Notícias do setor
07/06/2021
Notícias do Setor

Governo espera adesão voluntária da indústria à redução da demanda

Intenção do governo é estar com o programa pronto até o fim do mês de julho para ser implantado no começo de agosto, caso necessário

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

O governo espera um compromisso voluntário dos grandes consumidores industriais de energia elétrica, a partir de um programa de racionalização que reduza as pressões pelo lado da demanda, no momento mais crítico da crise hídrica atual. Em reunião nesta sexta-feira (4) com representantes de associações empresariais e a cúpula do setor elétrico, a secretária executiva do Ministério de Minas e Energia, Marisete Pereira, defendeu a apresentação de uma proposta pelo mercado que contribua para um melhor gerenciamento da carga.

A intenção do governo é estar com o programa de resposta de demanda pronto até o fim do mês de julho para ser implantado no começo de agosto, caso necessário. O mecanismo já existe e está regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica para a aplicação em todo o país, mas a adesão das empresas vai depender dos incentivos a serem dados.

O programa será importante em setembro e outubro, meses mais críticos do período seco para os reservatórios das hidrelétricas. O período úmido começa oficialmente em novembro.

Marisete Pereira fez um balanço da situação de atendimento ao Sistema Interligado Nacional e das ações que estão sendo adotadas do ponto de vista da oferta de energia. O processo de gestão da crise, segundo a secretária, está sendo coordenado pela Casa Civil da Presidência da República.

Entre as medidas citadas por ela está o levantamento das restrições hidráulicas para poupar os reservatórios das usinas hidrelétricas, uma ação defendida pelo setor elétrico, mas que ainda depende de análise da Agência Nacional de Águas; o uso de todas as termelétricas disponíveis e o leilão de reserva de capacidade previsto para o fim do ano.

Foram convidados para a reunião os presidentes da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base, Venilton Tadini, da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia, Mário Menel, e da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres, Paulo Pedrosa, além de dirigentes da Agência Nacional de Energia Elétrica, do Operador Nacional do Sistema Elétrico, da Empresa de Pesquisa Energética e da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica,

A secretária deixou claro durante a reunião que o governo espera uma resposta pelo lado da demanda para o desafio de gerenciar a crise nos meses mais severos do período seco. Para Menel, é razoável começar pela indústria, que tem uma capacidade de resposta mais rápida.

Os autoprodutores, que também são consumidores industriais eletrointensivos, tendem a apoiar a metodologia que está em estudo pela Abrace e deverá ser discutida pelas duas entidades já no inicio da semana que vem. Uma proposta deverá ser apresentada ao secretário de Energia Elétrica do MME, Christiano Vieira da Silva, para ser discutida posteriormente com a Aneel.

O executivo da Abiape lembrou que  as empresas que investem em autoprodução de energia tem uma demanda muito grande e podem fazer a modulação da carga com a geração. Ele acredita que a aplicação compulsória de um medida como essa só poderia ser feita em ultima instância e disse que o garantia do governo é de que ela será voluntária.

“Tem que ter uma proposta que seja atrativa para os consumidores, no sentido de que tenha uma resposta efetiva, respeitando as características de cada empresa”, destacou o executivo. Em sua avaliação, a solução tem que abranger os anos de 2021 e 2022.

Paulo Pedrosa, da Abrace, apresentou em linhas gerais durante o encontro um processo simplificado de resposta da demanda que poderia ser adotado pelo governo. Pedrosa disse que que a sinalização adequada e realista de preços é necessária para que a sociedade contribua com a redução do consumo, mas é preciso pensar em mecanismos voluntários de resposta, para não afetar a competitividade da indústria.

Já Venilton Tadini, da Abdib, destacou a preocupação da indústria com os efeitos da crise hídrica sobre as expectativas de crescimento da economia para os próximos meses.

