À medida que os preços do GNL aumentam, o desenvolvimento de projetos na América do Norte definha
Por Scott Disavino
8 de novembro (Reuters) - A demanda por gás natural liquefeito (GNL) nunca foi tão alta, mas os desenvolvedores da América do Norte estão se dirigindo para as últimas semanas do ano sem terem aprovado um novo projeto ainda.
Os preços globais do gás natural estão perto de níveis recordes, à medida que os serviços públicos na Europa e na Ásia competem por qualquer carga de GNL que possam obter antes do inverno. A demanda de GNL em todo o mundo tem aumentado a cada ano desde 2012 e disparado 40% nos últimos cinco, à medida que as concessionárias substituem o gás por carvão de queima mais suja, mas o fornecimento não acompanhou a demanda - e não acompanhará por vários anos.O crescimento do mercado estimulou o rápido desenvolvimento de terminais de liquefação em grandes exportadores, incluindo os Estados Unidos, que deverão se tornar o maior produtor de GNL em capacidade no próximo ano.
No entanto, os gastos em novos projetos pararam em 2020, à medida que os preços baixos da destruição da demanda induzida pelo coronavírus fizeram com que os compradores desistissem de assinar contratos de fornecimento de longo prazo.No início de 2020 e novamente em 2021, cerca de uma dúzia de empresas sinalizaram planos para decisões finais de investimento (FID) nos projetos propostos. Mas apenas um, o Costa Azul da Sempra Energy (SRE.N) no México, iniciou a construção em 2020, enquanto vários outros foram empurrados para 2022.
"Estamos nos preparando para uma escassez estrutural de capacidade de GNL", disse Reid Morrison, líder global em consultoria de energia da PwC em Houston. "Há reticências em assumir uma posição de longo prazo no gás natural, dados os compromissos líquidos de zero que diferentes governos estão assumindo."
ATRASO
Vários projetos norte-americanos podem avançar em 2022, principalmente no Texas e na Louisiana, quando a União Internacional do Gás estima que a demanda mundial chegará a cerca de 375 milhões de toneladas por ano (MTPA) de 356,1 MTPA em 2020.Mas esses projetos farão pouco para atender à demanda crescente no curto prazo, uma vez que leva cerca de três a cinco anos para um novo projeto produzir GNL.
"Este mercado restrito pode se estender até 2025", disse Anatol Feygin, diretor comercial da produtora de LNG dos Estados Unidos, Cheniere Energy Inc (LNG.A) . O mercado está "pedindo a adição de uma nova capacidade", disse ele.Há dois projetos que podem ser aprovados ainda este ano: Woodfibre, da Pacific Energy Corp Ltd, na Colúmbia Britânica, e Plaquemines, da Venture Global LNG, na Louisiana.
O governo dos EUA concedeu à Venture Global permissão para iniciar o trabalho inicial em Plaquemines, e as unidades da China Petroleum & Chemical Corp (600028.SS) , ou Sinopec, concordaram em contratos de compra de GNL de longo prazo com a empresa. consulte Mais informação
As plaqueminas produziriam até 20 MTPA de GNL, ou 2,6 bilhões de pés cúbicos por dia (bcfd) de gás natural. Um bilhão de pés cúbicos é suficiente para cerca de cinco milhões de casas por um dia. Espera-se que esteja pronto para produzir seu primeiro GNL já em 2024.
A Venture Global não quis comentar. Em seu site, a empresa disse que planejava tomar uma decisão sobre Plaquemines no quarto trimestre de 2021.A Venture Global tem cerca de 70 MTPA de capacidade de exportação de GNL em construção ou em desenvolvimento na Louisiana, incluindo o 10-MTPA Calcasieu na Louisiana, que provavelmente começará a produzir este ano.
A fibra de madeira da Pacific Oil and Gas 'produziria cerca de 2,1 MTPA de GNL, mas não antes de 2025, estimam os analistas. A empresa não tomou uma decisão final sobre a construção, embora recentemente tenha concordado em vender 1,5 MTPA de GNL para a petroleira britânica BP PLC (BP.L) durante 15 anos. consulte Mais informação
"Continuamos a finalizar nosso contrato de construção e estamos otimistas para levar o projeto adiante neste ano", disse a porta-voz da Woodfibre LNG, Rebecca Scott, à Reuters.
