Notícias do setor
03/11/2020
Notícias do Setor

Eletricitários suspendem greve após mediação do TST

Prazo da negociação com a Eletrobras foi prorrogado até o final de julho

WAGNER FREIRE, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

Os empregados da Eletrobras suspenderam por tempo indeterminado a greve prevista para esta segunda-feira, 1º de julho. A suspensão ocorreu após o Tribunal Superior do Trabalho (TST) entrar como mediador do processo e pedir extensão das negociações.

O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) informou que, após a sexta rodada de negociação, não houve avanços, uma vez que a Eletrobras manteve a proposta de excluir uma cláusula no acordo coletivo que impede a demissão em massa.

Os trabalhadores já estavam mobilizados para iniciar uma greve nesta segunda-feira, 1º de julho, porém o TST realizou uma reunião no dia 26 de junho, pedindo que as partes prorrogassem a negociação até o final de julho.

Segundo a CNE, a prorrogação foi sugerida à Eletrobras pelo mi­nistro vice-presidente do TST, Renato de Lacerda Paiva, como condição para que o processo de me­diação pudesse prosseguir. Em contrapartida, tam­bém solicitou que as entidades sindicais deliberas­sem em assembleias a suspensão do movimento grevista.

“ Considerando nosso objetivo de não recuar nas conquistas históricas da categoria, diante do ce­nário adverso trazido pelo desmonte da legislação trabalhista e levando em conta a conjuntura política brasileira, assim como o cenário de ameaça de pri­vatização, o CNE entende a importância do processo de mediação e conta com o respaldo da categoria eletricitária para continuar a construção de um ACT digno e justo, sem retirada de direitos”, diz a CNE em comunicado.

O acordo deveria ter sido concluído em maio. A categoria pede aumento de pelo menos 4,5%, enquanto a Eletrobras oferece apenas 1,5%.

MME: governo faz “tudo o que é possível” pelo Plano de Modernização

O governo tem feito “tudo o que é possível” para colocar em prática as ações previstas no Plano de Modernização do Setor Elétrico, afirmou nesta quinta-feira (29/10) a secretária-executiva do MME, Marizete Pereira, em respostas ao ritmo mais lento da entrada em vigor de medidas do pacote, com previsão de conclusão dos trabalhos em 2022. Iniciado em 2019 e ainda em curso, o plano completou um ano com cumprimento de 21% das 91 ações previstas, segundo ela. No entanto, reservadamente ou em público, agentes do setor têm manifestado preocupações ou contrariedade com o ritmo de andamento dos trabalhos. (Brasil Energia - 30.10.2020)

Abradee recorre a STF contra leis estaduais e municipais sobre energia elétrica

A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) ingressou com Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) a fim de contestar cada uma das 28 leis estaduais e municipais, conhecidas como “leis invasoras”. Segundo a entidade, essas leis invadem a competência federal de regular e legislar temas do setor elétrico. Entre os temas considerados inconstitucionais estão regras para a suspensão do corte de energia de inadimplentes, criação de taxas de fiscalização e utilização de postes, proibição de negativação de inadimplentes, bem como cortes às sextas-feiras e vésperas de feriados, entre outros. A Abradee afirma que as “leis invasoras” prejudicam a segurança jurídica a atração de investimentos e aos próprios consumidores. (Brasil Energia - 30.10.2020)

Acionistas da CEB aprovam subsidiária para iluminação pública

A CEB aprovou, em assembleia geral de acionistas na quarta-feira (28/10), a constituição de uma subsidiária para iluminação pública. A nova empresa, CEB Iluminação Pública e Serviços, terá capital social de R$ 100 mil, dividido em 100 mil ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal. A operação já era esperada pelo mercado e é parte do processo de venda da companhia pelo governo do Distrito Federal. (Brasil Energia - 30.10.2020)

MME aprova 18 projetos de transmissão da CGT Eletrosul como prioritários

O MME publicou no DOU dessa quarta-feira, 28 de outubro, a portaria nº 389, aprovando 18 projetos de transmissão de energia elétrica da CGT Eletrosul como prioritários, com a medida permitindo a emissão de debêntures de infraestrutura. Os projetos aprovados envolvem reforços em diversas subestações e linhas de transmissão localizadas em toda região Sul e em São Paulo e Mato Grosso do Sul, com diferentes prazos de conclusão entre esse ano e até 2023. Os detalhes dos projetos podem ser conferidos no anexo à portaria. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

