Notícias do setor
19/07/2021
Notícias do Setor

CEEE-G deverá ser privatizada em dezembro

Liquidação da operação de venda da última companhia estadual no segmento de energia deverá ocorrer em fevereiro

MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

O governo do Estado do Rio Grande do Sul estima que o leilão da última parte do grupo CEEE sob sua gestão deverá ocorrer em dezembro deste ano ainda. A previsão é de que o edital seja publicado entre os meses de agosto e setembro, o certame ocorra no último mês e a transferência da companhia até fevereiro. O BNDES também é o responsável pela modelagem do certame assim como foi nas duas outras privatizações da empresa gaúcha de energia, e diz que o cronograma está em andamento e deverá ser atendido dessa forma.

Segundo o presidente da CEEE, Marcos Soligo, ainda há algumas questões a serem resolvidas como participações acionárias que a companhia tem em usinas de menor porte e outros assuntos envolvendo inadimplências e pontos regulatórios que precisam ser esclarecidos com a Agência Nacional de Energia Elétrica.

“A liquidação da operação de privatização da CEEE-G deverá ocorrer no início de fevereiro”, confirmou ele em entrevista coletiva após o leilão da CEEE-T.

A divisão de transmissão da empresa gaúcha foi leiloada nesta sexta-feira, 16 de julho, na B3 e teve como vencedora a CPFL Energia que deverá assumir os ativos em 90 dias.

A CEEE-T que possui 56 subestações, que somam potência instalada própria de transformação de 10,5 mil MVA, e opera outras 18 unidades. A empresa também é responsável pela operação e manutenção de 6 mil km de linhas de transmissão (5,9 mil km próprios) e mais de 15,7 mil estruturas (quase 15,3 mil próprias). A rede da empresa está espalhada por todo o estado.

Foram vendidas lote único de 6.381.908 ações de emissão da transmissora que são de propriedade da CEEE-par. Essa concessionária é a oitava maior em RAP do país, segundo a resolução homologatória nº 2.725/2020, para o ciclo 2020-2021 da Aneel. O valor é de R$ 868 milhões. O patrimônio líquido em 30 de junho de 2020, era de cerca de R$ 2 bilhões.

Além dessas duas, o governador Eduardo Leite (PSDB) relacionou que o plano de privatizações do estado envolve outras empresas, como a Corsan, de saneamento básico, e ainda, a Sulgás, que já está precificada em R$ 927 milhões. Segundo ele, em breve o edital desta última deverá ser lançado.

CPFL vence leilão e fica com a CEEE-T

Empresa apresentou lance de R$ 2,67 bi ágio de 57% ante o valor mínimo de R$ 1,7 bilhão

MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

A CPFL arrematou a CEEE-T, transmissora do Grupo CEEE, que foi a leilão nesta sexta-feira, 16 de julho, no processo de venda da companhia. O lance ofertado foi de R$ 2,67 bilhões, ágio de 57,13% ante o mínimo de R$ 1,7 bilhão. Se apresentaram sete proponentes, entre elas, além da ganhadora, a MEZ Energia e a CTEEP. Na primeira fase do leilão, foram classificadas as empresas CPFL, Companhia Técnica de Comercialização de Energia, da Energisa, e a MEZ Energia. Diferentemente dos certames de transmissão da Aneel, esse classificaria as três primeiras para segunda etapa em viva voz obrigatória.

O leilão de hoje pode ser considerado uma continuação da privatização da empresa de energia que reunia sob o grupo atividades de geração, transmissão e distribuição, esta última negociada pelo lance mínimo de R$ 100 mil pela Equatorial. Agora o próximo passo é o de privatizar os ativos de geração de energia da companhia para que o Estado do Rio Grande do Sul deixe totalmente a atividade de energia.

A CPFL que já possui duas distribuidoras no Estado assumirá a CEEE-T que possui 56 subestações, que somam potência instalada própria de 10,5 mil MVA, e opera outras 18 unidades. A empresa também é responsável pela operação e manutenção de 6 mil km de linhas de transmissão (5,9 mil km próprios) e mais de 15,7 mil estruturas (quase 15,3 mil próprias). A rede da empresa está espalhada por todo o estado.

