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27/09/2021
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Leilão simplificado pode ter baixa oferta de projetos

Prazo de seis meses, prazo de contratos, CVU para térmicas e outros pontos podem inviabilizar os projetos no certame que o governo realizará em outubro visando replecionar reservatórios a partir de 22

Eletrobras terá R$ 589 mi a receber de distribuidoras privatizadas

Valores referem-se a ativos imobilizados que não foram reconhecidos quando da avaliação das concessionárias na privatização, ainda falta definir valor da Ceron

DA AGÊNCIA CANALENERGIA

O conselho de administração da Eletrobras aprovou o valor apurado do Ativo Imobilizado em Curso “ressarcível” das distribuidoras Amazonas Energia, da Boa Vista Energia, atual Roraima Energia e da Eletroacre, atual Energisa Acre. Apesar de privatizadas, esse valor decorre do direito conferido pela Cláusula 5 do Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças, anexo do Edital do Leilão de Privatização n.º 2/2018-PPI/PND. O valor total e de R$ 588,8 milhões.

Na mesma reunião foi aprovada a assinatura do Contrato de Ressarcimento do AIC a ser celebrado pela Eletrobras, distribuidoras e novos controladores. Em comunicado, a empresa afirmou que somadas às aprovações ocorridas em abril de 2021, sobre os valores da Equatorial Alagoas, e da Cepisa, atual Equatorial Piauí, fica restando apenas a aprovação do AIC da Ceron, que ainda está sendo apurado por consultoria especializada contratada pela distribuidora. A expectativa é de finalização da apuração durante o mês de outubro, conforme cronograma apresentado pela consultoria.

Somente após a assinatura dos contratos, a Eletrobras poderá registrar esses ativos no balanço da empresa, com impacto na demonstração de resultados. A Eletrobras não indicou um prazo para a assinatura, apenas estimou que esse evento correrá em breve, “dado que a versão final do documento foi amplamente discutida e aprovada pelas partes envolvidas”.

Quando da realização da modelagem de venda das distribuidoras, somente os ativos imobilizados em serviço (AIS) contidos no laudo de avaliação de ativos, na data base de fevereiro de 2017, foram utilizados no valuation da nova concessão de 30 anos. No entanto, na mesma data base, as distribuidoras da Eletrobras continham aproximadamente R$ 2 bilhões de ativos imobilizados em curso, que não foram precificados.

Dessa forma, o TCU determinou a inclusão, no Edital de Venda um dispositivo que permitisse o compartilhamento com a Eletrobras de benefícios futuros do reconhecimento, pela Aneel desse AIC na Base de Remuneração Líquida das distribuidoras. Ficou assegurado à Eletrobras o direito a ser ressarcida no valor correspondente a 50% do saldo do AIC, existente na data-base de fevereiro de 2017, e reconhecido pela agência reguladora a Base de Remuneração Regulatória Líquida das distribuidoras na primeira revisão tarifária após a desestatização.

O valor apurado do AIC poderia ser pago à vista ou em até 60 parcelas, com o saldo devedor sendo corrigido por 111% da Selic. O valor  apresentado em laudo emitido por consultoria especializada e aprovado pelo conselho da Eletrobras foi atualizado até a data base da revisão tarifária extraordinária das cinco distribuidoras. Esse valor ainda será atualizado por 111% da Selic pro rata temporis até a data de assinatura do Contrato de Ressarcimento.

O petróleo Brent está perto de US $ 80 o barril em meio a restrições de oferta

Por Noah Browning

LONDRES, 27 de setembro (Reuters) - Os preços do petróleo subiram pelo quinto dia consecutivo na segunda-feira, com o Brent em seu nível mais alto desde outubro de 2018 e rumo a US $ 80 em meio a preocupações com a oferta, uma vez que a demanda aumenta em partes do mundo com o abrandamento das restrições à pandemia.O petróleo Brent subia US $ 1,15 ou 1,5%, para US $ 79,24 o barril, às 0900 GMT, tendo registrado três semanas consecutivas de ganhos. O petróleo dos EUA adicionou $ 1,07, ou 1,5%, para $ 75,05, perto de seu maior valor desde julho, após subir pela quinta semana consecutiva na semana passada.

