Notícias do setor
04/10/2021
Notícias do Setor

Portaria altera diretrizes de leilão de capacidade

Entre as mudanças feitas pelo MME está a contratação de potência associada à energia inflexível apenas de novas usinas

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA (DF)

O Ministério de Minas e Energia excluiu usinas térmicas existentes com inflexibilidade operativa anual de até 30% da contratação de potência associada à energia negociada no leilão de reserva de capacidade de 21 de dezembro de 2021. A alteração na portaria com as diretrizes do certame foi publicada no Diário Oficial da União da última quinta-feira, 30 de setembro.

Portaria Normativa no. 27 determina que os contratos de venda de energia a serem negociados no certame não terão os mesmos critérios de reajuste tarifário definidos para os contratos de energia nova do mercado regulado (CCEARs).

O MME também estendeu o prazo para que os empreendedores que requererem o cadastramento e a habilitação técnica à Empresa de Pesquisa Energética informem os parâmetros e preços que formam a parcela do Custo Variável Unitário e a Inflexibilidade Operativa. A data final passou das 12h de 22 de setembro para até 12h do dia 13 de outubro.

Para fins de programação da operação e contabilização no mercado de curto prazo, o CVU declarado incluirá o combustível e demais custos variáveis de operação e manutenção, incorridos na geração de energia flexível, em R$/MWh.

Excepcionalmente para o Leilão de Capacidade de 2021, não se aplica o prazo de até 180 dias antes do certame para apresentação à EPE de Licença Prévia, Licença de Instalação ou Licença de Operação emitida pelo órgão ambiental. A LP, LI ou LO devem ser protocoladas até o dia 14 de outubro.

Não serão habilitados pela estatal empreendimentos existentes que tenham contratos de venda de energia registrados na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica vigentes após julho de 2026.

Novas instalações de transmissão arrematadas em leilões realizados até o mês do término do cadastramento e com previsão de operação anterior ao início de suprimento dos contratos serão consideradas como capacidade de escoamento de geração para fins de classificação dos lances do leilão.  No cálculo da garantia física de energia, será adotado como referência o Programa Mensal de Operação de setembro de 2021.

CCEE aprova novo parcelamento para repactuação do GSF

Geradoras poderão realizar pagamento de seus passivos em até 12 prestações; Total represado soma R$ 1,25 bilhão entre 72 hidrelétricas

DA AGÊNCIA CANALENERGIA

A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aprovou a proposta de parcelamento para auxiliar os agentes que ainda devem quitar seus débitos relacionados ao risco hidrológico. Esse é mais um passo para que o setor solucione definitivamente o entrave causado pela judicialização do GSF.  Para solicitar o parcelamento, o agente precisará apresentar a comprovação do pedido de repactuação e aceitar os critérios definidos pela CCEE.

As empresas que aderirem à proposta de repactuação da Aneel e desistirem das ações judiciais relativas ao tema poderão optar pelo pagamento dos seus passivos em até 12 prestações, dentre outras condições. “Nosso objetivo é oferecer às geradoras mais uma alternativa para que possam aceitar o acordo com o órgão regulador. Já está mais do que na hora de nos livrarmos dessa preocupação com o GSF, para que tenhamos cada vez mais foco no futuro do mercado”, destaca o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri em nota.

Atualmente, após os resultados da última liquidação do MCP, referente a julho de 2021, o total represado em função das decisões judiciais soma R$ 1,25 bilhão, composto pelos valores de 72 hidrelétricas. Desde o mês de janeiro que a CCEE vem registrando antecipações de agentes com os débitos em aberto que chegou a ser de mais de R$ 10 bilhões. Do total em aberto, 80% está concentrado em 22 agentes, sendo 36% centralizado naqueles com os cinco maiores montantes.

'Recado da China é de menos crescimento'

A economista do Departamento Econômico do Bradesco, Fabiana D’Atri, falou na Live do Valor sobre o país asiático

Por Olívia Bulla — São Paulo 

É essa a mensagem que o país passa quando se digere o noticiário recente, envolvendo crise de energia, regulação das big techs e incorporadora endividada. “O recado principal é menos crescimento”, resumiu a economista do Departamento Econômico do Bradesco, Fabiana D’Atri, na Live do Valor de ontem.

