Notícias do setor
08/09/2021
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Copel pagou R$ 60,3 mil de PLR a cada funcionário após lucro recorde 

Por

Marcos Xavier Vicente

07/09/2021 20:00

O lucro líquido de 3,9 bilhões da Companhia Paranaense de Energia (Copel) em 2020 se refletiu também no bolso de seus funcionários. O recorde no caixa resultou no valor mais mais alto já pago pelo plano de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) da empresa a seus colaboradores.

 

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Cada um dos cerca de 6,6 mil funcionários concursados vinculados à Copel até dezembro de 2020 teve direito a R$ 60,3 mil de PLR. O valor líquido, descontado imposto, foi de R$ 46,8 mil já depositado nas contas dos trabalhadores em duas parcelas.

 

“Os resultados financeiros apresentados pela Copel no ano de 2020, os maiores da história da empresa, além do cumprimento de metas estabelecidas em Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), resultaram na PLR paga em 2021”, se limitou a dizer a direção da companhia de energia em resposta às perguntas feitas pela Gazeta do Povo.

 

Os 3,9 bilhões de lucro da Copel em 2020 são quase 90% maiores do que o lucro registrado em 2019. Naquele ano, a companhia de energia registrou lucro líquido de R$ 2,06 bilhões em seu balanço.

O lucro recorde do ano passado, que proporcionou a PLR de R$ 60,3 mil a cada servidor da Copel em 2021, ocorreu mesmo com o cenário da pandemia, em que diversos setores econômicos foram afetados negativamente. “Na pandemia, a Copel segue garantindo aos seus clientes condições especiais de pagamento em todos os momentos”, argumenta a empresa sobre como vem conseguindo bons resultados.

 

Em relação a investimentos, a companhia afirma que vai fechar 2021 com um leve aumento de aproximadamente 2,5% na modernização da rede de energia elétrica de todo o estado. “Em 2020, a Copel manteve seu cronograma de investimentos em todo o Paraná e seus programas de modernização da rede de energia. Ao todo, foram investidos R$ 1,852 bilhão. Em 2021, estão sendo investidos R$ 1,9 bilhão”, afirma a companhia.

 

Copel está com PDV aberto

Semana passada, a Copel abriu um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para enxugar o quadro de funcionários e reduzir em R$ 83,4 milhões por ano seus custos a partir de 2022. Segundo comunicado da companhia ao mercado, 350 funcionários estariam aptos a aderir ao PDV.

Esses funcionários demissionários devem vir da Copel Telecom, braço de telecomunicações da empresa de energia que foi vendido em novembro de 2020 ao grupo paulista Bordeuax Fundo de Investimento. A negociação foi validada por órgãos reguladores nesse ano, mesmo assim a Copel continuou com os 350 servidores da Copel Telecom em seu quadro de funcionários, que agora terão se desligar da empresa.

 

Nesta semana a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou uma nova bandeira tarifária na conta de luz, chamada de bandeira da crise hídrica. Na prática, haverá cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora consumidos (kWh). A previsão é que a sobretaxa dure até abril do ano que vem. A taxa anterior, da bandeira vermelha nível 2, era de R$ 9,49. Assim, a cobrança extra subiu 49,63% e deve ter impacto de 6,78% no valor final da conta de energia.

Reportagem recente da Gazeta do Povo mostrou que nos últimos cinco anos, considerando junho de 2016 a julho de 2021, e já com a inclusão da bandeira tarifária vermelha, a tarifa de energia elétrica subiu 49,55%. A inflação no período foi de 22,98%. Portanto, houve um aumento real de 21,61%.

 

Data Room da CEEE Geração já está disponível

Geradora tem 909,9 MW em usinas próprias e outros 343,81 MW em parcerias

DA AGÊNCIA CANALENERGIA

Foi publicada no Diário Oficial do Rio Grande do Sul a abertura do Data Room para os potenciais investidores no processo de desestatização da CEEE Geração. O Manual de Procedimento de Diligências dos Interessados contém informações sobre visitas técnicas e reuniões adicionais para o esclarecimento de dúvidas e está disponível no site .

