O Brasil vive um momento promissor para a consolidação da energia nuclear no país. A conclusão é do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Segundo ele, o Ministério de Minas e Energia (MME) governo tem dado passos importantes, em coordenação com demais áreas de governo, para promover a expansão deste tipo de energia na matriz energética brasileira e seus desdobramentos em diversas aplicações para benefício da sociedade.
Albuquerque lembrou que em julho o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, embaixador argentino Rafael Grossi, esteve no Brasil e visitou diversas instalações nucleares. O destaque foi a usina Angra 3 (foto), cuja retomada da construção é prioritária para o governo. “Posso afirmar que a presença do embaixador Rafael Grossi foi a expressão de uma relação histórica e profícua desenvolvida pelo Brasil com a Argentina e Agência Internacional [de energia atômica] e que tem sido ampliada e fortalecida nos anos recentes”, disse ao participar da abertura online do XII Seminário Internacional de Energia Nuclear-Sien 2021.
Segundo o ministro, o planejamento energético de longo prazo do governo, que é o Plano Nacional de Energia 2050, projeta uma ampliação de geração nuclear entre 8 e 10 gigawatts (GW). “Para tal, o Conselho Nacional de Política Energética, em sua resolução número 2 de 2021, decidiu pela elaboração de estudos para a definição de novos sítios para instalação de futuras centrais nucleares”.
Essas novas unidades poderão ser compostas por reatores clássicos ou pelos pequenos reatores modulares, que são uma alternativa econômica para o fornecimento de energia "como parte da solução para uma economia de baixo carbono, em sintonia com os compromissos do acordo de Paris sobre mudanças no clima”, revelou.
Albuquerque acrescentou que o Brasil será membro do grupo de Viena, a ser criado para discutir a energia nuclear como opção para as soluções climáticas. O Brasil também participará da 65ª Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica, em setembro, e da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021, a COP26, programada para ocorrer de 1 a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, sob a presidência do Reino Unido. Segundo o ministro, a COP 26 vai ser uma oportunidade de apresentar os esforços brasileiros na luta em prol da descarbonização.
O ministro informou ainda que junto ao Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro, coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), o MME participa da implantação de um plano de comunicação para divulgar e esclarecer a população sobre a importância da retomada do programa nuclear brasileiro.
“Além das ações já destacadas, temos participado de diversos fóruns internacionais discutindo a importância do desenvolvimento da energia nuclear para o Brasil, buscando parcerias e investimentos para o setor, como por exemplo o estudo de vida útil de Angra I”, concluiu.
Para ele, internamente, as ações avançam nos ajustes necessários para atualizar o marco legal da atividade nuclear, com a criação da Autoridade Regulatória Nuclear prevista na Medida Provisória 1.049, que já foi enviada ao Congresso Nacional pelo presidente Jair Bolsonaro.
“A nova autarquia visa restabelecer as condições jurídicas de independência para que a autoridade desempenhe suas ações como disposto na convenção sobre segurança nuclear. Toda estruturação da autoridade está voltada para atender os melhores padrões que almejamos do ponto de vista técnico, regulatório, de segurança e jurídico, como também, os requisitos internacionais”, disse o ministro.
A previsão é de que a Usina Angra 3 acrescente 1.405 megawatts (MW) ao sistema elétrico brasileiro, com o funcionamento em cerca de 82.000 m² de área construída. Iniciada em 1984, a construção da unidade foi interrompida duas vezes, sendo a última em 2015, quando pouco mais de 60% do empreendimento estavam concluídos. Angra 3 deve entrar em operação no fim de 2026.
Também presente no simpósio, a diretora financeira da Eletrobras, Elvira Presta, disse que o BNDES está fazendo a estruturação do financiamento da obra de Angra 3 e, até o momento, é a Eletrobras quem está financiando integralmente a obra.
“Estamos falando de uma obra que ainda requer algo em torno de R$ 18 bilhões de investimento. É de longe o maior projeto da Eletrobras. Representa 30% do projeto de todo investimento da Eletrobras nos próximos cinco anos. É uma obra complexa, o volume é de cerca de 40 contratos envolvidos, são muitos fornecedores. Teve um histórico de problemas nessa obra no passado e por tudo isso é que houve a decisão de uma estrutura de compliance independente”, destacou.