TCU dá aval a leilão de transmissão

O TCU aprovou o edital com as regras do leilão de transmissão previsto para dezembro deste ano. O certame vai ofertar concessões de projetos com 1.958 km de linhas e subestações da Rede Básica a elas associadas. As instalações de transmissão ficarão localizadas nos estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo, e tem investimentos estimados em R$ 7,33 bilhões. O TCU não constatou irregularidades ou impropriedades para andamento do certame, mas apontou falhas na realização de pesquisas de preços em cinco dos 11 lotes a serem leiloados, com poucos fornecedores ou valores desatualizados. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

Térmicas inflexíveis podem entrar em leilões de 2021

O MME vai retirar as restrições em relação ao nível de flexibilidade para que termelétricas inflexíveis possam participar dos leilões de energia programados para 2021. O anúncio foi feito pelo secretária executiva do MME, Marisete Pereira, em conversa com jornalistas nesta quinta-feira, 29 de outubro, antes de participar do Brazil Windpower. A publicação de um decreto prevendo a inclusão de térmicas inflexíveis nos leilões de expansão é um dos pontos negociados pelo ministro Bento Albuquerque com líderes do Senado, para garantir a aprovação sem alterações do projeto da Lei do Gás. O MME tem a expectativa de que o projeto seja aprovado ainda em 2020. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

Níveis de reservatórios pelo Brasil

Os reservatórios sulistas conectadas ao SIN operam nessa quinta-feira, 29, com 24,9% de sua capacidade, após recuar 0,5% na última quarta-feira, 28 de outubro, em relação ao dia anterior, segundo dados do ONS. A energia armazenada afere 4.493 MW mês e admite 20% da MLT. As UHEs Passo Fundo e G.B Munhoz funcionam com 50,87% e 3,95%. O Norte do país verificou queda de 0,4% e os reservatórios trabalham com 31,1% de seu volume útil. A ENA segue em 58% da MLT e a armazenada afere 4.710 MW mês. A usina de Tucuruí produz energia com 24,45% de seu volume. No SE/CO a vazão caiu 0,3% para 24,5%. A ENA armazenável está em 42% e a armazenada indica 49.929 MW mês. As UHEs Furnas e Serra da Mesa registram 28,25% e 27,23%. Já na região Nordeste a capacidade de armazenamento diminuiu 0,2% e o submercado opera a 56,9%. A energia contida mostra 29.337 MW mês e a ENA segue em 46% da MLT. A hidrelétrica de Sobradinho trabalha a 60,99%. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

China domina cadeia de produção de bateria

É um equívoco comum que a China detém a maior parte dos recursos naturais para VEs - na verdade, 23% do fornecimento global de todas as matérias-primas para baterias vem da China, de acordo com a Benchmark Mineral Intelligence. No entanto, a China domina a produção química de matérias-primas para bateria com impressionantes 80% da produção global total. O país controla 80% do refino de matéria-prima mundial na cadeia de abastecimento da bateria de íon de lítio, 77% da capacidade mundial de células e 60% da fabricação de componentes do mundo, disse a BNEF em um relatório no mês passado. A China hospedará um total de 101 usinas de bateria de íon-lítio atualmente planejadas ou em construção até 2029 de todas as 136 usinas planejadas globalmente até essa data, disse a Benchmark Mineral Intelligence. (Green Car Congress – 29.10.2020)

EUA: preocupação com dependência chinesa

Espera-se que os fabricantes chineses no mercado de VEs comecem a se expandir para o exterior, enquanto Pequim já controla uma grande parte da cadeia de fornecimento global de VE, começando com o processamento de minerais essenciais. Os EUA começaram a perceber que a China pode dominar o futuro do transporte se não contrariar a atual influência chinesa sobre partes críticas da cadeia de suprimentos de VE, desde a obtenção e processamento de metais de bateria até a fabricação de baterias. A ordem executiva do presidente Trump mostrou preocupação com a dependência americana da China. Os EUA agora importam 80% de seus elementos de terras raras diretamente da China, com partes do restante indiretamente provenientes da China por meio de outros países. (Green Car Congress – 29.10.2020)