A CEEE Geração possui cinco UHEs, oito PCHs e duas CGHs que somam potência instalada de 909,9 MW. Outros 343,81 MW são oriundos de participação em projetos realizados através de Consórcios ou Sociedades de Propósito Específico, somando potência total de geração de 1.253,71 MW, sendo que 1.145,97MW estão instalados no Rio Grande do Sul. A energia produzida pelas usinas destina-se ao suprimento do Sistema Integrado Nacional e os clientes são empresas de Distribuição e Consumidores Livres do mercado.

Para acesso ao data room há uma cobrança de R$ 30 mil com direito a visitas técnicas e reuniões com a estatal gaúcha. Há necessidade ainda de um depósito caução de R$ 350 mil.

Cade abre procedimento para investigar conduta de geradores térmicos 

órgão antitruste enviou oficio com pedido de informações a 45 agentes no inicio do mês incluindo a Petrobras

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA (DF)

O  Conselho Administrativo de Defesa Econômica abriu procedimento preparatório para apuração de infrações à ordem econômica. O  objetivo é investigar eventuais condutas anticompetitivas por parte de empreendedores termelétricos. O órgão enviou ofícios com solicitação de informações no dia 1º de setembro a 45 agentes, entre eles estatais como Petrobras, Eletrobras e subsidiárias e Cemig, além de empresas privadas.

O pedido é o primeiro passo para a eventual abertura de inquérito pelo Cade, que deu prazo cinco dias, a partir do recebimento do documento, para o envio dos dados por meio digital. O órgão destacou que lei prevê multa diária de R$ 5 mil em caso de recusa, omissão ou retardamento injustificado das informações ou documentos solicitados. O valor pode ser aumentado em até 20 vezes, se necessário, para garantir o cumprimento da determinação.

Em caso de informações, documentos ou de declarações falsas prestadas ao Cade, a penalidade varia de R$ 5 mil a R$ 5 milhões, conforme a gravidade dos fatos e a situação econômica do infrator. A empresa pode solicitar ao órgão acesso restrito aos dados fornecidos por ela, para evitar que eles se tornem públicos. Para isso, tem de apresentar uma versão completa do documento e uma versão pública, editada de forma a garantir o sigilo de informações consideradas sensíveis .

No oficio enviado à Petrobras, o coordenador-geral do órgão, Felipe Leitão Valadares Roquete, pede informações sobre quais são os combustíveis fornecidos pela empresa a usinas termelétricas e em que percentual; volume mensal de combustível fornecido para cada usina nos últimos três anos e preço mensal cobrado de combustível fornecido nesse período; além cópia do contrato padrão ou documento assemelhado firmado com os clientes.

Para as outras empresas, o órgão pergunta sobre o combustível utilizado para a geração de energia elétrica; se a empresa utiliza mais de um tipo de combustível e uma estimativa do percentual de cada um; se a empresa tem contratos no mercado regulado ou livre, ou nos dois ambientes; custo mensal, em reais por megawatt-hora da geração de energia elétrica dos últimos três anos e preço mensal, em R$/MWh, do valor cobrado da distribuidora de energia elétrica no período; além de cópia do contrato padrão ou documento semelhante firmado com comercializadora e/ou distribuidora.

A iniciativa do órgão de defesa da concorrência acontece num momento em que o governo tem autorizado o uso de todos os recursos de geração disponíveis, em razão do agravamento da crise hídrica. Além do acionamento pleno de usinas térmicas fora da ordem de mérito e da importação de energia da Argentina e do Uruguai, ofertas adicionais de geração de fonte termelétrica a custos que chegam R$ 2 mil/MWh têm sido aceitas.

Os ofícios do Cade foram enviados a Petrobras, Âmbar Energia, Andrade Gutierrez Engenharia, Baixada Santista Energia, Breitener Jaraqui, Breitener Tambaqui, Celse, Eletrobras, Epasa, Epesa, CGTF, CGT Eletrosul, Companhia Energética Candeias, Cemig, Companhia Energética de Petrolina, Diferencial Energia Participações, Eletronuclear, Emae, Energética Suape II, Eneva, Enguia Gen, Brentech Energia, Furnas, Gás Natural do Açu, GE Power & Water Equipamentos e Serviços de Energia e Tratamento de Água, Gera Maranhão, Ibiritermo, Marlim Azul Energia, Pátria Infraestrutura IV – Fundo de Investimento em Participações Multienergia, BP Comercializadora de Energia, Ponte Nova Energia Serviços, Porto de Pecém Geração de Energia, Portocem Geração de Energia, Rio Amazonas Energia, Shell Brasil, Siemens, Ternelétrica Viana, Termo Norte Energia, Termobahia, Termocabo, Termomacaé, Termopernambuco, Norte Fluminense, Usina Xavantes e Compass Gás e Energia.