Ouvido pela Agência CanalEnergia sobre o tema, o presidente da consultoria PSR, Luiz Augusto Barroso, afirmou que o potencial de resposta de demanda é bastante significativo no Brasil, mas a adesão vai depender do preço ofertado e da conta que cada consumidor vai fazer. Barroso explicou que iniciativas desse tipo são adotadas em todos os mercados do mundo, e é importante que o programa seja permanente, e não uma exceção para momentos de emergência.

Para o especialista, o cenário hoje é melhor do que na época de  implantação do projeto piloto pela Aneel para a região Nordeste há três anos, mas o governo vai ter um papel importante para organizar esse processo, dando o sinal econômico adequado. “E, principalmente, vai ser fundamental a gente aprender com o que não deu certo em 2017”, acrescentou Barroso.

Além do alto nível de inadimplência do mercado de curto prazo em razão dos débitos do GSF, que impossibilitava o recebimento por uma eventual adesão, havia outros aspectos técnicos do projeto piloto que merecem aperfeiçoamentos.

Análise: O mercado para a área plantada com petróleo dos EUA cresce junto com a recuperação do preço do petróleo

David francês

Uma recuperação no preço do petróleo para níveis máximos de mais de dois anos está oferecendo uma abertura há muito esperada para empresas e firmas de private equity se desfazerem de ativos não amados no patch de petróleo dos EUA.As vendas de terrenos no valor de US $ 6,9 bilhões foram anunciadas nos primeiros cinco meses de 2021, quase superando os US $ 7 bilhões registrados em todo o ano de 2020, de acordo com o fornecedor de dados Enverus. O ano passado foi o pior para as vendas de áreas cultivadas nos EUA desde pelo menos 2006, depois que os preços da energia despencaram devido à destruição da demanda relacionada ao coronavírus.

Mais negócios estão a caminho. Terrenos avaliados em mais de US $ 12 bilhões estão à venda ou sendo preparados para chegar ao mercado nos Estados Unidos, de acordo com mais de uma dúzia de banqueiros de investimento e fontes do setor entrevistados pela Reuters.Um aumento de 43% nos preços do petróleo nos Estados Unidos neste ano, para seu maior valor desde outubro de 2018, tornou a área não amada desejável o suficiente para um pequeno grupo de empresas de aquisição, bem como algumas empresas de energia listadas publicamente com dinheiro para gastar.

Aqueles que procuram vender são empresas de exploração e produção de petróleo e gás que buscam pagar dívidas e redistribuir capital para novas perfurações, e empresas de aquisição que muitas vezes estão perdendo dinheiro em apostas que deram errado.A venda dessas propriedades pode levar ao seu desenvolvimento, muitas vezes após anos de subinvestimento, impulsionando a produção de energia dos EUA para atender à crescente demanda, à medida que a economia mundial se recupera da pandemia COVID-19.

Em um exemplo, a Occidental Petroleum Corp (OXY.N) está comercializando 25.000 acres líquidos (101 quilômetros quadrados) na porção Delaware da Bacia do Permian, provavelmente arrecadando mais de US $ 550 milhões, disseram duas fontes. A empresa tem como meta levantar mais de US $ 2 bilhões em desinvestimentos no primeiro semestre de 2021.A Occidental não respondeu a um pedido de comentário.

A Ovintiv Inc (OVV.N) concluiu em meados de maio a venda de US $ 880 milhões de sua posição na Eagle Ford no sul do Texas para a Validus Energy e, subsequentemente, disse que pagaria uma dívida de US $ 1,1 bilhão. consulte Mais informação

A Laredo Petroleum Inc (LPI.N) concordou no mês passado em vender uma participação de 37,5% nos hidrocarbonetos extraídos de terras em dois condados do Texas para o provedor de capital alternativo Sixth Street Partners. Ela planeja redistribuir os recursos para financiar parcialmente a aquisição de $ 715 milhões da produtora de capital privado Sabalo Energy, cuja área adjacente lhe dará escala na perfuração.

"O mercado está robusto, especialmente quando comparado com este período de um ano atrás. Estamos colocando algum dinheiro para trabalhar, mas também estamos vendo oportunidades de saída", disse Jason DeLorenzo, sócio-gerente da empresa de aquisições EnCap Investments.

