Notícias do setor
24/11/2021
Notícias do Setor

Aneel lança proposta de edital do 1º leilão de transmissão de 2022

Edital prevê a licitação de 13 lotes de instalações, sendo 4.545 km de novas linhas de transmissão e 5.410 MVA em capacidade de transformação

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

A proposta de edital do primeiro leilão de transmissão de 2022 vai entrar em consulta pública na próxima sexta-feira, 26 de novembro. O certame previsto para 30 de junho vai ofertar concessões de empreendimentos localizados nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

O edital prevê a licitação de 13 lotes de instalações, sendo 4.545 km de novas linhas de transmissão e 5.410 MVA em capacidade de transformação. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 9,5 bilhões de reais.

Os lotes de 1 a 7 são de empreendimentos inéditos, enquanto os demais estão com recomendação de caducidade ou com processo punitivo por descumprimento contratual ainda em análise. Dependendo da decisão final do Ministério de Minas e Energia em relação aos empreendimentos com processo punitivo, pode haver alteração nos lotes previstos.

O edital estabelece como condição obrigatória para a assinatura dos contratos de concessão o ressarcimento das despesas de elaboração da documentação técnica dos empreendimentos (Relatórios R1, R2, R3, R4 e R5), após a ratificação pela agência do resultado do certame. Os vencedores terão de enviar os comprovantes do pagamento à comissão de licitação até dez dias antes da assinatura dos contratos.

A exigência, segundo a Aneel, vai obrigar a um maior comprometimento das empresas com a implantação dos projetos , restringindo a entrada de agentes sem capacidade financeira, que possam usar o contrato de forma especulativa.

A Aneel também ajustou cláusulas do contrato para uma melhor definição da possibilidade de antecipações total e parcial de entrada em operação dos empreendimentos.

As contribuições serão recebidas pela agência até 10 de janeiro.

Lotes 1, 2 e 3: Expansão da capacidade de transmissão da região Norte de Minas Gerais.
Lote 4: Solução estrutural para aumento da confiabilidade do atendimento a Macapá (AP)
Lote 5: Estudo de Atendimento às cargas da Subestação Itabaiana (BA/SE)
Lote 6: Reforços para a região de Guarulhos (SP).
Lote 7: Estudo de atendimento às cargas da Subestação Itabaiana (PA).
Lote 8: Integração de Humaitá ao SIN. Aumento da capacidade de atendimento à região de Porto Velho (RO).
Lote 9: Estudo de Suprimento à Região de Novo Progresso (MT/PA).
Lote 10: Atendimento Elétrico à região Oeste do estado de Santa Catarina:
Lote 11: Integração das PCHs Fundãozinho, Areado e Bandeirante e conexão da Enersul na região de Paraíso (MS).
Lote 12: Atendimento elétrico à região metropolitana de Manaus (AM).
Lote 13: Controle de tensão no sistema elétrico do estado do Acre.

(Nota da Redação: matéria atualizada às 15:23 horas do dia 23 de novembro de 2021 para alteração da data de início da consulta pública, realizada pela Aneel após a publicação)

Brasil será pioneiro na geração de energia eólica offshore na América Latina CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

Para a companhia os mercados emergentes, principalmente na América Latina, terão um papel fundamental no desenvolvimento do offshore global

Para ajudar na descarbonização da eletricidade e contribuir para que as metas de redução de emissão de gases, firmadas durante o Acordo de Paris, sejam honradas, é necessário que os investimentos no mercado eólico global quadrupliquem. O dado é da Global Wind Energy Council trazido por Rodrigo Ugarte Ferreira, Head de Procurement da Vestas Latam, durante o painel “Competitividade da cadeia produtiva e novos modelos de negócio para a expansão do setor eólico”, no Brazil Windpower 2021.

No mesmo evento, Carsten Hallund Slot, Head of Market Development & News Market Entry – Global Offshore da Vestas, durante o painel “Offshore: cenário e desafios”, ressaltou que a tecnologia offshore é um desafio global e o Brasil possui toda a pujança necessária para acompanhar o movimento internacional. De acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, estimativas apontam que, a partir de 2022, será possível incluir a contratação de parques eólicos offshore nos leilões de energia.

