Dispositivo para a modernização do setor elétrico prevê o investimento em inovação das distribuidoras
ROBSON RODRIGUES, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO
Uma das contribuições para a modernização do setor elétrico proposta pelo Ministério de Minas e Energia é o tratamento para novas receitas das concessionárias. Segundo a pasta, entre os pontos alinhados com a pauta da modernização do setor elétrico entra o incentivo ao desenvolvimento de novos arranjos tecnológicos ou novos serviços, que terão prazo de dez anos para compor a modicidade tarifária.
Segundo o assessor da Secretaria-Executiva do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Takemitsu Simabuku, o tema está “alinhado com as discussões da modernização do setor elétrico, especialmente na questão da sustentabilidade da distribuição”. O assessor falou durante webinar promovido pelo MME nesta sexta-feira, 22 de outubro.
Para ele, o dispositivo incentivaria o investimento em inovação das distribuidoras e que poderia trazer benefícios no atendimento ao consumidor. Este tema vem sendo debatido nos Projetos de Lei PL 414 e 1917 que tratam da modernização do setor elétrico. A abertura do mercado pode gerar um problema nos contratos legados das distribuidoras e novas fontes de receita é um tema defendido por outros players.
Programa permitirá suspensão de pagamento de financiamentos por até 7 meses de empreendimentos como de Belo Monte, Teles Pires e do Rio Madeira
DA AGÊNCIA CANALENERGIA
A Eletrobras informou em comunicado ao mercado nesta sexta-feira, 22 de outubro, que o Conselho de Administração anuiu com a adesão por Sociedades de Propósito Específico de geração hidrelétrica, nas quais há participação acionária da Companhia ou de suas Controladas, ao programa de Stand Still, promovido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, com foco em empreendimentos hidrelétricos com capacidade instalada acima de 50 MW. Esse programa foi anunciado pelo BNDES em setembro de 2021 e está inserido entre as medidas emergenciais disponibilizadas ao mercado para o enfrentamento do cenário hídrico vigente.
A decisão envolve as SPEs Norte Energia S.A., Santo Antônio Energia S.A., Energia Sustentável do Brasil S.A., Companhia Hidrelétrica Teles Pires, Companhia Energética Sinop S.A. e Empresa de Energia São Manoel S.A., que poderão obter a suspensão temporária do pagamento de principal e juros no âmbito dos contratos de financiamentos diretos ou indiretos do BNDES por até 7 meses, abrangendo, de acordo com as regras do programa, um período que esteja compreendido entre os meses de setembro de 2021 e junho de 2022. Em 30 de junho, o saldo devedor das SPEs somava R$ 25,4 bilhões. No total, são 14 contratos, em que o maior saldo devedor está com a Norte Energia, de R$ 13,9 bilhões.
Segundo a Eletrobras, a medida contribuirá para que as SPEs preservem liquidez, diante do cenário de crise hídrica e possíveis desdobramentos negativos no setor elétrico, principalmente sobre inadimplência e efeitos de o GSF, que altera a garantia física no âmbito do Mecanismo de Realocação de Energia. O comunicado diz ainda que a operação não implicará em modificação nas taxas de juros dos contratos, além de que, durante o período de suspensão dos pagamentos, os juros incidentes sobre os financiamentos serão incorporados ao saldo devedor dos contratos, ficando os prazos de vencimento destas dívidas inalterados.
Privatização – A empresa comunicou ainda que está em fase de seleção do sindicato de bancos que ficará responsável pela estruturação da operação de follow on e de distribuição do volume de ações a ser emitido pela companhia. A Eletrobras lembrou que o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos determinou, por meio da resolução que aprovou a capitalização, que ficasse responsável por contratar os serviços técnicos especializados necessários a realização de oferta pública de ações.
Por Letícia Fucuchima — De São Paulo
O governo realiza hoje um leilão para contratar usinas que possam rapidamente oferecer energia nova para o sistema elétrico nacional, que neste ano entrou em situação de alerta com a grave escassez de chuvas.