A Exxon Mobil Corp (XOM.N) disse que pode alienar partes de seus negócios de gás de xisto na América do Norte. Fontes disseram que a empresa avisou aos compradores em potencial que isso poderia começar em breve. consulte Mais informação

A Exxon não quis comentar.

As empresas de capital aberto que atualmente buscam vendas de áreas cultivadas incluem Occidental, Chevron Corp (CVX.N) e Whiting Petroleum Corp (WLL.N) , de acordo com documentos de marketing vistos pela Reuters, bem como ConocoPhillips (COP.N) e Callon Petroleum Co (CPE .N) , segundo fontes. consulte Mais informaçãoCallon não quis comentar. A Chevron, Whiting e ConocoPhillips não responderam aos pedidos de comentários.

NEGOCIAÇÕES DE PRIVATE EQUITY

A retomada da negociação também é uma bênção para as firmas de private equity. Muitos deles compraram terras em meados da década de 2010 para explorá-las apenas o suficiente para provar sua viabilidade de produção e vendê-las com lucro. Eles foram deixados com perdas de cuidados depois que uma queda nos preços da energia no final de 2018 assustou os compradores em potencial.

A Advance Energy Partners, produtora da Bacia de Delaware, de propriedade majoritária da EnCap, está explorando uma venda que pode ser avaliada em cerca de US $ 2 bilhões, disseram pessoas a par do assunto.

Advance não respondeu a um pedido de comentário.

A firma de private equity Warburg Pincus pediu ofertas de aquisição indicativas para a produtora de Dakota do Norte RimRock Oil and Gas nas últimas semanas, um negócio que pode ultrapassar US $ 500 milhões, de acordo com fontes.

Warburg não quis comentar. RimRock não respondeu a um pedido de comentário.

A Permian e a Bakken da Dakota do Norte viram uma forte atividade de negócios em 2021, com os compradores se concentrando em bacias de xisto com os custos de produção mais baratos. A Grayson Mill Energy, apoiada pela EnCap, comprou os ativos de xisto Bakken da Equinor (EQNR.OL) no início deste ano por US $ 900 milhões.

No entanto, a terra em alguns campos de xisto do oeste dos EUA, como Uinta em Utah e Denver-Julesburg no Colorado, atraiu interesse limitado por causa de preocupações regulatórias, incluindo a suspensão do governo Biden em novos arrendamentos de perfuração em terras federais.

Nova regra destrava crédito com garantia em recebíveis

Lojistas terão mais flexibilidade para usar fluxo de pagamentos

Por Talita Moreira, Fernanda Bompan e Sérgio Tauhata — De São Paulo

 

Uma regra do Banco Central (BC) que entra em vigor nesta segunda-feira abre espaço para a oferta de centenas de bilhões de reais em crédito a micro, pequenas e médias empresas. A medida facilita o uso do fluxo de pagamentos com cartões como garantia para a obtenção de empréstimos. Credenciadoras, fintechs, fundos e bancos tradicionais se movimentam para atender o segmento.

 

Estados e capitais lançam “Refis” para engordar receita

Pensados para aliviar contribuintes e obter receita extra, programas dão até 100% de desconto em juro e multa

Por Marta Watanabe — De São Paulo 

 

Enquanto o “passaporte tributário” ou o novo Refis federal aguardam tramitação no Senado, Estados e capitais já lançam seus programas especiais de parcelamento de débitos tributários em até dez anos e desconto de multa e juros que chegam a 100%. Pelo menos um terço dos Estados - Alagoas, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Sergipe - e três capitais - Curitiba, Porto Alegre e São Paulo - já ofereceram ou aprovaram um “Refis” este ano ou ao menos enviaram a suas casas legislativas projetos nesse sentido.