“O Brasil será pioneiro na implementação da tecnologia offshore na América Latina. A partir disso, os outros países da região terão o Brasil como caso de sucesso. As discussões regulatórias estão encaminhadas e contamos com uma proatividade imensa por parte dos órgãos ambientais”, afirma Slot.

A Vestas enxerga no anúncio do governo brasileiro uma boa oportunidade. Para a companhia os mercados emergentes, principalmente na América Latina, terão um papel fundamental no desenvolvimento do offshore global. A descarbonização da eletricidade é muito positiva. Os benefícios vêm em forma de inovação, oportunidades de negócio e benefícios sociais. A mudança na infraestrutura para receber o offshore abrirá muitas vagas de emprego e atrairá grandes talentos para levar o Brasil para um outro patamar em produção de energia renovável.

Durante sua palestra no Brazil Windpower, Ugarte complementou que a energia eólica é uma alternativa flexível, escalável e de rápido prazo de implementação e é uma excelente alternativa para a diversificação da matriz energética brasileira, hoje predominantemente formada por hidrelétricas. “O mercado de energia eólica no Brasil está destinado a ser grande. Para elevarmos a cadeia produtiva da energia eólica é preciso integrar nossos fornecedores às melhores práticas internacionais e fomentar o desenvolvimento de soluções de energia sustentável”, disse no painel.

Já o diretor de Serviços da Vestas no Brasil, Cleiton Tosetto participou do painel “O&M de parques eólicos: tecnologias de ponta e inovação” e pode afirmar o compromisso da Vestas em investir constantemente em soluções de previsibilidade e monitoramento, que diminuem as falhas emergenciais nas turbinas e otimizam as intervenções, em uma única visita. O objetivo dessas ferramentas de O&M (Operação e Manutenção) é prever falhas e otimizar os recursos na hora da manutenção. Uma das tecnologias adotados pela Vestas é o CMS (Sistemas de Monitoramento de Condição), que monitora as turbinas por meio de vibrações e ajuda a diagnosticar uma falha de forma prematura, para realizar a manutenção preventiva. Já o sistema criado pela Vestas é o VTM (Vestas Turbine Monitor), um sistema de monitoramento em tempo real que compara, analisa e classifica dados de mais de 30.000 turbinas ao redor do mundo. A ferramenta produz dados preciosos e KPI, que contam com alarmes automatizados que indicam a necessidade de intervenção.

Para Cleiton, a previsibilidade de falhas e intervenções nas turbinas é peça-chave para a redução de custos e de tempo de máquina parada. “O constante aprimoramento de técnicas O&M influencia diretamente o preço final de energia e a Vestas caminha para um novo patamar de monitoramento de turbinas, com um cardápio de soluções de monitoramento e reparo de classe mundial”. Recentemente a companhia adquiriu a Schiper, uma plataforma poderosa de dados de energia eólica, que analisa as tendências e os comportamentos das variáveis de componentes específicos para otimizar o reparo das turbinas.

O território brasileiro oferece muitos recursos naturais renováveis e sua demografia aponta para uma demanda maior por energia no futuro. Foram 20 anos para o país alcançar a marca de 20 GW de energia eólica instalada, mas a realidade é que agora o ritmo está muito mais acelerado. O crescimento exponencial da energia eólica no Brasil permite projetarmos até 60 GW já em 2030, com a capacidade instalada onshore produzindo 40 GW e a offshore 20 GW.

Porém, o ritmo global de instalação de energias renováveis não é suficiente para o cumprimento da meta global estipulada até 2030. “Precisamos ser mais rápidos no processo de descarbonização da eletricidade, já que esta é uma condição fundamental para que ocorra a descarbonização do setor energético de forma mais ampla. A descarbonização da eletricidade é a base sobre a qual um sistema de energia sustentável deve ser construído”, afirma Eduardo Ricotta, presidente da Vestas para América Latina.