BNEF: Emissões no setor elétrico caem 8% com pandemia

A queda na demanda energética com a pandemia removerá o equivalente a cerca de 2,5 anos de emissões derivadas da queima de combustíveis fósseis do setor de energia até 2050, informa a edição mais recente do New Energy Outlook 2020 (NEO 2020) da BloombergNEF (BNEF). A projeção sobre a evolução do sistema global nos próximos 30 anos utiliza o Cenário de Transição Econômica e mostra que as emissões chegaram ao pico em 2019, após uma queda de aproximadamente 8% nesse ano em razão do efeito Covid, com previsão de cair a uma taxa de 0,7% a partir de 2027 até 2050. A perspectiva se baseia na construção expressiva de plantas eólicas, a crescente adoção de veículos elétricos e maior eficiência energética em todos os setores. Juntas, as renováveis flexíveis representarão 56% da geração global de eletricidade em meados do século e, somadas às baterias, irão angariar 80% dos 15,1 trilhões de dólares investidos em nova capacidade para os próximos 30 anos, de acordo com a análise. Acesse o New Energy Outlook 2020 (NEO 2020) aqui. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

Instalações solares globais devem atingir 115 GWp em 2020

As instalações solares fotovoltaicas globais devem atingir 115 GWp em 2020, de acordo com projeção da consultoria Wood Mackenzie. Isso representa um aumento de 5% em relação ao total instalado no mundo em 2019, o que evidenciaria que o setor está resistindo aos desafios impostos pela pandemia do coronavírus. Com o mercado chinês em forte recuperação, a Wood Mackenzie espera que o país alcance 39 GWp de instalações até o final do ano. Desse total, 27 GWp serão instalados no segundo semestre. A previsão é de crescimento de 30% em relação ao ano passado. . Com relação à América Latina, a previsão é que o mercado continue a crescer este ano, apesar dos contratempos econômicos e relacionados ao bloqueio. Segundo a Wood Mackenzie, o aumento dos pipelines de projetos no Brasil e no Chile será o principal motor de crescimento da região. A Wood Mackenzie prevê que o crescimento nas instalações fotovoltaicas globais continuará até 2025, chegando a 145 GWp por ano. (Brasil Energia - 30.10.2020)

Petrobras tem prejuízo de R$ 1,54 bilhão no 3º trimestre

A Petrobras terminou o terceiro trimestre do ano com prejuízo de R$ 1,54 bilhão, em contraponto ao lucro de R$ 9 bilhões que ela registrou no mesmo período do ano passado. A estatal, que divulgou seus resultados no último dia 28 de outubro, registrou receita de vendas de R$ 70,7 bilhões, recuando 8,2%. O Ebitda ajustado no trimestre teve ligeiro aumento de 2,6%, ficando em R$ 33,4 bilhões. No ano, o prejuízo da Petrobras chegou a R$ 52,7 bilhões. Em setembro de 2019, o lucro era de R$ 31,9 bilhões. Segundo a estatal, em um ano desafiador como 2020, ela conseguiu agir para garantir sua liquidez durante o primeiro semestre, considerado por ela o momento mais agudo da crise até agora. No terceiro trimestre, a companhia conseguiu acelerar a desalavancagem e a geração de caixa. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

Despacho térmico deve ser mantido até configuração do período úmido

O despacho termelétrico fora da ordem de mérito deve ser mantido até que o período chuvoso esteja de fato configurado. O acionamento de térmicas para preservar os reservatórios das regiões Sul e Sudeste foi autorizado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico desde o dia 17 de outubro e tem sido reavaliado semanalmente, mas não há, até o momento, sinalização de mudança, segundo o diretor-geral do ONS, Luiz Carlos Ciocchi. “Do ponto de vista de segurança, acho que a gente deve esperar realmente a estação chuvosa chegar. Ele chega e não é de imediato. Essa água tem que ser absorvida e gerar vazão”, disse Ciocchi em entrevista nesta quinta-feira, 29 de outubro, após participar de painel no Brazil Windpower. O executivo destacou, porém, que tudo depende de decisão do CMSE que tem reunião mensal marcada para a próxima semana. (Agência CanalEnergia – 29.10.2020)

Caged surpreende com criação de 313 mil vagas

O mercado de trabalho abriu em setembro 313.564 vagas líquidas com carteira assinada, segundo o Caged divulgado ontem (29) pelo ME. Para economistas, o grosso das demissões previstas deste ano já aconteceu, e a recuperação dos empregos continua a ser sustentada, em boa dose, pelas medidas de proteção do emprego do governo federal, com impulso de uma retomada das atividades mais acelerada nas grandes cidades. “A recuperação econômica, com renovação do auxílio emergencial e do BEm [Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda], além da provável retomada do consumo da classe média, que vinha segurando seus gastos com serviços, explicam esse número forte”, afirmou Daniel Duque, pesquisador do Ibre/FGV. (Valor Econômico – 30.10.2020)

