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27/10/2021
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Itaipu: negociações do Anexo C só em 2023, afirma diretor geral

Termos do acordo entre os dois países não é obrigatório segundo o tratado que criou a binacional, estudos vão desde liberar a venda livremente a até manter as regras como atualmente

MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE FOZ DO IGUAÇU (PR)*

A pouco mais de 18 meses de completar 50 anos o Anexo C do Tratado de Itaipu segue sem a definição dos novos termos que serão definidos na relação binacional entre Brasil e Paraguai. E apesar da proximidade, aparentemente isso não deverá ser um grande problema, pois o texto aponta que o tratado na realidade pode ser revisto e não que deve passar por mudança de forma impositiva. Apesar de os países já conversarem sobre o tema, as negociações acerca das novas regras vigentes deverão ser iniciadas apenas em 2023, ou seja, ficará a cargo de um novo governo, caso o atual não seja reeleito.

O diretor geral brasileiro da Itaipu Binacional, o general João Francisco Ferreira, concedeu entrevista coletiva em alusão aos seis meses de sua gestão à frente da hidrelétrica. O executivo destacou que a área técnica está realizando os estudos com os dados técnicos para subsidiar as negociações que estão no nível da diplomacia dos dois países. “A revisão do Anexo C pode ser a partir dos 50 anos, e há um entendimento geral de que essa medida é impositiva, quando na verdade não é”, destacou. A avaliação é de que as duas partes não deverão iniciar as negociações no sentido de formalizar um novo acordo antes disso. Nesse período, disse, os países continuarão debruçados sobre o tema. Reconheceu que é uma questão importante mas que enquanto não houver consenso das duas partes, os termos continuam os mesmos do que foi assinado e está vigente desde 1973.

“Estamos fazendo os estudos com a consideração de diversos cenários, são várias possibilidades. O Brasil não está atrasado, mas sim no momento certo. Consideramos que não é bom fazer a negociação antes da hora, o ideal será no ano de 2023, até lá vamos construindo os cenários, mas de qualquer maneira o MRE dos dois países mantém reuniões frequentes. Mas negociação somente em 2023”, reafirmou.

Para o diretor, o Brasil não começou os estudos atrasado. Em decorrência desse cenário apresentado, ele classificou como o atual momento como o certo para as discussões. E sinalizou que nesses estudos em desenvolvimento, inclusive, podem ser identificadas questões que poderão ajudar na tomada de decisão. Entre elas, o avanço de novas tecnologias, como a autorização para a exploração, por exemplo, da fonte solar fotovoltaica nos reservatório e reduzir a dependência da água para a geração de energia. Ou ainda, a forma de comercialização da produção da usina, que atualmente é remunerada pela potência e não pela energia produzida. Esses estudos consideram ainda a criação de uma diretoria de comercialização de energia.

O que parece ser claro é que a tarifa da hidrelétrica será menor. Ele não mensura qual deverá ser essa queda, para, em suas palavras, não criar expectativas e depois se esse número não se confirmar, frustrar. Até porque, ressaltou que esse custo da energia não está fixado, depende de variáveis que podem ser colocadas no novo acordo do Anexo C. Atualmente, a tarifa é de US$ 22,60 por kW em decorrência da contratação por potência da usina. No ano que vem a perspectiva é de redução de US$ 600 milhões da dívida, paga ao longo deste ano. Para o ano que vem são US$ 2 bilhões ainda que precisam ser pagos e um residual que ficará em 2023.

“As despesas diminuem e deverão cair em 2022. É prematuro dizer o quanto pode cair a tarifa a partir de 2023 quando a nossa dívida estará praticamente zerada, pois existem as variáveis em negociação e o orçamento que para o ano que vem está sendo realizado nesse trimestre e deveremos ter aprovado até meados de dezembro”, comentou. “A tendência natural é de que a tarifa baixe ainda mais em 2023”, acrescentou.

