Um dos vilões das contas públicas em2015, os swaps cambiais estão amenizando a piora nos dados fiscais neste ano, com receita financeira de R$ 77,1 bilhões que ajuda a conter o déficit nominal e evita uma alta ainda mais forte da dívida bruta. Dados divulgados ontem pelo BC mostram vários recordes negativos nas contas públicas. O déficit primário foi de R$ 26,499 bilhões em setembro, o maior para o mês na série iniciada em 2001, o equivalente a quase quatro vezes os R$ 7,318 bilhões apurados em setembro de 2015. Em 12 meses, o resultado primário subiu de 2,78% do PIB para 3,08% entre agosto e setembro, outro recorde. A dívida bruta do governo geral passou de 70,2% do PIB para 70,7%, percentual inédito nos dados apurados pela atual metodologia, que começa em 2006. Ainda assim, o déficit nominal do setor público, que no exterior costuma ser acompanhado mais de perto porque, no fim das contas, determina as altas da dívida – mantém-se flutuando pouco abaixo de 10% do PIB. Nos 12 meses até setembro, ficou em 9,42% do PIB, pouco menor que os 9,64% do PIB apurados em período correspondente até agosto. O que está segurando o déficit nominal é a despesa com juros da dívida, que vem sofrendo queda ao longo deste ano graças às receitas do governo com operações de swaps cambiais. Esses encargos, que somaram o equivalente a 8,5% do PIB em 2015, encolheram mais de dois pontos percentuais do PIB, para 6,35% nos 12 meses até setembro. Em agosto, estavam em 6,86%. A análise dos dados fiscais acumulados de janeiro a setembro em 2015 e 2016 dá uma ideia mais clara do impacto positivo dos swaps cambiais na despesa com juros. (Valor Econômico – 01.11.2016)