 

OPEP + deve rolar política de produção de petróleo em meio à incerteza de COVID, dizem fontes

Por Alex Lawler e Olesya Astakhova , Ahmad Ghaddar

LONDRES, 4 de outubro (Reuters) - A OPEP e seus aliados devem manter um acordo existente para elevar a produção em 400.000 barris por dia (bpd) de petróleo em novembro, disseram três fontes da OPEP + na segunda-feira, enquanto avaliam a ameaça de novos coronavírus surgem contra os apelos dos consumidores por petróleo mais barato.

O benchmark Brent subiu 50% até agora este ano, subindo acima de US $ 80 o barril no mês passado e sendo negociado em torno de US $ 79 na segunda-feira, apoiado por interrupções no fornecimento e um pico de demanda enquanto a economia global se recupera das profundezas da pandemia.

Ministros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, Rússia e seus aliados, conhecidos como OPEP +, devem se reunir online às 13h GMT. Um painel ministerial OPEP + que monitora a evolução do mercado, conhecido como JMMC, se reúne antes disso.

"Há pedidos de mais um aumento de produção por parte da OPEP +", disse uma das fontes à Reuters. "Estamos com medo da quarta onda de corona, ninguém quer fazer grandes movimentos."

A OPEP + concordou em julho em aumentar a produção em 400.000 bpd todos os meses até pelo menos abril de 2022 para eliminar gradualmente 5,8 milhões de bpd dos cortes de produção existentes.

"O mais razoável é adicionar 400.000 bpd, não mais", disse outra fonte. Um terceiro também disse que este era o resultado mais provável, mas deixou espaço para um possível aumento.

Fontes disseram na semana passada que os produtores da OPEP +, que concordaram durante uma reunião anterior sobre os níveis de produção de outubro, estavam considerando adicionar mais do que o acordo previsto, mas nenhum indicou quantidades ou sugeriu um prazo. consulte Mais informação

Um assessor do presidente dos EUA Joe Biden se encontrou com o príncipe saudita Mohammed bin Salman na Arábia Saudita para tratar de uma série de questões na semana passada, dizendo que o petróleo era "motivo de preocupação". A Índia, outro grande consumidor de petróleo, tem pressionado por mais oferta. consulte Mais informação

 

Origem dos Pandora Papers que inclui Paulo Guedes e empresários brasileiros

PAULO GUEDES GETTY IMAGES

Legenda: De acordo com reportagens do consórcio, Paulo Guedes aparece como dono de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal. Getty Images

Reportagens baseadas em um megavazamento de informações sobre empresas offshore começaram a ser publicadas neste domingo (3/10) por veículos que fazem parte do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ). No Brasil, participam do grupo a revista Piauí, a Agência Pública e os portais Metrópoles e Poder 360.

As reportagens revelaram, até agora, que empresários brasileiros e políticos como o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, são sócios de offshores localizadas em paraísos fiscais. Mas qual é a origem desse mega-vazamento?

A origem do vazamento do Pandora Papers não foi revelada pelo ICIJ. A entidade é uma organização sem fins lucrativos baseada em Washington-DC, nos Estados Unidos, e reúne jornalistas de centenas de países. O que se sabe até agora é que os dados chegaram à entidade há mais de um ano e, desde então, profissionais ligados ao grupo trabalharam na estruturação dos dados para que eles pudessem ser analisados. Essa fase demorou, em parte, porque os documentos estavam em diversos idiomas e em formatos que dificultavam a análise.

Segundo o consórcio, o vazamento envolveu 11,9 milhões de arquivos entre documentos, e-mails, planilhas e outros tipos de dados. No Panamá Papers, de 2017, foram 11,5 milhões de arquivos.

A principal diferença entre o Pandora Papers e outros megavazamentos de dados de offshores é a quantidade de fontes responsáveis pelas informações. Para abrir uma offshore, normalmente, os interessados procuram empresas especializadas nesse serviço. No caso do Panamá Papers, por exemplo, os dados vazados tinham como origem apenas um escritório, o agora extinto Mossack Fonseca. As informações do Pandora Papers são oriundas de 14 fontes diferentes.

Empresas offshore são um mecanismo antigo usado por pessoas físicas ou jurídicas do mundo inteiro. Elas podem ser utilizadas para os mais diversos fins: investimentos, compra de bens, entre outros. Especialistas em finanças, porém, alertam que esse tipo de empresa também é usada para ocultar recursos de origem ilícita como tráfico de drogas e corrupção, ou simplesmente evitar a cobrança de impostos nos países onde os seus beneficiários efetivamente atuam.

