Notícias do setor
13/12/2021
Notícias do Setor

Governo não fechou valor de novo empréstimo, diz Albuquerque

Ministro reforçou, no entanto, que processo deve ser concluído na próxima semana. Mercado aguarda medida provisória

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

O governo ainda não definiu o valor necessário do novo empréstimo bancário que vai dar suporte às distribuidoras em 2022, mas até a próxima semana deverá ter esse processo concluído. A declaração foi dada pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante encontro com a imprensa internacional na última quinta-feira, 9 de dezembro.

Albuquerque disse esperar que o valor seja menor que os R$ 15 bilhões já anunciados pela imprensa. A operação de financiamento com um pool de bancos seria a segunda da atual crise hídrica.

Ela é destinada a cobrir o descasamento entre a arrecadação da bandeira escassez hídrica e o custo da geração termelétrica, que tem aumentado além das expectativa em razão da escalada dos preços internacionais dos combustíveis. Embora a bandeira custe ao consumidor do mercado regulado R$ 14,20 a mais a cada 100 kWh consumidos, o valor tem sido insuficiente para cobrir os pagamentos assumidos pelas distribuidoras nos últimos meses.

O empréstimo da nova conta covid deve ser autorizado por medida provisória, como aconteceu na operação anterior.

Ministro aposta em decisão do TCU sobre Eletrobras na semana que vem

Tribunal adiou a decisão no processo que analisa a proposta de privatização da estatal

SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou em entrevista com correspondentes internacionais que acredita em uma decisão do Tribunal de Contas da União na próxima semana, no processo que trata da capitalização da Eletrobras.

O modelo de privatização da estatal tem que passar pelo crivo do TCU antes que o governo possa dar sequência ao atos que resultarão na perda de controle da empresa pela União. O ministro acredita que o calendário poderá ser cumprido, se houver a aprovação pelo órgão de controle, em sua última reunião antes do recesso de fim de ano.

“O próprio relator do processo [ministro Aroldo Cedraz] já mencionou que o processo vai entrar em pauta na quarta, 15 de dezembro, e acreditamos que teremos uma deliberação nesta data. E está dentro do cronograma estabelecido para que a Eletrobras possa iniciar a sua capitalização de forma efetiva no primeiro semestre de 2022”, disse Albuquerque.

O TCU suspendeu na última quarta-feira, 8, a análise do processo que trata da primeira fase da privatização da Eletrobras. O processo foi retirado de pauta para ajustes que serão feitos a pedido do governo e do próprio tribunal.

Albuquerque admitiu que o andamento do calendário de desestatização depende da manifestação do órgão de contas. Somente após a apreciação pelo TCU é que o Conselho Nacional de Política Energética poderá aprovar atos relacionados ao processo.

De acordo com o jornal Valor Econômico, um dos pontos questionados pelo Ministério Público junto ao tribunal é o adiantamento pela empresa de R$ 5 bilhões para a Conta de Desenvolvimento Energético, para reduzir o impacto da crise hídrica nas tarifas do ano que vem.

A antecipação desses recursos é uma das medidas de com que o governo  vem trabalhando para a redução das pressões tarifárias em 2022, reconheceu o ministro. Ele disse, porém, que está otimista quando ao período úmido atual e acredita que será possível despachar o parque hidráulico com um maior volume.

Para o ministro, as medidas adotadas desde outubro de 2020 evitaram racionamento e apagão, possibilidades que descarta também para o próximo ano. Ele destacou a última decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico de autorizar a redução da geração termelétrica, limitando o despacho térmico a 15 mil MW em dezembro.

Mencionou também os leilões realizados no passado, que estão permitindo a entrada agora de energia nova a um custo mais barato, além da entrada de novas linhas de transmissão. “É um somatório de medidas que vão reduzir o preço e a tarifa para os consumidores”, acrescentou.

