Notícias do setor
17/02/2021
Notícias do Setor

Engie avalia CEEE-GT, mas interesse vai depender do formato de venda

Empresa segue tentando dar uma solução para ativos a carvão

PEDRO AURÉLIO TEIXEIRA, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DO RIO DE JANEIRO

A Engie está avaliando participar da privatização dos ativos da CEEE-GT. Em teleconferência realizada nesta sexta-feira, 12 de fevereiro, o presidente da Engie, Eduardo Sattamini, revelou que a ida ao leilão vai depender do modelo adotado. “Estamos olhando o processo, mas vai depender da formatação e do momento”, afirmou.

O executivo também falou aos analistas de mercado que o processo da venda dos seus ativos a carvão segue em busca de uma conclusão. A expectativa é ter um compromisso de venda da UTE Pampa Sul (RS – 345 MW) ou a venda fechada este ano ou no máximo até 2022. O executivo disse que ela teve problemas na finalização da obra, em especial os pequenos equipamentos auxiliares da operação, como válvulas e sensores, que precisaram ser substituídos. Isso fez com que a UTE tivesse uma baixa disponibilidade no começo da operação. Com a troca, desde o fim do ano passado, a disponibilidade já vem aumentando e a normalização vem se aproximando. A partir daí, os compradores já se sentirão confortáveis para prosseguir com as negociações.

O complexo térmico de Jorge Lacerda (SC – 857 MW), que no ano passado chegou a ter a descontinuidade anunciada pela empresa, também busca uma saída. Após forte clamor da sociedade catarinense, a Engie tenta um equacionamento dos problemas observados por interessados que possibilite a venda. Caso não haja sucesso na busca por uma solução, o fechamento previsto para 2025 prossegue.

A saída da geração a carvão foi uma decisão da matriz do grupo, que optou apenas pela geração de energias renováveis. Desde então, a Engie vem tentando vender os seus ativos dessa fonte no país.

Quanto a expansão da geração, Sattamini garantiu que a empresa só a fará com cobertura contratual, de modo que haja segurança no investimento e garantia de retorno. Ele cita um possível aumento de oferta renovável por conta da contagem regressiva para o fim dos descontos a esse tipo de usinas.

CNPE cria grupo de trabalho para discutir segurança cibernética do setor elétrico

De olho nas ameaças dos tempos modernos, o CNPE decidiu criar um grupo de trabalho que irá estabelecer diretrizes para harmonizar as atividades de segurança cibernética do setor de energia elétrica. A medida foi anunciada nesta semana, durante a primeira reunião do CNPE deste ano. É uma resposta ao que aconteceu ao longo de 2020 e agora no início de 2021, quando foram registrados alguns ciberataques a sistemas de instituições do setor de energia elétrica. Em seus trabalhos, o novo grupo de trabalho irá se valer das experiências vivenciadas pelas entidades e empresas do setor, além de abordar aspectos relativos à prevenção, tratamento, resposta a incidentes e resiliência sistêmica. O grupo será formado por representantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI); ONS; ANEEL; EPE; e CCEE, o grupo será coordenado pelo MME e contará com apoio de especialistas representantes de órgãos e entidades da sociedade civil. (Petronotícias – 11.02.2021)

CNPE: energia nuclear e hidrogênio serão priorizados em P&D

O governo decidiu orientar o uso prioritário dos recursos de pesquisa e desenvolvimento do setor energético em projetos voltados para hidrogênio, energia nuclear, biocombustíveis, armazenamento de energia, transformação digital, tecnologias para geração termelétrica sustentável e minerais estratégicos para o setor energético. Os temas foram aprovados pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em reunião extraordinária na última quarta-feira, 10 de fevereiro. De acordo com MME, a orientação abrange áreas já identificadas como relevantes, “respeitadas as competências das agências reguladoras na gestão e regulação dos recursos.” (Agência CanalEnergia – 11.02.2021)

 

