Notícias do setor
30/11/2021
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Governo intensifica busca de áreas para novas usinas nucleares

Bento Albuquerque disse na abertura de conferencia sobre energia nuclear que o MME está trabalhando nisso em parceria com o Cepel

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou em evento sobre energia nuclear que o ministério está trabalhando em parceria com o Centro de Pesquisa em Energia Elétrica na retomada dos estudos de localização de novos sítios para a instalação de usinas. A meta, segundo o ministro, é intensificar o trabalho de identificação de áreas preferenciais, que permitam ao governo propor ao Congresso Nacional a implantação de novos empreendimentos da fonte.

Albuquerque participou da abertura da décima edição da Conferência Internacional Nuclear do Atlântico, quando destacou que MME tem avançado, em coordenação com outras áreas do governo, para promover a expansão da energia nuclear na matriz energética e consolidar a posição do Brasil no setor. O evento promovido de forma virtual pela Associação Brasileira de Energia Nuclear (Aben) tem como tema a tecnologia nuclear e a redução da pegada de carbono.

“Temos foco no desenvolvimento de energias limpas e renováveis, e destacamos que o Brasil tem uma das matrizes de energia elétrica mais limpas do mundo, com 85% de fontes renováveis” , disse o ministro em discurso nesta segunda-feira, 29 de novembro. Albuquerque lembrou que nos últimos três anos os investimentos contratados nos setores de energia e mineração ficaram próximos de US$ 90 bilhões e representaram mais de 70% de toda a carteira de projetos do governo federal.

Ele disse ainda que o Brasil vai começar uma nova etapa na atividade de regulação, fiscalização e licenciamento, com a atuação da recém-criada Autoridade Nacional de Segurança Nuclear. A nova agência reguladora da atividade no país terá, na visão do ministro, grandes desafios com a retomada do Programa Nuclear Brasileiro e a expansão esperada em todos as áreas desde a mineração até a aplicação final na geração de energia elétrica, passando pela fabricação de radiofármacos, radiação de alimentos, e pelo futuro reator multipropósito (RMP), que vai concentrar as pesquisas relacionadas a todos os setores.

O presidente da Aben, Carlos Henrique Mariz, ressaltou que o setor está em sintonia com as preocupações da sociedade com o aquecimento global, e que a fonte nuclear tem um grande papel como alternativa para produção de energia de base, com mínima emissão de gases de efeito estufa, para substituir a produção a partir de combustíveis fósseis. “O momento é de intensa atividade na geração de energia nuclear no mundo e no Brasil com anúncios de projetos de construção de novas usinas e expansão da vida útil de muitas em operação.”

Já o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, afirmou há pessoas no mundo sem acesso à eletricidade. “Aliviar a sua pobreza tem que fazer parte do nosso plano, e isso significa que a demanda por energia vai crescer, e que a demanda por energia nuclear vai aumentar, sendo necessário desenvolver ações para aumentar matrizes energéticas com baixo teor de carbono”, acrescentou Grossi.

Além da conferência, que vai até o dia 2 de dezembro, vários eventos voltados para a academia, centros de pesquisa e para a indústria estarão acontecendo simultaneamente. Entre eles, os encontros técnicos de Física de Reatores e Termo hidráulicos (Enfir), de Aplicações Nucleares (Enan) e da Indústria Nuclear (Enin). Há também a ExpoINAC, uma exposição de projetos e materiais, e sessões técnicas de pôsteres Juniores, destinadas a estudantes de graduação.

Demanda global de combustível de aviação sob pressão da Omicron, meio-fio de fronteira

Por Koustav Samanta

CINGAPURA, 30 de novembro (Reuters) - Os mercados globais de combustível de aviação permaneceram sob pressão na terça-feira, à medida que mais países expandiam as restrições de fronteira para manter a nova variante do coronavírus Omicron sob controle, levando os viajantes a reconsiderar seus planos.