PIB per capita só volta ao patamar de 2013 em 2028, estima Ibre/FGV

Mesmo que a economia brasileira ganhe alguma tração, a recuperação do padrão de vida dos brasileiros será lenta nos próximos anos. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita -- soma de riquezas produzidas pelo País dividida por seus habitantes -- poderá levar, ao menos, mais sete anos para recuperar o nível registrado em 2013, o ano que antecedeu ao início da recessão do governo Dilma Rousseff.

Projeção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o PIB per capita deve encerrar este ano em R$ 36.661, 3,8% acima do ano passado. Se o cálculo se confirmar, o indicador ainda está 1% abaixo do valor registrado em 2019 (R$ 36.969), logo antes da pandemia de covid-19. E também ficará 7,7% abaixo do pico histórico medido em 2013 (R$ 39.685).

Silvia Mattos, coordenadora do Boletim Macro do Ibre/FGV, acredita que o indicador poderá voltar ao nível de 2013, próximo de R$ 40 mil, em 2028 -- 15 anos depois. Para isso, o PIB precisará crescer , em média, 2,1% ao ano no período de 2023 a 2028. Descontado o aumento da população, isso resultaria numa expansão de 1,5% do PIB per capita ao ano. É um cenário “bem otimista”.

“O Brasil conseguiu crescer nesse ritmo nos anos 2000, então é algo possível, sim. Seria preciso, porém, de um choque externo favorável para a economia brasileira e, internamente, de um ciclo vigoroso de reformas para termos esse crescimento”, diz a coordenadora do Boletim Macro. “Sem esse ritmo mais acelerado, a recuperação das perdas dos últimos anos ficará para depois de 2030.”

Esse desejado ganho de tração, porém, não vai ser iniciado em 2022. Nas projeções do Ibre/FGV,  o PIB do próximo ano deve crescer 0,7%, o mesmo ritmo do avanço populacional -- o que significa estabilidade no PIB per capita. É cedo para descartar, inclusive, um retrocesso em 2022, diante do desajuste fiscal, inflação em alta e acentuada instabilidade política.

Se a riqueza gerada não cresce, o quadro se complica ainda mais diante do aumento da desigualdade social dos últimos anos, afirma Cosmo Donato, economista da LCA Consultores. “Estamos produzindo menos por habitante e o pouco que crescemos é apropriado por uma parcela cada vez menor da população. Quem está na base da pirâmide social é quem está mais sofrendo”, alerta Donato.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a desigualdade piorou em 2018 e 2019. O índice de Gini, medida da desigualdade de renda domiciliar, melhorou em 2020, mas as perspectivas não são animadoras. E mesmo com o auxilio emergencial, um em cada quatro brasileiros vive abaixo da linha da pobreza, o correspondente a 51 milhões de pessoas em 2020.

pesquisador Rogério Barbosa, professor adjunto do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), diz que o PIB per capita, combinado com indicadores de desigualdade, oferecem uma noção de bem-estar social do País. Se no campo da renda per capita a recuperação é lenta, na desigualdade as incertezas também se multiplicam.

“Mesmo que continuemos sanando o desemprego aos pouquinhos, não vejo recuperação em massa do mercado de trabalho. Isso significa, na prática, concentração de renda. E falta política pública que resolva isso”, diz Barbosa. “O Auxílio Brasil vai ter mais orçamento do que o Bolsa Família, mas ancorado de forma frágil em atraso de pagamento de precatórios”, diz Barbosa (O Estado de S.Paulo, 13/12/21)

 

Mais de 50% do que o Brasil exporta já são produtos básicos

Entre janeiro e novembro deste ano, um levantamento realizado pela Funcex mostra que as exportações de produtos básicos alcançaram 51% do total. Desde 2010, pelo menos, essa classe de produtos não tinha uma relevância tão grande na pauta brasileira.

As exportações brasileiras estão cada vez mais dependentes de itens como soja, minério de ferro e petróleo. Hoje, os produtos básicos já representam mais da metade da pauta de tudo o que país vende para o exterior.