A Vestas, desde 2000, contribui diretamente para a eletrificação sustentável do país. Desde 2019 a empresa produz localmente os aerogeradores V150-4.2MW com modo de potência otimizada de 4,5 MW, na fábrica em Aquiraz, no Ceará, e já acumula 5,8 GW em pedidos apenas desse modelo, que é o mais vendido de todos os tempos no país. Globalmente, a companhia investe em startups das áreas de tecnologias “power-to-X” assim como em soluções para a descarbonização e eletrificação de transportes e indústrias; armazenamento de longa duração e tecnologias de flexibilidade de rede para integração de renováveis; tecnologia eólica; e materiais avançados e sustentáveis, para, por exemplo, aumentar a reciclabilidade de pás eólicas e reduzir resíduos.

América Latina

A América Latina conta com uma grande capacidade de energia renovável instalada em várias frentes, possibilitando a oferta de eletricidade mais barata e gerando mais empregos e desenvolvimento econômico. Por aqui, um quarto do suprimento energético vem de fontes renováveis. O Brasil, que agora sedia esse mercado eólico regional na Vestas, já saiu de discussões meramente científicas e passou a incorporar ações sustentáveis e influenciar diretamente a agenda sustentável de seus vizinhos.

A região traz oportunidades de crescimento para os fabricantes de aerogeradores e para toda a cadeia de valor envolvida, já que representa apenas 6,5% do total da produção de energia eólica do mundo e, de acordo com a Vestas, tem o que é necessário para desenvolver uma cadeia produtiva transparente e eficiente e moldar um mercado autossuficiente a nível internacional.

Reconhecendo a importância, potencial e desempenho da América Latina para a geração de energia eólica onshore e offshore, a Vestas anunciou recentemente uma nova configuração global para a região, a região LATAM. Assim, a partir de 2022, países como México, República Dominicana, Peru, Colômbia, Chile, Argentina e Uruguai se juntam o Brasil para formar a região America Latina, sob o comando de Eduardo Ricotta, presidente da Vestas LATAM.

Esse anúncio faz parte do compromisso da Vestas com a aceleração da implementação de energias renováveis no mundo e seu empenho em apoiar os clientes em suas estratégias de negócios para atender a demanda atual e futura por soluções sustentáveis.

(Nota da Redação: Conteúdo patrocinado produzido pela empresa)

EUA comandam outras nações e desafiam OPEP + com liberação de reservas de petróleo

Por Timothy Gardner

WASHINGTON, 23 de novembro (Reuters) - O governo do presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na terça-feira que vai liberar milhões de barris de petróleo de reservas estratégicas em coordenação com China, Índia, Coréia do Sul, Japão e Grã-Bretanha, para tentar esfriar os preços depois da OPEP + os produtores ignoraram repetidamente os pedidos de mais petróleo.

Biden, enfrentando baixos índices de aprovação e acelerando a inflação antes das eleições legislativas do próximo ano, ficou frustrado em pedir repetidamente à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, conhecidos como OPEP +, para bombear mais petróleo sem qualquer resposta.

"Eu disse a vocês antes que vamos tomar medidas quanto a esses problemas. Isso é exatamente o que estamos fazendo", disse Biden em declarações transmitidas pela Casa Branca.

"Vai levar tempo, mas em pouco tempo você verá o preço da gasolina cair quando você encher o tanque e, a longo prazo, reduziremos nossa dependência do petróleo à medida que mudarmos para a energia limpa", disse ele.Os preços do petróleo bruto atingiram recentemente o máximo de sete anos, e os consumidores estão sentindo a dor. Os preços da gasolina no varejo subiram mais de 60% no ano passado, a taxa de aumento mais rápida desde 2000, principalmente porque as pessoas voltaram às estradas à medida que as restrições induzidas pela pandemia diminuíram.

De acordo com o plano, os Estados Unidos vão liberar 50 milhões de barris, o equivalente a cerca de dois dias e meio de demanda americana. A Índia, por sua vez, disse que liberaria 5 milhões de barris, enquanto a Grã-Bretanha disse que permitiria a liberação voluntária de 1,5 milhão de barris de petróleo de reservas privadas.

