda encontra-se em análise pela Aneel e pelo poder concedente", declarou.
Para o novo diretor, essas dificuldades com novos empreendimentos reforça que a empresa precisa ter um olhar diferenciado para o sistema existente. "O nosso compromisso é de manter a máxima disponibilidade, porque dessa forma a gente vai estar contribuindo para minimizar o impacto dos atrasos provenientes dos novos empreendimentos", analisou. Nesse sentido, segundo ele, é fundamental a empresa ter um planejamento bem estruturado, que contemple planos de manutenção adequados a regulamentação, ações no sistema que permitam que as linhas de transmissão, os transformadores e os geradores venham sempre a estar em condições adequadas de operação, para que sempre que for demandado ter condições de utilizar.
A disputa por novos empreendimentos não foi descartada, visto que é uma discussão estratégia do grupo Eletrobras. "Mas, a princípio, a gente tem que atuar nessas obras que a gente está já com o compromisso de colocar em operação comercial", apontou Franklin. A Chesf ainda está monitorando a questão da escassez hídrica na Bacia do rio São Francisco, tendo em vista a manutenção do reservatório de Sobradinho para o uso múltiplo das águas. "A prioridade não é a geração de energia elétrica na região. O Brasil tem outras fontes para o atendimento ao consumo e a energia eólica já corresponde, em alguns momentos, a cerca de 40% da demanda do Nordeste", explicou.
Franklin destacou, entretanto, que há forte debate entre as comunidades localizadas a montante do Lago de Sobradinho e a jusante, com relação à vazão do rio. Atualmente, a vazão é de 800 m³/s, autorizada pela Agência Nacional de Águas e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com o objetivo de garantir água para outros usos, como o abastecimento humano e a produção de alimentos na região.