Foram vendidas lote único de 6.381.908 ações de emissão da transmissora que são de propriedade da CEEE-par. Essa concessionária é a oitava maior em RAP do país segundo a resolução homologatória nº 2.725/2020, para o ciclo 2020-2021 da Aneel. O valor é de R$ 868 milhões. O patrimônio líquido em 30 de junho de 2020, era de cerca de R$ 2 bilhões.

Investimentos na CEEE-T aumentarão para R$ 300 mi ao ano, estima CPFL

Valor no acumulado de cinco anos é de R$ 1,5 bilhão e será destinado à modernização de redes e substituição de equipamentos já depreciados

MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)

A CPFL Energia deverá elevar os investimentos na CEEE-T de um patamar de R$ 95 milhões ao ano para algo próximo a R$ 300 milhões. A estimativa da companhia que sagrou-se vencedora é de que os aportes somem R$ 1,5 bilhão em cinco anos. Investimentos esses em modernização de rede e na substituição de equipamentos com vida útil encerrada.

Os números foram informados pelo CEO da CPFL Energia, Gustavo Estrella, em coletiva pós certame no qual a companhia apresentou lance de R$ 2,67 bilhões pelos ativos de transmissão naquele Estado. Segundo o executivo, as sinergias e o conhecimento da região foram pontos que ajudaram na estratégia da empresa de ficar com a empresa.

“Vínhamos nos preparando para esse leilão, é natural que haja sinergias operacionais e temos duas distribuidoras com índices muito bons de qualidade. Então a fórmula é a mesma capacidade de operação e de investimentos”, afirmou ele.

A CPFL Energia assume a CEEE-T em um contrato de concessão que vai até 2042. E com essa aquisição, a companhia passa a controlar pouco mais de 6 mil quilômetros e mais 77 subestações, que somam potência instalada própria de 10,5 mil MVA. Esse foi o maior investimento que a empresa, que tem sede na cidade de Campinas (SP), realizou em transmissão.

Em 2018, o Grupo venceu a disputa pelos lotes 5 e 11 do quarto leilão de transmissão, que compreendem novas subestações e linhas em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, Os dois lotes têm investimentos estimados pela Aneel de R$ 715 milhões e foram os primeiros projetos de transmissão do Grupo nos dois estados.

Além desse ativo recém-adquirido a CPFL Energia é responsável pela distribuição de energia em 77% do território do Rio Grande do Sul por meio da RGE, união entre a RGE e a AES Sul, adquirida da AES Corporation ainda em meados de 2016. No segmento de Geração, tem participação nas usinas hidrelétricas Foz do Chapecó, Enercan (Campos Novos), Barra Grande e Ceran (Cia. Energética Rio das Antas), além de operar pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e parques eólicos.

A conclusão da aquisição ainda depende da análise dos documentos pela Comissão de Licitação e das aprovações da Aneel e do Cade. Se todo o processo correr dentro dos prazos previstos pelo edital do leilão, a transferência total do controle da transmissora deve acontecer a partir de outubro de 2021. A aquisição, disse Estrella, deverá ser liquidada com caixa da companhia e emissão de dívida.

Estrella revelou ainda que a empresa prevê colocar no mercado uma oferta pública de ações para adquirir os papeis que estão no mercado de capitais. A aquisição desta manhã refere-se a uma participação de pouco mais de 66% da estatal gaúcha.

Impacto 

De acordo com o analista de Research da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, embora prejudicado pelo anúncio da Aneel sobre a revisão da RAP que pode fazer CEEE-T incorrer em perdas anuais na receita na casa de dois dígitos, o leilão foi concorrido ao ponto de a própria CPFL aumentar em 2,6% sua oferta durante o leilão.

Em sua avaliação, isso pressiona ainda mais as taxas reais de retorno para a companhia, que seguindo os cálculos da Ativa, são de 5,07% desconsiderando sinergias com RGE Sul, 7 subestações, 6 linhas de transmissão e a operação de PCHs, UHEs e parques eólicos que a companhia possui naquele estado.

“Acreditamos que estas operações podem aumentar relevantemente o retorno para a companhia, uma vez que sua presença no Estado pode a fazer incorrer em economias com despesas como pessoal e logística”, estimou ele.