O Japão vai liberar "algumas centenas de milhares de quilolitros" de petróleo de sua reserva nacional, mas o momento da venda ainda não foi decidido, disse o ministro da Indústria Koichi Hagiuda a repórteres na quarta-feira. consulte Mais informação

Anteriormente, o jornal Nikkei informou que o Japão vai liberar cerca de 4,2 milhões de barris de petróleo (666.666 quilolitros) ou cerca de 1 ou 2 dias de sua demanda. Uma fonte de refino japonesa disse que já comprou petróleo para processamento em fevereiro de 2022. leia mais

Seul disse que decidirá após discussões com os Estados Unidos e outros aliados, mas não forneceu detalhes. consulte Mais informação

A China, o maior importador de petróleo do mundo, continua sem se comprometer, embora tenha tomado medidas este ano para conter os aumentos de preços de outras commodities em seu mercado doméstico. Pequim vai liberar petróleo bruto de suas reservas de acordo com suas necessidades, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores na quarta-feira. consulte Mais informação

"Como resultado, o governo Biden terá que se voltar para a China novamente. Esta é uma direção que beneficia a todos, mas a China claramente tem a vantagem", disse o Global Times, apoiado pelo Estado, em um editorial. consulte Mais informação

O petróleo Brent subiu pelo segundo dia na quarta-feira para US $ 82,70 o barril em 0908 GMT, depois de cair mais de 10% por vários dias devido a preocupações de mais ofertas de lançamentos de SPR. O Goldman Sachs disse que o volume anunciado foi "uma gota no oceano". [nL1N2SF013]

Foi a primeira vez que os Estados Unidos coordenaram tal movimento com alguns dos maiores consumidores de petróleo asiáticos do mundo, disseram autoridades.

OPEP +, que inclui a Arábia Saudita e outros aliados dos EUA no Golfo, bem como a Rússia, rejeitou pedidos até agora para bombear mais. Ele se reunirá novamente em 2 de dezembro para discutir a política, mas até agora não mostrou nenhuma indicação de que mudará de rumo.

O grupo tem lutado para cumprir as metas existentes em seu acordo de aumentar gradualmente a produção em 400.000 barris por dia (bpd) a cada mês - um ritmo que Washington considera lento demais - e continua preocupado que um ressurgimento de casos de coronavírus possa reduzir novamente a demanda . consulte Mais informação Os recentes altos preços do petróleo foram causados ​​por uma forte recuperação na demanda global, que atingiu o início da pandemia de 2021, e analistas disseram que a liberação de reservas pode não ser suficiente para conter novos aumentos.

"Não é grande o suficiente para reduzir os preços de forma significativa e pode até sair pela culatra se levar a OPEP + a desacelerar o ritmo de aumento da produção", disse Caroline Bain, economista-chefe de commodities da Capital Economics Ltd.

O governo também apontou para uma lacuna notável entre o preço dos contratos futuros de gasolina inacabados e o custo de varejo da gasolina, que aumentou para cerca de US $ 1,14 o galão, ante cerca de 78 centavos em meados de outubro. A Casa Branca instou a Comissão Federal de Comércio a investigar o assunto na semana passada.Os oponentes políticos de Biden aproveitaram o anúncio para criticar os esforços de seu governo para descarbonizar a economia dos Estados Unidos e desencorajar o desenvolvimento de novos combustíveis fósseis em terras federais.

"Explorar a Reserva Estratégica de Petróleo não resolverá o problema", disse o senador John Barrasso, o republicano graduado no comitê de energia do Senado.

A liberação da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA seria uma combinação de um empréstimo e uma venda a empresas, disseram autoridades americanas. O empréstimo de 32 milhões de barris ocorrerá nos próximos meses, enquanto o governo aceleraria a venda de 18 milhões de barris já aprovada pelo Congresso para arrecadar fundos para o orçamento.

AVISO À OPEP

O esforço de Washington para se associar com as principais economias asiáticas para reduzir os preços da energia atua como um aviso à OPEP e outros grandes produtores de que eles precisam resolver as preocupações sobre os altos preços do petróleo, que aumentaram mais de 50% até agora este ano.

