Notícias do setor
04/11/2020
Notícias do Setor

Audiência sobre privatização da CEEE-D será em 16 de novembro

Jefferson Klein

Uma importante etapa dentro do processo de venda da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D), a audiência pública para discutir e ouvir opiniões sobre a iniciativa, já tem data marcada para acontecer: 16 de novembro. A convocação foi publicada nesta quinta-feira (29), no Diário Oficial do Estado, e destaca que o evento será feito na modalidade virtual, a partir das 11 horas.

Os links para participação e mais informações quanto à desestatização da CEEE-D, incluindo o regulamento da audiência pública, serão disponibilizados no site da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul: www.sema.rs.gov.br/privatizacoes. Ainda conforme o documento divulgado no Diário Oficial do Estado, assinado pelo secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos Júnior, o preço mínimo e as demais condições de venda serão submetidos à aprovação de assembleia geral antes da audiência pública e serão apresentados no evento.

No dia 16, a mesa diretora da audiência será composta por representantes do Grupo CEEE, do governo do Estado (que presidirá a sessão), do BNDES e do consórcio Minuano Energia (essas duas últimas instituições participam da elaboração da modelagem da alienação da estatal gaúcha). Também poderão compor o espaço integrantes de outros órgãos e entidades, a critério do presidente do encontro.

A estimativa do governo gaúcho é que o edital de alienação da CEEE-D seja lançado em dezembro deste ano e a finalização do processo, já com o possível novo controlador, aconteça em janeiro de 2021. Depois do braço de distribuição, a perspectiva é que sejam encaminhadas as privatizações do segmento de geração e transmissão da estatal de energia (CEEE-GT) e da distribuidora de gás natural Sulgás. A CEEE-D está presente hoje em 72 municípios e atende a 1,7 milhão de clientes.

Setor de P&D tenta contornar impactos e MME admite negociar MP 998

Mais de uma centena de pesquisadores que trabalham em programas de Pesquisa e Desenvolvimento do setor elétrico se organizaram após a publicação da Medida Provisória 998, para tentar reverter o que consideram um prejuízo importante a toda a cadeia de produção de conhecimento e inovação. Com o movimento, conseguiram atrair a atenção do Congresso Nacional, da Aneel e do MME, que admite negociar alterações no texto, entre elas a data de corte para que as transferências de recursos dos programas de P&D e Eficiência Energética previstas na MP comecem a ser feitas. A medida editada em setembro estabelece que recursos dos programas de P&D e EE não comprometidos com projetos contratados ou iniciados deverão ser destinados à Conta de Desenvolvimento Energético em favor da modicidade tarifária, entre 1º de setembro de 2020 e 31 de dezembro de 2025. O secretário de Energia Elétrica do MME, Rodrigo Limp, lembra que medida provisória teve uma quantidade significativa de emendas após a publicação e garante que o governo está disposto a discutir aprimoramentos no texto. Várias dessas emendas, inclusive, sugerem alterar a proposta de transferência de recursos para a CDE, modificando o percentual destinado aos projetos e reduzindo o período de captura dos recursos. Como a contagem de tempo para efeito de validade da medida fica suspensa durante o recesso parlamentar, o governo teria, em tese, até o início de fevereiro de 2021 para negociar possíveis ajustes. O esforço, no entanto, é para que o texto seja aprovado ainda em 2020. (Agência CanalEnergia – 30.10.2020)

P&D na MP 998: GESEL aponta risco de reduzir a velocidade de decisão em um momento de modernização do setor

O coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da UFRJ, Nivalde de Castro, acredita que faltou uma análise mais profunda da Aneel e do ministério [em relação ao Setor de P&D, na construção da Medida Provisória 998] e alerta para o risco de reduzir a velocidade de decisão e afetar toda uma cultura criada em 20 anos, no momento de modernização do setor e de entrada de tecnologias disruptivas. Estudo realizado pelo Gesel nos últimos três anos sobre o programa de P&D concluiu que há uma melhora dos projetos em execução em termos de qualidade, de produção de tecnologia e, principalmente, de desenvolvimento da cultura de inovação no setor elétrico. “Quando eles foram criados, eram vistos como um problema pelas empresas, tanto que eram colocados na área regulatória”, conta o especialista. Com a evolução e a definição pela agência de área importantes para os projetos de pesquisa, nos grandes grupos empresariais a parte de P&D passou para a área de engenharia, onde são desenvolvidos novos produtos. Além disso, hoje a inovação é aberta, em rede, o que levou a Aneel a elaborar chamadas de P&D estratégicas, que atraem recursos adicionais de outras empresas. A chamada de mobilidade elétrica, por exemplo, gerou 35 projetos, com investimentos de mais de R$500 milhões. “A possibilidade hoje dos recursos serem aplicados e gerando novos negócios é muito maior que no começo. Ai veio essa questão da covid e alguém cantou essa pedra que tinha R$ 4,5 bi parados. Mas tem projetos que seguem processos licitatórios da Lei 8666. Então grande parte desses recursos está nas empresas Eletrobras em geração e transmissão”, afirma Castro.

P&D na MP 998: profissionais e entidades do setor de pesquisa questionam eficácia da transferência de recursos

Números apresentados pelo diretor-geral da Aneel, André Pepitone, em entrevista à Agência CanalEnergia, tem sido usados como argumento por profissionais e por entidades do setor de pesquisa para questionar a eficácia dessa transferência de recursos [previstos na MP 998]. Pepitone disse que a medida representará um amortecimento de 0,8% nos reajustes tarifários das distribuidoras, o que é considerado um custo- beneficio baixo, diante do contingenciamento que isso pode representar para projetos futuros. Dos R$ 14,3 bilhões da operação de crédito da Covid, R$ 6,9 bilhões (48,2%), segundo o diretor-geral, deixariam de sair do bolso do consumidor e seriam custeados por outras fontes de recursos. Vários pesquisadores ouvidos pela reportagem afirmam que todas as instituições e profissionais envolvidos estão sensíveis à necessidade de dar sua parcela de contribuição para aliviar os impactos da pandemia do coronavírus. O grupo sugere um período de transição até que os recursos dos programas de P&D e Eficiência Energética comecem a ser direcionados à CDE, adaptação no texto da MP para estabelecer limite obrigatório de investimentos pelas empresas do setor (de 70% pelo menos, não até 70%) e redução para 2022 do prazo de aportes na conta setorial. (Agência CanalEnergia – 30.10.2020)

 

De olho na abertura de mercado, Engie fortalece comercialização

Maior geradora privada do país, a Engie Brasil Energia (EBE) está transformando sua estratégia para a comercialização de energia, segmento que se torna cada vez mais competitivo com a abertura do ACL a um número maior de consumidores. Para se manter entre as maiores desse mercado, a companhia aposta na digitalização e no lançamento de novos produtos, trilhando um caminho similar ao perseguido por outras grandes geradoras. A Engie já criou neste ano uma solução para facilitar a migração de consumidores ao mercado livre, o “E-conomiza”, e, nesta semana, lança um canal digital para negociação e gestão de contratos do ACL. Batizada de “Energy Place”, a plataforma oferece um “e-commerce” de energia de curto prazo, para fechamento do mês. O sistema foi integrado ao da CCEE para permitir o registro automático de contratos fechados entre a Engie e as contrapartes. (Valor Econômico – 03.11.2020)

Cteep antecipa obra de transmissão em 11 meses

A Cteep antecipou em 11 meses a implantação de três compensadores síncronos em 500 kV na Subestação Araraquara 2, localizada em São Paulo. Na quarta-feira, 28 de outubro, a companhia enviou um comunicado ao mercado informando que o ONS emitiu o termo de liberação parcial do empreendimento, cujo investimento somou R$ 250 milhões, redução de aproximadamente 40% em relação ao valor calculado pela Aneel. A IE Itaquerê é uma subsidiária integral da Cteep formada para executar o empreendimento do lote 06 do leilão de transmissão no 005/2016 realizado em abril de 2017. (Agência CanalEnergia – 30.10.2020)

 

Para Cteep, novas regras podem mudar dinâmica de leilão de LTs

O próximo leilão de transmissão, que deverá ser realizado em dezembro deste ano, terá regras diferentes dos certames anteriores. Desta vez, é vedada a troca do controle societário da concessionária antes da entrada em operação do empreendimento e a data de necessidade de alguns projetos não vai permitir antecipação. Em teleconferência com analistas nesta sexta-feira, 30 de outubro, o CEO da empresa, Rui Chammas, revelou que a mudança de regra pode afastar alguns tipos de investidores, como os financeiros, mas que os estratégicos devem estar presentes, como a transmissora. (Agência CanalEnergia – 30.10.2020)