 

STF começa julgamento da “revisão da vida toda” para cálculo de aposentadoria

Precedente no Superior Tribunal de Justiça é favorável aos aposentados

Por Beatriz Olivon, Valor — Brasília 

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar na sexta-feira a tese da “revisão da vida toda”, que trata de mudanças nas regras para o cálculo da aposentadoria. Por enquanto, os beneficiários do seguro social saíram na frente. Já há três votos computados e todos a favor dos aposentados.

 

China amplia liderança na venda de produtos ao Brasil

Principal origem das importações brasileiras desde 2019, a China continuou avançando sobre o comércio externo brasileiro em 2020. Segundo levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o país asiático foi responsável por 21,9% das compras externas brasileiras no ano passado, com avanços em produtos de tecnologia.

Nos últimos 15 anos, a China apresentou uma evolução considerável no comércio exterior. Em 2006, o país detinha 8,6% das importações brasileiras. Tradicionalmente o principal fornecedor de produtos para o Brasil, a União Europeia viu a participação cair de 20,3% em 2006 para 19,1% no ano passado.

No mesmo período, os Estados Unidos mantiveram uma participação relativamente estável nas importações brasileiras, com leve alta de 15,7% para 17,6%, mantendo a terceira posição. O principal perdedor na origem das importações brasileiras foi a América do Sul. De segundo lugar em 2006, responsável por 17,6% das compras externas do Brasil, o continente caiu para o quarto lugar, com 11,4% em 2020.

Indústria

Além de aumentar as exportações para o Brasil, a China também passou a vender produtos cada vez mais sofisticados, distanciando-se da imagem de exportador de bens industrializados de baixa complexidade. Ao analisar 15 setores da indústria, o levantamento constatou que as importações da China cresceram em 11, mantiveram-se em três e caíram apenas em um setor.

Entre os setores com maior avanço da China de 2006 a 2020, estão máquinas e equipamentos (de 10% para 23%); produtos químicos (de 10% para 29%) e materiais elétricos (de 24% para 50%). Até segmentos nos quais o país asiático tinha pouca tradição conquistaram fatias significativas de mercado: veículos e automóveis (de 2% para 11%) e química fina (de 1% para 14%).

No mesmo tempo, a indústria brasileira passou a comprar cada vez menos das outras regiões e dos demais países. Dos 15 setores pesquisados, 11 passaram a importar menos da União Europeia e do Japão e 13 passaram a comprar menos da América do Sul e dos Estados Unidos.

Propostas

Para o gerente de Políticas de Integração Nacional da CNI, Fabrizio Sardelli Panzini, o crescimento do comércio com a China tem criado uma dependência prejudicial para os setores mais desenvolvidos da economia brasileira. Com 75% das exportações ao país asiático concentradas em soja, minério de ferro e petróleo e importando bens cada vez mais complexos, o Brasil tem experimentado piora na qualidade do comércio exterior.

“Há vários anos esperamos a diversificação do comércio com a China, mas ela não vem. O máximo de espaço para ampliar o comércio com a China está na agroindústria, com mais exportações de carne e algum ganho de mercado”, diz.

O gerente da CNI defende a rápida aprovação e implementação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia para que a indústria brasileira recupere espaço nas exportações. Diferentemente da China, o Brasil tem um comércio mais equilibrado com os países europeus, exportando tanto produtos básicos como industrializados. O acordo tem potencial de ganhos porque prevê a queda mais rápida de tarifas e barreiras comerciais para os produtos do Mercosul no mercado europeu do que o dos produtos europeus aqui.

“A União Europeia é um parceiro tradicionalmente importante para o Brasil, com um comércio complementar e elevada participação da indústria dos dois lados. Quando a União Europeia perde mercado, o Brasil perde qualidade do comércio. Existem muitas empresas europeias que investem aqui e geram exportação para a Europa. Com a China, não existe a contrapartida do crescimento das exportações de bens industrializados brasileiros”, explica Panzini.

América Latina

Na avaliação de Panzini, a assinatura do acordo entre o Mercosul e a União Europeia também é importante para restabelecer o comércio na América Latina. Ele ressalta que o Brasil tem acordos comerciais profundos com vários países da América Latina, mas as trocas dentro do continente estão diminuindo com o avanço do comércio com a China.