Mas, continuou ele, tal como nos últimos grandes leilões, a existência de uma taxa de retorno comprimida resulta numa recepção negativa do resultado do leilão por parte do mercado, que observará a partir de então como CPFL extrairá sinergias para majorar a rentabilidade da aquisição.

Fundos imobiliários domam ventos contrários e captam R$ 26,8 bilhões

Gestores veem chance de setor superar, neste ano, volume de atraído em 2020

Por Sérgio Tauhata — De São Paulo 

19/07/2021 05h01  Atualizado 19/07/2021

Apesar de enfrentar ventos contrários que vão desde o ciclo de alta de juros até a proposta de reforma tributária, o setor imobiliário tem mostrado fôlego - e profissionais desse mercado já veem mais um ano positivo na atração de recursos.

 

A inviabilização do licenciamento compulsório de patentes

Por Gilberto Bercovici e José Augusto Fontoura Costa

Um substitutivo (Aécio Neves, PSDB-MG) ao PLS 12/21 (Paulo Paim, PT-RS, com substitutivo de Nelsinho Trad, PSD-MS) foi aprovado no último dia 7, na Câmara dos Deputados, por uma votação impressionante: 425 a 15, com quatro abstenções. Em tempos nos quais inexiste consenso sequer a respeito da lei da gravidade, causa espécie essa contagem. Assim, até o santo desconfia...

Para que, afinal, serve o substitutivo da Câmara ao PLS 12/21? A resposta mais afinada com seu texto final é relativamente simples: para dificultar, a ponto de inviabilizar, a concessão de licenças compulsórias no Brasil.

Como se sabe, a redação atual da Lei 9.279 e o Decreto 3.201/99 autorizam e possibilitam o licenciamento compulsório de patentes para atender a situações de emergência nacional e interesse público, inclusive para favorecer o desenvolvimento tecnológico ou socioeconômico do país. Tanto é assim que já houve a concessão de tal tipo de autorização por meio do Decreto 6.108/07, referente ao medicamento Efavirenz. Nunca houve — ressalte-se — qualquer uso abusivo do instrumento.

Por que, então, alterar a lei vigente?

A primeira resposta aponta a intenção de ajustar a legislação brasileira à emenda do TRIPs/OMC, que incluiu, por meio do artigo 31 bis, a possibilidade de utilizar licenças compulsórias não apenas para o atendimento do mercado interno, mas para a exportação de produtos farmacêuticos a países em desenvolvimento ou de menor desenvolvimento relativo. Não obstante, o próprio PLS 12/21, no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, comprova não ser esse o caso: o proposto artigo 71-A inclui uma exigência inexistente no TRIPs — ser a licença condicionada a "razões humanitárias" — e ignora a limitação, nesse mesmo tratado, a medicamentos. Ou o texto é muito mal elaborado, ou é sub-reptício. Em qualquer caso, não há compatibilidade com uma finalidade central de adequação ao artigo 31 bis do TRIPs/OMC. Além do que, fosse para isso, não haveria sentido em propor uma modificação tão ampla do sistema atual de licenciamento compulsório.

Uma segunda resposta seria a seguinte: para dar ao Legislativo instrumentos suficientes para exigir do Executivo uma atuação consistente com as necessidades do combate à pandemia da Covid-19, ou outras que possam vir a ocorrer no futuro. Uma análise dos PLCs 1.320/20 e 1.462/20, de autoria do deputado Alexandre Padilha (PT-SP) e outros, bem como do texto original do PLS 12/21, de autoria de Paulo Paim (PT-RS), aponta nesse sentido. Entre outros aspectos, destacam-se: a) a possibilidade de utilizar declarações da Organização Mundial da Saúde (OMS) como suficientes para configurar a emergência; b) substituir o protagonismo do Executivo pela colaboração possível do Legislativo para o enfrentamento das emergências; e c) chegar até mesmo a contrariar o regime do TRIPs/OMC.