RS apresenta andamento de projetos de transmissão

Com os empreendimentos de transmissão na pauta, foi realizada nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, a primeira reunião do ano do Comitê de Planejamento Energético do RS. Nos últimos leilões de transmissão dos anos de 2018, 2019 e 2020, o estado teve nove lotes arrematados. Os projetos reúnem R$ 7,2 bilhões em investimentos, somam 3.200 quilômetros de extensão e 8,8 MVA de capacidade. O encontro teve a presença de representantes da EPE, Aneel e ONS. O empreendimento mais recente, o lote 1 do leilão de dezembro de 2019, com 169 km de LTs e uma SE, foi arrematado pela Cteep. Os investimentos chegam a R$ 681 milhões e o prazo contratual para operação é março de 2025, mas a meta da empresa é novembro de 2022. (Agência CanalEnergia – 11.02.2021)

Eneva vai disputar leilão de sistemas isolados e busca parceiros para lotes que não interessam

A Eneva deve participar do próximo leilão de sistemas isolados, previsto para ocorrer em abril e que contratará soluções de suprimento para atendimento a 23 localidades, em cinco estados da Região Norte. A companhia considera desenvolver diretamente um projeto termelétrico de pequeno porte em localidades específicas, mas também tem discutido com potenciais parceiros o fornecimento de gás a projetos que disputarão contratos em áreas onde a companhia não tem interesse em atuar diretamente. "Temos interesse, sim, como empreendedor, em desenvolver uma termelétrica pequena", disse o diretor de finanças da Eneva, Marcelo Habibe, sem dar detalhes sobre áreas de interesse. A potência requerida total para o atendimento das 23 localidades é de 97,28 MW. A EPE divulgou que foram cadastradas 289 centrais geradoras, agrupadas em 69 diferentes soluções de suprimento, totalizando cerca de 1.361 MW de capacidade instalada. (Broadcast Energia - 11.02.2021)

BNDES aprova crédito de R$ 1,4 bi para financiar plano de investimentos da Energisa

A Energisa obteve um financiamento de R$ 1,49 bilhão junto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para custear parte de seu plano de investir R$ 3,9 bilhões neste ano. O financiamento foi concedido pelo BNDES de forma individual a cada distribuidora do grupo, por meio da modalidade de crédito Finem - Distribuição de Energia Elétrica, e, do montante aprovado, R$ 965 milhões virão diretamente do banco de fomento, enquanto os outros R$ 522 milhões serão em repasse indireto, por meio de parceiros da instituição financeira. (Broadcast Energia - 11.02.2021)

Celgpar aprova privatização da Celg GT

A Celgpar, empresa de participações do governo de Goiás que controla a Celg GT, decidiu em assembleia realizada nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, pela aprovação da continuidade do processo de venda das suas ações na geradora goiana, além das participações em outros empreendimentos. A venda será feita através de um leilão na B3. No comunicado, a Celgpar promete manter o mercado informado sobre o andamento do processo. A privatização da Celg GT já vinha sendo desenhada desde 2019, no começo do governo Ronaldo Caiado (DEM). (Agência CanalEnergia – 11.02.2021)

Iberdrola aspira obter fundos europeus para 150 dos seus projetos

Os projectos permitiriam a geração de até 45.000 empregos "estáveis e altamente qualificados" / ano e promoveriam também "a melhoria da competitividade e da balança de pagamentos (entre 500 e 1.000 milhões de euros / ano)". Foi o que disse o presidente da empresa, José Ignacio Sánchez Galán, no âmbito da conferência EUROForo Next Generation EU, na qual sublinhou a necessidade de unir forças "entre todos" para promover iniciativas para o futuro e a prosperidade. Galán garantiu ontem que os 150 projetos que aspiram a obter fundos da União Europeia vão gerar 45.000 empregos / ano e um crescimento económico superior a 1,5% do PIB. (Energías Renovables – 12.02.2021)