Edição: Denise Griesinger
Por causa do agravamento da crise hídrica, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) recomendou que o país adotasse novas medidas para preservar hidrelétricas e evitar apagões em alguns estados.Devido ao agravamento da crise hídrica, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), presidido pelo Ministério de Minas e Energia, recomendou que o país adotasse novas medidas para preservar hidrelétricas e evitar apagões em alguns estados. O governo ainda estuda descontos na conta do consumidor que economizar energia.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (26), Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), consultoria especializada no setor de energia, afirmou que o Brasil pode ter blecautes nos meses de outubro e novembro deste ano.
“O governo começou a mostrar que o risco de você ter problemas com energia em função dessa seca histórica já pode trazer complicações nos próximos meses, em particular mais para outubro e novembro, dependendo como as chuvas [vão] chegar nesses meses, como as medidas do governo vão surtir efeito”, avaliou Pires.
Por John Kemp
LONDRES, 26 de agosto (Reuters) - As metas líquidas de emissão zero exigirão a adoção generalizada de veículos totalmente elétricos por motoristas privados, mas há barreiras sociais e econômicas significativas que terão de ser superadas para tornar isso uma realidade.
Os temores dos motoristas sobre a disponibilidade de pontos de recarga, ficar sem energia em viagens longas e longos tempos de espera para recarregar a bateria (coletivamente conhecidos como "ansiedade de alcance") são frequentemente citados como o principal obstáculo.Mas o maior problema é o alto custo de capital inicial para comprar veículos totalmente elétricos em comparação com os híbridos e os carros tradicionais a gasolina e diesel, que é uma grande barreira para famílias de renda média e baixa.Setenta anos de pesquisa sobre a difusão de inovações e novas tecnologias mostraram que os primeiros usuários geralmente têm mais vantagens sociais e econômicas ("Difusão de inovações", Rogers, 1965 e 2003).
Para a maioria das inovações, indivíduos e famílias com mais anos de educação, rendas mais altas, maior riqueza e mais prestígio ocupacional são mais propensos a adotar precocemente do que contrapartes sem essas vantagens.Grandes corporações, escolas e fazendas também tendem a ser os primeiros a adotar inovações do que suas contrapartes menores, porque têm maior capacidade de arcar com os riscos dos inevitáveis fracassos da inovação.Como muitas outras inovações, os veículos totalmente elétricos requerem um grande dispêndio de capital em troca de reduções de longo prazo nos custos operacionais, e isso pode colocá-los fora do alcance de muitos grupos de renda média e baixa.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, a diferença de preço entre a compra de um veículo com emissão zero e um convencional não diminuiu muito entre 2011 e 2020, de acordo com um relatório do National Audit Office.Os preços de compra de veículos com emissão zero antes dos subsídios ainda eram 13.000 libras (US $ 16.700) mais altos em média em 2020, abaixo dos 16.000 libras em 2011 ("Reduzindo as emissões de carbono dos carros", NAO, 19 de fevereiro).Nesse ínterim, os fabricantes de veículos elétricos se concentraram em estender a autonomia, instalando baterias maiores e mais caras, o que manteve os custos de capital mais elevados e atua como uma barreira para uma difusão mais ampla.
MERCADO DE CARROS USADOS
A adoção generalizada de veículos totalmente elétricos exigirá um mercado bem abastecido de veículos usados e usados para torná-los acessíveis a um segmento muito mais amplo da população.Na Grã-Bretanha, os veículos totalmente elétricos representaram 7% dos carros novos vendidos em 2020, embora sua participação de mercado tenha sido temporariamente impulsionada pelo colapso das vendas de veículos com motor de combustão interna (ICE) durante a pandemia.Mas mais de 97% dos veículos totalmente elétricos novos foram comprados por compradores de empresas ou frotas, em vez de motoristas particulares, de acordo com um relatório recente do Comitê de Transporte da Câmara dos Comuns.Os motoristas particulares são muito mais propensos a comprar um veículo usado. No ciclo de vida normal, um veículo é inicialmente vendido para uma empresa ou cliente de frota e, em seguida, revendido para motoristas particulares após alguns anos.