“Cada vez mais, os países latino-americanos vendem commodities (bens primários) a país asiático e menos entre si. O continente tem se reprimarizado na economia, daí a importância de viabilizar investimentos europeus aqui, com melhoria no ambiente de negócios, para o Brasil poder exportar para a América Latina”, diz.

O gerente da CNI recomenda ainda melhorias internas brasileiras, com a aprovação de reformas econômicas, principalmente a tributária, que reduza o custo Brasil e harmonize os impostos com os dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “Se o Brasil fizer o dever de casa, vai melhorar a competitividade e aproveitar ainda mais os ganhos do acordo com a União Europeia”, acrescenta (Agência Brasil, 5/6/21)

China se prepara para assumir a liderança mundial

Nĭ hăo. Se você não fala nem “olá” em mandarim, procure aprender rapidamente, pois, além de ser a língua mais falada do planeta, esse é o idioma de quem vai liderar os negócios mundiais em pouquíssimo tempo. O projeto do presidente chinês Xi Jinping é dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) e a renda per capita da China até 2035. Com isso, entre 2027 e 2028 o país ultrapassará os EUA como a maior economia do mundo, antecipando a previsão anterior, que era para 2033.

Enquanto seus concorrentes amargaram queda no PIB em 2020 por causa da pandemia do coronavírus, a China apresentou crescimento, passou de US$ 14,7 trilhões para US$ 15,2 trilhões. Já o PIB americano caiu de US$ 21,4 trilhões para US$ 20,8 trilhões, e o brasileiro passou de US$ 1,8 trilhão para US$ 1,4 trilhão, derrubando o Brasil da 9ª para a 12ª posição no ranking das maiores economias do mundo. Para este ano, a meta da China é crescimento de 6%, número considerado conservador para o padrão chinês e que reflete a necessidade do país em controlar seu déficit fiscal e a insegurança acerca da recuperação da economia mundial pós-Covid.

Em outubro passado, ao aprovar o 14º Plano Quinquenal, o governo chinês definiu as três prioridades para o período entre 2021 e 2025: inovação tecnológica, autossuficiência econômica e meio ambiente mais limpo. A estratégia é investir em pesquisa e desenvolvimento de alta tecnologia, incluindo o polêmico 5G; garantir a segurança alimentar de sua população gigante, controlando a cadeia de produção de grãos; e investir cada vez mais em energia renovável.

“A China bateu agora 70% do PIB dos Estados Unidos. O único país que havia chegado a esse ponto foi o Japão na década de 1980 e começo de 1990, e que depois disso foi parar em 25% do PIB americano, com uma recessão violenta”, comenta o professor-adjunto do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Hermógenes Saviani Filho. “Provavelmente não acontecerá a mesma coisa com a China porque seu imenso mercado consumidor interessa às empresas norte-americanas, e o país não depende, do ponto de vista da segurança, dos Estados Unidos.”

Para o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, Charles Andrew Tang, a expectativa é de que o governo Joe Biden não seja tão protecionista como seus antecessores. “Biden aparenta ser uma pessoa decente e, embora a competição entre os dois países deva continuar forte, ele não deve fazer uma guerra comercial ao estilo Trump porque ficou mais do que claro que essa estratégia só trouxe danos para empresas americanas e chinesas, e quem pagou a conta foi o povo americano”, comenta.

“Não esperamos que Biden vá isolar a China, como tentou Barack Obama, que pediu para seus aliados não participarem como membros fundadores do Asian Infrastructure Investment Bank, em 2015, e naquela época só Estados Unidos e Japão ficaram de fora, porque todos os aliados estavam mais interessados em ganhar dinheiro com a China do que isolar o país”, relembra Tang.