Reportagem de Scott DiSavino; edição por John Stonestreet
Com a perda de validade da medida no proximo domingo, 7 de novembro, a câmara de gestão da crise hídrica também deixa de existir
SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA
Nota divulgada pelo Ministério de Minas e Energia após reunião da Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética nesta sexta-feira, 5 de novembro, mostra que o governo já conta com o fim da vigência da Medida Provisória 1.055/2021, que instituiu a Creg. A MP vai perder a validade no próximo domingo, 7 de novembro, e, com isso, a câmara encarregada da gestão da atual crise hídrica também deixa de existir.
“Os temas então debatidos na Creg continuarão a ser avaliados permanentemente no âmbito do Governo Federal por meio das governanças já estabelecidas, com a continuidade da participação, articulação e decisão multissetorial, com os endereçamentos adequados às competências de cada órgão ou instituição”, afirma o ministério.
A nota do MME sobre os resultado do que deve ser a última reunião do colegiado lembra que a perda de validade da MP implica o encerramento dos trabalhos da Câmara. Destaca também a assertividade das decisões do colegiado para garantir a segurança e confiabilidade no fornecimento de energia elétrica e a preservação dos usos da água, mesmo no cenário de escassez hídrica.
A caducidade da MP 1055 tira um peso do ministério, que ficou em uma saia justa com a inclusão pelo Congresso Nacional de uma série de emendas alheias ao conteúdo original da medida, conhecidas como “jabutis”. As alterações provocaram novos protestos de associações do setor elétrico e da indústria, por ampliarem custos para o consumidor que já haviam sido incluídos na lei resultante da MP da Eletrobras. É o caso da inclusão na tarifa de transmissão do custo da construção de gasodutos vinculados a termelétricas que serão contratadas nos próximos anos.
CMSE
No encontro de hoje, a Creg ratificou a decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico de manter as flexibilizações hidráulicas nas usinas hidrelétricas Jupiá e Porto Primavera, entre os meses de março e outubro de 2022.
Para Jupiá, a defluência mínima, que é a quantidade mínima de água liberada do reservatório, será de 2.300 m³/s, enquanto para Porto Primavera o valor ficará em 2.900 m³/s de abril a outubro de 2022. Março será o mês de transição com redução das defluências. A medida tem como objetivo preservar os usos da água, auxiliar a recuperação do armazenamento equivalente do SIN e garantir segurança da operação eletroenergética no ano que vem.
Diretoria da agência confirmaria em reunião nesta sexta-feira, 05, a habilitação dos 17 projetos vencedores do certame
SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA
Uma liminar da Justiça Federal em Paulo Afonso, Bahia, suspendeu a reunião extraordinária da Agência Nacional de Energia Elétrica que homologaria nesta sexta-feira, 5 de novembro, o resultado do Procedimento Competitivo Simplificado para contratação de reserva de capacidade. Na decisão, o juiz substituto Diego de Amorim Vitório afirma que a ratificação do certame poderia gerar danos irreversíveis aos consumidores, que arcariam na tarifa com prejuízo de aproximadamente R$ 40 bilhões nos próximos quatro anos.
A agência cumpriu a decisão, mas informou por meio de sua assessoria “que está tomando todas as providências para reverter a situação,” e já entrou com recurso por meio da Advocacia Geral da União.
A contratação foi realizada em 25 de outubro, na plataforma de negociação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Foram transacionados R$ 39 bilhões em contratos, ao preço médio de R$ 1.563,61/ MWh e deságio médio de 1,2% em relação ao preço de referência.
O custo final do certame foi questionado em ação popular contra a Aneel e a União, propostas em processos diferentes por Érica Conceição Passos e Gerenilza da Conceição. As duas ações foram analisados de forma conjunta pelo magistrado.