A demanda por combustível de aviação - o maior retardatário do complexo de petróleo - foi projetada para registrar o maior crescimento de 550.000 barris por dia para 5,9 milhões de barris por dia no quarto trimestre, de acordo com a Agência Internacional de Energia em seu relatório de 16 de novembro. IEA / S

Mas agora o Omicron representa o maior risco para o consumo de combustível de aviação. Hong Kong expandiu a proibição de entrada de não residentes de vários países, o mais recente para expandir as restrições de viagens depois que Israel e Japão já anunciaram o fechamento de suas fronteiras para todos os viajantes estrangeiros.

A Grã-Bretanha e a Austrália endureceram as regras para todas as chegadas em resposta à nova variante, enquanto centenas e milhares de possíveis viajantes estão agora considerando cancelar ou atrasar suas viagens em resposta a novas restrições. 

"O risco real da nova variante é ... a reimposição de restrições de voo mais generalizadas durante o inverno e novamente reduzindo a demanda global atual de combustível de aviação de cerca de 6 milhões de barris por dia de forma significativa", disse a consultoria de energia FGE em nota.As margens de refino asiáticas para o combustível de aviação caíram para o menor nível em mais de dois meses na segunda-feira, a US $ 6,92 o barril, enquanto o spread do mês anterior para o combustível de aviação em Cingapura caiu para um contango pela primeira vez desde o final de setembro.

"Os níveis atuais de demanda por jato estão apenas 1 mb / d acima do inverno passado, quando os casos e hospitalizações eram muito mais altos e antes de qualquer vacinação generalizada", disseram analistas do Goldman Sachs em nota de 26 de novembro.

"Embora o pior caso possa ser um retorno aos níveis do inverno passado, o lado negativo de 0,5 mb / d em relação ao nosso cenário-base atual até o 2T22 seria uma suposição conservadora, dado o que sabemos no momento."As companhias aéreas globais, a maioria das quais tem enfrentado dificuldades desde a queda do ano passado nas viagens aéreas, já que a maioria dos voos internacionais de longa distância permaneceu em terra, agora estão lutando para limitar o impacto da última variante em suas redes. 

"No total, 2,4% da capacidade programada (companhia aérea global) foi removida para os próximos quatro meses", disse a empresa de dados de aviação OAG.

“Mas é muito cedo para dizer se isso se deve a uma demanda ligeiramente mais fraca do que o esperado, ou uma resposta inicial de algumas companhias aéreas à perspectiva da variante Omicron do vírus COVID-19 causando um retorno às restrições de fronteira para viagens aéreas internacionais. "Fontes de comércio disseram que a nova variante diminuiu as esperanças de curto prazo por qualquer recuperação substancial da demanda.

"Agora é como o jogo de tabuleiro da cobra e da escada. Acho que Vaccinated Travel Lanes (VTL) seria importante para manter o ímpeto na indústria da aviação", disse um comerciante de combustível de aviação de Cingapura.

"Definitivamente, não há esperança de ver uma recuperação rápida, o que era esperado antes desta variante do Omicron."

A nova ameaça à retomada mundial – Editorial O Estado de S.Paulo

Alta do frete marítimo coloca em risco retomada econômica e pressiona os preços domésticos no mundo todo.

 Consequência da recuperação da economia mundial, o crescimento da demanda por transporte marítimo resultou num encarecimento tão forte dos fretes que ameaça a retomada global e força o aumento de preços. Se o problema persistir até 2022, os preços dos produtos importados poderão subir até 11%. Caso isso ocorra, os preços para os consumidores aumentarão 1,5% até 2023. São projeções da Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad) em relatório sobre transportes marítimos. Países menos desenvolvidos devem ser mais prejudicados do que os demais.

No Brasil, a alta da inflação por conta desse problema pode alcançar 1,2 ponto porcentual, menos do que a média projetada para o mundo. Mas a situação interna está longe de ser mais tranquilizadora do que a de outros países, pois problemas específicos, como desvalorização da moeda muito mais acentuada do que em outros países e a lenta evolução da produção e do emprego, continuam a pairar sobre a economia. Incertezas no plano político igualmente pressionam os preços internos.

A pandemia mudou as formas e a intensidade do consumo em todo o mundo. Tendo de ficar mais tempo em casa, com grandes restrições a atividades públicas, as pessoas passaram a utilizar mais os sistemas de compras online, sobretudo de bens e menos de serviços. Demandas por computadores e outros eletroeletrônicos cresceram exponencialmente, o que gerou problemas de suprimento de componentes, como os semicondutores. À medida que crescia a demanda, a cadeia de suprimentos se interrompia em vários pontos, afetando a produção.