Em 2019, 2,3 milhões (22%) de carros novos foram registrados em comparação com 7,9 milhões (78%) de vendas de carros usados, de acordo com o comitê ("Veículos com emissão zero", Comitê de Transporte, Câmara dos Comuns, 28 de julho).Veículos totalmente elétricos permaneceram significativamente mais caros para comprar do que equivalentes de motor de combustão interna (ICE), desencorajando compradores privados, mesmo se houver economia de longo prazo com energia mais barata.Crucialmente, os veículos totalmente elétricos ainda são mais caros do que o ICE e seus equivalentes híbridos quando entram no mercado de segunda mão, o que continua a desencorajar uma aceitação mais generalizada.
Mas há temores de que seu valor também possa entrar em colapso no futuro, quando uma enxurrada de veículos elétricos usados entrar no mercado em meados da década, excedendo os compradores dispostos a pagar os preços residuais atuais.
A possibilidade de uma queda repentina nos valores residuais significa que os novos veículos elétricos permanecem significativamente mais caros no momento, uma vez que as empresas financeiras incorporam a perda potencial no valor de revenda nos pagamentos atuais do arrendamento."Um mercado saudável de veículos elétricos usados é fundamental para garantir que os veículos elétricos não sejam exclusividade de pessoas que podem pagar por novos modelos", concluiu o Comitê de Transporte.
Os veículos totalmente elétricos vendidos para empresas e compradores de frotas chegarão ao mercado de segunda e terceira mão a preços acessíveis, mas é provável que haja um longo atraso.A difusão também é prejudicada pela incompatibilidade entre veículos de luxo caros produzidos e vendidos para empresas, frotas e compradores privados ricos e as versões menores e mais baratas que serão necessárias no mercado de segunda mão em alguns anos.
CUSTOS DE COBRANÇA
As famílias de baixa renda provavelmente enfrentarão custos de eletricidade significativamente mais altos para carregar seus veículos, porque provavelmente dependerão mais de pontos de recarga públicos do que de recarga em casa.Os legisladores esperam que a maioria dos veículos totalmente elétricos seja carregada em casa durante a noite, aproveitando a eletricidade barata fora do pico e, possivelmente, permitindo que os proprietários ganhem mais descontos ao fornecer serviços de balanceamento da rede.
Mas 30% dos lares britânicos não têm acesso a estacionamento privado, o que significa que terão que contar com pontos de recarga públicos, que provavelmente permanecerão mais caros, e não podem participar do equilíbrio da rede.Os pontos de carregamento públicos são atualmente duas a quatro vezes mais caros do que a cobrança em casa e provavelmente continuarão mais caros, dada a necessidade de os provedores obterem um retorno sobre o investimento.
A dependência de cobranças públicas caras, portanto, afetará desproporcionalmente as famílias de baixa renda e outras famílias em áreas densamente povoadas do centro da cidade, onde muitos residentes não têm estacionamento fora da via.O Comitê de Transporte pediu ao governo que "explique como planeja lidar com o potencial diferencial de preços enfrentado por pessoas que não podem carregar seus veículos em casa".
Os pontos de recarga públicos também são distribuídos de forma desigual, com uma média de 34 por 100.000 residentes em todo o país, mas variando de 80 por 100.000 em Londres a apenas 20 na região de Yorkshire e Humber.Um grande número de pontos de recarga públicos adicionais será necessário ao longo da próxima década e os legisladores terão que resolver a cobertura local desigual.
Os formuladores de políticas terão que lidar com a provisão tanto em áreas urbanas densamente povoadas (onde as famílias dependerão muito delas) quanto em áreas rurais escassamente povoadas (onde o baixo número de usuários pode não torná-las econômicas).
DEIXADO PARA TRÁS?