Uma das autoras afirma que o procedimento previsto na Medida Provisória 1055, a MP da crise hídrica, distorceu a regra de competição dos leilões do mercado regulado, “carregando uma série de ineficiências para o sistema,” ao obrigar a contratação de termelétricas inflexíveis, que geram todo tempo e obrigam o consumidor a pagar por uma energia mais cara, “que não necessariamente deveria ser produzida naquele momento, considerando as diversas fontes disponíveis.”
Caso fosse feita a homologação do leilão, o consumidor pagaria pela energia eólica que estará sendo gerada e também, por força de contrato, “pela térmica que não estará sendo gerada, pois não há capacidade de transmissão para o total de geração das duas fontes”, afirma o documento.
Ainda segundo as autoras, o preço referência do leilão é três vezes maior que o do último certame para contratação de energia térmica.
Leilão simplificado
O Procedimento Simplificado suspenso pela justiça negociou contratos de energia de reserva para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, com suprimento de 2022 a 2025. A Aneel ratificaria na reunião de hoje a habilitação dos 17 empreendimentos de geração vencedores do certame.
No processo foram negociados contratos por quantidade de uma termelétrica a cavaco de madeira da Fênix Complexo Industrial, em Mato Grosso, além de duas usinas solares fotovoltaicas da Rovema Energia em Rondônia, com potência total de 43 MW e preços de R$ 343,00/MWh (a UTE e uma das solares) e R$ 347,00/MWh.
A maior parte da contratação, no entanto, foi por disponibilidade, com 14 projetos térmicos a gás natural totalizando 1.177,79 MW de potência instalada. Os preços variaram de R$1.594,00/MWh a R$1.601,95/MWh. Os empreendimentos ficarão localizados no Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo.
A próxima etapa após a ratificação seria a emissão pela Aneel das autorizações para a exploração dos empreendimentos, ou para adequação de autorização existente.
No leilão realizado em outubro foram negociados contratos com 15 térmicas e duas usinas fotovoltaicas, ao custo de R$ 39 bi
SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA
Depois de conseguir suspender a liminar que impedia a ratificação do procedimento simplificado para contratação de energia de reserva, a Agência Nacional de Energia Elétrica homologou o resultado do leilão no último sábado, 6 de novembro. A decisão do desembargador Ítalo Fioravante Mendes, presidente do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mantém os efeitos da suspensão até o trânsito em julgado das decisões de mérito nas ações principais.
Na última sexta-feira,5, a Aneel foi proibida pela Justiça Federal em Paulo Afonso, Bahia, de realizar a reunião extraordinária que confirmaria todos os atos do certame promovido em 25 de outubro. Na decisão judicial, o juiz substituto Diego de Amorim Vitório argumentou que a ratificação do processo poderia gerar danos irreversíveis aos consumidores, que arcariam na tarifa com prejuízo de aproximadamente R$ 40 bilhões nos próximos quatro anos.
O magistrado analisou de forma conjunta duas ações populares questionando o custo e o impacto do certame, propostas por Érica Conceição Passos e Gerenilza da Conceição. A contratação por meio da plataforma de negociação da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica resultou na negociação de 775,8 MW médios de energia de reserva de 17 empreendimentos para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul, com suprimento de 2022 a 2025.
O valor total transacionado foi 1,2 GW ao custo de R$ 39 bilhões, com preço médio de R$ 1.563,61/ MWh e deságio médio de 1,2% em relação ao preço de referência. Os empreendimentos com energia mais barata foram uma termelétrica a cavaco de madeira (R$ 343,00/MWh) e duas usinas fotovoltaicas (R$ 343,00/MWh e R$ 347,00/MWh).
Outras 14 térmicas a gás natural foram contratadas por valores entre R$1.594,00/MWh e R$1.601,95/MWh. Os R$ 9 bilhões anuais em receita fixa dos empreendimentos vencedores da disputa entrarão na tarifa para o consumidor, admitiu o relator do processo na Aneel, Efrain Cruz.
A contratação simplificada estava prevista na Medida Provisória 1055, a MP da Crise Hídrica, e foi aprovada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico e pela Câmara de Regras Excepcionais de Gestão Hidroenergética, a Creg.