À limitada capacidade de suprimento de diversos itens juntaram-se outros obstáculos ao comércio internacional. De início, o transporte marítimo mundial foi afetado pela falta de contêineres. Agora soma-se a alta dos fretes. O índice de custo do transporte de um contêiner intermodal de 1 TEU (medida padrão de um contêiner) na rota Xangai-Europa em 2020 passou de US$ 1.000 em junho para US$ 4.000 no final do ano. Chegou a US$ 7.395 no fim de julho deste ano, mostra a Unctad. Estima-se que 80% do comércio mundial é feito por navios.

“O aumento dos fretes terá um profundo impacto no comércio e vai solapar a recuperação socioeconômica, especialmente nos países em desenvolvimento, até que as operações de transporte marítimo voltem à normalidade”, advertiu a secretária-geral da Unctad, Rebeca Grynspan.

O relatório da Unctad compara o desempenho de portos brasileiros e colombianos, e o resultado é ruim para o Brasil. Para operações de descarga, a espera média num porto colombiano é de um dia; no Brasil, cinco dias e meio. Para carga, o Brasil é o país que tem a maior espera na lista da Unctad, de mais de uma semana. Ou seja, países que dispõem de infraestrutura portuária eficiente podem amenizar os impactos desse custo. Já para os menos eficientes o prejuízo certamente será maior – mais uma das muitas razões para o Brasil superar o quanto antes o persistente atraso nesse setor (O Estado de S.Paulo, 28/11/21)

Inflação:O que está por trás da alta de mais de 30% no preço de 10 produtos

Grupo alimentação e bebidas acumula alta de 11,7%, maior que inflação média. Getty Images

Aumento do preço do petróleo, escassez de matérias-primas, falta de navios e contêineres. A reabertura das economias com os programas de vacinação contra a Covid-19 aqueceu a demanda por bens e serviços e iniciou um ciclo de aumento de preços em dezenas de países.

Em outubro, a inflação nos Estados Unidos atingiu o maior valor dos últimos 30 anos, 6,2% no acumulado em 12 meses. Na Europa, o indicador que agrega os países da zona do Euro atingiu 4,1% no mesmo período, maior percentual em 13 anos.

Ainda que o fenômeno seja, em maior ou menor medida, global, no Brasil a inflação tem piorado em ritmo mais acelerado e já passa de dois dígitos.

Aqui, os fatores externos se somam a um caldeirão de instabilidade política e institucional doméstica que tem afetado a cotação do dólar, diz o economista André Braz, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Apesar do aumento das exportações de commodities, que tradicionalmente na história do Brasil ajudam a fortalecer o real, a moeda americana se mantém em nível persistentemente elevado - o que impacta os preços de dezenas de produtos, de alimentos a combustíveis.

"A desvalorização cambial foi o fator que mais pesou para essa diferença entre o nível da inflação aqui e no resto do mundo", destaca Braz.

Nos 12 meses até outubro, o indicador oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), atingiu 10,67%. Como o IPCA é composto por 377 subitens, o número fechado esconde aumentos bem maiores. O pimentão, por exemplo, acumula alta de 85,3%, a maior da lista.

Pouco mais de 20 produtos estão mais de 30% mais caros do que um ano atrás, muitos daqueles que têm castigado o bolso dos brasileiros nos últimos meses. Detalhamos 10 deles a seguir.

 

Açúcar e café

Esta é uma crise amarga. Açúcar refinado, cristal e demerara subiram, respectivamente, 47,8%, 42,4% e 30,38% no último ano.

As intempéries climáticas ajudam a explicar parte relevante desse aumento. A combinação de seca e geadas que afetou a região Centro-Sul do país pegou em cheio o Estado que mais produz cana-de-açúcar, São Paulo.

Com a quebra de safra, a oferta do produto diminuiu. A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é uma colheita 9,5% menor em relação ao período anterior.