As inovações tecnológicas quase sempre criam vencedores e perdedores, e os últimos adotantes costumam estar entre os grupos mais pobres da sociedade, com os recursos financeiros mais limitados e altos níveis de aversão ao risco.A implantação de veículos totalmente elétricos poderia consolidar as desvantagens para grupos já carentes que não podem se dar ao luxo de atualizar e ficar presos com os veículos ICE por um período prolongado.Há o risco de se consolidar as desigualdades se os formuladores de políticas favorecem os veículos totalmente elétricos e, ao mesmo tempo, penalizam os usuários do ICE sem proteger aqueles que não podem adotar rapidamente a nova tecnologia por razões financeiras ou práticas.
MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP)
País precisa agregar 5,5 GW médios a partir de setembro para atendimento da demanda no SIN, cenário sem térmica ao máximo aponta incapacidade de atender a toda demanda a partir de outubro
Por Noah Browning
LONDRES, 27 de agosto (Reuters) - Os preços do petróleo subiram na sexta-feira, a caminho de registrar grandes ganhos para a semana, devido às preocupações com interrupções no fornecimento, já que as empresas de energia começaram a fechar a produção no Golfo do México antes de um possível furacão previsto para atingir o final de semana.
Os futuros do petróleo Brent subiram 72 centavos, ou 1%, para $ 71,79 o barril às 8h55 GMT. Os futuros do petróleo bruto US West Texas Intermediate (WTI) subiram 80 centavos, ou 1,2%, para US $ 68,22 o barril.Para a semana, o Brent está a caminho de um aumento de cerca de 10% nesta semana, seu maior salto semanal desde junho de 2020. O WTI está caminhando para um ganho semanal de mais de 9%, que seria seu aumento mais forte desde outubro de 2020.
"Os traders de energia estão empurrando os preços do petróleo para cima em antecipação a interrupções na produção no Golfo do México e com as crescentes expectativas que a OPEP + pode resistir ao aumento da produção devido ao recente impacto da variante Delta sobre a demanda de petróleo", disse Edward Moya, analista de mercado sênior da OANDA à Reuters.As empresas começaram a transportar trabalhadores das plataformas de produção de petróleo do Golfo do México na quinta-feira, e a BHP e a BP disseram que começaram a interromper a produção nas plataformas offshore, pois uma tempestade que se formava no Mar do Caribe estava prevista para atingir o Golfo no fim de semana. consulte Mais informaçãoOs poços offshore do Golfo do México respondem por 17% da produção de petróleo bruto dos EUA e 5% da produção de gás natural seco. Mais de 45% da capacidade total de refino dos EUA encontra-se ao longo da Costa do Golfo.
A perspectiva de interrupções no fornecimento no Golfo dos EUA ajudou a reverter as perdas do mercado na quinta-feira, que foram parcialmente estimuladas pelo retorno da produção em uma plataforma de petróleo mexicana após um incêndio fatal."O mercado pode ter preocupações mais imediatas, com uma tempestade se formando no Caribe. Espera-se que se torne um poderoso furacão e potencialmente cause estragos no Golfo do México e no Texas no início da semana que vem", disse a ANZ Research em nota.
Os preços do petróleo e de outros ativos de risco na quinta-feira foram pressionados pelos comentários de funcionários do Federal Reserve dos EUA de que o banco central deve prosseguir com a redução do estímulo.
Reportagem adicional de Roslan Khasawneh e Sonali Paul; Edição de Sam Holmes e Kim Coghill
Por Adriana Cotias e Weruska Goeking — De São Paulo
O abandono da agenda liberal pelo presidente Jair Bolsonaro e o engessamento para aprovar reformas começa a despertar críticas mais contundente de gestores de peso no mercado brasileiro, num momento em que riscos fiscais e políticos têm transparecido nos preços dos ativos.
Nesta quinta-feira (26/8), o presidente Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei de conversão da Medida Provisória 1.040/2021, conhecida como MP do Ambiente de Negócios. Foram vetados trechos, inseridos pelo Congresso, que definiam a extinção das sociedades simples.
A Presidência alega que os dispositivos promoveriam mudanças profundas no regime societário. De acordo com o texto aprovado pelos parlamentares, seria proibido constituir sociedades simples a partir da entrada em vigor da lei. Assim, todas as sociedades, independentemente de seu objeto ou órgão de registro, se sujeitariam às normas das sociedades empresárias.