O que se aprovou recentemente na Câmara, porém, sequer é uma caricatura do projeto de Paulo Paim (PT-RS), pois esta guardaria alguma semelhança com o texto original. Não restou sequer uma vírgula. Depois de passar pelos substitutivos de Nelsinho Trad (PSD-MS), aprovado no Senado, e de Aécio Neves (PSDB-MG), aprovado na Câmara dos Deputados, o PLS 12/21 se concentra em instituir um procedimento burocrático complicado, estruturado de maneira a dificultar a análise e concessão das licenças. Para isso, propõe prazos exíguos, exigências complexas e a ausência de qualquer procedimento de urgência, para quando a resposta não pode esperar um percurso mais demorado.

Portanto, não se delineou, por enquanto, uma explicação clara dos objetivos da presente alteração legislativa. A imensa convergência das forças políticas na Câmara é de impressionar e exige uma análise das alterações.

Não cabe, aqui, realizar uma análise do histórico de aprovação. Porém, vale a pena mencionar duas diferenças importantes entre o substitutivo Trad e o substitutivo Neves: 1) o primeiro estabelecia um prazo de 30 dias para o Executivo federal editar uma lista de itens a serem licenciados compulsoriamente no contexto da pandemia da Covid-19, incluindo obrigatoriamente as vacinas contra o SARS-CoV-2 e o medicamento Remdesivir, isso foi extirpado na Câmara dos Deputados; e 2) o substitutivo Neves, mais moderado e razoável, previa deveres anexos quanto ao know-how, tão necessário para que expedientes biotecnológicos complexos possam ser absorvidos e produzidos pelo licenciado compulsório, também afastado no texto de Neves.

Por outro lado, um dos problemas já conhecidos do texto do artigo 71 da Lei de Propriedade Intelectual vigente — a necessidade de comprovação de que o titular da patente ou seu licenciado não atendem ao enfrentamento adequado da situação catastrófica — foi mantido no substitutivo Neves. Em outras palavras, o PLS em questão não afasta tal exigência ou realoca o onus probandi para que recaia sobre o titular da patente, o que se justificaria por ser este quem dispõe de melhores informações e meios para comprovar a plena satisfação das necessidades existentes. O texto aprovado pela Câmara dos Deputados mantém um obstáculo burocrático injustificável ao já complexo instrumento da licença compulsória.

Há mais problemas e o resultado final é um projeto dedicado a tornar extremamente difícil o licenciamento compulsório no Brasil, especialmente em situações de acentuada urgência. Para um resumo, alguns pontos relevantes:

a) O projeto institui um prazo de 30 dias contados da declaração de situação de emergência nacional ou internacional para que o Executivo apresente uma lista das tecnologias potencialmente úteis;

b) Apresentada tal lista, abre-se prazo de outros 30 dias, prorrogável por igual período, para a efetiva concessão das licenças;

c) Importante: não há qualquer previsão a respeito dos efeitos de tais prazos. Do ponto de vista da proteção dos direitos dos titulares das patentes e licenças, é de se supor que, encerrados tais prazos sem a efetiva apresentação da lista, ou da concessão da licença, fica vedado o licenciamento compulsório de qualquer tecnologia relacionada à situação de emergência em tela;

d) Há inclusão de várias exigências, inexistentes no Decreto 3.201/99, que dificultam o caminho para a concessão das patentes, sobretudo por meio de estratégias procrastinatórias capazes de levar ao esgotamento dos prazos;

e) Ocorre uma importante inversão: no regime atual é possível licenciar compulsoriamente, inclusive com estabelecimento da remuneração e prazo, antes de determinar quais serão os beneficiários da receita. No regime previsto, a licença compulsória só poderá ser concedida se os produtores comprovarem "capacidade técnica e econômica". É bastante difícil fazer tal comprovação sem a determinação do prazo da licença e de seu padrão de remuneração, pois o produtor não consegue verificar a possibilidade de amortização dos gastos em capital fixo sem esses parâmetros. O produtor deveria demonstrar seu interesse mediante o aporte de avaliações técnicas e econômicas prévias, o que implica custos para a participação do processo, sem ter qualquer expectativa concreta a respeito da licença. A combinação entre incerteza e custos prévios suportados pelos produtores tende, por motivos óbvios, a afastar interessados nas licenças;

f) Os parâmetros para a determinação da remuneração do titular também foram alterados de modo a incluir expressamente a estimativa dos investimentos para a produção e o preço de venda do produto no mercado nacional, excluindo-se o critério do preço dos similares, posto pelo decreto ora vigente. Essa substituição transforma o preço eventualmente cobrado pelos detentores da patente no único parâmetro mercadológico interno, favorecendo o estabelecimento de remunerações que não excluam valores de monopólio;