Entre janeiro e novembro deste ano, um levantamento realizado pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) mostra que as exportações de produtos básicos alcançaram 51% do total.

Desde 2010, pelo menos, essa classe de produtos não tinha uma relevância tão grande na pauta exportadora brasileira. Em 2020, por exemplo, os básicos encerraram o ano com uma fatia de 48%.

Em valores absolutos, as exportações totais brasileiras somam R$ 256 milhões nos 11 primeiros meses deste ano, enquanto as vendas de produtos básicos chegam a R$ 131,4 milhões, segundo a Funcex.

São dois os principais fatores que explicam a dominância de produtos básicos na pauta exportadora:

  • O preço das commodities está em alta. Com a retomada da economia mundial depois de superada a pior fase da pandemia, as cotações dos produtos básicos dispararam, o que impulsionou o valor das exportações;
  • indústria segue mostrando dificuldade em competir internacionalmente, fazendo com que os produtos manufaturados perdessem participação na pauta de exportação ao longo dos últimos anos.

Neste ano, o país contou com a ajuda dos preços internacionais das commodities em função do descasamento entre demanda e oferta mundial, o que contribuiu para aumentar a participação dos produtos básicos na exportação do Brasil", diz Daiane Santos, economista da Funcex e responsável pelo levantamento.

No caso da indústria, o que segue emperrando a melhora das exportações é o chamado custo Brasil – velhos problemas que envolvem custo de logística, burocracia tributária, por exemplo, e tiram a competitividade do produto nacional na competição com outros países. Neste ano, a venda de produtos manufaturados representa apenas 21% do total.

"As exportações de manufaturados são prejudicadas pelo famoso custo Brasil", afirma José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "As reformas estruturantes são fundamentais para que o Brasil possa reduzir o custo de exportação."

E o que esperar do futuro?

Em 2022, os preços das commodities devem arrefecer diante de uma economia global que caminha para crescer menos, mas os produtos básicos ainda vão dominar a pauta de exportação do país.

Dos principais produtos vendidos pelo Brasil, a Associação de Comércio Exterior (AEB) estima que a receita de exportação do minério de ferro e do petróleo bruto devem apresentar um recuo de 33,7% (para US$ 29,7 bilhões) e 19,7% (para US$ 23,4 bilhões), respectivamente.

Já a expectativa para a soja em grão é de um crescimento de 18%, para US$ 45 bilhões.

"A tendência é que ocorra uma queda do preço das commodities no mundo todo e isso afeta diretamente o Brasil", diz Castro.

Com a queda dos produtos básicos, a AEB estima que as exportações do ano que vem devem somar US$ 262,379 bilhões, um recuo de 4,7% em relação ao previsto para este ano (US$ 275,316 bilhões).

O saldo da balança deve passar de US$ 57,222 bilhões para US$ 34,524 bilhões, prevê a associação (G1, 12/12/21)

Multinacionais enviam trabalhadores para preencher vagas nos EUA e na EU

 Anúncio em caminhão em Londres (Inglaterra) divulga vagas com "salários competitivos e benefícios" para trabalhadores na área de logística, onde faltam profissionais - Justin Tallis/AFP

Empresas não conseguem mão de obra local e optam por exportar trabalhadores, apesar de processo ser caro e lento.

dificuldade para encontrar profissionais nos Estados Unidos e na Europa deu início a um movimento incomum entre empresas multinacionais: a exportação de trabalhadores brasileiros para suprir falta de mão de obra até no chão de fábrica em outros países.

Esse tipo de migração é restrita, uma vez que a maioria das nações tem leis para defender o mercado de trabalho interno e impõe medidas rígidas e onerosas para este tipo de trânsito. A pandemia deixa o processo mais complexo ainda.

Uma confluência de fatores, no entanto, tem deixado milhões de vagas em aberto em países desenvolvidos, especialmente nos EUA. A mão de obra está envelhecendo, os jovens estão insatisfeitos com as condições de trabalho atuais e alguns países vivem um boom de novos postos com a reabertura do comércio e a volta de serviços que ficaram suspensos no período mais crítico da pandemia.