Profissões: Flexibilidade e atualização são pré-requisitos fundamentais
Ser versátil, acompanhar as tendências do mercado e ter uma cultura de constante aprendizado são características essenciais para os candidatos às novas profissões. Para Luciano Montezzo, da 99Hunters, a carreira do futuro é desafiadora. “Antes, as habilidades não eram tão amplas. Hoje, o profissional precisa conhecer e estudar a fundo vários assuntos. Por isso, as pessoas precisam ser flexíveis para acompanhar o mercado.”
Gustavo Previatto, de 32 anos, é um exemplo dessa mudança provocada pela revolução tecnológica. Formado em Matemática, ele tinha planos de fazer mestrado e se tornar pesquisador ou professor da matéria. Mas sua vida tomou outros rumos quando conseguiu um estágio no Itaú. Ali, teve o primeiro contato com o mundo de tecnologia e dados.
O interesse pelo assunto o levou a estudar mais sobre esse universo. Sozinho, pesquisou materiais disponíveis na internet, aprendeu a programar e conseguiu um trabalho na Empiricus como analista de BI (inteligência de negócios). Hoje, ele é especialista em “machine learning” – profissional que programa, desenvolve e “treina” máquinas com capacidade de aprenderem de forma autônoma. “Valeu muito a pena mudar de carreira. Eu gosto e pagam bem”, diz Previatto.
Uma característica comum desses profissionais é o desapego e a facilidade em mudar estratégias e o rumo do trabalho. A cientista de computação Daniela Canuta, de 32 anos, pretendia fazer um mestrado, mas largou tudo e foi fazer um curso de big data. Hoje, ela trabalha na startup Olívia como engenheira de inteligência artificial e de “machine learning”. “Essa é a profissão do futuro, pois quase tudo a máquina consegue fazer. Hoje, o dado é o novo ouro, mas você precisa agregar contexto a ele.”
Maurício Batista, de 29 anos, sabe bem o que é isso. Formado em Engenharia Civil, hoje ele trabalha na análise de dados para resolver problemas das empresas. Ele trabalhou três anos na área de construção civil, com projetos e construção de estações de água. Com a crise do setor, ele migrou para a área de consultoria de negócios e, hoje, está na Neon na área de operação de negócios (O Estado de S.Paulo, 24/10/21)
Acelerada pela pandemia, transformação digital impulsiona atividades ligadas à tecnologia, desde o desenvolvimento até tarefas de análise, e leva profissionais a dar guinada na carreira.
Wagner Delbaje era piloto comercial e instrutor de voo; Thabata Dornelas se formou em Direito; e Maurício Batista fez faculdade de Engenharia Civil. Do ano passado para cá, os três decidiram dar uma guinada na vida profissional e trabalhar em áreas bem diferentes de suas formações. Em comum, escolheram vagas que estão na lista das profissões do futuro. Delbaje virou piloto de drone; Thabata, desenvolvedora “front-end” (que faz páginas na web); e Batista, um “business operation” – função que trabalha com a gestão de negócios com base em dados e fatos.
O movimento dos três profissionais atende a um mercado que não para de crescer, sobretudo após a pandemia. Com a transformação digital acelerada dentro das empresas, algumas funções ganharam mais importância e outras foram criadas. A maioria está ligada, de alguma forma, à tecnologia, seja na análise de dados, no desenvolvimento de programas, no marketing digital ou nas vendas online.
“Essas profissões trazem um viés tecnológico grande e estão ligadas à transformação digital”, diz Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half Brasil, que acaba de lançar o Guia Salarial 2021 e traz as carreiras do futuro em vários setores. Muitas delas envolvem a produção, coleta e análise de dados em diferentes esferas. São profissões que exigem do candidato um alto nível de interpretação e análise de dados para aplicação no dia a dia das empresas.
A lista da Robert Half inclui funções pouco conhecidas pela população, mas em alta no mercado, como o líder de “live streaming”, que coordena transmissões ao vivo; o “pentester”, responsável pela segurança de dados; e o “people analytics”, que faz a coleta e análise de dados para gestão de pessoas; além dos desenvolvedores de programas – profissionais que hoje valem “ouro”.
