Notícias do setor
31/08/2021
Notícias do Setor

UHEs geraram em agosto menos da metade da energia sazonalizada

No ano, custo financeiro do GSF deve ficar em R$ 56 bilhões e o ESS é projetado em R$ 11,8 bilhões

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

As hidrelétricas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia vão fechar agosto com geração equivalente a 48,5% da garantia física. Os dados são preliminares e apresentados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. A estimativa  da entidade é de que  em setembro esse indicador fique em 51% , 57,7% em outubro e 60,7% em novembro. Apenas em dezembro é que o indicador deverá ficar em um nível próximo à sazonalização com 95,9%.

Com isso, no consolidado do ano  o fator de ajuste do MRE (GSF) deve ficar em média em 73,9%, esse é o menor índice que a CCEE registrou pelo menos desde 2018, quando o ajuste ficou em 81,4%. Desde então os índices só pioraram.

Caso essa projeção se confirme, o  impacto financeiro deverá alcançar  R$ 56 bilhões. O custo do deslocamento hidráulico resultante da diferença entre a energia gerada e a contratada considera um Preço de Liquidação das Diferenças médio de R$ 360/MWh. Do total projetado para o ano, R$ 37 bilhões são de contratos no mercado regulado e R$ 19 bilhões no ambiente livre. Os dados foram divulgados pela câmara nesta segunda-feira, 30 de agosto, em apresentação no 17º encontro do PLD.

O Encargo sobre Serviços do Sistema (ESS) deverá bater o recorde. A previsão de 2021 é de um valor de R$ 11,8 bilhões, montante mais de 3 vezes mais elevado do que o registrado em 2020 quando ficou em R$ 3,7 bilhões. Já na base de comparação com 2019, é sete vezes maior. Naquele ano o encargo somou pouco menos de R$ 1,7 bilhão. Esse valor tem sido gerado por conta da crise hídrica, o CMSE manteve o comando de usar toda a capacidade térmica disponível, inclusive ofertas adicionais e resposta da demanda que serão reembolsados pelo ESS por segurança energética.

CCEE apresenta atualização em Nota Técnica de segurança do mercado

Objetivo é criar ferramentas que permitam antever e prevenir possíveis riscos que comprometam o setor. Documento foi enviado à Aneel recomendando a abertura de uma consulta pública

ROBSON RODRIGUES, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) finalizou uma Nota Técnica 04925/2021 em que propõe aprimoramentos regulatórios e ampliação da segurança do mercado. O documento foi enviado à diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) recomendando a abertura de uma consulta pública para a discussão sobre mecanismos que tragam uma evolução para o monitoramento.

A Nota Técnica é uma revisão da NT 3, enviada no ano passado, após acolhimento de contribuições de diversos agentes e está sendo chamada de NT 3.1. O novo texto revê proposições que já foram encaminhadas ao órgão regulador no ano passado. A nova versão sugere que os agentes passem a informar, com determinada periodicidade, métricas relevantes para avaliações sobre as alavancagens no segmento.

Em nota, a conselheira da Câmara de Comercialização, Roseane Santos, disse que o objetivo é criar ferramentas que permitam antever e prevenir possíveis riscos que comprometam o desenvolvimento sustentável do setor, respeitando a confidencialidade dos dados individuais das empresas e garantindo a segurança tecnológica necessária.

A CCEE explica que o novo texto propõe um monitoramento com abordagem prudencial, de forma que passemos a receber informações como exposição futura, alavancagem, patrimônio líquido e ativos líquidos, que serão calculados pelos próprios agentes e enviados semanalmente à CCEE, com base em metodologia definida previamente. Para tanto, continua a entidade, estamos conscientes da importância da aplicação da computação confidencial, de criptografias e da adoção de sistemas auditáveis, que serão parte integrante dessa solução. Adicionalmente, as próprias empresas devem publicar mensalmente, em seus sites, algumas informações relevantes (alavancagem e patrimônio líquido) e padronizadas pela Câmara.

“O monitoramento prudencial é uma prática já adotada no mercado financeiro e amplamente reconhecida, que adaptamos para a realidade do setor elétrico. Com uma visão mais ampla sobre a saúde financeira futura do segmento, a CCEE poderá adotar medidas de prevenção contra riscos e mitigação de impactos”, apontou.