O Goldman Sachs aumentou em US $ 10 sua previsão para o petróleo Brent no final deste ano para US $ 90 por barril, uma vez que a recuperação mais rápida da demanda de combustível do surto da variante Delta do coronavírus e da destruição do furacão Ida na produção dos Estados Unidos levou a um abastecimento global apertado. consulte Mais informação"Embora tenhamos mantido uma visão otimista do petróleo, o atual déficit global de oferta e demanda é maior do que esperávamos, com a recuperação da demanda global do impacto do Delta ainda mais rápida do que nossa previsão acima do consenso e com o fornecimento global ficando aquém do nosso abaixo das previsões de consenso ", disse Goldman.

Pegos pela recuperação da demanda, os membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, conhecidos como OPEP +, tiveram dificuldade em aumentar a produção, pois o subinvestimento ou atrasos na manutenção persistem devido à pandemia. consulte Mais informação

"O suporte ao preço veio como cortesia do aperto da oferta dos EUA, uma vez que as interrupções no Golfo do México estimularam a retirada de estoques", disse Stephen Brennock, da corretora de petróleo PVM.O benchmark europeu do petróleo também foi impulsionado por ganhos em todo o complexo de energia mais amplo, acrescentou.

"O aumento dos preços do gás natural alimentou rumores de que poderia aumentar a demanda por combustíveis alternativos, incluindo o petróleo."As importações de petróleo da Índia atingiram um pico de três meses em agosto, recuperando-se das baixas de quase um ano tocadas em julho, com as refinarias do segundo maior importador de petróleo bruto estocando em antecipação ao aumento da demanda.

Enquanto isso, a primeira venda pública da China de reservas estatais de petróleo mal agiu para limitar os ganhos, já que a PetroChina e a Hengli Petrochemical compraram quatro carregamentos, totalizando cerca de 4,43 milhões de barris.

Reportagem adicional de Aaron Sheldrick; Edição de Kirsten Donovan e Louise Heavens

 

Com reforma tributária, empresas podem acelerar dividendos. Entenda se isso é bom ou ruim para o investidor

Para investidores, importante é não se afobar e correr para aproveitar uma possível onda de distribuição de dinheiro sem considerar outros fatores importantes na hora de investir em bolsa

Por Naiara Bertão, Valor Investe — São Paulo

Com a insegurança jurídica formada em torno da mudança - ou não - das regras do imposto de renda sobre dividendos, as empresas estão correndo para entender quais suas opções. Muitas estão considerando antecipar a distribuição do lucro temendo que, a partir de 2022, sejam obrigadas a pagar uma alíquota de 15% ou mais sobre esses bônus, ainda que o lucro tenha sido apurado antes da mudança de regra.

“Se essa tributação de dividendos passar, certamente vai acelerar um movimento que já está ocorrendo. Estamos sendo consultados diariamente por empresas sobre como resolver neste exato momento sua situação de lucros auferidos ainda este ano e já apurados”, conta ao Valor Investe Rodrigo Maito, sócio do Dias Carneiro Advogados especializado em direito tributário. “A corrida para resolver a questão do lucro do passado existe e estamos atendendo clientes com essa angústia. E muitos estão se antecipando mesmo”, completa.

Empresas como Vale e Petrobras, por exemplo, começam a pagar dividendos mais gordos do que seus acionistas estão acostumados. A Vale, por exemplo, aprovou o pagamento de mais de R$ 40 bilhões em dividendos, montante referente à antecipação de destinação de resultados do exercício de 2021.

Outra que aproveitou para adiantar o pagamento aos acionistas de 75% do lucro apurado no primeiro semestre deste ano foi a Companhia Energética de Brasília (CEB), que vai distribuir o equivalente a R$ 869,2 milhões, em juros sobre capital próprio (JCP) e dividendos.

Mesmo quem ainda não tomou a decisão de antecipar o pagamento de proventos está cogitando ou não descartando. Notícia da agência Reuters traz que a siderúrgica Gerdau, por exemplo, não apenas estuda o adiantamento do resultado de 2021, mas também lançar um programa de recompra de ações nos próximos meses, que também pode ser interpretado como uma reação às mudanças tributárias.