A disponibilidade de açúcar no mercado interno, contudo, reduziu ainda mais. Com o aumento dos preços internacionais e a valorização do dólar, os produtores têm um grande incentivo para exportar, o que acaba empurrando para cima os preços domésticos.

 

XICARAS DE CAFE- GETTY IMAGES

Legenda: No caso do café, safra do próximo ano também acabou prejudicada pelas geadas. Getty Images

A história do café, que acumula alta de 34% no IPCA, é essencialmente a mesma. A seca afetou os Estados produtores, como Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, provocando quebra de safra e uma redução de 25,7% na colheita, conforme os dados da Conab.

Com a menor oferta, o preço da saca mais que dobrou, de cerca de R$ 500 em 2020 para R$ 1,3 mil, lembra César de Castro Alves, da Consultoria Agro do Itaú BBA.

No caso do café, como a colheita se estende entre abril e setembro, as geadas vão afetar principalmente a próxima safra - o que diminui o espaço para uma recuperação mais sustentada da produção.

Em paralelo à questão climática, acrescenta o especialista, os gêneros agrícolas estão, de forma geral, tendo de conviver com "custos de produção exorbitantes".

Boa parte dos insumos, como adubos, fertilizantes e defensivos, é importada e, portanto, fica mais cara com a alta do dólar.

"Mas não é só isso, tem energia e combustível, que também estão mais caros, mão de obra... É um quadro complicado, e que vale para todas as culturas", avalia.

Filé mignon

O corte mais nobre do boi está ainda mais caro - 38% mais que um ano atrás. Mas ele não é o único: praticamente todos os cortes de bovinos subiram dois dígitos nos últimos 12 meses, o que explica porque, para muitas famílias, a carne é hoje inacessível.

 

O preço do frango, que poderia ser uma alternativa, também não está cabendo no bolso de muitos brasileiros. O frango em pedaços está 33,2% mais caro e o frango inteiro, 29,2%.

Neste caso, a questão das commodities também ajuda a explicar, já que soja e milho, duas culturas castigadas pela seca em 2021, são a base das rações de bovinos e aves.

A estiagem também afetou importantes regiões produtoras dos Estados Unidos (maior exportador de milho do mundo), contribuindo para empurrar as cotações dessas commodities nos mercados internacionais.

Além do aumento de custos para a chamada indústria intensiva em ração - de proteína animal, leite e ovo -, uma menor produção de bois também ajuda a explicar o aumento do preço das proteínas, acrescenta Castro Alves.

Nesse caso, a situação é reflexo do próprio ciclo da bovinocultura, diz ele, relacionado aos períodos de reprodução e reposição dos animais - períodos de 5 ou 6 anos, de acordo com a Embrapa, em que a disponibilidade de bezerros, fêmeas e bois aumenta e diminui, afetando os preços.

Em setembro, um outro fator entrou na equação de preços: a China decretou embargo à carne brasileira depois que dois casos de vaca louca foram identificados em Minas Gerais e Mato Grosso, onde há frigoríficos certificados para exportar para o país asiático.

A situação ainda não foi resolvida: apesar de a Organização Mundial de Saúde Animal afirmar que os casos eram atípicos e espontâneos e que, portanto, não apresentavam risco para a cadeia produtiva, a China mantém o embargo.

Como resultado, as exportações de carne brasileira despencaram e o preço da arroba do boi gordo chegou a recuar R$ 60 entre o início de setembro e o final de outubro, quando valia cerca de R$ 255, conforme o indicador do Cepea.

"Mas o consumidor final nem viu a cor dessa redução de preço", pondera o especialista, referindo-se ao fato de que a carne bovina não retraiu na mesma magnitude no IPCA. Parte desses ganhos foi absorvida pelos frigoríficos e outra parte ficou no próprio varejo, que aproveitou para aumentar sua margem de lucro.

"O boi caiu mais que no atacado, que, por sua vez, caiu mais do que no varejo."

 

CARNE BOVINA SUPERMERCADO - GETTY IMAGES

Legenda:Impacto do embargo da China não chegou a reduzir significativamente preço da carne no varejo. Getty Images

Combustíveis (gasolina, etanol, GLP, óleo diesel) e energia elétrica

O aumento expressivo da inflação em 2021 se deve em boa parte ao grupo dos "energéticos", diz André Braz, do Ibre-FGV.