A data é 13 de agosto de 2023, mas enquanto não houver acordo os termos continuam os mesmos. E afirmou que só poderá ser mudado caso os dois países concordem. Por isso, avalia que esse processo deverá durar por meses até que haja o acordo. Até porque a usina não pode ter lucro nem prejuízo, então todos os números da negociação entrarão na conta para alcançar esse equilíbrio. Incluindo os custos de operação e manutenção, investimentos na região e a destinação da energia.

“Imaginamos que em negociação dessa natureza o que será mais vantajoso para cada lado será proposto. E aí, a um termos concordância, não sabemos as posições. Temos um espectro desde a liberação de venda da energia de cada um no mercado a até não acontecer nada, ficar da forma que está”, finalizou.

*O repórter viajou a convite da Itaipu Binacional

 Anatel recebe nesta quarta-feira propostas de interessados em participar do leilão de 5G

Governo poderá embolsará R$ 10,6 bilhões, sem ágio e pelo preço mínimo dos lotes, e empresas terão que investir, em contrapartida prevista no edital, R$ 39,1 bilhões

Por Ivone Santana, Valor — São Paulo 

Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recebe nesta quarta-feira (27) as propostas dos interessados em participar do leilão da quinta geração de serviços móveis (5G). A realização do certame está marcada para 4 de novembro.

Serão oferecidos em lotes quatro faixas de frequência, a maior quantidade e diversidade de espectro já disponibilizada na história da Anatel: 700 megahertz (MHz), 2,3 gigahertz (GHz), 3,5 GHz e 26 GHz.

O valor econômico do leilão é de aproximadamente R$ 49,7 bilhões. Desse total, se não houver ágio e considerando o preço mínimo dos lotes, o governo embolsará R$ 10,6 bilhões, que é o valor que as empresas com lances vencedores pagarão pelas outorgas.

As contrapartidas previstas no edital, ou quanto as empresas terão que investir, são de R$ 39,1 bilhões. A Anatel estima que o investimento em infraestrutura de rede com a nova geração é de R$ 163 bilhões, se forem vendidos todos os lotes.

Telefônica, dona da marca VivoTIM Brasil Claro são as grandes operadoras que devem apresentar ofertas pelos lotes.

Oi já havia descartado sua participação porque vendeu seu ativo de serviços celulares — a Oi Móvel — para a aliança formada pelas rivais TIM, Telefônica e Claro. A Algar Telecom também mostrou interesse no certame.

5G Brasil

Um total de 421 provedores de acesso à internet e de serviços de telecomunicações se uniu em consórcio e vai disputar a compra de outorgas para prestar serviços de quinta geração de serviços móveis (5G). Eles formam a iniciativa 5G Brasil e pretendem comprar lotes de 700 megahertz (MHz) e 3,5 gigahertz (GHz).

O consultor e coordenador da iniciativa 5G Brasil, Rudinei Carlos Gerhart, disse que a adesão de provedores ao grupo foi encerrada no dia 5 de outubro e que as propostas estão prontas para ser entregues amanhã.

Juntos, os 421 provedores têm 6 milhões de clientes, atuam em 1,6 mil municípios de todo o país e representam 65% da população, diz Gerhart.

Há provedores de diversos portes, desde 2 mil clientes a 200 mil. A soma desses negócios representa cerca de 1 milhão de fibras ópticas instaladas, considerando backbone, backhaul (as redes de transporte e de longa distância) e a fibra até o domicílio (FTTH, em inglês).

Além disso, há operadoras de médio porte, conhecidas como “competitivas”, que demonstraram interesse ou confirmaram que entregarão suas propostas amanhã, como Brisanet Americanet, por exemplo.

Outro segmento de olho no certame é o de grupos financeiros que investem em operadoras de médio porte, em infraestrutura de rede e em provedores de acesso.

 

Investidores a bordo enquanto as principais petrolíferas dos EUA rejeitam projetos eólicos e solares

Por Sabrina Valle e Ross Kerber 

HOUSTON / BOSTON, 27 de outubro (Reuters) - As principais empresas de petróleo dos EUA estão dobrando as perfurações, aprofundando a divisão com as rivais europeias sobre as perspectivas de energias renováveis ​​e ganhando o apoio de grandes investidores que não esperam que as empresas estaduais invistam em energia eólica e solar.