g) A matéria do PLS12/21 deve ser tratada por decreto, não por lei. Imagine-se que, como não é difícil de prever, a aplicação dos procedimentos e condições ora propostas torne as licenças compulsórias virtualmente inviáveis. O único caminho para recuperar sua viabilização seria a promulgação de nova lei. Detalhes do processo de aprovação não deveriam ser matéria de lei;

h) Por fim, mas não com menor importância, o regime de urgência previsto pelo Decreto 3.201/99, artigo 7º, possibilita o licenciamento sem a constatação da impossibilidade do titular atender a situação de emergência e sem o detalhamento das condições da licença, sem contar, por óbvio, com as múltiplas exigências do PLS 12/21. O projeto, por seu turno, extingue tais possibilidades e prevê, para casos de extrema urgência um procedimento expedito e simples: o licenciamento por meio de lei federal, restrito a emergência de saúde pública e com vigência limitada à duração da situação de emergência (conforme artigo 71, §15).

Como se explica, então, a ampla base de aprovação do PLS 12/21 na Câmara?

Para os interesses as grandes empresas farmacêuticas internacionais e aqueles que os defendem no Congresso Nacional a resposta é bastante simples. É certo que o modelo atual vem sendo utilizado com bastante parcimônia, contando com uma única licença compulsória — Efavirenz — em seus cerca de 25 anos de vigor. Importante lembrar, porém, que a possibilidade de licenciar compulsoriamente é um forte elemento de pressão, sobretudo em um país onde há parque industrial e tecnológico que permite fabricar os produtos que utilizam tais patentes. Reduzida tal possibilidade, corta-se o braço da alavanca.

Difícil é compreender porque os legisladores comprometidos com o povo, a indústria nacional e a manutenção de meios para a proteção da saúde pública vêm apoiando o PLS 12/21 — no texto modificado pela Câmara dos Deputados — com tanta veemência. Duas explicações possíveis: 1) ignorância: dadas as condições da aprovação, haveria faltado tempo para analisar detidamente o conteúdo do projeto; ou 2) temor: quem em véspera de ano eleitoral votaria contra uma lei alardeada na imprensa como a salvação da lavoura?

Porém, o caminho do fortalecimento da nação e de seu povo jamais serão pavimentados por ignorância e medo.

 

 

Ibovespa fecha em queda, mas acumula alta na semana; dólar vai a R$ 5,1170

Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta sexta-feira, pressionado particularmente pelo declínio de blue chips em sessão com vencimento de opções sobre ações e perdas em Wall Street, mas assegurou um desempenho positivo no acumulado da semana, em meio a mudanças na proposta de reforma tributária e declarações do chair do Federal Reserve de que não deve reduzir estímulos no curto prazo.

Na terça-feira, o deputado Celso Sabino (PSDB-PA) apresentou parecer sobre a proposta da nova fase da reforma tributária, incluindo eliminação da tributação dos rendimentos dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e obrigatoriedade da opção pelo lucro real a algumas empresas.

Também acentuou o corte do IRPJ das empresas, embora tenha mantido a taxação sobre lucros e dividendos em 20% e o fim da dedutibilidade de juros sobre capital próprio.

As alterações repercutiram positivamente no mercado, também por sinalizarem avanço nas negociações sobre o texto, que recebeu várias críticas na sua versão apresentada pelo Executivo no final do mês passado.

No exterior, o chair do Fed, Jerome Powell, alimentou na quarta-feira esperanças de que o banco central dos Estados Unidos manterá sua política monetária expansionista, fazendo com que o Ibovespa voltasse a se aproximar dos 130 mil pontos. Naquele dia, bateu 129.619,81 pontos na máxima intradia.

Qualquer movimento para retirar apoio à economia, reduzindo as compras mensais 120 bilhões de dólares de títulos, “ainda está longe”, disse Powell em audiência no Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados dos EUA.

Para a área de economia do Bradesco, ele reforçou a visão de que a alta da inflação nos EUA está dentro do arcabouço de política monetária, já que reflete principalmente fatores transitórios. De todo modo, Powell afirmou que haverá nova rodada de discussões sobre o início da redução de estímulos.