A CCEE também sugere o detalhamento na regulação do que pode ser considerado pelo setor como condutas anômalas e quais as sanções previstas para cada tipo. A Nota Técnica já está disponível no portal da CCEE. “Certamente, se as propostas desenhadas pela CCEE já fossem realidade, poderíamos enxergar o risco preventivamente e mitigar impactos de situações adversas para a liquidez do setor, o que não é possível com as regras atuais e com as práticas usuais de mercado”, apontou a entidade à Agência CanalEnergia.

Risco fiscal e político faz ‘boca de jacaré’ do dólar abrir mais

Por Marcelo Osakabe — De São Paulo

 

Receio com cenário tem levado exportadores a manter receitas no exterior mesmo com Selic maior

têm estimulado companhias exportadoras a manter parte de seus dólares fora do Brasil. Dados do Banco Central (BC) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a chamada “boca de jacaré” - a diferença entre as exportações embarcadas e o câmbio contratado e o embarcado - continua se abrindo e está nas máximas históricas.

O 'PIB' finalmente resolveu se posicionar contra os ataques à democracia

Por Sergio Vale

Chegamos ao terceiro ano do mandato presidencial com muito pouco liberalismo e excesso de intervencionismo, a tônica do que tem sido o País nos últimos anos. Leia na ediçao de 31/8/21 do www.brasilagro.com.br

promessas impossíveis de serem realizadas, nós economistas observamos as propostas do então candidato Bolsonaro em 2018 com certo assombro. Havia a indicação de um governo ultraliberal vindo à frente, mas o teor do que se propunha indicava mais falta de conhecimento de como Brasília funciona do que liberalismo real. Vender R$ 1 trilhão em imóveis e privatizar quase tudo davam o tom do desconhecimento.

Não à toa, chegamos ao terceiro ano do mandato presidencial com muito pouco liberalismo e excesso de intervencionismo, a tônica do que tem sido o País nos últimos anos. A questão fiscal resume bem a situação, começando com o descuido em relação ao Orçamento deste ano e o imbróglio sobre como acomodar a regra do teto com os gastos esperados em 2022. O Centrão no domínio quase completo da política econômica tem dado a tônica das dificuldades.

 Fosse de fato liberal, o foco teria sido gastar com o indivíduo, especialmente educação e saúde, áreas que foram as mais deixadas de lado pelo governo, e um cuidado extra com a avaliação dos programas que existem e que estão sendo implementados. Ser liberal é ter responsabilidade extra com o gasto público e um bom planejamento de reformas, tudo o que não se vê quando o foco se torna eleitoral e quando se vê uma reforma a toque de caixa como a da tributação da renda. Vale repetir: ser liberal não é apenas gastar dentro do teto, mas ser eficiente e focado no gasto que se precisa fazer.

Tivemos boas medidas implementadas, como a Lei de Independência do Banco Central e a Lei de Saneamento, mas algumas mudanças não tornam um governo liberal. Caminhando para o seu fim, o governo Bolsonaro perdeu a chance de transformação fiscal que havia começado no governo Temer por causa da fraqueza intrínseca que nasce da forma como o presidente governa.

O dilema que enfrentamos é que tem sido vendido que esse governo é liberal, o que, ao não ser, coloca em risco alguém com propósitos realmente liberais. O governo Bolsonaro talvez tenha interditado a possibilidade de viabilizar um candidato verdadeiramente liberal depois do desastre acumulado para o qual seu governo caminha.

E numa crescente intervencionista, o “PIB” finalmente resolveu se posicionar contra a última pá de cal de um governo que se chama de liberal, que é atacar a democracia. Não existe nada mais antiliberal do que apelar para soluções fora da Constituição ou falsamente na Constituição. Com isso, o movimento crescente de repúdio da elite econômica vai crescer ainda mais enquanto o governo se mantiver em modo de confronto antidemocracia. E aprofundar por esse caminho fechará as portas políticas de Bolsonaro a partir de 2023 (Sergio Vale é Economista-Chefe da MB Associados; Estadão.com, 30/8/21)

Exigência em viagens de luxo, teste de covid-19 chega a custar US$ 6.000

Turistas que não levam testes na bagagem pagam caro por toda a logística envolvida para conseguir um resultado negativo até 72 horas antes de entrar em outro país

 

Por Bloomberg 

O consultor de viagens de luxo Joey Levy, da Embark Beyond, estava ajudando clientes a planejar uma sonhada lua de mel. O desejo deles era ir para Zâmbia, Zimbábue e África do Sul para ver animais selvagens e as Cataratas de Vitória, se hospedando nos melhores hotéis da região.