 

Aplicada multa de R$ 3,6 mi à empresa de transmissão LMTE

A Aneel aplicou nesta quinta-feira, 11, multa de R$ 3,6 milhões à concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) por conta do apagão que deixou grande parte do Amapá às escuras em novembro do ano passado. Os problemas no fornecimento de energia se arrastaram por mais de 20 dias. A empresa é responsável pela subestação Macapá que pegou fogo e apresentou falhas. O empreendimento deveria ter três transformadores disponíveis para atender o Estado, mas apenas dois estavam em funcionamento em 3 de novembro, quando aconteceu o incêndio. No momento da explosão, um dos equipamentos foi danificado, o outro ficou comprometido por sobrecarga e parou de funcionar, o que deixou a população sem energia por quase quatro dias. (Broadcast Energia - 11.02.2021)

 

Níveis de reservatórios pelo Brasil

Os reservatórios nordestinos tiveram incremento de 0,2 pontos percentuais e operam com 53% de sua capacidade na última quarta-feira, 10 de fevereiro, em comparação ao dia anterior, informa o boletim do ONS. A energia armazenada é de 27.369 MW mês e ENA de 4.850 MW med, valor que corresponde a 40% da MLT. A hidrelétrica de Sobradinho marca 53,24%. No Norte o crescimento foi de 0,4 p.p e o submercado funciona a 31,4%. A energia armazenada marca 4.757 MW mês e ENA de 10.804 MW med, equivalente a 41% da MLT. A UHE Tucuruí segue com 31,57%. Os níveis subiram 0,3 p.p no Sul, que chega a 64,3%. A energia armazenada é de 12.803 MW mês e a energia natural afluente marca 10.175 MW med, correspondendo a 202% da MLT. As UHEs Passo Fundo e G.B Munhoz funcionam com 34,68% e 81,48%, respectivamente. Os reservatórios do SE/CO registraram aumento de 0,2 p.p e opera com 24,7% de seu volume útil. A energia armazenada mostra 50.302 MW mês e a ENA é de 46.550 MW med, o mesmo que 59% da média de longo termo armazenável no mês até o dia. Furnas admite 27,22% e a usina de Nova Ponte marca 12,89%. (Agência CanalEnergia – 11.02.2021)

Aneel registra DRO para 676,13 MW em novos projetos de geração

A Aneel registrou Requerimento de Outorga para 676,13 MW de geração nas fontes solar fotovoltaica e termelétrica. Na fonte solar fotovoltaica, 250 MW são para as usinas São Micael 1 a 5, da Enel Green Power (São Gonçalo da Gurguéia, Piauí). Também foi registrado DRO para 216,53 MW das usinas AMP BA e MG, que serão implantadas em Sento Sé, na Bahia, e em Januária, Minas Gerais. As usinas pertencem à Ampèria Comercializadora. A Aneel também registrou DRO para as usinas Sol do Sertão B a H, que somam 183,6 MW de capacidade instalada (Bom Jesus da Lapa, Bahia). Para a fonte termelétrica, foi registrado o pedido de outorga para a usina Inpasa Dourados, de 26 MW, que utilizará bagaço de cana como combustível principal (Dourados, Mato Grosso do Sul). (Broadcast Energia - 11.02.2021)

Metade das empresas brasileiras começam 2021 com queda no lucro, diz FGV

Em segmentos mais afetados, 90% registram piora de resultado em janeiro

Praticamente metade das empresas brasileiras iniciaram 2021 com lucro abaixo do registrado no mesmo período do ano passado, segundo levantamento do FGV/Ibre realizado em janeiro com 4.044 companhias da indústria, comércio, serviços e construção.

A sondagem especial mostra que 48% das companhias reportaram lucros menores, 35% informaram estabilidade e 17% dizem ter registrado um resultado melhor que o de janeiro de 2020, período anterior ao início dos efeitos econômicos provocados pela pandemia.