O professor Giorgio Romano Schutte, da cadeira de Relações Internacionais e Economia da Universidade Federal do ABC, explica que não há, na Europa, o entendimento de que a ascensão da China representa algum tipo de ameaça ao mundo. O incômodo chinês estaria nos países vizinhos como Índia, Vietnã, Taiwan e Japão, que temem o poder econômico da China, mas fazem negócios com ela e simultaneamente reforçam a relação militar com os Estados Unidos. “É uma espécie de hedge”, afirma.

O Brasil e os negócios da China

A China se tornou o maior comprador de produtos brasileiros e exerce forte influência econômica em muitos países latino-americanos, mas, apesar de ser o maior parceiro comercial do Brasil e responsável por US$ 33,6 bilhões do superávit de US$ 50,9 bilhões registrado na balança comercial em 2020, a relação diplomática entre os dois governos passa por altos e baixos. Foram várias saias justas por causa, principalmente, da aliança Bolsonaro-Trump e de uma visão desatualizada sobre a China.

“Desde a entrada na OMC, no início dos anos 2000, a China deixou de ser aquele país que vendia produtos de baixa qualidade e adotava práticas antiéticas de competição, e passou a ser o país que se destaca pelo seu crescimento; por ser o maior demandante de commodities do mundo inteiro, como minério de ferro, soja, petróleo e proteína; e que busca liderança estratégica em setores específicos”, afirma o economista Lívio Ribeiro, do Ibre/FGV, especialista na potência asiática. “O problema é que muitos políticos brasileiros e até executivos de C-level ainda olham para a China com a mentalidade antiga.”

Autor do livro “Oásis para o Capital – Solo Fértil para a ‘Corrida de Ouro’: A Dinâmica dos Investimentos Produtivos Chineses no Brasil”, o professor Giorgio Romano Schutte considera que “a presença de investimentos chineses no Brasil é sempre alvo de polêmica e análises tingidas por questões ideológicas, onde se pretendem apenas técnicas ou econômicas”.

Por causa disso, Charles Tang ressalta que “a China não tem interesse em comprar o Brasil e não quer guerra com ninguém”, referindo-se a um comentário feito por Bolsonaro durante a campanha em 2018. Os sinólogos são unânimes em afirmar que o avanço tecnológico chinês é do interesse de todos. “Enquanto a gente discute o 5G, a China já está no 6G; enquanto estamos começando a falar no Brasil de veículos elétricos, a China já está trabalhando em veículos que usam hidrogênio como combustível”, diz Tang (Forbes, 5/6/21)

Ibovespa supera 130 mil pontos com otimismo global; dólar a R$ 5,037

A expectativa de prolongamento da elevada liquidez global manteve os investidores na ponta compradora de ações na bolsa paulista, cujo principal índice cravou a sétima alta seguida nesta sexta-feira, para nova máxima histórica.

Após movimento errático nas primeiras horas da sessão, o Ibovespa (IBOV) firmou-se no azul, apoiado em blue chips, para fechar em alta de 0,4%, chegando ao inédito fechamento em 130.125,78 pontos.

O giro financeiro do pregão, espremido entre feriado e o final de semana, somou 33,1 bilhões de reais.

O mote do dia foi o esperado dado de criação de empregos nos Estados Unidos em maio. O número veio abaixo das previsões, o que foi interpretado como motivo para o Federal Reserve (banco central do país) seguir com sua política monetária expansionista.

Em Wall Street, os três principais índices – Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq – fecharam com altas robustas. O apetite por risco inflou moedas de países emergentes, como o real, em nova máxima desde dezembro.

Com a combinação de alta das ações e apreciação do câmbio, o Ibovespa em dólar já sobe 35,5% desde a mínima no ano registrada no começo de março.

Segundo profissionais do mercado, esse movimento reflete melhores expectativas de retomada econômica diante do avanço da vacinação contra Covid-19, o que foi expresso nos dados do PIB brasileiro do primeiro trimestre, divulgados nesta semana, e que vieram bem acima das expectativas.

“O destaque foi a alta dos bancos, principal porta de entrada dos investidores estrangeiros na bolsa brasileira por conta da ampla liquidez”, afirmou Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora (Reuters, 4/6/21)

 

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