Como a maior parte delas é aberta em países conhecidos como "paraísos fiscais", o monitoramento desses ativos é considerado fraco. Informações sobre quem são os donos e os valores mantidos nesse tipo de empresa, quase sempre, só vêm à tona por meio de vazamentos como o que deu origem a outros projetos como o Panamá Papers e o Paradise Papers, também conduzidos pelo ICIJ.

O que o Brasil tem a ver com isso?

Segundo reportagem do portal Metrópoles, que integra do ICIJ, o Brasil é o quinto país com o maior número de pessoas citadas no Pandora Papers. Entre eles estão sócios ou donos de de algumas das maiores empresas do Brasil. Na lista também há políticos como ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Também foram identificados empresários investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em inquéritos que apuram a disseminação de notícias falsas.

No Brasil, ter uma empresa offshore não é crime, desde que seu saldo seja declarado à Receita Federal. Entretanto, de acordo com o Código de Conduta da Alta Administração Federal, funcionários públicos do alto escalão não podem manter investimentos no Brasil ou no exterior que possam ser afetados por decisões que eles venham a tomar em seus cargos. A vedação é para evitar conflitos de interesse.

Guedes e Campos Neto fazem parte do Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão responsável por emitir resoluções sobre temas relacionados a ativos mantidos no exterior. Além disso, os dois têm acesso a informações sensíveis relacionadas a flutuações nas taxas de câmbio e variação nas taxas de juros.

De acordo com reportagens do consórcio, Paulo Guedes aparece como dono de uma empresa offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um conhecido paraíso fiscal. Segundo uma reportagem publicada pela revista Piauí (que também integra o grupo), em 2014, a empresa de Paulo Guedes tinha um saldo de US$ 8 milhões. Em janeiro de 2019, quando ele assumiu o cargo de ministro da Economia, a empresa tinha um saldo de US$ 9,5 milhões.

Em nota enviada à BBC News Brasil, a assessoria de Paulo Guedes afirma que as atividades privadas dele anteriores à sua posse como ministro foram informadas aos órgãos competentes.

"Toda a atuação privada do ministro Paulo Guedes, anterior à investidura no cargo de ministro, foi devidamente declarada à Receita Federal, Comissão de Ética Pública e aos demais órgãos competentes, o que inclui a sua participação societária na empresa mencionada", diz trecho da nota enviada.

A nota disse ainda que a atuação de Guedes "sempre respeitou a legislação aplicável e se pautou pela ética e pela responsabilidade".

 O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, diz que não fez nenhuma remessa de recursos ao exterior depois de assumir o cargo atual e que, desde então, não faz parte da gestão das suas empresas. Getty Images

Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é, segundo a mesma reportagem, é dono de quatro empresas offshore em paraísos fiscais como o Panamá e as Ilhas Virgens Britânicas. Uma delas chegou a ser fechada em 2020, quando ele já estava no comando do órgão.

A assessoria de imprensa de Campos Neto enviou nota à BBC News Brasil afirmando que todo o seu patrimônio, no país e no exterior, foi declarado à Comissão de Ética Pública da Presidência da República, Receita Federal e ao Banco Central.

A nota diz ainda que Campos Neto não fez nenhuma remessa de recursos ao exterior depois de assumir o Banco Central e que, desde então, não faz parte da gestão das suas empresas.

Pandora Papers no exterior

Não foi apenas no Brasil que o Pandora Papers identificou políticos como proprietários ou beneficiários de empresas offshore. De acordo com o consórcio, ao todo, 35 líderes o ex-líderes de países em todo o mundo e outros 300 agentes públicos aparecem nos documentos vazados.

Entre as outras revelações feitas pelo consórcio estão informações sobre o uso de empresas offshore pelo ex-primeiro ministro britânico Tony Blair para a compra de um escritório em Londres e a fortuna avaliada em US$ 94 milhões do rei Abdullah Il bin Al-Hussein, da Jordânia, em propriedades nos Estados Unidos e no Reino Unido (BBC Brasil, 3/10/21)

 

Pandora Papers: como os poderosos escondem sua riqueza

Vazamento de documentos lança luz sobre uso de paraísos fiscais por políticos e empresários para escapar de impostos e ocultar riqueza. Ministro Paulo Guedes e líderes da Jordânia e Azerbaijão são citados.