Investigação

Ana Paula Paschoalini, Head de Antitruste do Stocche Forbes Advogados, explica que o estágio de apuração do Cade ainda é preliminar. O que órgão quer fazer nesse momento é apurar se existem elementos suficientes para aprofundar a investigação envolvendo um eventual problema concorrencial.

A especialista afirma que não é a primeira vez que isso acontece. No ano passado, o Cade iniciou uma investigação para apurar se o aumento nos preços dos medicamentos era uma ação deliberada de abuso de poder econômico ou resultante do crescimento da demanda com a pandemia.

A intenção, no caso das térmicas, é apurar se o custo atual da energia  produzida por essas usinas é decorrente da crise hídrica ou do comportamento dos agentes de mercado. Para Ana Paula, a iniciativa do Cade é plenamente legítima, e a apuração não  está necessariamente ligada aos compromissos assumidos pela Petrobras com o órgão.

A estatal assinou  Termo de Compromisso de Cessação de Conduta, que prevê a venda de ativos e a saída de atividades como a de transporte de gás. O Cade, lembrou a advogada, vem monitorando o comportamento da Petrobras em relação ao cumprimento do TCC.

Já para Luis Souza, que é especialista em Energia e sócio do Souza, Mello e Torres Advogados, a ação do Cade é “totalmente fora de propósito.” Em sua avaliação, a Agência Nacional de Energia Elétrica é quem deve atuar nessa área, fiscalizando a atuação dos geradores termelétricos.

Souza acredita que há um comportamento oportunista do mercado em relação ao custo da energia, provocado pelo cenário de escassez atual. Mas atribui à Aneel o papel de averiguar esse tipo de comportamento. Ele não vê grandes chances de a investigação avançar e classifica a atuação  do Cade como uma “fanfarronice”.

“Acho que o Cade não tem nada a ver com esse assunto. A Aneel é que deveria estar protegendo o consumidor. Ela foi criada para isso e tem todo o conhecimento técnico para fazer essa análise”, avalia.

Inflação alta recupera o prestígio da renda fixa

Captação líquida até julho superou em 515% o valor de 2020

Por Roseli Loturco — Para o Valor, de São Paulo

 

A alta da inflação tem atingido em cheio não só o bolso do brasileiro, mas também o rumo de seus investimentos. A corrida que se viu nos últimos três anos - do pequeno investidor se expondo mais a risco de Bolsa em busca de rentabilidade acima do juro básico - se inverteu e a renda fixa vem roubando a cena novamente. Isso porque, além da alta da Selic, que mesmo assim continua em patamares historicamente baixos, a pressão inflacionária tem trazido incertezas em relação às oportunidades para quem busca ganho de capital. E é aí que a renda fixa, que vinha perdendo seu prumo, reaparece.

Até 29 de julho, a captação líquida nesse canal foi de R$ 153 bilhões, 515% a mais do que em igual período de 2020, enquanto os fundos multimercados ficaram com R$ 92,72 bilhões, variação positiva de 72,6%, e a renda variável, com R$ 4,78 bilhões, menos 91,4%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Foi um resultado da reprecificação dos juros futuros e dos prêmios pagos em títulos públicos e privados de longo prazo por conta do novo cenário. No último relatório Focus, do Banco Central (BC), as expectativas de mercado projetam Selic entre 7% e 7,5% neste ano e IPCA (principal índice de inflação) em 6,80%. Já para o ano que vem a projeção é de que esse indexador recue para 3,81%, enquanto a Selic persistiria em 7%.

A se confirmar o cenário, especialistas alertam para riscos e oportunidades que surgem não só para investidores conservadores, mas para quem quer proteger parte de seus recursos das instabilidades do mercado. “Do ponto de vista da diversificação, para quem suporta certo risco, é saudável ter exposição não só em renda fixa, mas também na variável e no exterior. Mas é sempre bom ter um colchão de liquidez”, observa Carolina Oliveira, analista de fundos da XP Investimentos.