Governo central registra déficit primário de R$ 76 bi em setembro

O governo central registrou déficit primário de R$ 76,155 bilhões em setembro. No mesmo mês do ano passado, as contas haviam ficado negativas em R$ 20,472 bilhões. Segundo os dados divulgados nesta quinta-feira (29), o número de setembro é reflexo de um déficit de R$ 58,886 bilhões do Tesouro Nacional, de um rombo de R$ 17,226 bilhões na Previdência Social e de um resultado negativo de R$ 42 milhões do BC. No acumulado do ano, o governo central registra um déficit de R$ 677,436 bilhões – também o pior da série. Já em 12 meses, o déficit primário chega a R$ 707 bilhões, o que representa 9,8% do PIB. (Valor Econômico – 29.10.2020)

Dólar ontem e hoje

O dólar comercial fechou o pregão do dia 29 sendo negociado a R$5,7661 com variação de -0,32% em relação ao início do dia. Hoje (30) começou sendo negociado a R$5,7735 com variação de +0,13% em relação ao fechamento do dia útil anterior sendo negociado às 11h53 o valor de R$5,8030 variando +0,51% em relação ao início do dia. (Valor Econômico – 29.10.2020 e 30.10.2020)

 

Ibovespa fecha outubro no negativo, dólar sobe 2% no mês

O Ibovespa acompanhou o exterior e encerrou o pregão desta sexta-feira (30) em queda de 2,72% aos 93.952 pontos com investidores ajustando suas posições antes do feriado nacional e das eleições nos EUA. Na semana, o recuo é de 7,4% para o índice e, no mês, a performance é negativa de 0,88%.

“Apesar de encerrar outubro praticamente estável, o mês foi bastante volátil para o mercado Ibovespa que, no seu melhor momento, retornou para a faixa de 102 mil pontos, enquanto no pico de estresse retornou para a mínima de setembro, na região de 93 mil pontos. Esses serão os dois patamares que vão definir o rumo do mercado até o final do ano”, avalia Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

O dólar fechou em queda contra o real após intervenção do Banco Central, mas testou o patamar dos R$ 5,80 no dia antes de recuar e fechar em baixa de 0,47%, negociada aos R$ 5,73. No mês, a moeda acumula ganho de 2,13% e, em 2020, tem alta de 43% contra o real.

Para o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz,”a única coisa que vai conseguir promover algum tipo de alívio para o mercado de câmbio é um sinal concreto em relação à manutenção das contas públicas”, alertando que “o espaço remanescente para erros (fiscais) por parte do Congresso e do governo está muito pequeno”.

Hoje, o ministério da Economia divulgou sua projeção para a dívida bruta em 2020 a 96% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ante 93,9% e indicou que, em caso de choque negativo, o indicador alcançará 125,2% do PIB em 2029.

Dados do IBGE divulgados também hoje mostram que a taxa de desemprego atingiu 14,4% no trimestre até agosto, com 13,8 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, o nível mais alto da série iniciada em 2012.

Em Wall Street, os principais índices acionários fecharam o dia em fortes perdas no penúltimo pregão antes do pleito eleitoral, com o Dow Jones acumulando desvalorização semanal de 6,4%, o pior desempenho para o índice de blue chips em uma semana desde março. No fechamento de hoje, o Dow perdeu 0,59%, o S&P 500 teve baixa de 1,21% e o Nasdaq cedeu 2,45%.

A semana no exterior foi marcada pela volatilidade. Além do cenário político, a segunda onda de coronavírus nos EUA e na Europa pesaram sobre os mercados globais, lançando temores sobre o impacto de novos lockdowns e restrições na recuperação de importantes economias. Na Europa, o Stoxx 600 perdeu mais de 5% na semana. (Com Reuters)

DESTAQUES DO IBOVESPA

Maiores Altas
VIVT4: +0,93% a R$ 42,54
IRBR3: +0,49% a R$ 6,14
RAIL3: +0,05% a R$ 18,34

Maiores Baixas
BTOW3: -8,97% a R$ 75,24
HGTX3: -6,80% a R$ 15,91
VVAR3: -5,97% a R$ 17,16
LAME4: -5,91% A R$ 23,23
GOLL4: -5,54% a R$ 15,69 (Forbes, 30/10/20)

 

Os reais vencedores da guerra comercial entre EUA e China

Importadores americanos recorrem a outros países após elevação das tarifas para itens chineses determinada pelo governo Trump. México e nações do Sudeste Asiático estão entre os que mais lucram com a disputa.