Entre uma dúzia de gestores de fundos americanos contatados pela Reuters de empresas que supervisionam cerca de US $ 7 trilhões em ativos, a maioria disse preferir que as empresas de petróleo gerem retornos de negócios que conhecem melhor e dêem aos acionistas dinheiro para fazerem suas próprias apostas renováveis.Com os preços do petróleo e do gás subindo este ano, as principais empresas petrolíferas dos Estados Unidos proporcionaram retornos mais elevados e alcançaram melhores múltiplos de lucros e dividendos do que os rivais, cimentando o entusiasmo dos acionistas.

“No final do dia, você não investe em uma empresa porque ela promete coisas boas”, disse o diretor da Adams Funds, Mark Stoeckle, que favorece os produtores americanos e cujos fundos não possuem atualmente a Royal Dutch Shell Plc (RDSa.L) , TotalEnergies (TTEF.PA) ou BP Plc (BP.L) .

Michael Liss, gerente sênior de portfólio do American Century Value Fund (TWADX.O) , disse que detém mais das grandes empresas americanas do que europeias, em parte porque as empresas americanas gastam uma parcela menor do capital em coisas como energia renovável e combustíveis alternativos ao mesmo tempo quando a demanda de petróleo permanece forte.

“Achamos que o ritmo deles será mais realista” na adoção de novas fontes de energia, disse Liss.As estratégias de divisão - retornos ou uma transição de energia mais rápida - destacam as diferentes pressões do investidor e do governo. Eles também mostram as dificuldades de elaboração de um plano global para reduzir o uso de combustíveis fósseis, o tema central da vinda das Nações Unidas COP26 mudança climática conferência . consulte Mais informação

SEM PLANTAS DE ÁRVORES

As principais empresas de petróleo dos EUA Chevron Corp (CVX.N) , Exxon Mobil Corp (XOM.N) e ConocoPhillips (COP.N) rejeitam um papel direto na energia eólica e solar e colocam menos de seus gastos em planos de transição de energia em comparação com os europeus . A maioria espera aumentar a produção de petróleo.

Produtores norte-americanos afirmam compartilhar suas preocupações com a mudança climática. Eles estão se comprometendo a produzir os mesmos barris de petróleo com emissões de gases de efeito estufa mais baixas do que antes. Eles também estão tentando tornar comercialmente viável o enterramento de carbono em campos de petróleo esgotados, bem como desenvolver novos combustíveis mais limpos, como hidrogênio e biocombustíveis de algas.

Mas, como disse recentemente o CEO da Chevron, Michael Wirth, as empresas americanas preferem gerar lucros para os acionistas "e deixá-los plantar árvores".

"Há alguns que acreditam que devemos fazer o que as empresas europeias estão fazendo", disse Wirth a repórteres no mês passado, após dar uma atualização sobre os planos de transição de energia da empresa. "Mas eu diria que essa não é a maioria dos acionistas que ouvi."A crise energética da Europa - com a disparada dos preços do gás natural e da eletricidade - reflete parcialmente um subinvestimento em combustíveis fósseis, disse o vice-presidente sênior da Exxon, Neil A. Chapman, em uma conferência neste mês.

Os governos dos EUA e da Europa divergem sobre como querem que as empresas de petróleo reduzam as emissões. Enquanto os legisladores dos EUA são a favor de maiores gastos com captura e armazenamento de carbono, os governos alemão e britânico aprovaram leis que exigem reduções drásticas dos gases do efeito estufa.Em maio, um tribunal holandês ordenou que a Royal Dutch Shell cortasse suas emissões de carbono em 45% até 2030, uma decisão que aceleraria sua saída dos combustíveis fósseis. A Shell e a BP reduziram as participações de xisto nos EUA como parte de sua mudança, enquanto a TotalEnergies prometeu 20% de seus gastos de capital em eletricidade e energias renováveis.