Milhões de documentos vazados de escritórios administradores de offshores jogaram luz sobre os segredos financeiros de políticos - incluindo líderes mundiais -, ministros, empresários e celebridades que usam paraísos fiscais para movimentar secretamente grandes somas de dinheiro e assim escapar de impostos e do olhar da opinião pública, ou, em alguns casos, ocultar fortunas obtidas ilegalmente.

Uma investigação com base no vazamento, realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) em conjunto com 150 veículos de notícias - incluindo a DW - revela que mais de 330 políticos de alto escalão e agentes públicos em todo o mundo têm vínculos com contas e empresas offshore.

Os milhões de documentos vazados e examinados pela maior parceria jornalística mostram até que ponto as operações offshore secretas estão emaranhadas na política financeira global, algumas vezes beneficiando justamente personagens que denunciam esses mecanismos.

Os ministros das finanças do Paquistão e Holanda têm laços com empresas offshore, assim como ex-ministros das finanças de Malta e da França - incluindo o ex-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) Dominique Strauss-Kahn.

 No caso do Brasil, o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, aparecem ligados a offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e no Panamá. No caso de Guedes, segundo a revista Piauí, trata-se de um offshore que continuou ativa mesmo depois de o economista assumir um cargo-chave no governo.

De acordo coma publicação, Guedes aportou na conta offshore entre 2014 e 2015 US$ 9,55 milhões (valor que no câmbio atual corresponde a R$ 51 milhões). O ministro respondeu de modo vago aos questionamentos da revista, afirmando que "sua atuação sempre respeitou a legislação aplicável e se pautou pela ética e pela responsabilidade".

Hipocrisia

De acordo com o ICIJ, os Pandora Papers mostram que detentores do poder que poderiam ajudar a pôr fim ao sistema offshore estão se beneficiando dele - escondendo ativos e fundos em empresas secretas enquanto seus governos fazem pouco para desacelerar um fluxo global de dinheiro ilícito que enriquece criminosos e empobrece nações.

O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair, por exemplo, denunciou a evasão fiscal por décadas, mas os vazamentos revelam que ele e sua esposa adquiriram um prédio de US$ 8,8 milhões por meio de uma empresa imobiliária offshore da família do ministro do Turismo de Bahrein, Zayed bin Rashid al-Zayani.

Ao comprar as ações da empresa offshore detentora do imóvel - e não o prédio diretamente - Blair e sua esposa, Cherie, conseguiram evitar o pagamento de impostos sobre transações imobiliárias que poderiam chegar a US$ 400.000.

Tanto os Blairs quanto os al-Zayanis disseram que inicialmente não sabiam sobre o envolvimento um do outro no negócio. Cherie Blair disse que seu marido não se envolveu diretamente na transação. 

O primeiro-ministro tcheco Andrej Babis, um bilionário que chegou ao poder em 2017 com a promessa de combater a corrupção, também é citado nos Pandora Papers.

Os registros vazados mostram que, em 2009, Babis injetou US$ 22 milhões em uma série de empresas de fachada para comprar uma mansão com duas piscinas e um cinema na Riviera Francesa, perto de Cannes. O site Investigace.cz apontou que as empresas offshores e a residência não estavam listadas nas declarações de bens que Babis apresentou quando se candidatou. Babis não respondeu aos questionamentos enviados pela imprensa.

Ex-repúblicas soviéticas

O presidente da Ucrânia,  Volodimir Zelenski, também possuía uma participação em uma empresa de fachada registrada nas Ilhas Virgens Britânicas. Um mês antes de sua vitória na eleição presidencial de abril de 2019, o ator que virou político silenciosamente vendeu suas ações da Maltex Multicapital Corp.  para Serhiy Shefir, um amigo próximo.

Um documento de junho de 2019 mostra que Shefir, um importante assessor presidencial que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em setembro, manteve sua participação na Maltex Multicapital Corp depois de ingressar no governo de Zelenski.

Shefir e Zelenski não responderam aos questionamentos dos parceiros do ICIJ.

O presidente russo, Vladimir Putin, que regularmente é acusado de manter uma fortuna secreta, não aparece nos arquivos dos Pandora Papers. Mas vários amigos próximos do presidente constam nos vazamentos, incluindo seu melhor amigo de infância - o falecido Petr Kolbin - a quem os críticos apelidavam de "a carteira de Putin".