O lado negativo é que já há uma escassez dessa mão de obra e uma disputa muito forte entre empresas pelos profissionais, o que acaba elevando o valor dos salários. Mas esse é um problema que aflige não só o Brasil como todo o mundo, diz Luciano Montezzo, da 99Hunters. Exemplo disso, é que tem sido uma tendência multinacionais buscarem profissionais de tecnologia no Brasil.
“A disputa tem sido assustadora. A má notícia é que as coisas vão piorar”, diz o presidente da startup Bornlogic. Segundo ele, diante da concorrência com grandes empresas, conseguir conquistar os profissionais exige uma boa estratégia, com a criação de um propósito, uma cultura de autonomia dos trabalhadores e remuneração atraente.
Agenda de decisões
Nas profissões mais recentes, a oferta de mão de obra é ainda mais restrita e, em alguns casos, o nível de qualificação abaixo dos requisitos das empresas, diz Leonardo Berto, gerente da operação da Robert Half. “A agenda de decisões baseada em dados no nível de hoje é relativamente nova no País”, completa ele, explicando a escassez de mão de obra.
Além disso, as faculdades não estão preparadas para formar esses profissionais do futuro. Muitas vezes o conhecimento é adquirido em cursos de curto e médio prazos ou quando as empresas praticamente “adotam” o profissional para formá-lo. “Cada vez mais, há uma desconexão com a graduação tradicional. Currículo e formação não vão vir mais em primeiro lugar numa contratação”, afirma Diogo Forghieri, diretor da Randstad do Brasil.
Essa tendência tem incentivado os profissionais a se reposicionarem no mercado, como foi o caso de Thabata Dornelas. Ela fez Direito influenciada pela família, mas durante o curso já entendeu que não era exatamente naquilo que gostaria de trabalhar. Apesar disso, concluiu a faculdade e entregou o diploma para a mãe.
Foi numa startup que ela descobriu o gosto pela tecnologia. Durante algum tempo, transitou por várias áreas até começar a notar o trabalho de um colega desenvolvedor. “Fiquei muito interessada no trabalho dele e resolvi fazer um curso de um ano, bem puxado. Com oito meses, consegui um emprego na área”, diz ela, que mora em Belo Horizonte (MG) e trabalha em home office.
Para Wagner Delbaje, a mudança representou a recolocação no mercado de trabalho. Piloto comercial e instrutor de voos, ele ficou praticamente sem emprego durante a pandemia. Mas a notícia de que a agência reguladora havia autorizado testes para delivery por drones o fez se movimentar. Procurou uma empresa de drones, se apresentou e conseguiu um emprego. “Trouxe a experiência da aviação tripulada para a aviação não tripulada”, disse ele, que se mudou de Piracicaba para Franca para seguir essa nova profissão (O Estado de S.Paulo, 24/10/21)
A necessidade de retenção de profissionais especializados, em meio à falta de mão-de-obra mais técnica, está levando o agronegócio do Centro-Oeste brasileiro a criar uma bolha que poderá impactar a receita das empresas.
Ganhar bem todos querem, mas o excesso pode levar à mesma bolha que ocorreu com os profissionais de internet há alguns anos, porém com impactos mais significativos nas folhas salariais.
O diagnóstico foi recém feito pela Fesa Group, marca internacional e um dos ecossistemas de RH líder no Brasil, que anotou: “das posições do agronegócio realizadas este ano, 80% tiveram contrapropostas agressivas das empresas do setor (de grupos produtores a revendas de máquinas, entre outros) para retenção dos profissionais”.
Anderson Schemberg, executivo da companhia, registrou que houve acréscimo salariais de até 50%, inclusive nas propostas de mudanças de empregos.
Na comparação com outros setores, essa valorização assume alguns múltiplos.
Voltando ao exemplo da bolha de internet, então a valorização dos salários dos profissionais variava de 10% a 15% (Money Times, 22/10/21)
A Bolsa emendou a segunda queda nesta sexta-feira (22), de 1,34%, e fechou a 106.296,18 pontos, no menor patamar desde em quase um ano, desde 20 de novembro de 2020 (106.042,48 pontos). Com o resultado, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, perdeu 7,28% na semana, a pior semana desde o final de março (-18,88%), no início da pandemia.