"Isso envia um sinal à OPEP + de que os países consumidores não serão mais pressionados por eles", disse John Kilduff, sócio da Again Capital LLC em Nova York. "A OPEP + tem sido mesquinha com sua produção há meses."

Suhail Al-Mazrouei, ministro de energia dos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores produtores da Opep, disse antes que os detalhes da liberação das reservas dos EUA fossem anunciados que ele não via "lógica" em aumentar a oferta dos Emirados Árabes Unidos para os mercados globais.Uma fonte da OPEP + disse que a liberação de reservas complicaria seus cálculos, já que monitora os mercados mensalmente. No entanto, eles e vários analistas disseram que o lançamento não foi tão grande quanto o número do título sugeria. Eles disseram que a Grã-Bretanha e a Índia estão liberando quantias modestas e os Estados Unidos já anunciaram alguns lançamentos, então a quantidade adicional foi menor do que o esperado.

Os Estados Unidos historicamente têm trabalhado em lançamentos coordenados de estoques com a Agência Internacional de Energia (IEA), com sede em Paris, um bloco de 30 países industrializados consumidores de energia.

Japão e Coreia do Sul são membros da IEA. China e Índia são apenas membros associados.

Reportagem de Timothy Gardner em Washington Reportagem adicional de Sonali Paul em Melbourne, Ghaida Ghantous em Dubai, Ahmad Ghaddar em Londres, equipe da OPEP, Jarrett Renshaw na Filadélfia, Alexandra Alper e Jeff Mason em Washington, Jessica Resnick-Ault em Nova York, Aaron Sheldrick em Tóquio, Yew Lun Tian em Pequim e Florence Tan em Cingapura Escrito por Edmund Blair, Alexander Smith e Richard Valdmanis Edição por David Gaffen, Carmel Crimmins, Cynthia Osterman, Matthew Lewis e Kim Coghill

Com falta de investimento, Brasil cai em índice de competitividade

O corte contínuo de verbas em Ciência e Tecnologia, que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, não está afetando apenas as pesquisas científicas, mas pode levar a um fenômeno de difícil reversão: a fuga de cérebros, o que já pode ser visto em número. No ranking do Índice Global de Competitividade por Talento, o Brasil despencou 25 posições de 2019 para 2020: da posição 45 foi para a 70. Na lista das nações que mais atraem talentos, o país também caiu muito em quatro anos: perdeu 28 posições.

A emigração intelectual coincide com a redução do orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, que perdeu quase metade dos recursos de 2015 para 2016 e vem sofrendo mais cortes de 2019 para cá. Só em outubro, o Ministério da Economia decidiu cortar do Orçamento 90% dos recursos que seriam destinados a vários projetos científicos, inclusive a bolsas e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A verba destinada para a ciência, que era de R$690 milhões, vai ficar em apenas R$55,2 milhões.

As consequências para o país serão nefastas. Por aqui, a quase totalidade das pesquisas científicas e em inovação são feitas pelas universidades públicas, financiadas pela FAPESP, pelo Ministério da Educação e outras instituições, como a Finep. Élcio Abdalla, coordenador e professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), é coordenador do Bingo, um radiotelescópio inédito no país, financiado pela Fapesp, pelo governo da Paraíba com colaboração chinesa, que corre o risco de ser interrompido com a queda de investimentos. Além disso, em sua sala de aula ele tem visto: a fuga de cérebros é um fenômeno que tende a crescer. Revertê-lo é mais difícil, diz.

Hoje no projeto há três colaboradores de altíssima competência, que estão saindo definitivamente do Brasil por falta de oportunidades aqui."São alguns excelentes pesquisadores, alunos recém formados, que estão indo embora e não necessariamente porque queriam, mas porque são extremamente qualificados e aqui não são remunerados adequadamente em pesquisa, e, pior que isto, por vezes não encontram trabalho. China, Alemanha, Estados Unidos são alguns dos destinos deles e, pelas perspectivas que vemos desse governo, de cada vez maior desvalorização do conhecimento, a perspectiva de que esses cérebros podem retornar é baixa. Mesmo que voltemos a investir, serão anos para retomarmos os níveis atuais".