Na avaliação dos pesquisadores do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), o recrudescimento na pandemia e a retirada do auxílio emergencial são fatores que apontam para uma piora desses resultados nos próximos meses, revertendo a expectativa de que o país estava no rumo de recuperar as perdas do ano passado.

A indústria é o setor com maior percentual de empresas que registram aumento no lucro (26%), com destaque para os segmentos farmacêutico, químico e de minerais não metálicos, nos quais cerca de metade das companhias reportaram ganhos. No sentido oposto, as indústrias de vestuário e de couros e calçados têm quase 90% dos empresários registrando perdas.

Os serviços se destacam pela quantidade de companhias com queda nos resultados (62%), percentual que está em torno de 90% nos segmentos de alimentação e alojamento, aqueles que estão entre os mais afetados pelas restrições de mobilidade impostas pela crise sanitária.

No comércio, que vinha comemorando bons resultados em 2020 com as vendas de produtos essenciais e o aumento nas vendas por canais online, 48% das empresas tiveram queda no lucro em janeiro e 18% reportam ganhos, números próximos da média geral de todos os setores. Nesse setor, o destaque negativo é o segmento de tecidos, vestuário e calçados, com quase 8 de cada 10 empresas reportando perdas.

“Essa é uma pergunta que a gente fez em janeiro, em relação ao mesmo período do ano anterior, que foi um dos últimos meses antes da pandemia. O destaque negativo fica para a indústria têxtil e serviços, principalmente aqueles que demandam algum tipo de aglomeração. São setores que ainda estão muito impactados pela pandemia, e hoje não tem uma perspectiva de que vão conseguir se recuperar. Dependem muito da vacinação”, afirma o coordenador das Sondagens do Comércio e de Investimentos do FGV Ibre, Rodolpho Tobler.

Ele afirma que, mesmo no comércio, a continuidade dos bons resultados de alguns setores pode ser afetada pelo fim do auxílio emergencial e a redução da massa salarial. Nos supermercados, por exemplo, 23% registram aumento de lucro, 28% queda e 49% falam em estabilidade.

“O cenário que a gente tem observado é um primeiro trimestre com consumo muito reduzido, consumidores cautelosos. O aumento nos casos de pandemia faz com que haja uma menor circulação de pessoas do que no final do ano passado e também tem a questão da finalização do auxílio emergencial.”

Viviane Seda Bittencourt, coordenadora da Superintendência Adjunta para Ciclos Econômicos do Ibre e responsável por pesquisas como a Sondagem do Consumidor, destaca que mais da metade das empresas nos serviços prestados às famílias, que englobam alimentação e alojamento, e da indústria de vestuários, tiveram queda no lucro superior a 30%.

 Afirma também que todas as sondagens feitas pela FGV em janeiro mostraram queda na confiança de consumidores e empresas, sendo que a das famílias recuou pelo quarto mês seguido. Por isso, ela também avalia que, se a sondagem fosse feita em fevereiro, provavelmente o número de empresas reportando lucro maior teria diminuído.

“Neste primeiro trimestre, a tendência é que fique mais difícil, não só para aqueles setores que vinham com uma situação desafiadora, como para aqueles que vinham reportando lucro. É o que a gente viu nas sondagens. Não dá para esperar uma mudança no comportamento do consumidor agora. Você tem limitação de renda, dificuldade de obter emprego. As pessoas estão com medo do desemprego, continuam poupando, diminuindo seus gastos.”

O FGV Ibre também realizou sondagem com 1.713 consumidores e perguntou se eles tomariam a vacina e se voltariam a utilizar alguns serviços após o início da vacinação.

Cerca de 75% afirmaram que tomariam a vacina assim que estiver disponível e 7,4% disseram que não tomariam. Os demais não souberam dizer. Pesquisa Datafolha realizada em 20 e 21 de janeiro mostrou que 79% querem se vacinar.