ONS: Carga de energia pode ter alta de 2,7% em novembro

O consumo de energia deve crescer 2,7% em novembro na comparação com o mesmo mês do ano passado, aponta o boletim do PMO do ONS. De acordo com o órgão, o aumento reflete a recuperação das atividades econômicas com o relaxamento das medidas de isolamento social adotadas durante a pandemia. A maior queda mensal no consumo nacional de energia elétrica foi registrada em abril, quando a carga nacional mensal chegou a ser 11,6% menor na comparação anual. O maior aumento no mês deve vir da região Norte com uma alta de 7,4%, totalizando uma carga de 6.185 MW médios. Para o Sudeste/Centro-Oeste estão previstos um aumento de 2,7% e consumo de 40.735 MW médios, enquanto o Sul deve avançar 1,9%, com 12.215 MW médios. Já o Nordeste terá a menor alta entre os subsistemas, com 1,4% e 11.906 MW médios. (Valor Econômico – 30.10.2020)

Três submercados vêem PLD crescer há 10 semanas

Com dez semanas de alta, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) nos submercados Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Norte, aumentou 17% para a primeira semana operativa de novembro (31/10 a 06/11), passando de R$ 317,03/MWh para R$ 370,77/MWh. O Nordeste verificou queda de 19% no preço médio, que foi de R$ 185,11/MWh para R$ 150,60/MWh – comportamento verificado pela segunda semana seguida. “O principal fator responsável pelo aumento do PLD foi a realização pessimista de afluências do mês de outubro para o Sistema Interligado Nacional (SIN), associado a elevação na expectativa de carga para os meses de novembro e dezembro”, disse a CCEE em comunicado. Assim como vem acontecendo nas últimas semanas, os limites de envio de energia da região Nordeste foram atingidos em todos os patamares, descolando-se dos preços dos demais submercados. (Brasil Energia - 30.10.2020)

Níveis de reservatórios pelo Brasil

Os reservatórios do submercado Sudeste/Centro-Oeste estão operando com volume de 24%, registrando uma queda de 0,3% na comparação com o dia anterior. De acordo com dados do ONS referentes a última quinta-feira, 29 de outubro. A energia armazenada é de 48.916 MW mês e a ENA é de 16.183 MW med, o mesmo que 44% da média de longo termo armazenável no mês até o dia. A usina de Furnas está com volume de 27,9% e a de Emborcação, com 17,38%. No Nordeste, os níveis estão em 57%, subindo 0,1% em relação ao dia anterior. A energia armazenada da região está em 29.401 MW mês e a ENA é de 2.435 MW med, que é 47% da MLT. O reservatório de Sobradinho opera com 61,75%. No Norte, houve queda de 0,5%, nos reservatórios, operando com 30,6% de volume. A energia armazenada é de 4.644 MW mês, enquanto a ENA é de 1.404 MW med, que é 58% da MLT. A usina de Tucuruí opera com 23,91%. No Sul, o recuo chegou a 0,4% e os reservatórios operam com 24,5%. A energia armazenada é de 4.879 mês e a ENA chegou a 1.676 MW med, que é 19% da MLT. A hidrelétrica de Passo Real é de 58,67%. (Agência CanalEnergia – 30.10.2020)

Soluções de energia renovável para segurança climática nas cidades

Soluções de energia renovável podem ser a espinha dorsal dos esforços de descarbonização urbana segundo um novo relatório da IRENA e da Iniciativa Climática Internacional (IKI) sobre o crescimento das energias renováveis nas cidades. Apesar da integração de energias renováveis em sistemas de energia locais ter se tornado parte da ação transformadora em muitas cidades ao redor do mundo, seu potencial permanece pouco explorado. Enquanto cerca de 671 cidades definiram metas de energias renováveis, a maioria delas está na Europa e na América do Norte. No entanto, espera-se que 2,5 bilhões de pessoas adicionais se tornem residentes urbanos nas próximas três décadas, 90% delas na Ásia e na África. Além disso, a maioria das grandes e megacidades que definiram metas de energia renovável buscam apenas uma parcela modesta das energias renováveis em sua matriz energética. O novo relatório destaca a importância do planejamento urbano e do desenvolvimento de redes “inteligentes” por meio da inovação e da adoção de tecnologias facilitadoras, como veículos elétricos, sistemas de armazenamento de energia e sistemas inteligentes de gestão de energia para facilitar a integração de energias renováveis. Acesse o documento da IRENA aqui. (REVE - 03.11.2020)

