Além de mais poluentes e emissoras de gases estufa, as termelétricas movidas a combustíveis fósseis, responsáveis por 23% da geração da energia elétrica no Brasil em 2015, causam grande impacto no abastecimento de água na região onde estão instaladas. Termelétricas que usam água em seu processo de resfriamento exigem, em alguns casos, volumes que correspondem ao abastecimento de municípios. Pecém 1, no Ceará, por exemplo, consome o equivalente a uma cidade de 200 mil habitantes, o que abasteceria o município de Rio Claro, no interior de São Paulo, ou Itaquera, bairro da zona leste da capital paulista. A localização dessas usinas costuma ser próxima a cidades e regiões industriais, por isso pode haver concorrência pela água para a geração de energia com o abastecimento da população ou irrigação. Esses são resultados de dois estudos lançados pelo IEMA, baseado em São Paulo. A ONG lançou uma plataforma on¬line (usinas.energiaeambiente.org.br), que reúne informações das 88 térmicas movidas a fósseis, sendo 70 em operação e as demais em obras ou registradas na Aneel. Os estudos analisaram usinas acima de 100 MW de capacidade instalada, o que representa quase 80% da matriz de energia elétrica fóssil brasileira. Cruzaram dados da Agência Nacional de Águas (ANA), do Ibama e do setor elétrico, entre outras fontes. O Iema foi fundado em 2006 para analisar a mobilidade urbana e a qualidade do ar. A ONG também analisa as emissões de gases estufa do setor elétrico e contribui na formulação de políticas públicas. (Valor Econômico – 24.11.2016)