O percentual daqueles que votaram a utilizar normalmente serviços que envolvem aglomeração, como de alimentação, entretenimento, alojamento, shoppings ou transporte de avião ou ônibus varia de 7% a 15% dos entrevistados.

Os levantamentos foram realizados de 4 a 27 de janeiro (Folha de S.Paulo, 17/2/21)

 

Recuperação da indústria é disseminada – Editorial O Estado de S.Paulo

Resultado, segundo o IBGE, mostra a ampliação do movimento de retorno gradual das unidades produtivas ao ritmo normal.

 A recuperação da produção industrial disseminou-se para a grande maioria das regiões. Em dezembro, na comparação com novembro, a produção cresceu em 11 dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No País, o aumento foi de 0,9% entre um mês e outro. Na comparação com dezembro de 2019, a indústria cresceu 8,2%, com aumento em 13 dos 15 locais pesquisados.

 O resultado, segundo o IBGE, mostra a ampliação do movimento de retorno gradual das unidades produtivas ao ritmo normal de atividade, depois das restrições que enfrentaram por causa das medidas de combate à pandemia de covid-19.

De novembro para dezembro de 2020, o crescimento da produção foi mais intenso no Espírito Santo (aumento de 5,4%) e no Ceará (4,7%). A produção industrial em São Paulo aumentou 3,4% nessa comparação.

No fim do ano passado, a produção industrial brasileira já havia superado em 3,4% o resultado apresentado em fevereiro de 2020, antes, portanto, de a pandemia começar a afetar duramente a vida da população e a atividade econômica. Há alguma aceleração na recuperação, pois em novembro o aumento sobre fevereiro fora de 2,6%.

São Paulo registrou em dezembro aumento de 10,2% sobre fevereiro. Outros Estados tiveram desempenho mais expressivo, como o Ceará (aumento de 13,2), Santa Catarina (12,2%) e Amazonas (11%). Mas São Paulo teve grande influência na recuperação, pois abriga o principal parque industrial do País.

Ainda não se pode falar em recuperação plena. Como observou o gerente da pesquisa do IBGE, Bernardo Almeida, o resultado de dezembro teve a contribuição do calendário. O mês teve um dia útil mais que novembro.

Além disso, nas comparações por períodos mais longos os resultados continuam negativos. No total acumulado de 2020, a produção industrial do País foi 4,5% menor do que a de 2019.

Nessa comparação, a produção do Estado de São Paulo encolheu 5,7%. Espírito Santo, com redução de 13,9%, e Ceará, com queda de 6,1%, apresentaram resultado pior do que São Paulo. Alguns Estados conseguiram ver sua produção industrial crescer no ano da pandemia, como Pernambuco (3,7%), Rio de Janeiro (0,2%) e Goiás (0,1%) (O Estado de S.Paulo, 17/2/21)

 

 

Guedes quer tornar ‘calamidade pública’ permanente e mais ampla

Novo texto seria, para ministro, contrapartida à prorrogação do auxílio emergencial

Por Ribamar Oliveira, Lu Aiko Otta, Marcelo Ribeiro e Vandson Lima — De Brasília 

17/02/2021 05h01  Atualizado 2021-02-17T08:01:04.557Z


O ministro da Economia, Paulo Guedes, quer ampliar e tornar permanente a “cláusula de calamidade pública” que atualmente está prevista na lei complementar 173/2020, informou uma fonte credenciada do governo. “Na LC 173, a cláusula é restrita à pandemia da covid-19 em 2020 e tem validade até 31 de dezembro deste ano”, explicou.

Agora, segundo a mesma fonte, Guedes quer que ela seja aplicada a todos os tipos de calamidade que assolem o Brasil, um Estado ou município e passe a fazer parte do arcabouço jurídico permanente do país. Ou seja, que as medidas de ajuste que podem ser automaticamente adotadas pelos Executivos (federal, estadual ou municipal) nas situações de calamidade não tenham prazo determinado.