Ela reforça que existem vários tipos de renda fixa. Além dos pós fixados atrelados à Selic, há também os atrelados a inflação. Mas alerta que se o investidor ficar só atrelado a Selic ou ao CDI correrá risco de ter rendimento aquém da reposição da inflação. “Não é só o risco de perder o dinheiro todo, mas também de deixar de ganhar.” Oliveira analista que a renda fixa pós-fixada começa a ficar atrativa, assim como os fundos referenciados, os de crédito privados, ou os que comprem ativos com remuneração pós-fixada (debêntures, CRAs, CRIs e FIDCs).

Mas o que o mercado registrou foi uma corrida na primeira metade do ano para as debêntures incentivadas, seja via fundo ou papel direto, por conta da proteção contra a inflação e a isenção de imposto de renda (IR).

“É preciso pontuar que outro papel protegido, as NTN-Bs 2026, que pagam IPCA + 3,91%, têm imposto na tabela regressiva de 22,5% até 15%. É um papel interessante porque paga pelo menos o juro real. Porém, se a inflação for 4%, tem perda porque o IR é sobre o ganho absoluto acima da inflação”, diz Pierre Jadoul, gestor de crédito privado da ARX Investimentos. Por isso, diz, as debêntures incentivadas aparecem como alternativa.

Já as NTN-Bs, apesar de sempre precificarem expectativas em relação à Selic e à inflação e embutirem prêmios nos prazos mais longos, são voláteis. “Conseguem taxas maiores, mas o investidor corre o risco de duration, porque a curva de juro ou de inflação pode mudar se o cenário deteriorar. E o investidor vai sofrer. Não é tão trivial”, observa Jadoul.

Para Artur Nehmi, gestor de renda fixa da Sparta Investimentos, para o investidor brasileiro mais conservador, o importante sempre foi ter retorno acima da inflação. Como trabalha com expectativa de inflação para 2022 na casa de 4% e Selic de 7%, o gestor vê nos títulos pós-fixados, como LFTs, CDBs e crédito privado, expectativa de retorno real mais significativa. “Historicamente, uma debênture pagava um ponto percentual acima da Selic. Hoje está pagando dois pontos acima. E não estamos vendo risco de crédito tão alto”, afirma Nehmi.

E, apesar da corrida do investidor para a renda fixa este ano, quase nenhum fundo desta categoria irá conseguir bater a inflação e entregar ganho real.

“Poucas operações sem risco vão conseguir superar o IPCA. Mesmo a NTN-B que é indexada, dependendo do cupom, não vai atingir o IPCA, considerando o IR. O melhor investimento é a debênture incentivada, que pagou acima da inflação. E não teve a perda da tributação sobre o investimento”, afirma Alfredo Menezes, sócio da gestora Armor Capital.

 

 

Riscos a exportações brasileiras aumentam por pressão ambiental

Impactos de cobranças europeias começariam pelo aço, mas podem alcançar outros setores da economia.

O Ministério da Economia concluiu que a pressão ambiental exercida por parceiros comerciais deve afetar as exportações brasileiras nos próximos anos. Os primeiros impactos devem ser vistos no setor de ferro e aço.

As conclusões fazem parte das primeiras análises da equipe econômica sobre medidas anunciadas pela União Europeia há pouco mais de um mês para reduzir emissões de carbono também fora das fronteiras do bloco.

O mecanismo criado pelos líderes europeus institui uma taxa extra para a importação de bens que geram de forma intensiva gases do efeito estufa. Os produtos de ferro e aço estão entre eles.

A medida entraria em vigor em 2023, e as cobranças começariam após dois anos.

 

A União Europeia é responsável por mais de 90% das compras de laminados brasileiros de ferro e aço vendidos para fora, e os primeiros números analisados pelo governo indicam que quase US$ 2 bilhões da exportação pode ser afetada, sendo o Brasil o oitavo país mais prejudicado pela medida dos europeus.

Apesar de verem um efeito localizado inicialmente, os técnicos entendem que as medidas da União Europeia podem ser ampliadas, já que o bloco europeu tende a incluir mais produtos na lista de restrições. Isso poderia atingir mais fortemente as exportações brasileiras, na visão da equipe.