Nos EUA, o número de postos em aberto chegou a 11 milhões no final de outubro, segundo o Departamento de Trabalho americano. Falta trabalhador para indústrias, empresas de logística e saúde, bem como estabelecimentos como supermercados e redes de alimentos, restaurantes, hotéis e lojas dos mais diversos segmentos do varejo.

Canadá e países europeus até flexibilizam as regras para atender ao déficit de profissionais.

O vizinho dos Estados Unidos anunciou ainda em 2020 planos de receber mais de 1,2 milhão de imigrantes para trabalhar no país até 2023. A Alemanha aprovou uma nova lei trabalhista para imigrantes que acelera o processo de obtenção de vistos para profissionais qualificados, e países como a Grécia passaram a permitir que estrangeiros com visto estudantil pudessem trabalhar no território.

A falta de mão de obra na Europa ocorre especialmente nos setores de construção e serviços. A rede de hotéis Vila Galé, com sede em Lisboa, por exemplo, prepara um reforço no intercâmbio de funcionários do Brasil, onde opera desde 2001, para Portugal. A migração está agendada para ocorrer entre março e outubro de 2022, segundo o administrador do grupo, Gonçalo Rebelo de Almeida.

 Nos EUA, medida semelhante está sendo adotada pela Nitroquímica. Fundada em 1935 em São Miguel Paulista (SP), o grupo produtor de nitrocelulose inaugurou a planta na Georgia (EUA) em 2016. O braço local, sob o nome Alchemix, já recebia funcionários da matriz para funções executivas, mas a crise de falta de mão de obra alterou o perfil dos enviados.

"O cenário mudou drasticamente. Se antes trazíamos um executivo ao ano, com perfil de crescimento acelerado em tarefas gerenciais, agora estamos precisando de funcionários de atividades operacionais. A oferta de mão de obra está baixíssima, e a demanda e os salários, altos. É uma bola de neve", diz Fernando Matheus, gerente geral de operações da empresa nos EUA.

A partir de janeiro, a companhia passará a levar operadores de fábrica, com experiência na planta brasileira, para atuar no país. Serão quatro profissionais na primeira leva, e a recepção dos funcionários à seleção interna tem sido positiva.

"Os profissionais estão super dispostos a vir, porque consideram um país muito atrativo", diz o gerente. "Aqui, os gestores estão quebrando a cabeça para encontrar mão de obra para trabalhar. Quem tem e pode transfere."

A catarinense Tigre, fabricante de plásticos para materiais de construção, adotou estratégia semelhante. O grupo dobrou o tamanho de sua operação americana com a compra, em abril, da Dura Plastic, que produz conexões de PVC para irrigação e drenagem.

Segundo Patricia Bobbato, diretora de pessoas, comunicação interna e sustentabilidade, a companhia passou a figurar entre as cinco maiores do segmento nos EUA e precisou abrir oportunidades para profissionais alocados no Brasil trabalharem no país.

Durante a crise sanitária, os consulados do país no Brasil suspenderam a emissão de vistos e priorizaram situações emergenciais. No segundo semestre deste ano, os processos voltaram a ganhar fôlego.

Em outubro de 2019, 1.072 brasileiros foram autorizados a trabalhar temporariamente nos EUA. O número chegou a cair para 134 em janeiro de 2021 e, no último mês de outubro, 624 brasileiros receberam a autorização.

Os puxadores da retomada são as autorizações para vistos de transferência de profissionais de uma mesma companhia, que totalizam 497 em outubro.

Os números de transferência são modestos, mas chamam a atenção quando se leva em consideração os protocolos sanitários para trânsito entre países durante a pandemia, bem como os custos e o tempo requerido nesse tipo de processo.

