Notícias do setor
11/08/2021
Notícias do Setor

Empresários temem aumento de custos e racionamento de energia

Levantamento da CNI feito com 572 executivos mostra receio com níveis baixos dos reservatórios e aponta eficiência energética como melhor forma de enfrentar a crise

DA AGÊNCIA CANALENERGIA

Nove em cada dez empresários estão preocupados com a crise hídrica que afeta o setor elétrico, aponta um levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) junto a 572 empresas. A principal preocupação dos industriais é com o aumento do custo da energia, com 83% da pesquisa indicando o temor.

Outros 63% se dizem preocupados com o risco de racionamento e 61% com a possibilidade de instabilidade ou de interrupções no fornecimento de energia. A consulta revela também que 98% dos executivos acreditam que haverá aumento dos preços e 62% consideram que é provável ou certo que haverá racionamento ou restrições de atendimento em 2021.

Entre os empresários que consideram que as tarifas de energia serão reajustadas, 14% acreditam que aumentará pouco, 37% moderadamente e 47% muito. Os impactos ocorrem em razão da limitação da geração das usinas hidrelétricas, que representam cerca de 60% da geração no país.

Eficiência energética e autogeração

As principais medidas apontadas como resposta à crise são a intensificação de investimentos em ações de eficiência energética (34%) e em autogeração e geração distribuída de energia (26%). Outra parte também manifesta preocupação com a possibilidade de racionamento de água (34%), aumento no custo da água (30%) e na instabilidade ou interrupção no fornecimento hídrico (23%).

Alguns empresários manifestaram preocupação com o potencial de uma crise hídrica e energética de frear o crescimento econômico e prejudicar a recuperação da economia. Entre os consultados, 22% afirmam que pretendem mudar o horário de funcionamento de suas empresas para reduzir o consumo de energia em horário de pico. No entanto, quase dois terços das representações consideram que implementar essa alteração de horário é difícil ou muito difícil.

Perda de competitividade

Outro dado que chama a atenção é que mais da metade dos entrevistados acreditam que a crise hídrica reduzirá a competitividade de suas empresas, com 39% considerando essa situação provável e 13% afirmando que a perda de competitividade ocorrerá com certeza.

Entre as companhias cujo gasto com eletricidade representa até 9% do custo total, 46% acreditam em perda de concorrência com a atual situação. Para aquelas em que o custo fica entre 10% e 19%, 60% consideram que a crise prejudicará a competitividade. Já aos caixas que excedem 20%, 68% acreditam que haverá perdas.

Inflação elevada tira espaço fiscal para mais gastos em 2022

Com INPC podendo fechar 2021 em 8%, folga no teto será de R$ 15,8 bilhões, estima LCA

Por Sergio Lamucci e Lu Aiko Otta — De São Paulo e de Brasília

 

O espaço para aumentar gastos em 2022 tem encolhido significativamente, com a perspectiva de alta mais forte da inflação neste ano. Referência para o reajuste de despesas como aposentadorias e pensões da Previdência, abono salarial e seguro-desemprego, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) pode fechar 2021 na casa de 8%, como aponta a estimativa da LCA Consultores. Nesse quadro, o INPC caminha para encerrar o ano próximo da variação acumulada em 12 meses até junho pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 8,35%, o percentual que vai corrigir o teto de gastos do ano que vem.

Aneel abre consulta pública sobre novos contratos da Eletrobras

Documento altera condições de exploração de hidrelétricas da estatal, após a privatização

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

A minuta dos contratos de concessão que vão regular a exploração de 22 hidrelétricas da Eletrobras, após a privatização da estatal, ficará em consulta pública na página da Agência Nacional de Energia Elétrica entre 11 e 31 de agosto. O documento será aplicado a todos os empreendimentos hidráulicos que terão as concessões renovadas por 30 anos, como parte do processo de desestatização previsto na Lei 14.182, resultante da conversão da MP 1031.

A lista inclui 18 usinas que sairão do regime de cotas para o de produção independente de energia, o que permitirá à empresa negociar livremente a garantia física das usinas nos ambientes de contratação regulada e livre. Apenas Tucuruí, Curuá-Una (ambas da Eletronorte) e Mascarenhas de Moraes (Furnas) não estão atualmente no sistema de cotas. A lei prevê que a “descotização” será feita em, no mínimo, cinco anos e, no máximo, em dez anos.