"Diesel, gasolina, GLP, etanol, energia elétrica... Tudo isso é cerca de 50% do IPCA acumulado até outubro", destaca o economista.

A energia elétrica residencial, diretamente afetada pela crise hídrica, acumula 30,2% de alta em 12 meses.

Praticamente todos os combustíveis na cesta do IPCA ficaram mais de 30% mais caros no último ano. Entre os derivados do petróleo, a gasolina subiu 42,7%, o óleo diesel, 41,3%, o gás veicular, 39,5%, e o gás de botijão, 37,8%.

Pelo menos quatro fatores têm empurrado os preços para cima. De um lado, a maior demanda por combustíveis de forma geral, fruto da própria reabertura das economias após o início dos programas de vacinação.

De outro, uma restrição de oferta, já que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), um cartel que reúne 13 países e concentra cerca de 33% da produção global da commodity, não retomou o ritmo de extração pré-pandemia - apesar dos pedidos da comunidade internacional e de pressões dos EUA.

No caso do Brasil, a esses dois fatores se soma a questão do aumento do dólar, pois a política de preços da Petrobras leva em consideração a cotação da moeda americana, além do comportamento dos preços internacionais do barril de petróleo.

Por fim, os biocombustíveis que são misturados ao diesel e à gasolina também ficaram muito mais caros em 2021. O etanol, que responde por 27% da composição da gasolina C, vendida nos postos de combustível, está 67,4% mais caro - depois do pimentão, é o segundo item com maior aumento de preço no último ano.

E este é um reflexo direto da dinâmica do açúcar. Com aumento do preço internacional, parte relevante da produção a partir da cana-de-açúcar foi direcionada para a commodity e exportada, reduzindo a matéria-prima disponível para o etanol, explica Castro Alves, da Consultoria Agro do Itaú BBA.

No caso do diesel, entra o biodiesel, que responde por cerca de 10% da composição e é feito a partir da soja, que também acumula alta expressiva.

O aumento generalizado no grupo dos energéticos, por sua vez, contamina uma série de outros preços, ressalta Braz.

"Esses aumentos não se esgotam em si. A alta da energia elétrica eleva o custo da indústria, por exemplo, que pode repassar o aumento para seus preços. O diesel mais caro aumenta o preço do frete. Há um espalhamento das pressões."

NOTA DOLAR REAL- GETTY IMAGES

Legenda: Dólar alto tem impacto sobre diversos preços, de combustíveis a alimentos. Getty Images

Transporte por aplicativo

O transporte por aplicativo ficou 36,7% mais caro nos 12 meses até outubro. Para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitc), que representa empresas como Uber e 99, a alta é explicada pelo aumento da procura.

"É preciso considerar que o setor vem registrando um aumento exponencial na demanda por corridas nos últimos meses, o que têm levado a um desequilíbrio temporário entre a oferta e a demanda no mercado", declarou, em nota.

Questionada se houve aumento das tarifas, a Amobitc afirmou que "as empresas têm políticas e estratégias próprias relacionadas a preços, já que se trata de um setor dinâmico e competitivo, porém, em linhas gerais, o preço das corridas é influenciado por fatores como: tempo e distância dos deslocamentos, incluindo as condições de trânsito e congestionamentos; categoria de veículo escolhida; existência de promoções ou descontos para o passageiro; nível de demanda por corridas no horário e local específicos".

Em setembro, os aplicativos chegaram a anunciar reajustes dos repasses feitos aos motoristas, diante de reiteradas queixas de aumento de custos por conta da alta expressiva dos preços dos combustíveis.

No caso da 99, o aumento variou entre 10% a 25% nas mais de 1,6 mil cidades em que opera. "Grande parte desse reajuste está sendo subsidiado pela plataforma", disse a empresa em nota.

O valor da corrida, segundo a companhia, "é definido a partir de uma equação que considera distância percorrida e tempo".

"Ainda, em períodos de alta demanda, os valores podem sofrer alterações. Nos últimos meses, tivemos um aumento significativo no volume de corridas, impulsionado principalmente por dois fatores: a retomada das atividades nas cidades devido ao avanço da vacinação e à alta adoção de carros por aplicativo pela população da classe C", acrescentou a associação.