Membros da família e pessoas próximas do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, também aparecem envolvidos com empresas offshore que realizaram negócios imobiliários no Reino Unido que movimentaram mais de 400 milhões de libras.

Líderes africanos, realeza árabe

Já o presidente Uhuru Kenyatta, que vem de uma das dinastias políticas mais conhecidas do Quênia, liderou uma campanha em 2013 com discursos anticorrupção e por mais transparência na política. Mas registros vazados mostram que Kenyatta e sua mãe são beneficiários de uma fundação secreta sediada no Panamá.

Outros membros da família, incluindo três irmãos, possuem cinco empresas offshore com ativos no valor de mais de US$ 30 milhões, de acordo com os registros.

Os Pandora Papers revelam os verdadeiros proprietários de mais de 29.000 empresas offshore. Algumas dessas empresas são usadas para ocultar contas bancárias secretas, jatos particulares, iates, mansões e obras de arte de artistas como Picasso e Banksy.

O rei Abdullah II da Jordânia, por exemplo, comprou em 2011 três mansões à beira-mar por US$ 68 milhões em Malibu, nos EUA, usando empresas offshore justamente quando seu país passava pela Primavera Árabe, quando os jordanianos foram às ruas para protestar contra a corrupção e o desemprego.

Ao todo, o rei  aparece ligado a 30 empresas que adquiriram 14 propriedades de luxo nos EUA e Reino Unido por mais de US$ 106 milhões.

Os documentos secretos também revelaram que a princesa Lalla Hasnaa do Marrocos é proprietária de uma empresa de fachada que adquiriu uma casa de US$ 11 milhões em Londres. Hasnaa fez a compra com fundos da família real marroquina, de acordo com os documentos, que indicaram sua ocupação como "Princesa".

Mohammed bin Rashid Al Maktoum, o primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos e emir de Dubai, era acionista de três empresas registradas em paraísos fiscais.

Já o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, continua a usar empresas offshore para fazer investimentos e administrar seu patrimônio. A investigação do Panama Papers já havia revelado que seu super iate de US$ 300 milhões era controlado por meio empresas offshore.

Celebridades

A cantora colombiana Shakira e a ex-estrela idiana do críquete Sachin Tendulkar, também são nomes ligados a ativos offshore. O advogado de Shakira disse que as contas offshore da cantora foram declaradas e que não oferecem nenhuma vantagem fiscal. O advogado de Tendulkar disse que o investimento do jogador de críquete é legítimo e foi declarado às autoridades fiscais.

Mais de 130 bilionários expostos

O líder populista tcheco Babis não é o único bilionário com negócios em paraísos fiscais: mais de 130 empresários da Turquia, Rússia, Índia, Estados Unidos, México, entre outras nações, têm laços com contas offshore.

O bilionário e magnata da construção turco Erman Ilicak tinha ligações com duas empresas offshore - registradas em nome de sua mãe em 2014. Ambos detinham ativos do conglomerado de construção da família.

Uma delas, a Covar Trading Ltd., obteve US$ 105,5 milhões em receitas de dividendos durante seu primeiro ano de operações. O dinheiro ficou guardado em uma conta na Suíça - mas não por muito tempo.

No mesmo ano, mostram documentos, a empresa direcionou quase todos o valor de US$ 105,5 milhões como uma "doação" listada em "despesas extraordinárias". As declarações não indicam quem recebeu o dinheiro. Ilicak não respondeu aos questionamentos do ICIJ.

A empresa do magnata turco, a Rönesans Holding, foi responsável pela construção do palácio presidencial de 1.150 cômodos para o líder de seu país, Recep Tayyip Erdogan.

Por que os paraísos fiscais são problemáticos

Assim funcionam as empresas offshore: muitas vezes, por apenas algumas centenas de dólares, consultores podem ajudar os clientes a criar uma empresa offshore cujos verdadeiros proprietários permanecem em segredo.

E, por uma taxa de US$ 2.000 a US$ 25.000, eles podem estabelecer um fundo que, em alguns casos, permite que seus beneficiários controlem seu dinheiro, embora não sejam legalmente responsáveis por suas ações. Vários mecanismos também ajudam a proteger os ativos de credores, autoridades policiais, cobradores de impostos e ex-cônjuges.

Possuir contas ou empresas offshore e conduzir transações financeiras por meio de paraísos fiscais é perfeitamente legal em muitos países - mas a prática é cada vez mais encarada como problemática.