Para transferir um funcionário para morar e trabalhar nos EUA, a empresa deve patrocinar formalmente a ida, arcando com os custos migratórios. O processo leva em torno de 120 dias e pode sofrer restrições impostas pela pandemia.

A categoria de visto que contempla esses migrantes veda que o próprio funcionário arque com as despesas do processo. A empresa também deve provar ao governo americano que tentou, sem sucesso, contratar profissionais americanos para a vaga.

As regras visam inibir a "compra" de vagas por imigrantes em empresas locais e proteger a força de trabalho americana da concorrência dos estrangeiros, diz Ingrid Perez, advogada de migração que atua em escritório localizado na Flórida, onde a maioria das empresas multinacionais brasileiras concentram suas operações americanas.

"Mesmo com a dificuldade de preencher as vagas, as leis migratórias continuam as mesmas e não facilitam para empregadores que queiram contratar", diz.

Segundo a advogada, uma empresa nos EUA que deseje importar um funcionário para o país deve esperar gastar a partir de US$ 8.000 (R$ 44,7 mil), entre custos de processo e taxas ao governo americano para emissão do visto EB-3, que permite a entrada de profissionais que exerçam atividades para as quais faltem trabalhadores qualificados no país (Folha de S.Paulo, 12/12/21)

Projetos de 9 novas ferrovias privadas com investimentos de R$ 50 bilhões

 Obras na Ferrovia Norte-Sul; novo regime ferroviário permite a construção de novos trilhos por empresas privadas sem a necessidade de concessão ou licitação Foto: Dida Sampaio/Estadão

 Os nove projetos ferroviários serão construídos do zero, cruzando dez Estados em 3,5 mil quilômetros de novos trilhos.

Depois de mais de 100 anos, o Brasil voltará a ter ferrovias privadas. O governo federal assinou nesta quinta-feira, 9, os primeiros contratos que autorizam empresas a erguer projetos do zero num novo modelo privado, com previsão de investimentos de mais de R$ 50 bilhões. São nove trechos ferroviários, cruzando dez Estados em 3,5 mil quilômetros de trilhos.

 O movimento é considerado histórico porque resgata um formato responsável pelo primeiro boom ferroviário do País. Entre o século 19 e início do 20, as ferrovias foram erguidas no Brasil pelo interesse do setor privado. Os registros apontam que o último traçado construído nesse modelo foi da Estrada de Ferro Mamoré, conhecida como a "Ferrovia do Diabo", autorizada em 1905, com obras iniciadas dois anos depois, no ciclo da borracha.  De lá até 1932, novos ramais foram implantados, mas todos de empresas que já atuavam no segmento.

Hoje, a malha ferroviária brasileira soma 29,3 mil quilômetros de estradas de ferro. Com a novidade das ferrovias privadas e outros projetos de concessão em andamento, o Ministério de Infraestrutura acredita que o modal ferroviário terá um novo boom. Atualmente, as ferrovias transportam cerca de 20% das cargas no País, e a expectativa é de que essa participação possa ultrapassar os 40%.

Os planos são baseados nas regras do novo Marco Legal das Ferrovias, que está em vigor desde o fim de agosto por meio de uma medida provisória editada. O texto libera um novo regime ferroviário no País, chamado de autorização. Nele, novos traçados são construídos exclusivamente pelo interesse da iniciativa privada, sem licitação. O modelo é muito comum em países como Estados Unidos e Canadá, criado para atender demandas específicas de transporte de cargas, identificadas pelos próprios produtores e empresas. Além disso, o fardo regulatório é mais leve, baseado nos princípios da livre concorrência e da liberdade de preços - ou seja, sem intervenção do poder público na definição das tarifas de transporte.

Nesta quinta, o governo liberou as autorizações de novas ferrovias solicitadas por seis empresas: Bracell, produtora de celulose; Ferroeste, empresa ferroviária estatal do Paraná; Grão Pará Multimodal, que tem autorização para operar um terminal portuário em Alcântara (MA); Petrocity, empresa do setor portuário; Macro Desenvolvimento LTDA; e Planalto Piauí Participações (veja abaixo os trechos de cada ferrovia e o investimento previsto).