Shawn Reynolds, um gestor de fundos da VanEck, disse que os atuais preços do petróleo dão suporte à estratégia das majors dos EUA e ilustram o perigo de descarbonizar a produção sem reduzir a demanda de combustível de carbono. "Há um lento despertar de que uma transição energética não vai acontecer durante a noite", disse ele. As empresas de petróleo que se expandem para renováveis ​​de baixa margem perderão os lucros do petróleo e do gás, disse ele.

LIMITES PARA INVESTIMENTOS VERDES

O dinheiro que flui para as ações de petróleo é contrário a uma adoção mais ampla de fundos conscientes do clima. Os fundos de ações dos EUA classificados como “sustentáveis” pela Morningstar, o que significa que eles evitam ou têm menor peso em ações de combustíveis fósseis, arrecadaram US $ 25,7 bilhões este ano até 30 de setembro, igual a mais da metade dos ingressos em fundos de ações dos EUA sem um foco explícito na sustentabilidade.

O retorno total do XOP ETF (XOP.P) , que acompanha os estoques de petróleo e gás, foi de 92% para o ano na tarde de terça-feira, em comparação com um retorno total de 22% de um fundo ESG representativo, o Vanguard FTSE Social Index Fund . O retorno total do índice S&P 500 foi de 23% no mesmo período.Os investidores passivos se tornaram os maiores detentores das principais empresas de petróleo. Essas empresas, em sua maioria, não podem vender ações de petróleo para sinalizar descontentamento e, em vez disso, devem canalizar suas preocupações climáticas por meio de conversas com as empresas e votos por procuração.

BlackRock Inc (BLK.N) e Vanguard, as duas maiores empresas de investimento passivo com cerca de US $ 17 trilhões em ativos entre elas, apoiaram diretores dissidentes da Exxon e apoiaram chamadas nas reuniões anuais da Chevron e ConocoPhillips para cortar as emissões de carbono do uso de Produtos deles. Nenhuma das empresas comentou sobre empresas de energia específicas, nem os influentes fundos de pensão estaduais da Califórnia e de Nova York.

Entre os 25 maiores fundos mútuos dos EUA ativamente administrados, os produtos da American Funds eram quase os únicos detentores das principais empresas de petróleo dos EUA e da Europa, de acordo com dados da Morningstar Direct.Um porta-voz da Capital Group, controladora da American Funds, não quis comentar. Um analista de capital da Capital, Craig Beacock, disse em julho que os preços mais altos do petróleo poderiam criar desafios para as abordagens de energia limpa das empresas de petróleo.

PERMANECER INVESTIDO

A Universidade de Harvard, o Rockefeller Brothers e outras instituições americanas aderiram a um movimento liderado pelo fundo soberano da Noruega para reduzir a exposição a ações de combustíveis fósseis. Uma contagem recente de ativistas descobriu que instituições com um total de US $ 39,2 trilhões em ativos se comprometeram com alguma forma de desinvestimento de combustível fóssil. consulte Mais informaçãoInvestidores contatados pela Reuters disseram que não estavam prontos para seguir o exemplo. Melhor ficar investido e pressionar as empresas a explicar como elas podem ajudar a limitar os aumentos da temperatura global, disse Bruce Duguid, chefe de administração da EOS, braço da Federated Hermes.

Iancu Daramus, analista sênior de sustentabilidade da investidora Legal & General Investment Management, disse que as empresas geralmente devem cortar a produção e pagar dividendos. Ele duvida que o crescimento dos mercados emergentes manterá a demanda por petróleo e gás alta no longo prazo.No entanto, muitos executivos do petróleo acreditam que podem durar mais do que os outros à medida que o mundo muda para outras fontes de combustível. Poucos CEOs querem fazer cortes acentuados na produção, disse ele.

“Todas as empresas (petrolíferas) com quem falamos costumam dizer que serão as últimas a sobreviver”, disse Daramus.