Qual o impacto dessa possível mudança na forma de tributação das empresas para os investidores? O Valor Investe ouviu advogados especialistas em direito tributário, analista de investimentos e o presidente da Associação Nacional de Contribuintes de Tributos (ANCT) para entender a problemática.

Se a tendência se confirmar, podemos ver uma grande onda de distribuição de dividendos até o fim do ano (quiçá um recorde), o que, em um primeiro olhar, pode atrair investidores. Contudo, o que os especialistas ouvidos pelo Valor Investe alertam é que correr para aplicar o dinheiro em bolsa só para surfar essa possível onda não é a melhor decisão, já que é preciso levar em conta uma série de outros fatores antes de investir em ações.

Empresas com maior reserva de lucro em seus balanços em 2020 e 2019

 

Reservas de lucros (R$ bilhões) 

   

Empresas 

dez/19

dez/20

jun/21

Petrobras 

124,8

127,5

165,7

Banco Bradesco

52,0

59,0

60,9

Banco Santander Brasil

12,3

21,7

47,8

Itaú Unibanco Holding

35,3

39,8

46,6

Banco do Brasil

53,5

38,9

45,5

Eletrobras

23,9

28,9

26,6

Ambev

20,9

25,9

25,9

Itaúsa

13,0

14,5

18,9

Banco BTG Pactual

13,3

14,4

17,5

Neoenergia

7,7

9,7

9,7

Total das 701 empresas

701,0

792,5

787,5

Fonte: Valor PRO

Antecipação

Primeiro, é importante entender que nem todas as empresas distribuem dividendos igualmente e, portanto, também precisam ser analisadas de forma diferente. Hoje, o padrão das empresas do tipo S.A. (Sociedades Anônimas) é pagar, no mínimo, 25% de seu lucro em forma de dividendos aos acionistas (se tiver prejuízo, não tem distribuição).

“O grupo das empresas em crescimento, que não distribuem muito seus dividendos, vão ser impactadas positivamente, já que a nova regra pressupõe redução do IR. É positivo porque vai sobrar mais dinheiro para reinvestir”, explica João Daronco, analista da Suno Research. Essas são as empresas que, por ora, ainda estão lucrando e distribuindo pouco porque usam o caixa para expandir a operação, organicamente ou via aquisições.

Por outro lado, as empresas mais “maduras”, tendem a ser mais impactadas negativamente, porque terão que pagar o imposto sobre dividendos. Essas grandes e mais consolidadas, que não precisam reservar tanto dinheiro em caixa para crescimento ou aquisições, e já apuram um lucro grande, acabam distribuindo mais. É o caso, por exemplo, das empresas dos setores elétrico, de saneamento básico e financeiro, como bancos.

Para Louise Barsi, sócia fundadora da Ações Garantem o Futuro (AGF), consultoria e escola que prega o investimento de longo prazo com foco em empresas que pagam dividendos gordos, é natural que as empresas busquem a forma mais barata de repassar os lucros, o que este ano ainda é por meio da distribuição de dividendos e JCP. Porém, ao contrário do que alguns ventilam por aí, ela não vê o mercado de ações perdendo atratividade para o investidor por conta da tributação.

“Não acredito que a tributação desestimule o mercado de ações, mas a estratégia de dividendos num curto período de prazo sim. O mercado de fundos imobiliários, por exemplo, deve continuar isento e atrair investidores. O risco da nova lei, se passar, é estimular a especulação em detrimento do investimento de longo prazo, porque tanto o 'day trade' [comprar e vender uma ação no mesmo dia] quanto a aplicação de longo prazo teriam a mesma tributação sobre o ganho [de 15%]”, pontua.

Leia também: Reforma tributária - Entenda tudo que vai mudar no Imposto de Renda

Para ela, o que deve acontecer é que as empresas que distribuem bastante dividendos devem passar a dar outros benefícios aos acionistas, como bonificações ou até fazer programas de recompras de ações próprias para compensar a tributação dos dividendos em si.