A LC 173, que ficou conhecida como “Orçamento de Guerra”, estabelece que a União, os Estados e os municípios afetados pela calamidade pública decorrente da pandemia da covid-19 ficam proibidos, até 31 de dezembro deste ano, de conceder aumento, reajuste ou qualquer vantagem aos membros de Poder ou de órgãos, servidores e empregados públicos e militares.

Não poderão também criar emprego, cargo ou função que implique aumento de despesa, realizar concurso, admitir ou contratar pessoal a qualquer título, criar ou majorar auxílios, vantagens, bônus ou abonos. O presidente, os governadores e os prefeitos estão proibidos ainda de criar despesa obrigatória de caráter continuado e de adotar medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação.

A fonte disse que o novo desenho da “cláusula de calamidade pública” que Guedes deseja ainda não foi concluído, mas que ela “terá mais medidas do que a LC 173. Ainda não está claro também qual será a abrangência do conceito a ser proposto para “calamidade pública” e se ele incluirá a situação de insolvência das contas.

O difícil é saber o limite para caracterizar a situação de “calamidade” das finanças de um ente da federação. Na PEC Emergencial (PEC 186/2019), a proposta do governo prevê que, toda vez que a despesa obrigatória atinja 95% da receita corrente, as medidas de ajuste serão acionadas.

Outra fonte explicou que a preocupação do ministro da Economia é com a duração desta segunda onda da pandemia de covid-19 e com a eventualidade de uma terceira onda. “Neste ano, as medidas de ajuste previstas na cláusula de calamidade já foram adotadas”, explicou. “Mas se a pandemia durar mais um ano, por exemplo, teremos que adotar outras medidas”, ponderou. Assim, a nova cláusula, com todas as suas proibições, poderia ser usada para fechar o Orçamento de 2022.

A nova redação da cláusula de calamidade seria, na concepção de Guedes, a contrapartida à prorrogação do auxílio emergencial, demonstrando a preocupação do governo com a sustentabilidade das contas públicas. Mas, a rigor, as medidas de ajuste deste ano já foram adotadas. Portanto, a nova redação da cláusula não implicaria medidas adicionais.

Diante de eventuais resistências à aprovação de uma “cláusula de calamidade pública” mais abrangente, na forma de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), discute-se no Congresso Nacional, discretamente, uma proposta menos ambiciosa, mas que dê conforto ao governo para a renovação do auxílio emergencial. A alternativa poderia ser uma expansão do Bolsa Família dentro do Orçamento de 2021, disse uma fonte ao Valor.

A “PEC de Guerra”, como Guedes está chamando a proposta, ainda é a hipótese central em estudo. Governo e Congresso discutem um texto que, acoplado à proposta que já está no Senado tratando do Pacto Federativo, formará o que o ministro chama de “protocolo de crise”. Esse protocolo combina duas coisas: autorização para gastar mais em caso de calamidade e medidas de contenção de gastos.

Como o calendário está apertado, parlamentares avaliam que o governo e o Congresso devem bater o martelo sobre o formato e o valor da nova rodada do auxílio emergencial até a próxima semana. Apesar da expectativa de que as parcelas mensais do auxílio serão de R$ 200 ou R$ 250 - inferiores ao que se concedeu no ano passado -, parlamentares pontuam que o valor não está fechado.

“Acredito que o plenário vai ter a sensibilidade de reconhecer a importância da reedição do auxílio para conseguir colocar o pão na mesa das famílias mais humildes e impactadas pela pandemia”, disse o líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), ao Valor. “Igualmente, o plenário terá a responsabilidade de aprovar o valor e as parcelas de acordo com a capacidade do Orçamento do país que a equipe econômica apontar”, ponderou.

Há a expectativa de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), promova debate sobre o financiamento do benefício em reunião de líderes amanhã. Lideranças da Câmara destacam que um encontro com o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL), está marcado para o mesmo dia.

 

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