Reportagem de Sabrina Valle em Houston e Ross Kerber em Boston Edição de Gary McWilliams e Matthew Lewis

 Roubini: Mundo pode enfrentar estagflação semelhante à dos anos 1970

Por Sérgio Tauhata, Valor — São Paulo

O mundo pode enfrentar um cenário de estagflação nos próximo anos, de modo semelhante ao visto nos anos de 1970, alertou o professor emérito da Stern School of Business da Universidade de Nova York e CEO da Roubini Macro Associates, Nouriel Roubini. O economista americano, que ganhou fama nos anos 2000 e ficou conhecido como "Doutor Catástrofe" diante das previsões mais pessimistas que o mercado e seus colegas de profissão, avaliou o cenário econômico global pós-pandemia durante evento da Anbima hoje.

Na visão do especialista, ainda que as principais economias globais tenham mostrado uma recuperação em "V" até a metade deste ano, "infelizmente, neste momento, a recuperação começou a estagnar no mundo todo". Roubini avalia que os países estão prestes a entrar em uma era de inflação elevada com um crescimento baixo.

"Houve um afrouxamento maciço na política monetária tanto nas economias avançadas quanto nos mercados emergentes", explicou o economista. "Mas muitos emergentes enfrentaram problemas de depreciação cambial, inflação alta e tiveram de reagir à alta dos preços elevando os juros mesmo que isso prejudique a recuperação econômica."

O professor da Universidade de Nova York projetou um futuro desafiador em termos macroeconômicos. "Eu sou pessimista e acredito que vamos ver um aumento significativo da inflação nos próximos anos mesmo nos EUA e então a era da grande moderação está terminada", ponderou.

Conforme o especialista, a combinação de políticas monetárias e fiscais extremamente frouxas com uma série de choques negativos de oferta, podem resultar em um cenário de estagflação [inflação em alta com recessão] parecido com o ocorrido nos anos 1970. "Porque temos de nos preocupar com inflação e estagflação? Um dos motivos é que o tamanho da dívida decolou no mundo inteiro", pontuou.

De acordo com o economista, nos anos 1970, a proporção da dívida global em relação ao PIB mundial alcançava 100%. Nos anos 2000, a taxa era de 200%. E antes da pandemia, cerca de 360% do PIB global. Hoje, nas economias avançadas a relação subiu para 440%.

Esse cenário de agigantamento das dívidas, somado às maciças injeções de estímulos por meio de pacotes fiscais e políticas monetárias nada ortodoxas, além de choques de oferta em todo o mundo cria um ambiente favorável para alimentar a inflação.

"Os governos terão de gastar mais, mas aumentar impostos é politicamente difícil e nas economias avançadas podemos monetizar grandes déficits fiscais. Isso significa que os Bancos Centrais estão em uma armadilha da dívida. Se a inflação sobe vão tentar subir juros, mas isso pode levar a um 'crash' nos mercados de renda fixa e acionários." As políticas monetárias e fiscais muito frouxas têm causado bolhas em ativos ao mesmo tempo que a inflação de bens sobe em todo o mundo, citou Roubini. "Esse é o lado da demanda, entretanto há também ameaças no lado da oferta", avaliou.

Na análise do economista, "há gargalos de oferta em vários setores", o que também pressiona a inflação globalmente. "Vimos esse cenário nos anos 1970, com choques que acabaram levando à inflação e estagflação."

As mudanças demográficas também se somam aos fatores que vão pressionar os preços daqui para a frente. "Há um envelhecimento da população em países chaves como EUA e Japão, mas isso ocorre também na China, Rússia, Coreia e partes da Ásia", disse. "Quando há muitos jovens eles produzem e poupam, então, desse modo, o envelhecimento da população leva a aumento de demanda e de inflação." Conforme o economista, "no passado a imigração compensava o envelhecimento, porque, com muitos imigrantes era possível manter a inflação de salários baixa".