“Pensando em empresas boas pagadoras, eu acho que os dividendos não vão se extinguir; pelo contrário, vai só mudar de nome. Eles podem pagar menos dividendos e distribuir mais bonificações e programas de recompra de ações no longo prazo, que aumentam para o investidor o dividendo por ação sem que necessariamente o investidor coloque a mão no bolso”, explica.

Cuidados

Louise Barsi alerta para algo importante: para quem já investe, a distribuição excepcional de dividendos pode ser excelente porque é um fluxo de dividendos não previsto. Porém, ela ressalta que o investidor precisa ter em mente que isso não é recorrente - pelo contrário, é um movimento para fugir do pagamento de imposto no futuro.

“O ideal é não investir especificamente e isoladamente por conta desse fato, ou seja, entrar na estratégia de investimento em empresas boas pagadoras de dividendos só para receber o fluxo momentâneo e depois sair. Para quem já faz estratégia é excelente bônus, mas eu não me posicionaria a fim de me antecipar para um pagamento desses”, diz.

Luiz Manso, consultor tributário e presidente da ANCT, organização sem fins lucrativos que luta pelos direitos dos contribuintes brasileiros, também concorda que é preciso ter cautela, por parte do investidor, na hora de decidir apostar em empresas que sempre foram boas pagadoras de dividendos só para tentar surfar na onda.

“Promover o investimento com lastro em empresas boas pagadoras de dividendos, considerando o futuro incerto - se os acionistas manterão os recursos no caixa da empresa sem a distribuição de lucros -, é uma jogada de mercado, incerta e sujeitas aos seus riscos”, diz. “O mercado avaliará se a empresa estará promovendo a distribuição dos lucros para se fortalecer financeiramente ou se objetiva evitar a tributação, na materialização de um verdadeiro planejamento tributário para evitar a hipótese de incidência [do tributo]”, ressalta ainda.

Segundo Edmundo Medeiros, professor de Direito Tributário da Universidade Presbiteriana Mackenzie, se aprovadas, as modificações no IR deixarão duas alternativas para as empresas reduzir o impacto tributário extra: a recompra de ações ou o investimento do lucro na própria empresa.

"Excetuadas essas duas formas, a adoção de 'nomenclaturas' para o que, de fato, seja a pura e simples distribuição de lucros e dividendos estará no radar da Receita Federal. Qualquer medida que dissimule a distribuição de lucros e dividendos estará sujeita à autuação pela Receita", aponta o professor.

No segundo caso, de reinvestimento do lucro, os benefícios aos investidores serão um pouco mais demorados, já que a expansão da companhia, de forma orgânica ou via aquisições leva um tempo para maturar. Mas os efeitos podem ser mais duradouros.

Já, no primeiro caso, de recompra de papéis, a estratégia é simples: diminuir a base de acionistas da companhia ao tirar de circulação um número de ações. Dessa forma, o lucro é distribuído para menos gente e, portanto, todos ganham uma fatia maior do bolo. É um subterfúgio, porém, mais de curto prazo e deixa os investidores à mercê da empresa decidir se depois volta a vender os papéis no mercado, diluindo novamente todo mundo.

Para Daronco, da Suno, as empresas estão olhando mais a recompra, principalmente porque foi algo visto no mercado americano em 2018, após a reforma tributária promovida pelo governo de Donald Trump. “Nos EUA isso é bastante comum, a recompra de ações, e vejo com bons olhos. Muitas vezes esse movimento significa que a ação está barata e, se as pessoas que estão liderando a empresa acreditam que é um bom preço diante das oportunidades que a empresa está construindo, pode ser um bom sinal para o acionista. As pessoas que estão lá dentro da empresa são as que mais sabem a situação da companhia”, aponta.

De fato, estamos vendo uma onda grande de empresas anunciando recompra de suas ações, como a BR Malls, grupo de shopping centers, que anunciou a recompra de até 42,1 milhões de ações e a SLC Agrícola, que tem a intenção de comprar de volta 2 milhões de ações. No início do mês, a Itaúsa comunicou que, em agosto, adquiriu 1,750 milhão de ações preferenciais (PN) e muito mais ainda será comprado, conforme plano anunciado em fevereiro.