Hoje, as sociedades simples são constituídas para prestação de serviços de profissionais liberais, como médicos, engenheiros e advogados. O Estatuto da OAB prevê que advogados podem se reunir em sociedades simples ou unipessoais.
Na coluna do professor Otávio Luiz Rodrigues — professor da USP e integrante do Conselho Nacional do Ministério Público — publicada na ConJur nesta quarta-feira (25/8), Rodrigo Xavier Leonardo e Marcelo Vieira von Adamek criticaram o fim da sociedade simples. "E assim, onde se via liberdade de escolha, repentinamente reaparece o braço forte para impor modelos jurídicos aos súditos, transformando-os por ato do príncipe em empresários à força".
Também na ConJur, os especialistas em Direito Civil Rodrigo Xavier Leonardo e Flávio Tartuce apontaram que a transformação em sociedades empresárias obrigaria as atuais sociedades simples a contratar consultorias jurídicas e contábeis para se adaptarem ao novo modelo, que é mais complexo e custoso.
Marcus Vinicius Furtado Coêlho, ex-presidente da OAB Nacional, vê o veto como uma vitória dos advogados: "A manutenção da sociedade simples, com o veto presidencial, é importante para a manutenção da atual organicidade dos escritórios de advocacia".
Segundo Otávio Luiz Rodrigues, Coêlho teve papel fundamental para garantir o veto: "Ele agiu com enorme zelo em prol do interesse público".
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), por meio de ofício ao presidente da República, foi outro grande responsável pelo veto, dando peso institucional à demanda.
Rodrigues considera que o veto ao fim das sociedades simples corrigiu um grande equívoco da MP, que teria reflexos "extremamente negativos" para a advocacia brasileira. "Uma alteração atécnica e pouco refletida, que foi obstada pelos vetos presidenciais", diz.
No início deste mês, a OAB Nacional já havia criticado a possível alteração que tramitava no Congresso. Foram apontadas inconstitucionalidades, problemas técnicos e inconveniência de alteração das leis societárias sem prévio debate.
Na ocasião, o Conselho Nacional da Ordem destacou que a medida teria consequências práticas "graves e negativas", já que as sociedades simples teriam de se submeter aos "severos ônus do regime jurídico empresarial". Além disso, muitos profissionais liberais poderiam sofrer um aumento na sua carga tributária, já que hoje dispõem de um regime de recolhimento do ISS que elimina a dupla tributação com o imposto de renda.
Outras regras
A lei sancionada desburocratiza a abertura de empresas. Por exemplo, unifica as inscrições fiscais federal, estadual e municipal no CNPJ e elimina análises prévias sobre endereços das empresas.
Também são flexibilizadas regras para o comércio exterior, por meio da padronização do pagamento de taxas e da disponibilização de guichê único eletrônico aos importadores e exportadores.
Apesar do veto ao fim das sociedades simples, a lei promove algumas alterações na Lei das S.As para proteção de investidores minoritários. Com isso, é ampliado o prazo de antecedência para o envio de informações a serem usadas em assembleia; é vedado o acúmulo de funções entre o principal dirigente da empresa e o presidente do conselho de administração; e é criado o voto plural, que permite o controle da empresa mesmo que o acionista não tenha participação societária majoritária.
Dentre os outros dispositivos vetados por Bolsonaro estão a dispensa de anotação de responsabilidade técnica em obras de eletricidade; a revogação do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei); e a obrigatoriedade de a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) elaborar e divulgar material de orientação aos agentes de mercado — o que já é feito.
Foi sancionada pelo presidente da República e publicada no DOU de 2 de julho, a Lei nº 14.181, de 1º/7/2021, que altera o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto do Idoso para regulamentar a concessão de crédito ao consumidor, pessoa natural, dispondo acerca do tratamento conferido ao superendividamento, conceituado como a impossibilidade desse consumidor, pessoa natural e de boa-fé, honrar seus compromissos pagando suas dívidas sem comprometer aquela quantia mínima necessária para manter a sua sobrevivência
Alguns dispositivos dessa lei foram vetados, a exemplo daquele que vetava oferta de crédito ao consumidor utilizando expressões como "sem juros", "gratuito", "sem acréscimo" ou com "taxa zero", assim como o que estabelecia o limite de 30% + 5%, e não 35% + 5%, como já previsto na Lei 14.131/2021, do valor da remuneração mensal para concessão do consignado, modalidade mais barata e acessível de crédito oferecida pelo mercado, notadamente por ter a garantia de que as parcelas do empréstimo serão descontadas diretamente em folha pela fonte pagadora do salário ou provento.