A Uber não respondeu aos pedidos da reportagem para esclarecimento da política de reajustes aos motoristas.

Passagem aérea

Outro item impactado pela retomada das atividades é passagem aérea, que acumula alta de 50,1%.

Essa elevação se deve, de um lado, a uma pressão maior de custos das companhias aéreas, com o dólar mais caro e o aumento forte dos combustíveis - nesse caso, do querosene de aviação.

De outro lado, há a demanda, bastante aquecida com a reabertura da economia e formada por consumidores com renda disponível para absorver os aumentos de custos das empresas.

"O setor aéreo atende a um público de mais alta renda, que foi menos prejudicado pela pandemia. Esse foi o grupo que menos perdeu emprego, que conseguiu migrar para o home office. A tendência é de aumento da demanda", avalia Braz (BBC Brasil, 26/11/21)

Ibovespa fecha em alta e dólar chega a R$ 5,6102

Petrobras e Vale, os dois papéis de maior peso no índice, registraram ganhos de 3,51% e 1,25%.

 O Ibovespa fechou hoje (29) em alta de 0,58%, a 102.814 pontos, em sessão marcada pela recuperação dos mercados globais após a queda generalizada causada pela variante ômicron da Covid-19, na última sexta-feira (26).

 “Segundo os relatos dos médicos, os sintomas [causados pela nova variante] por enquanto são leves, sem falar que grande parte dos casos registrados na África do Sul são de pessoas que não se vacinaram, bem diferente da realidade brasileira, onde 62% da população está totalmente vacinada”, aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

 Petrobras e Vale, os dois papéis de maior peso no índice, registraram ganhos de 3,51% e 1,25%, na esteira da alta dos preços de commodities no exterior. Getnet (GETT11), Locaweb (LWSA3) e Usiminas (USIM5) estão entre os destaques positivos da sessão, com altas de 11,21%, 6,77% e 6,12%, respectivamente.

  A PEC dos Precatórios segue no radar dos investidores. O projeto tramita no Senado e deve ser votado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) nesta quarta-feira (1º), antes de chegar ao plenário da Casa. O secretário do Tesouro, Paulo Valle, reiterou na tarde de hoje que a aprovação do projeto é a única maneira de possibilitar o Auxílio Brasil com benefício de R$ 400 em 2022.

 Nesta semana, os investidores também aguardam a divulgação de índices econômicos importantes, como o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre e dados do mercado de trabalho. Hoje, foi divulgado o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado), que encerrou novembro com alta de 0,02%.

 Segundo Fernando Bresciani, analista do Andbank Brasil, a expectativa é de que o Ibovespa permaneça volátil durante a semana.

 Em Wall Street, os índices também registraram alta. O Dow Jones subiu 0,68%, a 35.135 pontos, o S&P 500 ganhou 1,32%, a 4.655 pontos, e o Nasdaq teve alta de 1,88%, a 15.782 pontos.

  Os ganhos das ações de tecnologia foram responsáveis por sustentar os índices, com investidores buscando papéis mais resistentes aos impactos de medidas restritivas de combate à pandemia. Amazon, Apple, Alphabet e Microsoft fecharam com avanços entre 1,63% e 2,35%.

 As ações relacionadas a viagens, que estavam entre as mais atingidas durante a liquidação de sexta-feira, também registraram ganhos ao longo do dia, embora tenham fechado com desempenhos mistos. United Airlines (UAL) subiu 0,66%, enquanto Delta Air Lines (DAL) e American Airlines (AAL) caíram 0,38% e 0,06%.

 O dólar fechou em alta de 0,28%, negociado a R$ 5,6102 na venda. O câmbio reagiu negativamente à notícia da agência Reuters, que informou que o governo não descarta a possibilidade de lançar mão do Orçamento de Guerra, que autoriza o descumprimento de limitações fiscais, para conseguir viabilizar o pagamento do Auxílio Brasil. A perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos também contribuiu para a valorização da moeda norte-americana (Reuters, 29/11/21)

 

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