Na avaliação do Ministério da Economia, potencializa os riscos o fato de o Brasil não impor a empresas instaladas em território nacional metas para redução de carbono nos moldes europeus ao mesmo tempo em que elas tendem a se popularizar nos próximos anos pelo mundo.

Isso porque as tarifas europeias vão incidir com menos intensidade sobre bens oriundos de países que precifiquem o carbono. Na visão dos técnicos, isso vai servir de incentivo para o aperfeiçoamento de práticas ambientais em outros países.

Os empresários do setor siderúrgico têm acompanhado as discussões com a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e consideram que a medida poderá ter impactos nas exportações para a União Europeia, que já estabeleceu restrições para o aço por meio de salvaguardas e medidas antidumping.

O setor deve ser um dos principais afetados por ser, após os geradores de energia, o maior emissor industrial de dióxido de carbono no mundo.

segmento é responsável por 7,9% do total de emissões diretas geradas por combustíveis fósseis, de acordo com a Associação Mundial do Aço —mais do que países inteiros como a Índia.

Tamanho volume de emissão está relacionado com os métodos empregados na indústria. Grande fornos aquecidos com temperaturas superiores a mil graus Celsius são usados para obter os produtos, o que gera gás carbônico de forma significativa.

O Instituto Aço Brasil afirma que tem feito discussões e atuado para mitigar as emissões. "O setor tem dialogado permanentemente com o governo para que sejam implementadas medidas que possibilitem a redução das emissões de gases de efeito estufa nos processos industriais", afirma nota da entidade.

Entre as medidas solicitadas ao governo está o barateamento do gás natural —algo que a entidade afirma ter impacto menor do que o uso de outros combustíveis fósseis.

Além disso, o instituto diz que as empresas têm buscado reaproveitar mais os gases gerados no processo produtivo, elevar a reciclagem de produtos e ainda usar carvão vegetal feito a partir de florestas plantadas.

Técnicos do governo, o que inclui ministérios como o da Economia e do Itamaraty, têm discutido as medidas da União Europeia e a possibilidade de criarem novas medidas como uma resposta à crescente pressão ambiental contra o Brasil.

A maior assertividade no discurso de líderes globais sobre a agenda ambiental brasileira é observada diante da falta de políticas pró-meio ambiente do governo Jair Bolsonaro (sem partido) somada aos recordes de queimadas e desmatamentos na gestão.

"O Brasil é o país que mais preserva o seu meio ambiente. A gente sofre ataques o tempo todo de países europeus. Lá eles não sabem o que é mata ciliar porque não têm. Aqui tem", afirmou Bolsonaro recentemente.

Embora o Brasil seja considerado o país com a maior biodiversidade do mundo, isso não se reflete no compromisso do governo com o ambiente. O Brasil liderou em 2020 o ranking mundial de desmatamento.

Os discursos de Bolsonaro são feitos enquanto técnicos estudam uma maneira de unificar as ações do governo em torno do meio ambiente.

Isso inclui o próprio ministério responsável pela área, que passou há pouco mais de dois meses por uma troca de comando com a demissão de Ricardo Salles (que defendeu, quando estava no cargo, "passar a boiada" em mudanças de regras enquanto a mídia se preocupava com a Covid-19).

Procurado, o Ministério de Meio Ambiente não comentou.

O Ministério das Relações Exteriores afirmou em nota que o governo brasileiro tem acompanhado com atenção os desdobramentos referentes à medida da União Europeia, chamada de Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira (CBAM, na sigla em inglês), e ainda vai verificar se ela é compatível com as regras multilaterais de comércio —o que, na análise da Economia, tende a ser o caso.

"O Itamaraty está informado de que o anúncio da medida tem despertado preocupação junto ao setor privado de que empresas brasileiras poderiam passar a ser alvo de novas barreiras comerciais discriminatórias", disse em nota. "O governo continuará a analisar o assunto", afirma a pasta (Folha de S.Paulo, 8/8/21)

 

 

Bolsa sobe 0,8%, e dólar cai 0,17%

Ações de frigoríficos também fecharam o dia com fortes ganhos.

A Bolsa de Valores brasileira iniciou a semana em alta, com ganhos de 0,80%, aos 117.868 pontos, após a queda acima de 3% na semana passada.