O período da consulta pública foi limitado em 20 dias, em razão da urgência indicada pelo Ministério de Minas e Energia. O MME apontou a aprovação do modelo do novo contrato de concessão como essencial para o cumprimento do cronograma de privatização da Eletrobras e para o avanço dos estudos do BNDES para a capitalização da empresa.

Com a mudança do regime de exploração das concessões, a Eletrobras pagará um bônus pelas outorgas, que será dividido em partes iguais entre o Tesouro Nacional e a Conta de Desenvolvimento Energético. O Valor Adicionado à Concessão, resultante desse processo, será aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética, em reunião prevista para o dia 31 de agosto. O VAC será descontado das novas obrigações criadas pela lei para a empresa, como o custo da revitalização de rios e o projeto direcionado à Amazônia Legal.

A privatização da Eletrobras terá de ser aprovada pela assembleia geral de acionistas da empresa. Para isso, é necessário estabelecer as condições dos novos contratos de concessão.

Entre essa condições está a transferência da gestão do risco hidrológico para o gerador. Também deverão ser  preservados os contratos de venda de uma parcela da energia das usinas de Sobradinho e Itumbiara, firmados em 2015 com grandes consumidores industriais.

O documento vai incluir ainda a obrigação do aporte dos valores previstos na lei para os programas de revitalização das bacias do São Francisco e Parnaíba e dos reservatórios da área de influência de Furnas, além dos montantes destinados à redução de custos de geração de energia elétrica na Amazônia Legal e à navegabilidade dos rios Madeira e Tocantins.

Também deverão constar do documento os subsídios na tarifa de energia elétrica destinada à operação do Projeto de Transposição do Rio São Francisco. Serão subsidiados 85 MWmed pelo prazo de 20 (vinte) anos, ao preço inicial de R$ 80,00/MWh, corrigido anualmente pelo IPCA.

BTG lucra R$ 1,719 bi no 2º tri, alta de 74,2% na comparação anual

Total de recursos de terceiros sob gestão e administração chegou a R$ 880,3 bilhões, aumento de 14,7% no trimestre e de 77,0% em 12 meses

Por Álvaro Campos, Valor — São Paulo

BTG Pactual registrou lucro ajustado de R$ 1,719 bilhão no segundo trimestre, uma alta de 43,6% na comparação com o primeiro trimestre e de 74,2% em relação ao segundo trimestre de 2020. A receita total ficou em R$ 3,771 bilhões, com avanços de 34,9% e 51,9%, respectivamente.

O BTG Pactual obteve recorde de captações no segundo trimestre, com R$ 98 bilhões em net new money (NNM), sendo R$ 44 bilhões em asset management e R$ 54 bilhões em wealth management, ambos níveis recordes. O total de recursos de terceiros sob gestão e administração chegou a R$ 880,3 bilhões, aumento de 14,7% no trimestre e de 77,0% em 12 meses.

“Tivemos o melhor trimestre da nossa história, com resultados expressivos em todas as linhas de negócios, crescimento acelerado das nossas franquias de clientes, alta rentabilidade e manutenção de métricas de capital acima da média da indústria”, disse em nota Roberto Sallouti, CEO do BTG.

A área de investment banking teve alta anual de 209% na receita do segundo trimestre, atingindo R$ 685 milhões, com forte contribuição de todas as linhas de negócio, em especial dívida (DCM) e ações (ECM). O banco participou de 66 operações no período, ante 47 no primeiro trimestre e 22 no segundo trimestre do ano passado.

O portfólio expandido de crédito corporativo e para pequenas e médias empresas (PME) atingiu R$ 97,674 bilhões, crescimento anual de 47,5%. O portfólio de PMEs (BTG+ Business) somou R$ 14,1 bilhões no trimestre, um crescimento anual de 142%. Hoje a carteira de PME já representa 16% de todo portfólio de crédito do banco.

O BTG teve forte contribuição de receitas oriundas da área de sales & trading, com avanço de 23% na comparação anual, para R$ 1,255 bilhão, com o menor nível de alocação de risco da sua história (VaR de 0,25%).