Petrobras sobe preço da gasolina em 7% e do diesel em 9%

: A gasolina passará a ser comercializada a R$ 3,19 por litro, acumulando avanço de 73% no ano

A gasolina passará a ser comercializada a R$ 3,19 por litro, acumulando avanço de 73% no ano

A Petrobras elevará o preço médio do diesel nas refinarias em 9,15% e o da gasolina em 7,05%, a partir de amanhã (26), refletindo parte da elevação do barril do petróleo no mercado internacional e da taxa de câmbio, afirmou a companhia em comunicado à imprensa hoje (25).

Com os ajustes, o diesel – combustível mais comercializado do país – passará a ser vendido às distribuidoras a R$ 3,34 por litro, acumulando uma alta de 65% neste ano até o momento, segundo cálculos da Reuters a partir de dados da companhia.

Já a gasolina passará a ser comercializada a R$ 3,19 por litro, acumulando avanço de 73% no ano.

Na nota, a empresa afirmou que “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato para os preços internos, das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

A Petrobras destacou ainda que o alinhamento de preços ao mercado internacional se mostra especialmente relevante no momento que vivenciamos, com a demanda atípica recebida pela Petrobras para novembro de 2021.

Na semana passada, a empresa havia informado ao mercado que não poderia atender todos os pedidos de fornecimento de combustíveis para o próximo mês, que teriam vindo acima de sua capacidade de produção, acendendo um alerta para distribuidoras, que apontaram para risco de desabastecimento no país.

Como o país não tem capacidade para produzir toda a demanda interna, parte do abastecimento depende das importações.

A companhia frisou que os reajustes anunciados nesta segunda-feira “são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.

“Os ajustes refletem também parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio”, disse a empresa.

O repasse dos reajustes da Petrobras para os consumidores finais, nos postos, não é imediato e depende de uma série de questões, como margens da distribuição e revenda, mistura obrigatória de biocombustíveis, além de impostos.

Em nota a clientes, o Credit Suisse afirmou ver como positivo o anúncio e disse que os reajustes reduziram a defasagem dos valores frente à paridade de importação, que nos cálculos do banco está agora em cerca de 11% para ambos os combustíveis (Reuters, 25/10/21)

 

Bolsa cai 2,1% com expectativa de alta dos juros; dólar a R$ 5,5730

A Bolsa de Valores brasileira fechou em queda de 2,11%, a 106.419 pontos, nesta terça-feira (26), dia em que o viés de baixa do mercado doméstico foi reforçado pela pressão inflacionária e a expectativa sobre a consequente elevação mais rápida da taxa de juros do país.

O dólar subiu 0,34%, a R$ 5,5730, ainda refletindo as incertezas do mercado quanto ao cenário fiscal para 2022, situação agravada na semana passada com a decisão do governo de driblar o teto de gastos no ano eleitoral.

A prévia da inflação oficial avançou 1,20%, a maior para o mês desde 1995 (1,34%), segundo o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), divulgado nesta terça pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O resultado ficou acima das projeções do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam variação de 1% em outubro.

Com o resultado, o índice atingiu 10,34% no acumulado de 12 meses. No acumulado até setembro, o IPCA-15 já estava em 10,05%.

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central deverá elevar nesta quarta-feira (27) a taxa básica de juros da economia para níveis acima dos previstos inicialmente pelo mercado.

Em evento da Anbima (associação de entidades do mercado financeiro) nesta terça, os economistas Carlos Kawall, da Asa Investments, e Rodrigo Azevedo, da Ibiuna, disseram que, com a aceleração da prévia da inflação e os ruídos no cenário político, já não descartam mais uma elevação de dois pontos percentuais para a Selic.

Até o início da semana passada, antes da revelação da intenção do governo de furar o teto de gastos, a aposta do mercado era para uma alta de um ponto na taxa de juros.

O petróleo Brent, referência mundial, subiu 0,41%, a US$ 86,34 (R$ 481,72).

Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq se valorizaram em 0,04%, 0,18% e 0,06%, respectivamente (Folha de S.Paulo, 27/10/21)

 

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