Entrada forte de energias renováveis não compromete sistema brasileiro

O SEB “para de pé” mesmo num cenário de forte penetração na matriz das fontes renováveis de energia, que têm geração variável. Essa tendência, porém, traz muita complexidade ao planejamento e operação do sistema, exigindo novas ferramentas e modelos, além de capacitação de profissionais, para acomodar com segurança e confiabilidade a grande quantidade de energias renováveis. A conclusão é de um amplo estudo realizado no âmbito da “Cooperação Brasil Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável”, coordenada pelo MME e Ministério para Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). Os trabalhos foram conduzidos por um consórcio internacional formado por Lahmeyer International, Tractebel Engie e consultoria PSR, com participação da EPE, ONS e Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). O estudo trabalhou com a perspectiva de expansão massiva das fontes renováveis, como eólicas e solar fotovoltaica, combinada a um forte aumento do consumo brasileiro de energia elétrica. Foi considerada uma demanda de 166 GW, o dobro do observado em 2017 – não foi determinado um horizonte específico, mas entende-se que essa demanda seria alcançada após 2026. (Valor Econômico – 30.10.2020)

Energia eólica e recuperação econômica na Europa

O relatório - “Energia eólica e recuperação econômica na Europa” mostra que a expansão da energia eólica pode ajudar na recuperação econômica, criando centenas de milhares de empregos e apoiando comunidades em toda a Europa. As principais mensagens do relatório são que a energia eólica já emprega 300.000 pessoas em toda a Europa e contribui com € 37 bilhões para o PIB da UE a cada ano. Se os governos europeus implementarem totalmente seus Planos Nacionais de Energia e Clima, a Europa terá 392 GW de capacidade eólica em 2030, contra 192 GW. E isso levaria a contagem de empregos de 300.000 para 450.000. Mas, se os governos não implementarem seus planos, haverá apenas 327 GW de energia eólica até 2030. E isso teria um impacto negativo em termos econômicos. O relatório mostra que a energia eólica paga 5 bilhões de euros em impostos a cada ano em toda a Europa e ajuda as comunidades locais por meio de fundos de benefícios e propriedade. O relatório também mostra que cada 1 GW adicional de energia eólica contribui com € 2,5 bilhões para o PIB da UE. Ou seja, cada nova turbina gera em média € 10 milhões de atividade econômica. (REVE - 02.11.2020)

Dívida líquida do setor público atinge maior nível desde 2002 em setembro

A dívida líquida do setor público bateu no mês passado o patamar mais elevado desde setembro de 2002, afirmou nesta sexta-feira (30) em entrevista coletiva o chefe do departamento de estatísticas do BC, Fernando Rocha. Em setembro deste ano, a dívida líquida atingiu 61,4% do PIB, o maior patamar para qualquer mês desde setembro de 2002, quando estava em 62,4%. O resultado do mês passado foi também o segundo maior de toda a série histórica do BC, que tem início em dezembro de 2001. Na entrevista, Rocha também destacou, entre outros pontos, o crescimento do déficit primário de setembro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Nesse tipo de comparação, o saldo primário negativo passou de R$ 20,541 bilhões em 2019 para R$ 64,559 bilhões em 2020. (Valor Econômico – 30.10.2020)

Ministério da Economia prevê superávit primário só a partir de 2027

Relatório de projeções da dívida pública, divulgado pelo ME, mostra que as contas do setor público terão déficit primário recorde neste ano de 12,7% do PIB ou R$ 905,4 bilhões. A estimativa anterior, feita em 28 de setembro, era de um déficit de 12,5% ou R$ 895,9 bilhões. Mas esse déficit cairia para 3,1% do PIB em 2021 e diminuiria continuamente até 2026. “De 2027 em diante, o resultado primário passaria a ser superavitário, chegando a 2029 em 1,3% do PIB”, informa o documento. A necessidade de financiamento, que deverá chegar a 17,2% do PIB no fim deste ano, reflete no aumento do patamar da dívida em 2020. “Além de enfraquecer a atividade econômica, a crise do coronavírus gerou despesas adicionais para o governo (necessárias ao enfrentamento da pandemia) e prejudicou a arrecadação, resultando em um déficit primário extraordinariamente elevado”, informou o documento. (Valor Econômico – 30.10.2020)