O retorno ajustado sobre o patrimônio líquido (ROAE) foi de 21,6% no segundo trimestre, ante 16,5% no primeiro e 17,5% no segundo trimestre do ano passado.

 

Em derrota do governo, Câmara rejeita PEC do voto impresso

Câmara dos Deputados rejeitou na noite desta terça-feira a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso, matéria que gerou polêmica e uma crise institucional entre os Poderes da República.

O placar registrou 229 votos a favor da proposta e 218 contra. Houve uma abstenção. Como se trata de uma PEC, para ser aprovada, a matéria precisaria do voto de 308 dos 513 deputados.

A votação marca primeira derrota expressiva do governo Bolsonaro na Câmara.

Mesmo rejeitada em comissão especial da Câmara, a PEC foi levada ao plenário pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), na intenção de enterrar de vez o assunto. O deputado garante ter recebido de Bolsonaro o compromisso de acatar e respeitar o resultado que saísse da votação.

Isso não quer dizer, no entanto, que Bolsonaro não insista em outras frentes relacionadas ao tema ou cesse ataques a autoridades.

Lira, que garante confiar na segurança do atual sistema de votação por meio de urnas eletrônicas, defende, por sua vez, o debate de uma ampliação do nível de auditagem das urnas entre os setores envolvidos.

“É importante que haja o bom senso de agora em diante por parte do Poder Executivo, por parte do Poder Judiciário, para que todos nós possamos nos sentar e escolher uma maneira racional, clara, objetiva de aumentarmos a transparência, a auditagem, as duvidas que por acaso possam pairar ainda em cima do sistema eleitoral e da forma como se conduz”, disse Lira após a votação.

Mas em relação ao voto impresso, Lira espera que a discussão tenha acabado na Casa. “Na Câmara espero que esse assunto esteja definitivamente encerrado.”

Voto no papel e tanques nas ruas

A proposta do voto impresso vem sendo defendida por Bolsonaro e aliados, mas a maioria dos partidos políticos já havia se posicionado contra ela. Já antevendo a derrota, o presidente passou a acusar integrantes do Judiciário de interferência no tema, abrindo nova crise institucional que teve como ápice um desfile militar na manhã desta terça-feira.

Oficialmente, a passagem do comboio de blindados pela Esplanada dos Ministérios e pela Praça dos Três Poderes –onde estão localizados, além do Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF)– marcou a entrega de convite ao presidente Bolsonaro para operação militar em município de Goiás.

O exercício militar na cidade goiana de Formosa ocorre desde 1988, mas esta é a primeira vez que a entrega do convite é acompanhada de um desfile de veículos militares.

Entre parlamentares, a movimentação foi interpretada como uma tentativa de intimidação do Congresso justamente no dia em que seria analisada a PEC do voto impresso.

Ao longo de suas várias defesas do que chamou de “voto auditável” –o atual sistema já é auditável e o que o presidente e seus aliados defendem é a impressão do voto– Bolsonaro chegou a dizer que não aceitaria o resultado das próximas eleições caso considere que elas não tenham ocorrido de maneira “limpa”.

Também elegeu como alvo favorito o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que também é ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a quem fez ataques pessoais e acusou de interferência indevida no processo legislativo.

Barroso, que reafirma publicamente a segurança do atual sistema e a inviolabilidade das urnas eletrônicas, posicionou-se contra a PEC em audiências com parlamentares.

Auditoria

Ao falar pela liderança do PSDB durante a sessão de votação, o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), lembrou que em 2014, quando era vice-presidente do partido, solicitou ao TSE uma auditoria, que durou um ano e contou com a participação de técnicos do tribunal e também do exterior. Na ocasião não foi identificada fraude, mas o parlamentar considerou que da forma como estava estruturado o sistema à época ele não era auditável.

O deputado afirmou, no entanto, que resolução do TSE editada no final de 2019 trazia “uma revolução tão pormenorizada e cuidadosa nos aspectos da auditoria”. Sampaio explicou que a resolução ampliou o rol de instituições que poderiam participar da auditoria, convidando oficialmente para o processo as Forças Armadas, além de autorizar ataques simulados ao sistema.