Uma reportagem do Valor Econômico do início do mês mostra que, em agosto, 17 companhias anunciaram que pretendem recomprar parte de suas ações em circulação no mercado. De janeiro a agosto, foram abertos 60 programas de recompra, segundo levantamento feito no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Em todo o ano passado foram 75.

Mas ainda é muito difícil saber se é uma tática que as empresas estão usando para se antecipar ao imposto ou porque acreditam que as ações estão baratas. Até o dia 23 de setembro, o Ibovespa, por exemplo, perde 4,16% no ano e 3,97% só neste mês.

 

CEvergrande, a montadora mais valiosa da China sem vender um único carro

 O risco de calote da gigante imobiliária chinesa Evergrande vem causando temores e derrubando bolsas globais ALY SONG/REUTERS

 Valor de mercado da Evergrande Auto chegou a R$ 462 bilhões.

Evergrande Group da China, incorporadora hoje à beira da falência, fez muitos esforços ao longo dos anos para ramificar seus negócios além dos imóveis, mas o mais impressionante é como ela conseguiu manipular os mercados de capital com as histórias que criou.

Uma dessas histórias é a Evergrande como fabricante de carros de novas energias. O valor de mercado do China Evergrande New Energy Vehicle Group (Evergrande Auto), que ainda não vendeu um único carro, chegou a 674,1 bilhões de dólares de Hong Kong (US$ 86,6 bilhões, cerca de R$ 462 bilhões), tornando-a não apenas a mais valiosa empresa listada em Bolsa na China, como também duas vezes mais valiosa que sua matriz, a Evergrande —apesar de a Evergrande ter vendido trilhões de iuanes em imóveis residenciais nos últimos 20 anos.

Mas os tempos mudaram. A Evergrande Auto está avaliada hoje em 30 bilhões de dólares de Hong Kong (HK$), cerca de 4% de seu pico. Na terça-feira (21), a companhia concedeu 323,72 milhões de opções de ações no valor de HK$ 1,26 bilhão (R$ 870 milhões) para três diretores e cerca de 3.180 funcionários da companhia, segundo um documento enviado à Bolsa de Valores de Hong Kong.

 As pessoas que mais lucraram com as histórias da Evergrande são seu fundador, Hui Ka Yan, e seus amigos. Por exemplo, uma pessoa do círculo de Hui comprou 80 milhões de ações do Evergrande Health Industry Group —antecessor da Evergrande Auto antes que ela fosse rebatizada para servir a seu novo propósito— por HK$ 0,3 cada, antes de vendê-las todas por HK$ 50 a ação, segundo a agência de notícias Caixin. O negócio rendeu para o investidor mais de HK$ 4 bilhões.

Encorajado por esse sucesso disparado, o amigo de Hui também participou de colocação privada da Evergrande Auto, mas descobriu que sua sorte tinha mudado, segundo a Caixin. Ele continuou comprando ações enquanto o preço caía, mas acabou sendo forçado a vendê-las com prejuízo.

O objetivo principal da Evergrande Auto era levantar capital para o grupo Evergrande. A matriz alegou que tinha investido 47,4 bilhões de iuanes (R$ 39,34 bilhões) em seu negócio de automóveis, mas alguns analistas acreditam que o grosso desse investimento veio do mercado, e não da própria Evergrande.

"A Evergrande Auto tinha levantado 30 bilhões de iuanes em duas rodadas. O que significa que a companhia usou principalmente dinheiro de investidores —em vez de seu próprio capital— para investir, e conseguiu ganhar um alto valor de mercado (para a companhia de carros). Consequentemente, com suas ações (da companhia de carros) a um preço elevado, ela poderia usá-las como garantia para levantar ainda mais dinheiro", disse um analista.