Pandemia mostrou importância do investimento em ciência

A pandemia da Covid-19 e a consequente busca por vacinas deixou claro que os países com maior investimento saíram na frente - e devem continuar liderando o mundo:

"A produção científica, o investimento em pesquisa, retorna para a sociedade em quase todas as áreas. Desde inovações e descobertas que tornam bens de consumo melhores e mais acessíveis até a produção de medicamentos e vacinas, procedimentos médicos, obras de engenharia que melhoram a mobilidade urbana e desenvolvimento agropecuário que torna a produção de alimentos mais barata e de melhor qualidade. Investir em inovação e ciência é criar autonomia para o país. Percebemos isso agora, nas vacinas. Aqueles com capacidade de desenvolver e produzir saíram na frente. Isso não é uma simples coincidência, são as nações que mais valorizam a ciência", explica Élcio. Não apenas isto, há também benefícios tecnológicos que revertem diretamente na economia do país, como já tem acontecido.

Os dados confirmam: os quatros países que mais investem em pesquisa estão na frente em inovação. Eles são Coreia do Sul e Alemanha, que investem quase 4% em pesquisa; e Japão e Estados Unidos, que repassam cerca de 3%. No Brasil, esse montante é um pouco maior que 1%. E vale lembrar: essas quatro nações têm PIB maior que o nosso. Ou seja, elas direcionam mais dinheiro não só percentualmente, mas também em números absolutos. Nos EUA, só para pesquisas envolvendo a Covid-19 foram destinados mais de 6 bilhões de dólares. No Brasil, apenas US $100 milhões.

As principais fontes desses recursos são justamente algumas instituições que podem ter corte de verba, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Igualmente importante é a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação. Todos eles sofreram cortes significativos, essenciais, no Orçamento de 2021.

Projeto inédito e revolucionário pode sofrer

Um dos projetos que sofre com o corte de verbas e investimento é o coordenado por Abdalla, o Bingo. Trata-se de um radiotelescópio, financiado principalmente pela Fapesp e pelo Governo da Paraíba, inédito no país e que conta com pesquisadores do Brasil, da China, África do Sul, Reino Unido, Coréia do Sul, Portugal e França. O objetivo é explorar novas possibilidades na observação do universo a partir do céu brasileiro. O sertão da Paraíba, pela alta visibilidade e baixa poluição, foi o local escolhido. A FINEP, que contribuiria significativamente, não está colocando verbas no projeto, apesar de termos, na análise técnica, logrado aprovação do apoio pretendido por duas vezes, em 2018 e em 2021.

"A proposta do radiotelescópio BINGO é estudar a energia escura e também o fenômeno Fast Radio Bursts ["Rajadas Rápidas de Rádio", em tradução livre], ainda pouco conhecido. Além disso, entender e conhecer o nosso céu pode trazer conhecimentos importantes e estratégicos sobre o que acontece em cima de nós, quais fenômenos, que tipo, por exemplo, de satélites, estão passando por aqui. É informação importante para toda a sociedade", conta Élcio.

Há um extenso plano educacional que segue diretrizes internacionais, aprovado pela Secretaria de Educação do Estado da Paraíba. Há também um plano de divulgação muito importante. Isto tudo sem detalhar aqui as contribuições tecnológicas do projeto, já em andamento, assim como a formação de um conjunto de pesquisadores capazes de trazer conhecimento estatístico vital para a economia e que podem contribuir inclusive no sistema financeiro nacional, o que também já está acontecendo.

O BINGO contribuirá com a visão do Hemisfério Sul para um trabalho sobre o fenômeno que já vem sendo realizado por meio do Chime (Canadian Hydrogen Intensity Mapping Experiment) no Hemisfério Norte. O chamado "setor escuro do Universo" estará no foco das descobertas. No sertão, longe da poluição eletromagnética, será possível saber mais sobre estruturas desconhecidas da galáxia, pulsares que ainda precisam de observação e perceber novos sinais do espaço.