O casal estava disposto a pagar uma conta de cinco dígitos em dólares pelo passeio. Mas foram surpreendidos pelos custos dos testes de PCR para identificação da covid-19. Cada país visitado exigiu resultado negativo até 72 horas antes da entrada e o hotel no Zimbábue informou que só conseguiria um se trouxesse um médico de jatinho para aquele local tão remoto — por US$ 6.000.

“Eu poderia ter fretado um voo para o médico e teria sido mais barato”, lembra Levy, que acabou reorganizando o itinerário para os clientes não pagarem o valor exorbitante.

No meio de uma pandemia, uma coisa é viajar para lugares remotos, como as savanas do Zimbábue ou as selvas da Amazônia, e outra bem diferente é obter o teste de covid-19 e a papelada necessária para chegar e sair de lá — mesmo com a ajuda de um agente de viagens experiente. O problema se agrava para turistas que desejam visitar mais de um país antes de voltar para casa.

Alguns passageiros ficam chocados com o tamanho da conta em uma viagem dessas — e nem sempre é culpa da agência.

Operadores turísticos e resorts estão usando aviões, barcos e veículos para transportar testes até os laboratórios para atender os prazos de validade dos testes. Essas empresas fazem o que é possível para seguir regras que não são tão simples quanto parecem. E muitos desses locais dependem dos turistas internacionais para sobreviver.

Em alguns países, é difícil encontrar testes rápidos de antígenos contra covid, especialmente onde a infraestrutura médica é precária. Desta forma, os viajantes só têm como alternativa os testes de PCR, que são mais caros e demorados.

A operadora de safáris luxuosos Singita, que trabalha com seis hotéis e acampamentos na Tanzânia, usou jatos e veículos para transportar profissionais credenciados pelo governo para realizar testes de swab nasal e levar o material para o laboratório em Dar es Saalam, a mais de 800 quilômetros de distância.

O custo para a operadora, repassado aos turistas, foi de US$ 500 por teste. Recentemente, a Singita conseguiu baixar o custo para US$ 300, graças à inauguração de um laboratório em Arusha, cerca de 600 quilômetros mais próximo do Parque Nacional de Serengeti. Também pesou na redução do custo a coordenação cuidadosa dos voos que transportam os profissionais que fazem teste de covid e de passageiros em chegada ou partida.

Por causa da demora para transportar os testes para os laboratórios, os hotéis da Tanzânia precisaram impor uma estadia mínima de três dias, sendo que a diária por pessoa sai por cerca de US$ 2.500. Antes, os hóspedes costumavam ficar dois dias e seguiam para outro destino.

“Foi muito complicado e tivemos que colocar duas pessoas trabalhando em tempo integral no planejamento logístico do PCR”, diz a diretora operacional Jo Bailes. “A empresa precisou alocar muito tempo de funcionários nisso.”

Teoricamente, os hóspedes podem evitar esses custos levando o teste de covid na mala. Os americanos, por exemplo, poderiam usar o BinaxNOW COVID-19 Ag Card 2 Home, que foi aprovado pela agência de medicamentos (FDA, na sigla em inglês) para uso emergencial. O kit com seis testes é vendido por US$ 150. Outro teste doméstico, theEllume, sai US$ 45 por unidade. Nem todos os testes são aprovados pelo FDA e as bulas e os alertas sobre seu uso são bastante complexos.

 

Brasileiros deixam R$ 218 bilhões em fundos que rendem menos que a poupança

Taxas de administração altas penalizam rendimento de produtos de aplicação e resgate automáticos. Mas há alternativas tão acessíveis quanto e mais rentáveis

Por Isabel Filgueiras, Valor Investe — São Paulo 

30/08/2021 06h00  Atualizado 30/08/2021

 

A proposta não soa de todo mal num primeiro momento. “Em vez de deixar o dinheiro parado na conta-corrente, por que não habilitar um investimento automático?”, oferecem os bancos. Assim, basta dar seu aval para que o montante seja redirecionado para um produto que permite resgate imediato, quando você precisar. O problema é que essas aplicações nem de longe são as mais vantajosas para o investidor.