Conforme a história da Evergrande Auto se desdobrou, a trama focou em fusões e aquisições, não na fabricação de carros. Em setembro de 2018, a Evergrande comprou uma grande participação no Xinjiang Guanghui Industry Investment Group por 14,5 bilhões de iuanes (R$ 12 bilhões), tornando-se a segunda maior acionista da empresa. Esse negócio trouxe as vendas de carros para o noticiário porque o Guanghui Industry Investment é um acionista do China Grand Automotive Services Group, uma das maiores revendedoras de automóveis do país. Essa narrativa nunca chegou a lugar nenhum, entretanto. Em 2019, a Evergrande, sem caixa, vendeu sua participação no Guanghui Industry Investment para a gigante de energia estatal Shenergy Group por 14,85 bilhões de iuanes (R$ 12,267).

Em janeiro de 2019, a antecessora da Evergrande Auto, Evergrande Health, do setor de saúde, adquiriu 51% da National Electric Vehicle Sweden (Nevs) por US$ 930 milhões (R$ 4,969 bilhões). Hui, cujo nome em Mandarim é Xu Jiayin, fechou o negócio rapidamente, talvez porque precisasse reforçar as credenciais de montadora da Evergrande depois que sua decisão de colaborar com o empresário cercado de polêmicas Jia Yueting no projeto de carro elétrico Faraday Future (FF) deu errado. Sem o FF, Xu precisava de algo para dar alguma substância à identidade da Evergrande como fabricante de carros, e a Nevs era bem apropriada. Deu certo. Depois que comprou uma parte da Nevs, o preço da Evergrande Health disparou.

O aumento dessas ações se deve em parte ao fato de elas estarem concentradas nas mãos de relativamente poucos acionistas. Em 9 de agosto de 2020, a companhia recebeu uma advertência da Comissão de Securities e Futuros de Hong Kong sobre alta concentração em sua propriedade. A conclusão da comissão sugeria que em 5 de agosto de 2020 um grupo de 18 acionistas detinha 19,83% das ações emitidas pela companhia. Junto com as 74,99% de ações emitidas em posse da companhia, essa participação representava 94,82% do total de ações da empresa. Só 5,18% das ações emitidas pela Evergrande estavam em posse de outros acionistas da companhia.

O acordo para assumir uma participação majoritária no Fangchebao Group oferece mais evidências das técnicas financeiras da Evergrande. Ela adquiriu uma participação de 51% nas mais de 40 mil lojas físicas da Fangchebao por meio de uma troca de ações. Dessa maneira, a Evergrande não teve de pagar dinheiro pelo negócio, para o qual atraiu a Fangchebao prometendo uma oportunidade de abrir o capital. Em consequência, a Evergrande adquiriu ativos valiosos com um investimento aproximado de 1 bilhão de iuanes (R$ 826,1 milhões) para cobrir a reforma das lojas e custos de integração do sistema. No final de 2020, os ativos totais e líquidos da Fangchebao chegavam a 4,7 bilhões e 3,1 bilhões de iuanes, respectivamente (R$ 3,9 bilhões e R$ 2,57 bilhões).

Em 29 de março de 2021, a Fangchebao trouxe 17 investidores estratégicos e levantou um total de HK$ 16,35 bilhões (R$ 11,28 bilhões). Esses investidores teriam uma participação de 10% na companhia ao concluir o negócio, elevando a avaliação pré-financiamento da Fangchebao para HK$ 163,5 bilhões. Esse negócio teria uma parte dos fundos levantada por meio da venda de ações existentes, com o restante levantado pela emissão de novas ações. A Fangchebao emitiu 651 milhões de novas ações para investidores, enquanto a Evergrande pretendia vender 651 milhões de ações existentes aos investidores.

Dessa maneira, a Evergrande conseguiu aumentar o valor de mercado da Fangchebao para HK$ 163,5 bilhões (R$ 112,21 bilhões) em um ano e embolsar HK$ 8,175 bilhões (R$ 5,610 bilhões) com a venda de suas ações da companhia.

Uma pergunta agora é como a Evergrande conseguiu fazer os investidores entrarem no negócio da Fangchebao?

Um investidor institucional que participou do negócio disse que o segredo foi a promessa de recompra pela Evergrande. "O que nós valorizamos foi seu mecanismo de ajuste da avaliação", disse o investidor. "Se a Fangchebao não abrisse o capital em um ano, a Evergrande compraria de volta nossas ações com um prêmio de 15% em relação ao preço de mercado predominante. Pelo menos, através desse mecanismo, nós poderíamos recuperar nosso dinheiro."