Na visão da BlueLine Asset Management, os mercados globais seguem oscilando sem tendência definida enquanto digerem os principais fatores de riscos que incluem, principalmente, o timing na mudança da política monetária nos EUA, os impactos da variante delta da Covid e a desaceleração econômica na China.

“Nossa visão permanece construtiva”, afirmaram em relatório a clientes, assumindo que o eventual aperto monetário nos EUA vai ser conduzido de maneira gradual, como sinalizou Powell nessa semana e que a variante Delta pode atrasar, mas não vai abortar a recuperação econômica.

Também destacou que a China começa a dar sinais de reversão no aperto da política monetária o que, junto com a aceleração na vacinação, deve dar suporte ao crescimento no segundo semestre.

A semana na B3 também foi marcada por estreias fortes, com as ações da SmartFit fechando seu primeiro pregão na quarta-feira com salto de quase 35%, enquanto os papéis da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) avançaram mais de 6% em seu debute na quinta-feira.

A temporada de balanços de companhias brasileiras que fazem parte do Ibovespa começa a entrar no radar, com Hypera Pharma apresentando seus números no dia 23, embora as divulgações dos resultados do segundo trimestre devam ganhar ritmo apenas na última semana do mês.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa caiu 1,18%, a 125.960,26 pontos, mas acumulou alta de 0,4% na semana. No mês, cai 0,66%. No ano, avança 5,83%.

O índice Small Caps cedeu 0,8%, a 3.107,34 pontos, mas mostrou alta de 1,25% na semana, embora ainda tenha declínio de 1,19% no mês. O desempenho em 2021 está positivo em 10,1%

O volume negociado no pregão nesta sexta-feira somou 26,4 bilhões de reais (Reuters, 16/7/21)

Mais de 50% das indústrias enfrentam falta de insumo, diz FGV

Veículos, informática e química são os segmentos mais afetados.

O percentual de empresas que enfrentam falta de insumos e matérias-primas teve ligeira queda entre novembro do ano passado e junho deste ano, mas a melhora é vista com cautela, uma vez que muitas companhias que estão na base da cadeia produtiva ainda trabalham com restrições.

De acordo com sondagem especial do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), 55,5% das empresas do setor industrial reportaram dificuldades com insumos em novembro. Em junho deste ano, eram 52,4%, oscilação na margem de erro de dois pontos percentuais da pesquisa.

Os percentuais mais elevados, acima de 70%, estão atualmente nas indústrias de veículos, de informática e eletrônicos e de químicos. Em novembro do ano passado, variavam de 50% a 61% nesses segmentos.

Também se destacam os níveis elevados de restrição à produção em indústrias da base da cadeia, como minerais não metálicos (65%), produtos de plástico (62%) e produtos de metal (53%), entre outras.

Mesmo em segmentos nos quais a situação melhorou significativamente, os percentuais ainda estão próximos ou acima de 50%. É o caso de vestuário (de 77% para 65%) e têxtil (de 75% para 49%), indústrias cujos problemas de produção afetam também o comércio varejista.

Viviane Seda Bittencourt, superintendente-adjunta de Ciclos Econômicos do FGV Ibre, afirma que a situação ainda é preocupante, pois mais da metade das empresas reportaram restrições, algumas delas de segmentos que influenciam outros setores da economia.

“Apesar de ter diminuído, ainda há problemas para a maioria das empresas. São segmentos-chave, alguns que estão na base da cadeia e podem criar um gargalo, além de terem relevância econômica importante”, afirma.

“Você tem uma perda de capacidade do crescimento da indústria durante este ano por conta dessa escassez.”

 Outra preocupação, segundo Viviane, é que 56,7% das empresas consultadas afirmam prever uma normalização da entrega de matérias-primas e bens intermediários ainda neste ano. Mas 25,5% só esperam que isso ocorra em 2022, e 17,8% não conseguem fazer previsão.

Ainda segundo a pesquisa, houve queda no percentual de companhias que enfrentam problemas com falta de produto no mercado interno, de 85% para 76%, mas o percentual ainda é elevado. Em relação a insumos importados, o percentual passou de 41% para 45%.

