O governo, empresas que detêm linhas de transmissão e grandes consumidores industriais de energia discutem formas de aliviar o impacto nas contas de luz provocado pelas indenizações multibilionárias devidas ao setor elétrico. A ideia com mais possibilidade de vingar é o alongamento do prazo de oito anos para pagar R$ 62,2 bi às transmissoras com ativos construídos antes de maio de 2000 e ainda não amortizados. Uma liminar obtida pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace)- impede judicialmente a cobrança de R$ 9 bi do montante total de indenizações. Na tentativa de evitar um prolongamento do conflito nos tribunais, o governo busca outra outras saídas. A alternativa considerada mais viável é uma diluição do prazo de pagamento - possivelmente com parcelas até o fim das concessões, que foram renovadas por 30 anos em 2012. "Há ânimo dos dois lados para brigar", reconhece uma autoridade do setor elétrico. "A ideia é não revisitar todo o problema. Se voltarmos à estaca zero, isso traz uma insegurança muito grande", diz a fonte, lembrando que algumas transmissoras já colocaram uma previsão de pagamento das indenizações em seus balanços. A autoridade ouvida pelo Valor se refere à ofensiva da Abrace para rever o custo das reparações. O presidente-executivo da entidade, Edvaldo Alves de Santana, enviou ofício à Aneel com severos questionamentos sobre os valores calculados. No ofício, relata a conclusão de auditoria própria contratada pela Abrace: os valores de indenização para uma das transmissoras - Furnas - estão inflados indevidamente em R$ 2,2 bi, segundo a associação. "É apenas uma amostra das distorções", afirma Santana. (Valor Econômico – 09.06.2017)