Com o cenário confortável de abastecimento de energia no país, apesar da escassez de chuvas principalmente no Nordeste, especialistas esperam que a Aneel mantenha a cor verde da bandeira tarifária para outubro, em decisão que será anunciada na sexta-feira. Segundo eles, a determinação dependerá das condições que serão apresentadas pelo ONS, em reunião com os agentes na quinta e sexta-feira, sobre a operação do sistema no mês que vem. De acordo com Pedro Machado, da consultoria GV Energy, são poucas as chances de o PLD ¬ preço de curto prazo de energia ¬ ficar acima de R$ 211/MWh, que indicaria a necessidade de mudança de bandeira. "Provavelmente iremos ficar entre R$ 180/MWh e R$ 195/MWh." Para um executivo do setor, que pediu anonimato, com os dados disponíveis até o momento, a tendência é que a bandeira permaneça na cor verde. O PLD médio esta semana está em R$ 155,22/MWh, em todo o país. A maior preocupação no setor elétrico é em relação ao Nordeste, onde os reservatórios hidrelétricos marcam apenas 15,4% de armazenamento. O volume é ligeiramente superior ao observado em igual período do ano passado, de 14,5%. Apesar da escassez de chuvas na região, especialistas não acreditam que possa haver impacto no fornecimento de energia para o país. A baixa produção hidrelétrica no Nordeste está sendo compensada pela geração eólica na região e o intercâmbio energético do Sudeste e do Norte. "O cenário hidrelétrico do Nordeste chegou no piso. Mas não há risco de racionamento. Há risco de desabastecimento de água, mas não de energia", afirmou Machado, da GV Energy. Na última reunião do CMSE, no início do mês, foi discutida a possibilidade de reduzir a defluência mínima da hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, de 800 m³/s para 700 m3/ s. O objetivo é reter um volume maior de água no reservatório da usina, principalmente para ampliar as condições de abastecimento de água para a região no próximo ano, caso o período úmido seja novamente fraco. Se houver a mudança na defluência mínima, a expectativa é que Sobradinho chegue ao fim de novembro, quando termina o período seco, com 4,5% de armazenamento. Caso não haja, mudança, esse número deve ser de 2,7%, estima o ONS. Apesar do cenário crítico de oferta de água no Nordeste, o CMSE avaliou que não há risco de qualquer déficit de energia no Nordeste neste ano. A próxima reunião do comitê ocorrerá na semana que vem. (Valor Econômico – 27.09.2016)