O investidor também indicou que outra companhia sob o guarda-chuva da Evergrande, a Evergrande Property Services Group, conseguiu entrar na Bolsa muito rapidamente, o que deu aos investidores confiança de que tinham uma saída potencial do negócio que não era muito distante.

 Alguns outros investidores também acreditavam que a Evergrande poderia forçar a avaliação da Fangchebao, mas queriam que a companhia continuasse privada. "A Fangchebao, que vendia carros e casas, era apenas uma história. Mas nós acreditamos que a Evergrande não entraria em grandes problemas em um ano (e conseguiria restituir o dinheiro). Foi por isso que investimos. No entanto, a Fangchebao era uma empresa de qualidade relativamente baixa, muito pior que a Evergrande Property Services. No caso da Fangchebao, era melhor não abrir o capital. Seria mais problemático depois da abertura, porque seu mau desempenho seria de conhecimento público", disse um investidor.

Muitas instituições compraram ações da Fangchebao porque acreditaram que a Evergrande era "grande demais para falir" —pelo menos não por mais um ano.

"No ano passado, quando a Evergrande transformou um investimento estratégico em ações ordinárias, o preço de seus títulos despencaram", disse um investidor institucional. "Naquela época, especulamos que ela não iria à falência, por isso compramos mais e acabamos ganhando muito dinheiro. Em comparação, um tempo atrás, os preços dos títulos da China Fortune Land Development (outra grande empresa imobiliária) também caíram de forma significativa, mas nós não compramos nada porque sentimos que Ping An (um grande acionista da China Fortune Land) não viria socorrer."

A história da Evergrande é sobre crescer com as tendências, ou é na verdade sobre pegar dinheiro para sustentar sua unidade imobiliária cheia de dívidas, o Evergrande Real Estate Group?

"Essencialmente, a Evergrande reduziu a proporção de dívida em seu balanço em duas áreas: sua filial de automóveis e a Fangchebao. Com a alta valorização desses ativos, ela conseguiu levantar uma grande quantia", explicou um veterano do setor. "A intenção final da Evergrande era conseguir mais terrenos sob o disfarce de fabricar carros, e então usar a terra para ganhar dinheiro."

Parafraseando Warren Buffet: só quando a maré baixa você descobre quem estava nadando nu. Com o declínio dos preços da habitação e a implementação da política de três linhas vermelhas —que estipula um teto de 70% para a proporção dívidas-ativos de uma empreiteira, um teto de 100% para sua proporção de dívida líquida-ações e dinheiro para cobrir empréstimos de curto prazo—, as "técnicas financeiras" surpreendentes não são mais a panaceia para os crescentes custos operacionais da Evergrande. A antiga gigante imobiliária da China está afogada em dívidas.

Os ativos pessoais de Xu também vêm mudando silenciosamente. Há pouco tempo, a mansão num morro onde ele mora em Hong Kong foi transferida para novo proprietário.

A Evergrande parecia ser generosa com seus investidores. De 2011 a 2020, pagou dividendos todos os anos. A quantia total desembolsada supera 114,2 bilhões de iuanes (R$ 94,79 bilhões), com a proporção de pagamento de dividendos mantida em 50%, muito mais alta que a de outras gigantes imobiliárias chinesas.

Mas para quem eram pagos esses dividendos generosos? Em junho de 2021, Hui, sua mulher, Ding Yumei e parentes detinham 76,7% dos 13,248 bilhões de ações negociadas publicamente da Evergrande. Em outras palavras, 53 bilhões de iuanes dos 69 bilhões que a Evergrande pagou em dividendos desde que abriu o capital acabaram nos bolsos de Hui e sua família (Folha de S.Paulo, 26/9/21)

China proíbe todas as transações em criptomoedas

 Bitcoin e outras criptomoedas estão associadas a crimes e fraudes na China e outros países

Pequim torna ilegais operações financeiras envolvendo Bitcoin, Ethereum, e outras moedas virtuais. Medida fecha lacunas que ainda permitiam o uso de plataformas estrangeiras.