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Pelo contrário, muitos dos fundos de aplicação automática, também conhecidos como fundos "raspa conta", costumam ter taxas de administração altas, além da tabela de imposto de renda de curto prazo. Resultado? Rentabilidade pífia.

O argumento central é que é melhor render pouco do que nada. Além disso, eles são automáticos. Não existiriam alternativas tão acessíveis e práticas com retorno maior, alguém poderia imaginar. Mas será mesmo?

Uma simples movimentação para a poupança — sim, a velha caderneta — já traria muito mais benefício para milhares de brasileiros que seguem com essas aplicações nos fundos automáticos dos bancos.

De acordo com um levantamento feito pela casa de análise Spiti, há mais de R$ 218 bilhões em fundos com rentabilidade abaixo da poupança nova, que já rende bem pouco.

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“Dá uma falsa sensação de conforto para a pessoa, de que o dinheiro não está parado e está rendendo. Mas seria tão mais simples passar o dinheiro para poupança ou ir para contas remuneradas nos bancos digitais, para um título do Tesouro Selic ou, melhor ainda, fundos DI com taxa zero”, afirma Luciana Seabra, especialista de fundos responsável pela pesquisa feita por meio da ferramenta Quantum Axis.

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Os filtros que o estudo usou para encontrar o saldo bilionário que os brasileiros deixam nessas aplicações foram fundos que cobram taxas acima de 1% ao ano e têm aplicação automática.

Até mesmo outro patinho feio do mundo dos investimentos, a poupança nova, que rende só 70% da Selic e também tem facilidade para o resgate, dá um banho de rentabilidade desses fundos. Inclusive porque a caderneta tem isenção de imposto de renda.

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Fundos automáticos que rendem menos que a poupança

Fundos automáticos caros 

Retorno no ano até 16/8 

Taxa de Administração

Patrimônio Líquido em R$ milhões

BB Automático Empresa FIC Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,75%

R$ 33.542

BB Automático Estilo FIC Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,75%

R$ 18.425

BB Automático FIC Renda Fixa Longo Prazo

0,75%

1,75%

R$ 4.340

BB Automático Mais FIC Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,75%

R$ 33.430

BB Automático Setor Público FIC Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,75%

R$ 112.763

Banestes Invest Public Automático FI Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,70%

R$ 1.614

Banestes Investidor Autompatico FI Renda Fixa Curto Prazo

0,71%

1,70%

R$ 951

BNB Automático FI Renda Fixa Curto Prazo

0,72%

1,70%

R$ 2.100

Caixa Movimentações Automáticas FIC Renda Fixa Simples

0,75%

1,70%

R$ 873

Banrisul Automático FI Renda Fixa Curto Prazo

0,75%

1,60%

R$ 876

Bradesco Automático FIC Renda Fixa Simples

0,88%

1,50%

R$ 9.426

Safra Prático Aplicação Automática FIC Renda Fixa Curto Prazo

0,84%

1,20%

R$ 22

Soma

   

R$ 218.361

CDI

1,85%

   

Poupança Nova (70% da Selic)

1,24%

   
       

Fonte: Spiti, com base no Quantum Axis.

O fundo do Banco do Brasil ‘BB Automático Estilo FIC Renda Fixa Curto Prazo’, por exemplo. Tem mais de R$ 18 bilhões aplicados nele, e teve rentabilidade de 0,72% este ano, contra 1,24% da poupança nova e 1,85% de aplicações que rendem 100% do CDI.

Isso se explica em grande parte pela taxa de administração, que é de 1,75% ao ano, superior de muitos fundos multimercados ou de renda variável com estratégias mais arrojadas e rentabilidade maior. Só que com a diferença de que, nesses fundos, os gestores sequer têm o trabalho de buscar ações ou acompanhar tendências de mercado para gerar mais retorno para os cotistas.

A maioria deles é de renda fixa e possui uma composição bastante engessada. Por regra da Comissão de Valores Imobiliários (CVM), fundos que trazem no nome ‘renda fixa’ devem ter pelo menos 80%do patrimônio investido em ativos como títulos públicos federais, títulos de dívida de empresas (debêntures) e títulos de emissão bancária, como CDBs, LCIs e LCAs.