“Todos nós queremos o voto auditável, a sociedade quer o voto auditável. Aqui nós estamos falando de voto impresso”, disse Sampaio.

“E o voto impresso era aquele que exigia a participação de uma comissão de mesários, de milhares de homens pelo Brasil conferindo número e nome, porque a fraude era vergonhosa em todo o país. Urnas eram desviadas no transporte desses votos. E esses votos eram conferidos por milhares de seres humanos aqui no Brasil, pessoas que tinham vinculações partidárias”, acrescentou o tucano, afirmando que com a resolução do TSE o tema foi “debelado”.

“Nós não temos mais dúvidas. Nós do nosso partido, eu como deputado, eu com a minha história de promotor de Justiça, não tenho mais a menor dúvida de que o sistema é seguro.”

Aliados de Bolsonaro, como o deputado Carlos Jordy (PLS-RJ), no entanto, afirmaram que a aprovação da PEC garantiria mais transparência ao pleito e não facilitaria fraudes.

“Ouvindo aqui tantas afirmações a respeito do voto impresso vindas da oposição, não há como nós não termos a convicção de que estão mentindo flagrantemente para poderem aplicar uma derrota ao presidente Bolsonaro e à sua base”, disse o parlamentar bolsonarista (Reuters, 10/8/21)

 

Ibovespa fecha em queda com inflação mais alta; dólar a R$ 5,1967

Ibovespa fechou em queda de 0,66%, a 122.202 pontos, após um dia de turbulências políticas e dados da inflação acima do esperado pelos investidores. A votação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do voto impresso e o desfile militar em Brasília repercutiram negativamente no mercado.

“Os últimos dias foram marcados por um aumento do embate entre Executivo e Judiciário. Não podemos minimizar esses riscos, mas, por ora, o mercado parece encarar isso como ruído e algo esperado na aproximação de um ano eleitoral”, diz João Beck, economista e sócio da BRA. “Mesmo com instituições democráticas fortes, esse tipo de situação afasta o investidor estrangeiro e pressiona o dólar para cima”, acrescenta.

A ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada hoje (10), mostrou que o Banco Central já planeja aumentos sucessivos da taxa Selic com o objetivo de manter a inflação de 2021 dentro da meta de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos. O IPCA de julho, também publicado nesta terça-feira, avançou 0,96% no mês e 8,99% no acumulado dos últimos 12 meses.

“Os bens industriais seguem em alta, puxados por desequilíbrios na cadeia de produção no Brasil e no mundo (como visto na falta de chips para automóveis) e por commodities minerais ainda pressionadas, além da alta da energia e da própria retomada econômica”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

Em Wall Street, o dia foi de avanços para o Dow Jones e S&P 500, que subiram 0,46% e 0,10%, a 35.264 e 4.436 pontos, respectivamente. Os dois índices foram impulsionados pela aprovação no Congresso norte-americano do pacote de infraestrutura de US$ 1 trilhão do presidente Joe Biden, e também pela alta do preço do petróleo, que fez as ações do setor de energia subirem.

Nasdaq fechou em baixa de 0,49%, a 14.788 pontos, puxado por gigantes como Microsoft, que recuou 0,66%, e Amazon, que registrou queda de 0,63%.

dólar caiu 0,96% nesta terça e fechou o dia a R$ 5,1967 na venda, um reflexo das intenções do Banco Central de manter o ritmo de crescimento da taxa Selic, aumentando assim o diferencial de juros entre o Brasil e o exterior.

Falas do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, ressaltando o compromisso do BC com a meta de inflação e demonstrando atenção à volatilidade da taxa de câmbio, corroboraram um viés mais vendedor de dólares.

“O BC está tentando entregar sua credibilidade, e ao longo da tarde isso fez preço no dólar”, disse Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do BNP Paribas. “O BC não desistir da meta de inflação indica juros mais altos à frente, e acredito que esse aumento do carrego do real vai fazer a moeda norte-americana cair a R$ 4,75 até o fim do ano”, acrescentou (Reuters, 10/8/21)

 

Localização
Av. Ipiranga, nº 7931 – 2º andar, Prédio da AFCEEE (entrada para o estacionamento pela rua lateral) - Porto Alegre / RS
(51) 3012-4169 aeceee@aeceee.org.br