Esses projetos estão entre os 47 pedidos de requerimentos de ferrovias que chegaram até o momento ao Ministério da Infraestrutura. Em relação a 36 desses requerimentos, o governo já tem estimativas de investimentos que alcançam R$ 150 bilhões. “Estamos vendo agora o início da revolução que vai nos tornar novamente um País ferroviário”, disse o secretário nacional de Transportes Terrestres, Marcello Costa.

“Esse projeto é transformador. Não existe projeto nenhuma na área de infraestrutura de transportes mais transformador que esse. Um novo capítulo da história ferroviária está sendo escrito”, afirmou o ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas.

Ele também fez uma contextualização da história da rede ferroviária no Brasil, que teve seu primeiro boom justamente pelas mãos da iniciativa privada, durante o período do Segundo Reinado, entre 1840 e 1889. "São, basicamente, as ferrovias que o País tem até hoje", disse. 

Essas ferrovias, dedicadas principalmente ao transporte do café, acabaram quebrando com a crise de 1929, que afetou a economia cafeeira, já que os Estados Unidos eram o maior comprador do produto brasileiro. A partir disso, os trilhos foram encampados pelo Estado, que, segundo Tarcísio, criou a rede ferroviária na década de 50. 

Com a piora nas condições da malha, o governo decidiu conceder essas ferrovias à iniciativa privada. Foi daí que surgiu o modelo de concessão, em que o bem público é repassado para administração de uma empresa privada por meio de contrato com duração definida (por 30 anos, por exemplo). "Quando os déficits acumulados pela rede ferroviária se tornaram insuportáveis, o Estado resolveu cindir a malha sob gestão da rede ferroviária e transferir à iniciativa privada", explicou o ministro.

Esse modelo de concessão continuará existindo e é importante, por exemplo, para grandes projetos que envolvem mais de uma carga (de minério e grãos, por exemplo) e cujo traçado corta mais de um Estado. Nesses casos, há um interesse de política ferroviária por parte do Estado, fazendo com que o esquema de concessão – com regras mais rígidas, mas também com compartilhamento de riscos com o poder público (União, Estado ou município) – seja mais interessante.

Trechos de novas ferrovias autorizadas pelo regime de autorização

  • Bracell – Lençóis Paulistas (SP): 4,29 km de extensão dentro do próprio município – R$ 40 milhões
  • Bracell – Lençóis Paulistas a Pederneiras (SP): 19,5 km de extensão – R$ 200 milhões
  • Ferroeste – Cascavel/PR a Chapecó/SC: 286 km de extensão – R$ 6,4 bilhões
  • Ferroeste – Maracaju/MS a Dourados/MS: 76 km de extensão – R$ 1,20 bilhão
  • Ferroeste – Cascavel/PR a Foz do Iguaçu/PR: 166 km de extensão – R$ 3,1 bilhões
  • Grão Pará – Alcântara a Açailândia/MA: 520 km de extensão – R$ 5,2 bilhões
  • Macro Desenvolvimento Ltda – Presidente Kennedy/ES a Sete Lagoas/MG: 610 km de extensão – R$ 14,30 bilhões
  • Petrocity – Barra de São Francisco/ES a Brasília/DF: 1.108 km de extensão – R$ 14,22 bilhões
  • Planalto Piauí Participações – Suape/PE a Curral Novo/PI: 717 km de extensão – R$ 5,7 bilhões

Fonte: Ministério de Infraestrutura (O Estado de S.Paulo, 10/12/21)

Ibovespa emplaca alta de 2% em semana; dólar recua a R$ 5,61

Ainda não acabou! O olhar dos investidores deve seguir focado nas decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos, mas com o noticiário mais calmo, o Ibovespa continua se recuperando do mergulho recente.