Antes da liminar judicial, a Aneel tinha recebido uma solicitação do senador Weverton Rocha (PDT-MA) de suspensão do leilão, considerando a conveniência e a oportunidade do certame. Cruz ponderou, no entanto, que a autarquia foi apenas a executora da decisão do governo federal e não tem competência para entrar na análise dos pontos levantados pelo parlamentar.
A diretoria da agência decidiu enviar a carta do senador ao Ministério de Minas e Energia para avaliação, depois de assinados os contratos com os geradores. Além de homologar a contratação, a Aneel aprovou a emissão das autorizações dos empreendimentos.
A paralisação dos caminhoneiros autônomos está afetando o transporte de cargas no porto de Santos. Segundo a autoridade portuária, 20% dos navios que estavam atracados nesta quinta-feira (4) sofreram algum tipo de impacto, seja em função de atrasos ou porque os caminhões não chegaram aos terminais.
O acesso ao porto, contudo, flui normalmente, sem registros de retenções no tráfego ou concentrações de caminhões parados.
"Cerca de 80% dos navios atracados operam sem qualquer restrição. O restante opera em menor escala, em razão da cautela por parte de transportadoras e embarcadores no acesso ao porto diante do temor de represálias", disse o Ministério da Infraestrutura em nota.
Desde a última segunda (1º), manifestantes estão reunidos numa área próxima à entrada do porto, mas seguem proibidos judicialmente de bloquear as estradas. A categoria reivindica a revisão da política de preços para os combustíveis, o cumprimento do piso mínimo do frete e aposentadoria especial a partir de 25 anos de contribuição.
De acordo com um boletim da PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgado pelo Ministério da Infraestrutura, a mobilização em Santos é hoje o único ponto de concentração de caminhoneiros no país.
Wagner Souza, diretor-executivo da ABTTC (Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das Transportadoras de Contêineres), diz que a greve está prejudicando o transporte de contêineres para os terminais portuários.
"Na Alemoa [bairro onde está localizado o porto de Santos], nenhum caminhão com contêiner está passando e as cargas que já estão prontas nos terminais retroportuários não estão conseguindo chegar até o operador para serem embarcadas", afirma.
Souza cita o exemplo de um terminal portuário que costuma movimentar 2.000 caminhões por dia, e que recebeu apenas oito carretas nesta quinta-feira.
"Podemos falar que em três dias de autônomos parados e impedindo que a carga chegue ao porto devem ter, mais ou menos, uns 10 mil contêineres pendentes de serem embarcados ou retirados", diz.
Empresas procuradas pela Folha não deram detalhes sobre o impacto da paralisação nos fluxos de transporte.
A DP World Santos, um dos terminais de contêineres que opera no porto, afirmou que o movimento está bastante atípico, com poucos caminhões acessando o terminal.
A Santos Brasil disse que está operando normalmente, mas que registrou movimento de entrada e saída de caminhões abaixo do habitual. Já a BTP (Brasil Terminal Portuário) informou que suas operações estão ocorrendo dentro da normalidade.
No @PortodeSantosBR há o registro de eventos isolados de vandalismo como forma de intimidação da classe dos caminhoneiros. A @PRFBrasil iniciou na manhã desta quinta (04) uma operação final para garantir o retorno da normalidade em todo o perímetro que circunda o porto. pic.twitter.com/3m9hS5dbz6
— Ministério da Infraestrutura (@MInfraestrutura) November 4, 2021
Segundo Souza, os problemas de embarque têm acontecido não só por causa da paralisação dos caminhoneiros autônomos, mas porque as empresas com frota própria estão evitando colocar seus veículos nas rodovias por medo de represálias.
Na quarta (3), a ABTTC emitiu uma nota dizendo ter recebido relatos de associados que tiveram seus veículos danificados. O Sindicam (Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira) negou envolvimento dos manifestantes nos episódios.
Na manhã desta quinta, um efetivo de 200 policiais rodoviários foi enviado para a região de Santos a fim de garantir o retorno à normalidade e a fluidez dos transportes. Segundo a PRF, está sendo formado um corredor de segurança que vai do acesso aos terminais até a subida da Serra do Mar.