O coordenador do projeto observa que "cerca de 95% do conteúdo energético do universo é completamente desconhecido, e o BINGO olhará para a distribuição detalhada da matéria conhecida para verificar os vínculos do setor escuro". E mostrar para o cidadão comum como seus impostos beneficiam o país é um dos objetivos que Élcio tem com esse projeto:

"O assunto não é necessário apenas para a comunidade científica, mas para a população em geral. De fato, há um enorme projeto educacional conectado às pesquisas, é ciência e educação para todos. Não podemos simplesmente falar para doutores, temos que colocar as pessoas a par, já que são elas que pagam pela nossa pesquisa. O ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços] do pãozinho vai para esse trabalho também. Então nós temos, até como obrigação, contribuir para um desenvolvimento real e mostrar ao cidadão que a ciência é importante, que a ciência muda o mundo - como de fato mudou nos últimos três séculos a face da civilização", sintetiza Élcio Abdalla (Assessoria de Comunicação, 23/11/21)

 

Ibovespa encerra o dia em alta e dólar vai a R$ 5,6083

O Ibovespa fechou hoje (23) em alta de 1,50%, a 103.653 pontos, em dia de grande volatilidade. A tendência positiva foi puxada principalmente pelas ações de commodities, que ganharam impulso por conta da perspectiva de retomada de produção das siderúrgicas chinesas e pela notícia de que os Estados Unidos vão liberar milhões de barris de petróleo de reservas estratégicas.

 Por essa razão, Braskem (BRKM5), Petrobras (PETR4) e PetroRio (PRIO3) figuraram entre os destaques positivos da sessão, com altas de 6,68%, 5,46% e 5,29%, respectivamente. A Vale, ação de maior peso no índice, encerrou o dia com ganhos de 2,63%, após ter fechado ontem com avanço de 5,56%.

 A PEC dos Precatórios e o financiamento do Auxílio Brasil permanecem no radar dos investidores. Hoje, o relator da proposta, Fernando Bezerra Coelho, apresentou aos senadores sete mudanças que serão feitas no texto já aprovado pela Câmara. A principal delas sugere que o Auxílio Brasil se torne um programa permanente.

 “O índice renovou a mínima do ano, agora em 101.736 pontos [durante a sessão], na expectativa pelas mudanças propostas na PEC dos Precatórios, que, no final das contas, não foi relevante ao ponto de aprofundar as perdas. Inclusive, após divulgadas, os juros futuros foram para o campo negativo”, comenta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Em Wall Street, os índices fecharam sem direção definida. O Dow Jones subiu 0,55%, a 35.813 pontos, o S&P 500 registrou ganhos de 0,17%, a 4.690 pontos, e o Nasdaq caiu 0,50%, a 15.775 pontos.

 No S&P 500, o setor financeiro fechou em alta de 1,56%, estendendo os ganhos de segunda-feira e fornecendo otimismo aos mercados. Goldman Sachs, JPMorgan e Bank of America avançaram mais de 1% cada, com expectativas de aumento dos juros no próximo ano. As expectativas foram intensificadas após Jerome Powell ser nomeado para um segundo mandato como presidente do Federal Reserve, banco central norte-americano.

 Por outro lado, o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano pesou sobre ações de grandes empresas de tecnologia. Alphabet e Amazon registraram quedas de 0,36% e 0,63%, respectivamente.

 O dólar fechou em alta de 0,27%, negociado a R$ 5,6083 na venda, refletindo cenário internacional de menor apetite por risco em meio a perspectivas de aumentos de juros nos Estados Unidos já em 2022. Ainda assim, a moeda se distanciou das máximas do dia depois que o mercado repercutiu positivamente notícias sobre mudanças propostas para o texto da PEC dos Precatórios no Senado (Reuters, 23/11/21)

 

Localização
Av. Ipiranga, nº 7931 – 2º andar, Prédio da AFCEEE (entrada para o estacionamento pela rua lateral) - Porto Alegre / RS
(51) 3012-4169 aeceee@aeceee.org.br