O aumento do preço no mercado internacional é citado por 42% das companhias como um dos fatores que dificultam a aquisição de insumos. Questões cambiais e de dificuldade na entrega/logística são citadas por cerca de 20% dos entrevistados, cada uma.

Na sondagem, foram ouvidas 1.098 indústrias, por meio de questionário eletrônico ou contato telefônico.

A economista do FGV Ibre Cláudia Perdigão afirma que há segmentos que apresentam atualmente estoques baixos em relação à média histórica e enfrentam restrições à produção, como o de bens de capital, no qual o percentual de indústrias que reportaram dificuldades passou de 41% para 57% nas duas pesquisas.

“Isso pode representar uma dificuldade para a retomada de projetos de investimento, pode acabar atrapalhando a recuperação de outros segmentos”, afirma a economista, que aponta ainda a incerteza em relação a outro insumo importante, a energia elétrica, no segundo semestre.

Na produção de veículos e de produtos de informática, a principal dificuldade, segundo as associações de fabricantes, ainda é com a compra de chips semicondutores. A escassez dessa matéria-prima tem afetado a cadeia de produção em todo o mundo.

Após as paralisações na produção no início da pandemia, o consumo aquecido de produtos como computadores, celulares, tablets e televisores levou a uma corrida por chips.

No setor automotivo, a dificuldade na compra e a imprevisibilidade com as entregas levaram diversas fábricas a interromper a produção para ajustar o volume de matérias-primas à capacidade de produção.

Nesse segmento, apenas 30% das empresas prevê uma normalização ainda em 2021, percentual semelhante ao verificado nas indústrias de produtos de metal e materiais elétricos.

A Anfavea (associação das montadoras) calcula que a falta de semicondutores já tenha impedido a produção de 100 mil a 120 mil veículos neste ano.

No início deste mês, o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, disse que a baixa oferta de chips tem segurado a retomada do setor. O volume de veículos produzidos em junho –166.947 unidades– foi o pior dos últimos 12 meses, resultado das paralisações das montadoras.

Em junho, fábricas de eletrônicos apontaram, pela primeira vez, a necessidade de paralisação parcial da produção por falta de componentes.

A Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) começou, em fevereiro deste ano, a perguntar às empresas quais as consequências das dificuldades em comprar peças. Pelo menos 12% das associadas disseram ter havido a necessidade de reduzir o ritmo de produção.

A associação registra também um aumento de 20% para 26% o número de empresas com estoque de componentes e matérias-primas abaixo do desejado e com menos produtos prontos. Peças eletrônicas vindas de países asiáticos são as mais citadas pelas empresas com dificuldades com insumos e matérias-primas. A sondagem da FGV aponta que 48% dessas empresas preveem normalização neste ano.

O presidente da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química), Ciro Marino, diz que a partir de fevereiro o abastecimento de insumos começou a ser normalizado e que os estoques já estão praticamente equilibrados.

“Além dos estoques ajustados, os preços começaram a recuar. A combinação [do nível de estoque] com oferta de petróleo e câmbio um pouco mais favorável trouxe um recuo na faixa de 10% nos preços de insumos. Tudo nos leva a crer, hoje, que a demanda aparente está superior à demanda real”, diz Marino.

Do portfólio da indústria química, o dirigente avalia que o segmento de resinas plásticas ainda enfrenta alta de preços. O encarecimento é parte reflexo do consumo gerado pela pandemia e, por outro lado, em consequência de questões pontuais, como a paralisação da produção da Braskem no pólo petroquímico do ABC paulista, para manutenção. A pausa, diz Marino, era prevista, mas representou quase dois meses sem produção.

Do lado da demanda pandêmica, o executivo da Abiquim destaca o consumo de polipropileno, material usado na produção de EPIs (equipamentos de proteção individual) como máscaras, aventais, toucas e seringas.

Um ponto de preocupação no segmento hoje é a iminente crise hídrica, uma vez que o segmento faz uso intenso de água na produção. “Estivemos com o ministro Bento [Albuquerque, de Minas e Energia], que nos assegurou que não teremos problema. O custo é que ficará certamente mais alto.” (Folha de SPaulo, 18/7/21)

 

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