O dia, porém, foi de menor liquidez por conta do feriado de Dia do Trabalho nos EUA e da véspera do Dia da Independência no Brasil, que deve ser marcado por atos com traços golpistas promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Ainda assim, as tensões políticas e a expectativa por um dia de protestos que pode trazer ainda mais instabilidade política ao país não foram suficientes para impedir um pregão de alta para as ações brasileiras, diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

"Vale lembrar que o índice derreteu mais de 3% na semana passada, então a alta de hoje não pode ser vista como um diagnóstico positivo para o mercado, principalmente dado o baixo volume de negócios com o feriado de Dia do Trabalho nos EUA e a emenda por aqui", afirma a analista.

O dólar fechou em queda de 0,17%, a R$ 5,1760. Levando em consideração o clima político tenso no Brasil, que tenderia a elevar a busca pela segurança do dólar, o movimento foi “atípico”, disse Fernando Bergallo, da FB Capital.

“Sem a praça de Nova York hoje [segunda, 6] e sem a praça de São Paulo amanhã [terça, 7], é normal ver movimento atípico, apesar da cautela dos investidores sobre o que pode acontecer nas manifestações”, afirmou.

Os analistas da Levante Investimentos escreveram que “esta será mais uma semana em que a pauta econômica deve ficar em segundo plano, na espera de novas negociações políticas”. “As manifestações, nesse sentido, não auxiliam a ala econômica, na medida em que devem colocar ainda mais ruído entre os Poderes no curto prazo”, completam.

Entre os destaques positivos estão setores que sofreram nos dias anteriores, como varejo e construção, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. As ações do Pão de Açúcar, por exemplo, encerraram com alta de 6,7%, enquanto os papéis da MRV subiram 3,8%.

“O dia não foi melhor por conta da queda das ações da Vale em reação à derrocada do minério de ferro em meio às recentes ações da China para limitar os volumes de aço no resto do ano”, afirma Ribeiro. Os papéis da mineradora fecharam em queda de 1,5% nesta segunda (6).

Já as ações da Petrobras fecharam a sessão com valorização moderada, de 0,2%, no caso das ordinárias, e de 0,5%, entre as preferenciais, apesar da fraqueza dos preços do petróleo no mercado externo, após cinco pregões de queda que somaram perda de 7,6%.

O preço do petróleo Brent, referência mundial, recuou 0,54%, a US$ 72,22 (R$ 373,86).

Ainda no campo das commodities, as ações da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que não estão no Ibovespa, estiveram entre os destaques positivos do pregão.

Os papéis subiram 6,9%, a R$ 13,50, em meio à escalada no preço do alumínio, que atingiu o maior nível em dez anos, na esteira do golpe de Estado na Guiné. O país africano é detentor das maiores reservas mundiais de bauxita, um minério usado na produção de alumínio.

Segundo Paschoal Paione, gestor de commodities da Garin Investimentos, o alumínio é a commodity predileta hoje no cardápio. A oferta já estava limitada, e no curto prazo a matéria-prima está sofrendo ainda mais com os possíveis desenvolvimentos na Guiné, aponta Paione.

“Além disso, do lado da demanda, o alumínio é um dos metais que mais serão beneficiados com o processo de descarbonização”, diz o gestor. O preço da commodity fechou o dia em alta de 1,7%, cotada a US$ 2.773.

Em um dia de menor liquidez nos mercados por conta do feriado do feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos, também foram destaque os frigoríficos Minerva e Marfrig, que viram suas ações fecharem a sessão com fortes ganhos, de 6,6% e 2,5%, respectivamente, após declararem que suas vendas não serão abaladas pelos dois casos atípicos da doença da vaca louca confirmados no Brasil na semana passada, um em Nova Canaã do Norte (MT) e outro em Belo Horizonte (MG).

As exportações de carne bovina do Brasil para a China foram suspensas no sábado (4) após a confirmação dos registros pelo Ministério da Agricultura. O país asiático é o maior importador do produto brasileiro.

Destaque ainda para a alta recente no preço do bitcoin, na expectativa de que El Salvador se torne nesta terça-feira (7) o primeiro país a usar o criptoativo como moeda oficial. O bitcoin subiu 0,76% nesta segunda-feira, aos US$ 51.958 (R$ 268,97 mil) (Folha de S.Paulo, 7/9/21)

 

 

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