Focus: projeção para IPCA em 2021 sobe de 3,10% para 3,11%

A mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação oficial em 2020 subiu de 2,99% para 3,02%, segundo o Focus. Para 2021, o ponto-médio das expectativas para o IPCA também subiu, de 3,10% para 3,11%. Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial subiu de 2,91% para 2,92% em 2020 e permaneceu em 3,27% para 2021. A meta de inflação a ser perseguida pelo BC é de 4,00% em 2020, 3,75% em 2021 e 3,50% para 2022, sempre com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. (Valor Econômico – 03.11.2020)

Focus: projeção para Selic em 2021 se mantem em 2,75%

A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2020 manteve-se em 2,00% na estimativa que inclui todo o mercado e em 2,00% entre os Top 5. Para 2021, a projeção para a Selic permaneceu em 2,75% entre os economistas em geral e 2,00% entre os campeões de acertos. (Valor Econômico – 03.11.2020)

Dólar ontem e hoje

O dólar comercial fechou o pregão do dia 30 sendo negociado a R$5,7379 com variação de -0,62% em relação ao início do dia. Hoje (03) começou sendo negociado a R$5,7073 com variação de -0,53% em relação ao fechamento do dia útil anterior sendo negociado às 10h39 o valor de R$5,7036 variando -0,06% em relação ao início do dia. (Valor Econômico – 30.10.2020 e 03.11.2020)

 

Ibovespa fecha em alta; dólar fecha a R$ 5,76

O Ibovespa fechou com fortes ganhos a sessão desta terça-feira (3), acompanhando o movimento positivo das principais bolsas globais e impulsionado por papéis do setor de mineração e siderurgia. O indicador brasileiro encerrou com ganho de 2,16% aos 95.979 pontos.

O dólar – que operava em queda no começo do dia – fechou em alta contra o real, negociado a R$ 5,76 na venda. O motivo para a performance negativa do real entre seus seus pares emergentes é, mais uma vez, o cenário fiscal brasileiro. Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou em live que está preocupado e pessimista com o calendário do governo para as pautas que deveriam ser votadas.

Ao redor do mundo, os mercados acionários foram impulsionados hoje pela expectativa de vitória do candidato democrata, Joe Biden, nas eleições presidenciais norte-americanas, o que representaria estímulos mais robustos às famílias, pequenas empresas e companhias aéreas dos EUA. Embora tenha vantagem contra Trump, a disputa entre os candidatos é acirrada em estados importantes para o pleito.

De acordo com análise do the Wall Street Journal, em caso de vitória democrata, o governo poderia injetar mais US$ 3 trilhões na economia. O Dow Jones fechou em alta de 2,06%, o S&P 500 avançou 1,78% e o Nasdaq Composite subiu 1,85% hoje, marcando o segundo dia de ganhos expressivos nos índices norte-americanos.

Em relação aos impactos das eleições nos EUA para o Brasil, a estrategista da Rico Investimentos, Betina Roxo, avalia que “os democratas têm uma forte agenda de meio ambiente e energias renováveis. Apesar do Brasil ser um dos maiores produtores de energia de fontes renováveis no mundo (etanol e geração hidrelétrica), a visão do mundo em relação ao controle ambiental se deteriorou rapidamente, principalmente em relação às queimadas na Amazônia.”

Para Sol Azcune, analista de política internacional da XP Inc, “a relação entre países não deve ser muito diferente com quaisquer dos dois presidentes, pois o Brasil também não teve grandes benefícios até agora pelo alinhamento ideológico com Donald Trump”, acredita.

As eleições nos EUA ofuscaram até mesmo a segunda onda de coronavírus na Europa e nos EUA, ambas localidades em rota crescente de contaminações. Na zona do Euro, os índices acionários registraram as máximas em uma semana, com o DAX, da Alemanha, subindo 2,55% e o FTSE 100, da Itália, valorizando 3,19% na sessão (Forbes com Reuters, 3/11/20)

 

Há tempos eleição nos EUA não era tão importante para o Brasil

O resultado do pleito americano será determinante para os brasileiros: uma vitória de Trump fortaleceria politicamente Bolsonaro, mas sem ganhos econômicos certos. Com Biden, país ficaria ainda mais isolado.