 O Banco Popular da China declarou nesta sexta-feira (24/09) a ilegalidade de todas as transações financeiras envolvendo criptomoedas como Bitcoin, Ethereum e outras. O regime chinês acusa esses instrumentos de desestabilizarem o sistema financeiro e de serem utilizados em práticas de lavagem de dinheiro e outros crimes.

"Transações de derivados em moedas virtuais são atividades financeiras ilegais e estão estritamente proibidas”, afirmas o Banco Popular chinês, que atua como o banco central do país, em seu website. O valor da Bitcoin despencou mais de 9% nas primeiras horas após o anuncio. O mesmo como ocorreu com outras criptomoedas, as quais não podem ser rastreadas, o que impede que sejam reguladas.  O Bitcoin registrou queda de quase 6% nesta sexta-feira após o anúncio chinês.

Os bancos chineses foram proibidos de utilizarem as moedas virtuais em 2013.  Mas operadores chineses encontraram lacunas e continuaram a investir em criptomoedas, usando plataformas estrangeiras. Agora, bolsas estrangeiras estão proibidas de fornecer serviços a investidores no país via Internet.

O fato de o governo ter emitido essa alerta este ano sugere que as autoridades estariam preocupadas com a chamada "mineração” das criptomoedas – processo usado para verificar transações entre os usuários em uma rede descentralizada – e sua comercialização, que possivelmente ainda estaria ocorrendo.

Ou ainda, é possível que o sistema financeiro administrado pelo estado esteja indiretamente exposto a riscos. Analistas temem a proliferação de investimentos ilícitos e arrecadação de fundos através dessas moedas na segunda maior economia do mundo, que possui regras rígidas sobre o fluxo de capital.

Os defensores das criptomoedas dizem que elas permitem a anonimidade e flexibilidade, mas os reguladores chineses se preocupam com um possível enfraquecimento do controle sobre o sistema financeiro por parte do regime comunista, além do acobertamento de atividades criminosas.

Em junho, autoridades chinesas afirmaram que mais de mil pessoas já haviam sido presas por usarem os lucros obtidos com crimes para comprar criptomoedas.

China prepara yuan virtual

O Banco Popular da China desenvolve uma versão virtual da moeda oficial do país, o yuan, para transações sem dinheiro vivo, que possam ser controladas e rastreadas.

Agências reguladoras de outros países alertam com frequência cada vez maior que as criptomoedas exigem maior supervisão. Nos Estados Unidos, o presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), Gary Gensler, diz que os investidores precisam de mais proteção no mercado das moedas virtuais, que ele diz ser "repleto de fraudes, golpes e abusos”.

A SEC já ganhou na Justiça dezenas de casos contra "criptofraudadores”, mas, segundo Gensler,  a agência ainda precisa que o Congresso aprove mais autoridades e financiamentos para regular adequadamente o mercado (DW, 24/9/21)

Ibovespa fecha em queda de 0,69%, aos 113.282 pontos;dólar sobe a R$ 5,3433

Nesta sexta-feira, o principal índice da bolsa caiu 0,69%, aos 113.282 pontos. A semana na bolsa termina com alta de 1,65%.

O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em queda nesta sexta-feira (24), diante de dados que mostram que a inflação continua pressionando os preços, e da decisão da China de declarar ilegais todas as transações financeiras com criptomoedas.

O Ibovespa encerrou o dia em baixa de 0,69%, aos 113.282 pontos. 

.Na quinta-feira, o principal índice da bolsa subiu 1,59%, aos 114.064 pontos. Com o resultado de hoje, a semana na bolsa termina com alta de 1,65%. No mês, a perda é de 4,63%. No ano, é de 4,82%.

Dólar

O dólar fechou em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,3433, nesta sexta-feira (24), no maior patamar em um mês frente ao real, após o IBGE mostrar que a inflação acelerou mais do que o esperado em setembro, chegando a 10,05% no acumulado em 12 mesesNa semana, o avanço foi de 1,07% (g1, 24/9/21)

 

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