“Isso vai existir enquanto a gente topar. No dia em que o banco perceber que não estamos mais topando essas aplicações, eles vão baixar a taxa. Tem que ter, sim, um boicote para que eles baixem a taxa”, argumenta Seabra.

E não pense que só porque são de renda fixa, esses fundos são super seguros. Muitos investem em títulos privados que oferecem mais risco de crédito que os títulos do Tesouro. E embora a grande vilã costume se a taxa de administração (que transfere o retorno do cotista para o banco gestor), em alguns casos a composição de carteira com perfil de crédito mais arriscado pode, inclusive, explicar em parte o motivo da rentabilidade baixa. Isso porque mudanças na percepção de risco de crédito dos emissores dos títulos de crédito podem afetar o retorno.

Impostos

A já ruim rentabilidade bruta desses fundos sai ainda mais prejudicada na hora de pagar o imposto de renda. Isso porque aqueles que carregam “curto prazo” no nome tem um imposto mínimo de 20% sobre os rendimentos na tabela regressiva, diferentemente dos 15% de fundos com prazos maiores.

Vale lembrar que os fundos de renda fixa de curto prazo são aqueles que investem títulos públicos e privados com vencimento em até 375 dias. Isso não tem a ver com a liquidez (prazo para resgate) do fundo. Aqueles fundos que não são de "curto prazo" também podem oferecer a possibilidade de retirada imediata do dinheiro, algo descrito nas lâminas de fundo como resgate D+0 ou D+1. Ou seja, no mesmo dia ou em um dia útil o dinheiro está na conta após a solicitação de resgate.

“Esses fundos segue a tributação de curto prazo que tem um imposto de renda mínimo de 20%. Mesmo que você deixe o dinheiro aplicado por muito tempo, a tributação não chega aos 15% que se vê em outros fundos”, diz a especialista.

Uma das características em comum desses fundos automáticos é a alta liquidez, que é a possibilidade de resgate a qualquer momento. Normalmente, isso é uma vantagem quando se trata de investimentos para reserva de emergência.

Entretanto, com um retorno tão baixo, os resgates feitos em menos de 30 dias estão sujeitos ainda ao pagamento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Se você retirar o dinheiro desses fundos em até 15 dias depois de aplicado, perde no mínimo 50% do que teve de rentabilidade só em IOF.

Escapando do depósito compulsório

Outra vantagem desses fundos, para os bancos, é que eles são uma maneira de escaparem da obrigação do depósito compulsório sobre o dinheiro que o cliente deixa na conta-corrente.

Por determinação do Banco Central, os bancos são obrigados a depositar uma parte do dinheiro que fica parado nas contas-corrente para a autoridade monetária. Atualmente, por conta da pandemia, esta alíquota é de 17% até novembro deste ano, depois volta a 20%.

Esse dinheiro não rende para os bancos, porque não pode ser emprestado para ninguém e fica apenas parado nos cofres do BC. Por isso é vantajoso para o banco deixar esse dinheiro dormindo o fundo que cobra taxa de administração.

O que os bancos dizem?

Embora os produtos sejam classificados como fundos "de investimento", como o nome sugere, a maioria dos bancos que oferecem os produtos afirma que eles não se tratam exatamente de investimentos. São apenas "dispositivos para movimentação automática", como classificou a Caixa Econômica Federal.

"Informamos que, acompanhando o cenário econômico e as perspectivas da indústria de fundos, nos últimos 12 meses, o referido produto teve redução de 15% em sua taxa de administração", respondeu a Caixa sobre o fundo "Caixa Movimentações Automáticas FIC Renda Fixa Simples".

O Banco do Brasil afirma que, diferentemente da poupança, que rende mensalmente, os fundos automáticos citados nesta matéria possuem remuneração diária. A instituição afirmou ainda que os clientes são informados que o único objetivo desses produtos é movimentar um dinheiro que ficaria parado e que revisa constantemente as taxas de administração de seus produtos.

"Os produtos de movimentação automática são utilizados como ferramenta de apoio à gestão de fluxo de caixa, para rentabilização de recursos no curtíssimo prazo, dessa forma, os fundos automáticos, como os citados, não fazem parte das recomendações de investimentos para os clientes, ou da composição de carteiras sugeridas, não sendo considerados como um produto de investimento", pontua o BB, em resposta ao Valor Investe.