Para Marcelo da Paz, caminhoneiro autônomo associado ao Sindicam, a chegada da PRF não muda a greve em nada.
"Para voltar a normalidade nós temos que voltar a trabalhar. Saiu a liminar proibindo a gente de nos manifestar, mas não existe quem faça nós voltarmos a trabalhar. Nós somos autônomos, quem que vai obrigar?", afirma.
Segundo ele, os caminhoneiros estão parados na entrada do porto, sem fazer manifestação ou entoar gritos de ordem.
Marcelo diz que os episódios de vandalismo não têm relação com os grevistas.
Na madrugada de segunda-feira, manifestantes chegaram a ocupar uma região perto do porto, mas foram dispersados pela Polícia Militar.
Em nota, a PM disse que acompanha as manifestações.
"No primeiro dia, foi necessário o uso de técnicas de controle de multidão para desobstruir os acessos ao porto. O reforço no policiamento será mantido até a conclusão dos atos, de forma a garantir a segurança de todos e a ordem pública", diz o comunicado (Folha de S.Paulo, 5/11/21)
Vem aí o 5G, mas falta o G de governo – Editorial O Estado de S.Paulo
O potencial de modernização será em grande parte desperdiçado se continuar faltando uma política para conduzir o País a uma nova etapa de crescimento.
Com o leilão do 5G, o Brasil se prepara para incorporar mais uma grande mudança tecnológica, porta de ingresso para novas condições de produtividade, competitividade, crescimento econômico e bem-estar. O sucesso do leilão, com ágio de quase 250% sobre os valores mínimos das faixas ofertadas, no primeiro dia, foi a melhor notícia econômica da semana – de fato, uma das poucas novidades positivas. No mesmo dia foi divulgado o recuo da produção industrial em setembro, a quarta queda mensal consecutiva e a sétima em nove meses. A persistente fraqueza da indústria denuncia, juntamente com a inflação elevada, o aumento da pobreza e a desordem fiscal, o fracasso de uma Presidência sem gestão, sem projeto de trabalho e sem rumo para o País.
O enorme potencial da tecnologia 5G contrasta, no Brasil de hoje, com a carência do G de governo, indispensável às sociedades ditas civilizadas. Essa carência ficou clara já em 2019. Facilitar o acesso às armas foi o primeiro grande esforço do novo presidente. A única inovação importante, a reforma da Previdência, havia amadurecido no mandato anterior. A economia perdeu impulso, depois de dois anos de recuperação da crise de 2015-2016. Depois, afundou em 2020, com a pandemia, reage moderadamente em 2021 e as projeções mais confiáveis apontam um desempenho miserável nos próximos anos.
A agropecuária foi o primeiro setor mencionado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, ao comentar, em entrevista ao Estado, as possibilidades de crescimento com base na nova tecnologia. “O agronegócio”, disse o ministro, “a gente estima que cresça pelo menos 10% com o 5G.” Se isso ocorrer, acrescentou, só esse desempenho deverá garantir uma expansão de 2,6% para o Produto Interno Bruto (PIB).
Pode-se discutir se esses números são corretos, mas estão fora de dúvida alguns pontos muito importantes. O agronegócio tem-se mantido, há muitos anos, como o setor mais dinâmico, mais competitivo, mais inovador da economia brasileira e mais vigoroso em fases de crise internacional. Tem sido a principal fonte de receita comercial externa, seguido pela indústria extrativa mineral. Além disso, experiências com 5G – no uso de drones, por exemplo – têm sido realizadas na agropecuária. Esse interesse pioneiro foi mostrado em reportagens de imprensa. É fácil perceber por que foi o primeiro setor mencionado pelo ministro nessa entrevista.
Para a indústria, especialmente para a manufatureira, a nova tecnologia poderá ser um caminho seguro de recuperação, depois de longo declínio. O 5G poderá proporcionar, entre outros benefícios, melhores condições de competição internacional. Mas o investimento depende ainda, e poderá continuar dependendo por algum tempo, das perspectivas do mercado interno. Essas perspectivas continuam pouco estimulantes.