O dólar comercial caiu 0,71% e fechou o dia em R$ 5,627. A queda, porém, não foi suficiente para reverter as perdas da semana: a moeda americana se valorizou 3,16%, na pior semana desde 8 de julho (4%).
Ao longo da sessão de hoje, a Bolsa chegou a tombar quase 5%, e o dólar chegou a bater R$ 5,73. A Bolsa desacelerou a queda, e o dólar passou a recuar após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Economia, Paulo Guedes, fazerem um pronunciamento lado a lado hoje. Apesar de assumir que o governo está furando o teto de gastos, Guedes garantiu que não deixará o cargo, amenizando temores de descontrole total da situação das contas públicas.
Ontem, com a confirmação de que o governo vai driblar o teto de gastos, houve uma debandada na equipe econômica, com a saída de quatro secretários. A Bolsa tombou 2,75% e chegou ao menor patamar em quase um ano, e o dólar avançou 1,92%, a R$ 5,668 na venda.
O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto.
'Não faremos nenhuma aventura', diz Bolsonaro
Ao lado do ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente Jair Bolsonaro se pronunciou hoje sobre crise aberta no mercado por causa do lançamento do Auxílio Brasil, de R$ 400 fora do teto de gastos. Na avaliação do presidente, o valor médio até então oferecido pelo Bolsa Família, de cerca de R$ 190, é insuficiente.
"Esse valor decidido por nós tem responsabilidade. Não faremos nenhuma aventura, não queremos colocar em risco nada no tocante à economia", disse Bolsonaro. "Nós vamos reduzir o ritmo do ajuste. Que seja um déficit de 1% [do PIB], não faz mal. Preferimos tirar oito no fiscal e atender os mais frágeis. O arcabouço fiscal continua. Eu seguro isso."
Guedes admitiu que o governo está furando o teto de gastos. Ele afirmou que prefere "tirar uma nota menor" no quesito fiscal, com o déficit primário sendo um pouco maior no ano que vem, em troca de atendimento a mais frágeis, relativizando a mudança na regra do teto e defendendo que não houve mudança nos fundamentos da economia brasileira.
"Preferimos ajuste fiscal um pouco menos intenso e abraço no social um pouco mais longo", disse.
Teto de gastos
"Parece que seria marginalmente preferível que [Guedes] ficasse no cargo, mesmo que o mercado pense que sua credibilidade tenha diminuído consideravelmente", disseram estrategistas do Citi em nota.
Apesar da desvalorização do dólar nesta sessão, investidores chamaram a atenção para as impressionantes volatilidade e amplitude observadas no decorrer da sessão, o que seria reflexo da percepção de que o governo vai mesmo desrespeitar o teto de gastos para financiar um Auxílio Brasil mais robusto.
O furo do que é considerado hoje a grande âncora das contas públicas do país para financiar os benefícios sociais poderia abrir caminho para mais gastos fora das regras fiscais vigentes, temem especialistas, principalmente com a interpretação de que se trata de uma guinada populista do governo com a aproximação das eleições de 2022.
Ontem à noite, a comissão especial da Câmara que trata da PEC dos precatórios aprovou o texto apresentado pelo relator da matéria, o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Pela proposta, o governo federal terá um espaço fiscal de R$ 83 bilhões para gastar a mais em 2022.
Nas contas da IFI (Instituição Fiscal Independente), órgão ligado ao Senado, o furo no teto de gastos será de R$ 94,4 bilhões, dos quais R$ 40 bilhões serão usados para viabilizar o auxílio de R$ 400. Ainda não se sabe como o governo vai gastar os R$ 54,4 bilhões restantes.
O presidente Bolsonaro também prometeu lançar um auxílio para 750 mil caminhoneiros, para compensar a alta do diesel. O programa teria o valor de R$ 400, somando um gasto de R$ 4 bilhões (UOL, 22/10/21)