Conforme divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em levantamento realizado em junho deste ano, o percentual de famílias brasileiras endividadas chegou a 69,7%. O Idec, por sua vez, calcula que no país haja 30 milhões de superendividados.
Essa nova lei não permite mais a veiculação de propaganda enganosa na oferta de crédito consignado, bem como cobranças que possam constranger o devedor, dando ensejo à celebração em bloco de acordos entre credores e clientes, de modo a evitar as negociações desfavoráveis ao inadimplente.
De forma semelhante ao que já ocorre com a recuperação judicial da pessoa jurídica, a nova lei abre espaço para que o consumidor superendividado proponha ação judicial para, inicialmente em fase de conciliação e com a eventual participação de órgão de defesa do consumidor, a revisão dos seus contratos avençados com seus credores, na qual pedirá uma renegociação da totalidade de suas dívidas, vencidas ou vincendas, decorrentes de boletos, carnês de crediário, consumo de energia elétrica, água, empréstimos bancários, apresentando um plano de condições pagamento de acordo com os limites do seu orçamento para efetivamente quitá-las num prazo de cinco anos, ressalvando que não estando contempladas nesse rol de compromissos assumidos aqueles atinentes a produtos e serviços de luxo, contratos de crédito com garantia real, de financiamentos habitacionais ou rurais, débitos fiscais e pensão alimentícia.
Depois de ter seu projeto, elaborado por uma comissão de juristas presidida pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin, tramitado por mais de nove anos no Congresso, essa lei finalmente sancionada e em vigor desde 1º de julho confere, especialmente em momento agravado pela pandemia, no qual muitos perderam seu emprego e foram inseridos em cadastro de negativados, mais proteção às pessoas que contraíram muitas dívidas e que agora, fugindo do seu controle, não mais conseguem pagá-las, possibilitando ao superendividado sua renegociação de forma mais justa e englobada com todos os seus credores, ao mesmo tempo que impede, mediante sanções, o assédio e abusos por parte de instituições financeiras na oferta indiscriminada de crédito aos seus clientes, mormente consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade.
Num dia de tensões no mercado externo, a bolsa de valores caiu após dois dias seguidos de alta e teve a maior queda diária do mês. O dólar subiu após quatro recuos seguidos, num movimento de alta generalizada em todo o planeta.
O índice Ibovespa, da B3, a bolsa de valores brasileira, fechou esta quinta-feira (26) aos 118.724 pontos, com recuo de 1,73%. Com o desempenho de hoje, o indicador passa a acumular perda de 3,08% em agosto.
O dólar comercial encerrou o dia vendido a R$ 5,257, com alta de R$ 0,046 (+0,87%). Na máxima do dia, por volta das 16h, a cotação chegou a R$ 5,27. A divisa acumula alta de 0,9% em agosto e de 1,31% em 2021.
Após vários dias de trégua, o mercado internacional teve um dia tenso em meio às expectativas em relação ao pronunciamento do presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano), Jerome Powell. As bolsas norte-americanas fecharam em baixa após vários recordes seguidos nas últimas sessões.
Amanhã (27), Powell discursará num simpósio do Fed e dará sinais se o órgão pretende antecipar a retirada dos estímulos monetários – juros no menor nível da história e compra de títulos – concedidos durante a pandemia de covid-19. Juros mais baixos em economias avançadas beneficiam países emergentes como o Brasil, porque atraem capitais estrangeiros para economias com juros mais altos.
Paralelamente, o recuo no preço de algumas commodities (bens primários com cotação internacional) influenciou o mercado em países exportadores de bens agrícolas e minerais. O aumento nos casos de covid-19 decorrentes da variante delta do novo coronavírus e a regularização do fornecimento no México fizeram os preços internacionais do petróleo do tipo Brent cair 1,6%.
*com informações da Reuters