Além disso, entraves internos à competitividade internacional, incluídos no chamado custo Brasil, continuam intactos. As propostas federais de reforma tributária são insuficientes, além de muito mal concebidas, e a mera redução de direitos trabalhistas, grande solução defendida pelo ministro da Economia, é uma resposta indigente, quando confrontada com os fatores de competitividade de outros grandes emergentes.
O potencial de modernização, de eficiência e de competitividade inscrito no 5G será em grande parte desperdiçado se continuar faltando uma política para conduzir o País a uma nova etapa de crescimento. A confusão sobre o teto de gastos e sobre a origem de recursos para ajuda aos pobres alimenta a insegurança quanto às contas públicas, favorece a alta do dólar, produz inflação e conduz a novos aumentos de juros. Tudo isso é incompatível com mais investimentos produtivos. Insuficientes no setor privado, esses investimentos já desapareceram, ou quase, do setor público. Na área federal, os gastos mais previsíveis, além dos obrigatórios, são os destinados a saciar a fisiológica base de apoio do presidente Jair Bolsonaro. Nenhuma tecnologia da informação compensa, pelo menos até agora, o desgoverno (O Estado de S.Paulo, 6/11/21)
O Ibovespa fechou em alta de 1,37%, a 104.824 pontos, na esteira de balanços corporativos positivos e do cenário externo, acumulando valorização de 1% na semana e queda de 12% no ano.
O Bradesco (BBDC4) subiu 5,30% após divulgar lucro acima do esperado, acompanhado por Engie Brasil (EGIE3), Minerva (BEEF3) e JHSF (BEEF3). O Mercado Livre, cujas ações são negociadas nos Estados Unidos, relatou alta no volume de vendas, impulsionando o setor de ecommerce como um todo e levando o Magazine Luiza (MGLU3) a encerrar o dia com avanço de 13,09%.
As ações de empresas de telecomunicações como TIM (TIMP3), Vivo (VIVT3), Brisanet (BRIT3) e Oi (OIBR3) repercutiram os resultados do primeiro leilão de 5G realizado ontem (4). A Vivo, TIM e Claro conquistaram os principais lotes do serviço no país, que garantiu até agora cerca de R$ 7 bilhões em outorgas. A Vivo e a TIM fecharam com altas de 0,02% e 3,89%, respectivamente.
Lucas Cintra, especialista da Valor Investimentos, afirma que, quando a poeira do leilão baixar, será possível perceber que as empresas vão ter que arcar com muitos projetos, por isso, as ações não estão subindo tanto. “É um mix de gastos com as realizações de lucros que as empresas vão ter”, diz ele.
Além do Magazine Luiza, aparecem entre os destaques positivos do Ibovespa as ações da PetroRio (PRIO3), cujos consórcios foram escolhidos para a compra dos campos de Albacora e Albacora Leste da Petrobras, e da Via (VIIA3), que fecharam em altas de 17,87% e 10,79%, respectivamente.
Em Wall Street, os índices também encerraram a sexta-feira no azul. O Dow Jones subiu 0,56%, a 36.327 pontos, o S&P 500 registrou alta de 0,37%, a 4.697 pontos, e o Nasdaq avançou 0,20%, a 15.971 pontos.
O mercado reagiu positivamente aos dados de criação de vagas de emprego nos Estados Unidos, que vieram acima do esperado em outubro, uma indicação de que a economia norte-americana está recuperando o seu fôlego. Foram criados 531 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, informou o Departamento do Trabalho. Economistas consultados pela Reuters esperavam abertura de 450 mil vagas.
A notícia de que a Pfizer desenvolveu um comprimido antiviral experimental contra Covid-19 que diminui em 89% as chances de hospitalização ou morte em adultos com comorbidades também foi bem recebida.
O dólar fechou em queda de 1,52%, negociado a R$ 5,5192, após dados melhores do que o esperado sobre o emprego norte-americano desencadearem uma onda global de apetite por risco. No início desta semana, a divisa fechou numa nova máxima desde meados de abril, quando atingiu R$ 5,68, e, embora já tenha se afastado um pouco desses patamares e acumulado baixa de 1,7% na semana, a moeda segue forte (Reuters, 5/11/21)