 

Durante muitos anos, "Cuba, cocaína e Chávez" eram os únicos temas que os Estados Unidos acompanhavam com atenção na América Latina. É o que diziam diplomatas americanos para justificar o pouco interesse pelo Brasil.

Isso mudou: embora Venezuela e Cuba continuem sendo focos de crise com potencial para um conflito geopolítico na porta de casa e são acompanhados com atenção por Washington, o Brasil se tornou mais importante, principalmente como parceiro estratégico contra a China.

Esse ganho de importância também se dá do outro lado: para o governo Jair Bolsonaro, o resultado da eleição nos Estados Unidos é politicamente muito importante.

A maioria dos analistas espera continuidade na política americana para a China, mesmo no caso de uma troca de poder em Washington. Os Estados Unidos, afinal, acompanham atentos a ofensiva de Pequim como parceiro comercial e investidor na América Latina.

No governo de Donald Trump, os Estados Unidos posicionaram seus canhões e passaram a controlar também a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), um dos principais órgãos de financiamento na América Latina. A nova International Development Finance Corporation também deverá ganhar importância na concessão de crédito.

Espera-se que Joe Biden, se vitorioso, modere o tom agressivo em relação à China e renuncie a decisões diplomáticas unilaterais. Mas o democrata não vai se desviar do atual curso de confronto com Pequim. É provável que ele aposte em fortalecer alianças com a Europa, a Ásia e a América Latina para obrigar a China a fazer concessões.

O que não está claro é como os Estados Unidos vão lidar com países que continuarem buscando créditos com os chineses ou que permitirem o uso de equipamentos da empresa Huawei na sua rede de telefonia móvel. As chances de retaliação são maiores num governo Trump do que num governo Biden, mas também um governo Biden vai bloquear empréstimos para países que forem ao encontro da China.

No que se refere ao comércio e aos investimentos, o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos não deverá mudar muita coisa para o Brasil. É verdade que o programa de incentivo para a economia americana previsto por Biden, o Buy american (compre produtos americanos), deverá prejudicar empresas brasileiras. Mas o comércio do Brasil com os Estados Unidos já caiu fortemente e representa hoje apenas 9% das exportações brasileiras.

E mesmo o suposto aliado de Bolsonaro que está agora no governo não hesitou na hora de elevar as taxas de importação para o alumínio do Brasil. A economia brasileira não ganhou quase nada com Trump: isso vale tanto para a promessa de uma parceria estratégica de segurança como para as negociações sobre alívios comerciais como para o ingresso na Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE). Fora as palavras, pouco aconteceu.

É pouco provável que Trump privilegie o Brasil na eventualidade de um segundo mandato, afinal ele costuma deixar aliados na mão e bajular autocratas como Vladimir Putin e Xi Jinping.

Mas, no caso de uma vitória de Biden, o governo brasileiro pode se preparar para uma forte mudança de rumo em temas como meio ambiente, política climática e direitos humanos. Esses voltarão a ser diretrizes da política externa americana.

O governo Bolsonaro será um dos mais atingidos caso Biden adote o rumo da União Europeia e passe a exigir o respeito de padrões internacionais em meio ambiente, proteção da Amazônia e política de gênero.

Já no primeiro debate entre Trump e Biden, o democrata provocou diretamente o Brasil: ou Bolsonaro aceita 20 bilhões de dólares para a proteção da Floresta Amazônica ou terá que arcar com as consequências econômicas.

Tudo indica, portanto, que o Brasil governado por Bolsonaro ficará ainda mais isolado no mundo em caso de vitória de Biden.

Mas uma derrota de Trump seria uma catástrofe sobretudo do ponto de vista político para Bolsonaro: o presidente brasileiro deve sua vitória, em grande parte, ao seu modelo do norte, que ele copia. Boa parte da política de Bolsonaro é mera cópia daquilo que Trump faz. Uma derrota do magnata seria um sinal para Bolsonaro e seus apoiadores de que também os dias deles estão contados (DW, 3/11/20)

 

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