O Bradesco informou que conta com outras opções de fundos e oferece assessoria para clientes que desejem mais informações e trocar de produto ou revisar portfólio.

"Bradesco Automático FIC Renda Fixa Simples é um produto que possui a funcionalidade apenas de baixa automática, ou seja, cobertura automática de eventuais saldos negativos de conta corrente do cliente. É um fundo de investimento atrelado a um serviço que oferece comodidade aos clientes que buscam essa facilidade no dia a dia", disse, em nota.

Também procurados pelo Valor Investe, Safra, Banrisul, Banestes e BNB não responderam aos questionamentos sobre os fundos até a publicação desta matéria.

Como saber se você tem essas aplicações e o que fazer para se livrar delas?

Muitas vezes as pessoas não sabem ou nem lembram que têm essas aplicações. Elas já estão há tanto tempo nelas que se esquecem de conferir condições desses investimentos. É apenas cômodo.

Além disso, não são só fundos de aplicação automática que têm características desvantajosas para o investidor. Há bancos que oferecem a possibilidade de investir automaticamente em títulos como CDBs, que eles mesmos emitem, também com remuneração muito baixa.

Mas sempre há a possibilidade de pedir seu informe de rendimentos, aquele mesmo que se pede na hora de declarar o imposto de renda, ou simplesmente perguntar ao gerente quais são suas aplicações.

Fundos que tenham no nome “Automático”, “Aplicação Automática” ou “Transferência Voluntária” fazem parte dessa categoria. Para deixar de investir, é bem simples. Basta pedir ao gerente para parar de usar este formato.

Muitas vezes os bancos já oferecem este tipo de investimento no ato de abertura de conta. É importante lembrar de não aderir, caso seja essa sua vontade. Ou, pelo menos, fazer uma comparação entre as opções, e perguntar se há alternativas melhores — inclusive com resgate automático.

Alternativas

De acordo com Seabra, da Spiti, a melhor alternativa a esses fundos para reserva de emergência, aquele dinheiro que deve cobrir de três a seis meses das despesas mensais, são fundos que seguem o CDI e não cobra taxa de administração por isso. Os chamados fundos DI taxa zero, todos com rendimentos acima da poupança.

Ela afirma que esses fundos investem em títulos do Tesouro Direto, com baixíssimo risco, mas com a vantagem da liquidez imediata (D+0), contra o resgate D+1 do próprio Tesouro, que só permite acesso ao dinheiro no dia seguinte ao pedido de saque.

Fundos DI com taxa zero

Fundos com taxa zero

Retorno no ano até 16/8

Taxa de Administração

Patrimônio Líquido em R$ milhões

Trend DI FI Renda Fixa Simples

1,91%

0,00%

R$ 6.532

ÓramaDI FI Renda Fixa Simples Longo Prazo

1,90%

0,00%

R$ 231

PI Selic FI Renda Fixa Simples

1,86%

0,00%

R$ 26

BTG Pactual Digital Tesouro Selic FI Renda Fixa Simples

1,85%

0,00%

R$ 2.165

Soma

   

R$ 8.954

CDI

1,85%

   

Poupança (Selic)

1,24%

   

Fonte: Spiti, com base no Quantum Axis.

Em relação a contas remuneradas em bancos digitais e fintechs, que costumam remunerar o cliente com 100% do CDI ou até mais, a especialista também se mostra conservadora. Se esses bancos menores enfrentarem algum problema ou até quebrarem, ele alerta que existe o risco de o investidor também ficar sem acesso instantâneo ao dinheiro, mesmo que a aplicação seja cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil..

“A conta remunerada não é a melhor opção, mesmo em banco digital, por mais que você escolha conta remunerada e não um RDB (que é um título com risco). Não é a melhor opção porque se um banco desses quebra pode demorar a receber esse dinheiro”, diz.

A mesma lógica se aplica para investimento em CDBs de bancos pequenos e médios, que hoje têm promoções que pagam até 200% do CDI. Eles também oferecem mais risco que investimentos 100% lastreados em títulos públicos.