Muitas pessoas que usam essas empresas dizem que elas são necessárias para operar seus negócios com eficiência. Os críticos, no entanto, apontam que os paraísos fiscais e as operações offshore devem ser monitorados mais de perto para combater a corrupção, a lavagem de dinheiro e a desigualdade global.

De acordo com Gabriel Zucman, especialista em paraísos fiscais e professor associado de economia da Universidade de Berkeley, na Califórnia, o equivalente a 10% do PIB mundial é mantido em paraísos fiscais em todo o mundo.

Lakshmi Kumar, diretora da Global Financial Integrity, apontou que as táticas dos ricos para esconder dinheiro por meio da evasão fiscal têm um impacto direto na vida das pessoas. "Isso afeta o acesso de seu filho à educação, à saúde e à habitação", disse ela.

Devido à natureza complexa e secreta do sistema offshore não é possível saber a quantidade exata de riqueza que está ligada à evasão fiscal e outros crimes. E também saber qual foi o valor efetivamente declarado por detentores de empresas.

O montante total de dinheiro canalizado de países com taxas de impostos mais elevadas para paraísos fiscais com impostos significativamente mais baixos é desconhecido. No entanto, de acordo com um estudo de 2020 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), pelo menos US$ 11,3 trilhões são mantidos "offshore".

Os paraísos fiscais costumam despertar imagens de pequenas nações no Caribe, mas os Pandora Papers mostram que o sistema offshore opera em todo o mundo e em lugares como Cingapura, Holanda, Irlanda, Hong Kong e até mesmo alguns estados dos Estados Unidos.

Como o vazamento ocorreu e foi analisado?

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos obteve os 11,9 milhões de arquivos confidenciais e liderou uma equipe de mais de 600 jornalistas de 150 veículos de notícias que passaram dois anos examinando os documentos, rastreando fontes e vasculhando registros judiciais e públicos de dezenas de países.

Os dados vazados vêm de 14 firmas de serviços offshore de todo o mundo que abriram empresas de fachada para clientes que muitas vezes procuram manter suas atividades financeiras nas sombras.

Os Pandora Papers estão sendo revelados cinco anos após a investigação histórica do Panama Papers. Em 2016, as revelações deste último caso incentivaram operações policiais e levaram legisladores a aprovarem novas leis em dezenas de países. O caso ainda teve desdobramentos políticos, incluindo a queda dos primeiros-ministros da Islândia e do Paquistão (DW, 3/10/21)

 

Ibovespa encerra a semana conquistando alta de 1,73%

O Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, fechou a semana com alta de 1,73%. O índice encerrou a sexta-feira, 1, aos 112.899,64 pontos, enquanto o volume financeiro somou R$ 30,396 bilhões. No entanto, na semana, o indicador acumulou queda de 0,34%.

A Bolsa de Valores brasileira começou o mês de outubro tentando uma recuperação, após quedas relevantes que marcaram a semana. Os investidores se apoiaram em sinais de autoridades monetárias do Brasil e dos Estados Unidos amenizando temores sobre juros e inflação (Investimentos e Notícias, 1/10/21)

Dólar fecha em queda de 1,47%, a R$ 5,3696 DÓLAR

O dólar sofreu nesta sexta-feira a maior queda em três semanas e voltou a ficar abaixo de 5,40 reais, com operadores aproveitando a fraqueza da moeda no exterior para realizar lucros depois de a cotação cravar na véspera sete pregões de alta e fechar no pico em cinco meses. O dólar à vista caiu 1,47% nesta sexta-feira, a 5,3696 reais, maior desvalorização percentual diária desde 9 de setembro (-1,80%).

 O real dividiu com o rand sul-africano o posto de moeda com melhor desempenho global nesta sessão. O declínio do dólar no dia, contudo, apenas amenizou a alta acumulada na semana, que ficou em 0,47 [% nesta sexta-feira, a 5,3696 reais, maior desvalorização percentual diária desde 9 de setembro (-1,80%).

 O declínio do dólar no dia, contudo, apenas amenizou a alta acumulada na semana, que ficou em 0,47% --a quarta semana consecutiva de ganhos, série positiva mais longa desde a mesma sequência de quatro ganhos entre as semanas findas em 11 de setembro e 2 de outubro de 2020.

 Em 2021, o dólar sobe 3,43% (UOL, 1/10/21)

 

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