    O negócio de Dung Trans está crescendo. "No ano passado, adicionamos um segundo andar à nossa fábrica. E agora procuramos um novo local quatro vezes maior do que o atual", diz o empresário. Para sua companhia, a fabricante de eletrônicos Spartronics, a disputa comercial entre China e os Estados Unidos tem sido uma bênção. E ele não está sozinho.

Os Estados Unidos e a China estão envolvidos em uma disputa comercial há mais de dois anos. Entre julho de 2018 e setembro de 2019, os EUA impuseram tarifas de até 25% sobre quase todas as importações da China.

As tarifas tiveram um impacto profundo. Antes do início da disputa, 23% de todas as importações dos EUA vinham da China – mais de 526 bilhões de dólares apenas em 2017. No final de 2019, esse valor caiu para 18% – uma redução de mais de 26 bilhões de dólares.

"Os dois maiores perdedores com o conflito são os próprios Estados Unidos e a China", avalia Yasuyuki Sawada, economista-chefe do Banco de Desenvolvimento Asiático (ADB). Uma análise do ADB em 2020 conclui que o Produto Interno Bruto (PIB) e as taxas de emprego em ambos os países serão afetados devido ao conflito.

Para os consumidores dos EUA, a disputa fez com que muitos tivessem que pagar preços mais altos pelos produtos chineses, enquanto para a China, isso levou principalmente a uma perda no valor das exportações, de acordo com uma análise da ONU de novembro de 2019.

Um olhar sobre as maiores exportações chinesas para os EUA confirma que as empresas americanas estavam adquirindo substancialmente menos telefones celulares, computadores e móveis da potência econômica asiática no final de 2019 do que no final de 2017, antes de a guerra comercial começar.

Trégua comercial e pandemia

Em janeiro de 2020, os EUA e a China assinaram a "fase 1" do acordo, visando diminuir as tensões comerciais. Convidou a China a comprar bilhões a mais em produtos americanos, a fim de reduzir o superávit comercial chinês com os EUA. A condição foi considerada irreal antes mesmo de o acordo entrar em vigor. A pandemia piorou a situação.

"As exigências para importações adicionais de produtos americanos parecem muito, muito desafiadoras, dado que o crescimento da economia chinesa será muito mais lento do que o previsto em janeiro", diz Yasuyuki Sawada. Além disso, o acordo manteve as tarifas existentes em vigor, efetivamente paralisando o conflito em vez de resolvê-lo.

A pandemia que se seguiu efetivamente interrompeu as cadeias de abastecimento globais. Mas a economia da China conseguiu se recuperar a partir do segundo trimestre de 2020. Como uma das primeiras grandes economias a sair do bloqueio, o país foi capaz de fornecer a nações como os EUA os produtos de que precisam.

"Parte disso se deveu ao aumento das exportações de suprimentos e equipamentos de saúde", ressalta Sawada. As importações de máscaras da China para os Estados Unidos, por exemplo, aumentaram mais de dez vezes.

 

Isso foi ajudado pelas muitas exceções tarifárias concedidas pelos Estados Unidos nos últimos meses em relação a produtos como não apenas luvas cirúrgicas e máscaras, mas também muitos itens eletrônicos, peças automotivas e outros. Tudo isso impulsionou o comércio entre os EUA e a China quase de volta aos níveis anteriores à disputa.

Mas os efeitos da guerra comercial ainda estão sendo sentidos. Enquanto os preços das importações chinesas subiram durante a disputa, a demanda americana por celulares, computadores, lâmpadas ou impressoras não cessou. Como resultado, os consumidores e fabricantes dos EUA estão mudando para outros países para obter os produtos de que precisam.

Sudeste Asiático e México se beneficiaram

Para alguns, os ganhos desse redirecionamento comercial podem até superar os efeitos negativos da disputa. "Para economias emergentes não chinesas, o impacto positivo predomina", alerta Sawada. "O ganho parece ser maior para países que podem produzir produtos semelhantes aos fabricados na China."

Entre os que mais se beneficiaram está o vizinho dos Estados Unidos, o México: entre 2017 e 2019, o país exportou cerca de 4,7 bilhões de dólares a mais para os EUA em decorrência da disputa comercial.

Os bilhões faturados adicionalmente são especialmente significativos para países com PIBs mais baixos, como Vietnã, Malásia ou Taiwan. Entre eles, o Vietnã é o vencedor claro: os 6,4 bilhões de dólares adicionais ganhos durante os dois anos do conflito são correspondem a quase o dobro de todos os gastos anuais com saúde do país.

 

Localização
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