Na semana em que o Banco Central brasileiro elevou o tom para mostrar compromisso na perseguição da meta de inflação do próximo ano, mesmo diante de uma atividade econômica mais fraca, os juros futuros terminaram a sexta-feira em queda.

A razão para a virada de mão rápida por parte dos investidores está nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje. A inflação oficial veio abaixo das expectativas do mercado e deu sinais de que está, de fato, engatando uma desaceleração. Em novembro, o índice avançou 0,95%, contra as estimativas de alta de 1,10%, registrando um acúmulo de 10,74% em 12 meses.

Segundo Alexandre Almeida, economista da CM Capital, o IPCA de novembro mostra que houve uma desaceleração maior em itens mais correlacionados com a atividade econômica e que componentes menos impactados pela política monetária - como combustíveis e o grupo de transporte - atuam como vilões. A expectativa é de que a inflação acumulada comece a ter uma queda mais acentuada em dezembro.

Embora o tom mais duro do Copom no comunicado da última quarta-feira ainda reverbere, os investidores já começam a apostar que é possível encerrar o ciclo de alta antes do previsto inicialmente.

O fechamento da curva de juros influenciou a bolsa, e o Ibovespa conseguiu emplacar uma alta de 1,38% hoje, aos 107.758 pontos. Na semana, o avanço foi de 2,56%.

Se por aqui a surpresa com a inflação foi positiva, nos Estados Unidos o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) superou as projeções, indo ao nível mais alto em quase 40 anos e reforçando as apostas para uma elevação de juros no país já nos primeiros meses de 2022.

Ainda que as bolsas em Wall Street tenham fechado o dia em alta, a busca por dólar e ativos do Tesouro americano foi impulsionada. O dólar à vista avançou 0,72%, a R$ 5,6140 hoje, mas acumulou queda de 1,16% na semana.

A atenção aos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos não é página virada. Na semana que vem os investidores terão três eventos importantes.

A ata da última reunião do Copom deve dar mais detalhes sobre a condução da política monetária brasileira, enquanto a decisão do Federal Reserve trará as projeções dos dirigentes para juros e dados macroeconômicos para os próximos anos. Para finalizar, temos o Relatório Trimestral de Inflação no Brasil.

De olho no Fed

Na semana que vem acontece a reunião do Fomc nos EUA, o equivalente ao Copom no Brasil, em que o Federal Reserve deve dar maiores detalhes sobre o tapering, a retirada de estímulos da economia dos Estados Unidos. 

A expectativa é de que o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, anuncie não apenas a redução de estímulos, mas também uma possível alta nos juros ainda no primeiro semestre de 2022. Hoje o CPI, um dos indicadores de inflação observados pela autoridade monetária, mostrou avanço de 0,8%, ligeiramente acima da projeção de 0,7%.

Powell dispensou o discurso de inflação transitória nos EUA e já considera tomar medidas mais duras para conter a alta de preços, e os investidores devem acompanhar e ajustar suas carteiras ao novo momento de retirada de estímulos e juros mais elevados. 

A última reunião do ano também trará a divulgação do famoso gráfico de projeções dos membros votantes do Fed, o que deve dar mais sinais sobre o que esperar de 2022.

Luz no fim do túnel?

A variante ômicron do coronavírus já foi identificada em mais de 50 países, mas os mercados globais estão mais tranquilos quanto ao impacto da nova mutação, já que, até o momento, os estudos preliminares indicam que ela é menos letal, ainda que mais transmissível. 

A tranquilidade dos investidores ganhou força com as palavras de executivos da Pfizer e da Moderna, que afirmaram que doses adicionais dos seus imunizantes contra a covid-19 conseguem neutralizar a nova variante (Money Times, 10/12/21)

 

Localização
Av. Ipiranga, nº 7931 – 2º andar, Prédio da AFCEEE (entrada para o estacionamento pela rua lateral) - Porto Alegre / RS
(51) 3012-4169 aeceee@aeceee.org.br