Claro que ao sair dos investimentos automáticos, o cliente abre mão de certa comodidade. Mas também garante retornos maiores, principalmente quando se pensa no longo prazo. “Dá para ver que as pessoas têm muito dinheiro nesses fundos automáticos e elas ficam bastante tempo neles. Imagina o que poderiam ter ganhado?”, questiona.

Para Seabra, no entanto, tudo é uma questão de hábito. Recebeu o dinheiro? Já corre para depositar nos fundos com taxa zero. E quando precisar pagar uma conta, basta pedir o resgate, que pode ser feito no mesmo dia.

Outra solução é deixar na conta-corrente somente o que vai usar para pagar as contas de débito automático. Assim, você evita ficar no vermelho e atrasar contas ou entrar acidentalmente no cheque especial, sem precisar fazer mais de uma movimentação por mês. Muitos bancos grandes também tem poupança com resgate automático, que serviria como alternativa mais rentável para deixar esse dinheiro menor (não a reserva de emergência toda) que fica "parado na conta".

 

Ibovespa fecha em queda e dólar cai a R$ 5,1888

Ibovespa fechou hoje (30) em baixa de 0,78%, a 119.739 pontos, em um pregão marcado pela correção nos preços após as sucessivas altas da semana passada. No penúltimo dia para envio ao Congresso da proposta do Orçamento de 2022, os riscos fiscais e políticos pesaram no índice. As indefinições acerca do pagamento dos precatórios, que chegam a R$ 90 bilhões, e do tamanho do programa que substituirá o Bolsa Família têm motivado cautela no mercado, que teme o não cumprimento do teto de gastos.

“Uma alternativa ao impasse dos precatórios e do novo programa Auxílio Brasil que não abra as portas para novas mudanças no atual arcabouço fiscal será determinante para a direção da percepção de risco nos próximos meses – e com ela, o preço dos ativos no Brasil”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico. Para o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, a crise hídrica também traz preocupação, principalmente por causa dos riscos ao comportamento da inflação e da atividade econômica no Brasil.

queda das ações de bancos, que compõem cerca de 20% da carteira teórica da Bolsa brasileira, contaminaram o pregão. Os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4) caíram 0,78%; os do Bradesco (BBDC4), 1,20%; o Santander (SANB11) recuou 0,94%, e o Banco do Brasil (BBAS3), 1,05%, em reação a notícias de que a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) planeja apoiar um manifesto articulado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) pedindo harmonia entre os Três Poderes, gerando receios de uma retaliação do governo ao setor financeiro. A entidade paulista voltou atrás após o Banco do Brasil e a Caixa anunciarem a intenção de deixar a Febraban por causa da iniciativa.

Entre os indicadores do dia, o IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) desacelerou em agosto, subindo 0,66% no mês, ante 0,78% em julho, marca que ficou abaixo da expectativa de 0,91% dos especialistas ouvidos pela Reuters. O ICS (Índice de Confiança de Serviços) subiu 1,3 ponto e chegou a 99,3 pontos, consolidando-se acima do nível pré-pandemia e atingindo o maior patamar desde setembro de 2013 (101,5 pontos).

Já o déficit primário do governo central (composto por Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social) chegou a R$ 19,8 bilhões em julho. O resultado veio acima do rombo estimado por economistas de R$ 17,3 bilhões, segundo pesquisa da Reuters. Em sumário sobre seu resultado, o Tesouro avaliou que a melhoria dos dados fiscais, principalmente o avanço da arrecadação, ressalta a importância de o governo ter circunscrito os gastos extraordinários com o enfrentamento à Covid-19 ao curto prazo.

Em Wall Street o dia foi de ganhos, com o S&P 500 registrando alta de 0,43%, a 4.528 pontos, e o Nasdaq subindo 0,90%, a 15.265 pontos. Apenas o Dow Jones fechou no vermelho, em baixa de 0,16%, a 35.399 pontos. O mercado segue repercutindo positivamente o discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que afirmou na sexta-feira (27) que a política de estímulos econômicos segue inalterada até a próxima reunião do Banco Central norte-americano, programada para 21 e 22 de setembro.

O otimismo nos EUA impulsionou o apetite por risco dos investidores internacionais, fazendo o dólar fechar em leve queda de 0,09%, a R$ 5,1888 na venda, o menor patamar em quase um mês (Reuters, 30/8/21)

 

Localização
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