Mercados operam com cautela de olho em guerra; IPCA-15 é destaque no Brasil
Futuros americanos abriram perto da estabilidade, mas mudaram para alta após notícias sobre a suspensão das negociações entre a estatal chinesa e a Rússia sobre um grande investimento de gás
Priscila Yazbekda CNN - Em São Paulo
25/03/2022 às 10:35 | Atualizado 25/03/2022 às 11:00
Os mercados operam nesta sexta-feira (25) de olho nas tensões com a guerra na Ucrânia. No Brasil, a “prévia da inflação” de março é destaque.
Começando pelo exterior, os futuros americanos abriram perto da estabilidade, mas mudaram para alta com clima de cautela após notícias sobre a suspensão das negociações entre a estatal chinesa de energia Sinopec e a Rússia sobre um grande investimento de gás. O movimento feito pela maior refinaria da Ásia ressalta os riscos de aperto das sanções à Rússia, liderados pelo Ocidente.
Ainda que os chineses se mantenham neutros com relação à Rússia, especialistas dizem que a China começa a se preocupar com o reflexo da guerra nas empresas chinesas.
Também ajudou essa alta agora pela manhã uma fala do ministro das finanças alemão, que disse que o país estuda um pacote de 17 bilhões de euros para aliviar os preços da energia que tem subido por causa da guerra.
Para conter a crise de energia, americanos e europeus fecharam acordo para fornecer pelo menos 15 bilhões de metros cúbicos de gás dos Estados Unidos para União Europeia este ano. É um volume relevante, mas ainda bem inferior ao volume exportado pelos russos à Europa, que checou a 175 bilhões em 2021.
O presidente americano se reuniu com líderes europeus e outros membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na quinta. Os países avançaram nos planos de impor mais sanções econômicas à Rússia e de aumentar os grupos de batalha em linhas de defesa no Leste Europeu.
O aumento dos preços de energia diante do aumento das sanções também eleva os temores de inflação e desaceleração da economia global.
Analistas avaliam que as bolsas tiveram uma forte alta no meio da guerra e agora o mercado está perdendo um pouco dessa confiança de novo.
Na Europa, os índices sobem. Na Ásia, fecharam majoritariamente no negativo, com China e Hong Kong puxando quedas diante de novos riscos de empresas de tecnologia serem deslistadas da bolsa americana.
Brasil
No Brasil, a alta das matérias-primas, pressionadas pela guerra, levaram o Ibovespa a engatar a sétima alta seguida e fechar aos 119 mil pontos ontem.
Os comentários do presidente e da diretora do Banco Central (BC) ontem, que sinalizaram que o ciclo de alta nos juros está perto do fim ajudaram a derrubaram a curva de juros futuros. Campos Neto afirmou que uma alta adicional de juros em junho deste ano não é o cenário mais provável.
Portanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve terminar o ciclo de alta na Selic – a taxa básica de juros – na próxima reunião. O alívio no petróleo também ajudou a trazer algum alívio nas expectativas sobre os juros.
Assim, o dólar chegou a bater R$ 4,76 na mínima, mas reduziu a perda e fechou com leve queda de 0,25% aos R$ 4,83.
Na política, as secretarias da fazenda estaduais decidiram congelar o ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) por mais 90 dias, e definiram que o valor fixo do ICMS vai ser de R$ 1, mas estados vão poder colocar um desconto sobre o valor. Na prática, é como se eles tivessem definido um teto e cada estado decide quanto vai dar de desconto.
Foi uma forma de fugir de um ICMS médio, que faria alguns estados perderem arrecadação. No fim das contas, a medida deve ter pouco efeito para reduzir preço dos combustíveis.
E em mais uma tentativa do governo de conter os impactos da inflação, o ministro Paulo Guedes anunciou que o governo deve elevar a desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para de 25% para 33%.
Foi divulgado nesta manhã a “prévia da inflação”, o IPCA-15 da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que teve alta de 0,95% em março, com a insatisfação sobre a situação financeira no menor desde 2015.
Índices
O Ibovespa futuro sobe 0,23% com 120.278 pontos. O dólar cai 0,76% sendo cotado aos R$ 4,79 e o S&P futuro sobe 0,29%
Agenda do Dia
Além do IPCA-15 e do índice de confiança do consumidor, divulgados nesta manhã, tem fluxo cambial e Campos Neto participa de evento às 11h e a diretora do BC Fernanda Guardado às 12h30.
Nos EUA, dados de confiança do consumidor e vendas de imóveis, além de discursos de membros do FED – o banco central americano
Assista o vídeo: https://youtu.be/AmHy7rN3sdg
Hitachi Energy fornecerá conexão à rede de energia para Suzano
Solução permitirá a transferência do excedente de energia renovável gerada para a rede elétrica do país
Da Agência CanalEnergia - 25 de março de 2022
A Hitachi Energy anunciou a parceria com a Suzano para projetar e entregar uma solução completa de conexão à rede para a nova fábrica de papel e celulose da empresa no Brasil. A nova fábrica de celulose da Suzano será a primeira instalação do tipo no Brasil livre de combustíveis fósseis, quando concluída, na segunda metade de 2024, informou a empresa. A unidade terá uma capacidade anual de produzir 2,5 milhões de toneladas e aumentará a produção da Suzano em 20%. Cerca de metade da eletricidade gerada será transferida para a rede elétrica nacional, o suficiente para abastecer cerca de 2,3 milhões de pessoas durante um mês.
Em comunicado, as duas empresas ressaltaram que vêm trabalhando em conjunto em soluções de rede para as fábricas da Suzano pelos últimos 20 anos. Nesse espírito de colaboração e cocriarão, a Hitachi Energy tem contribuído com as suas tecnologias e integração de sistemas, adicionando seus conhecimentos de engenharia e a sua vasta experiência nos requisitos da rede local.
A Hitachi Energy fornecerá uma solução de conexão de rede de última geração para permitir que a energia renovável excedente seja transferida de forma confiável e segura para a rede elétrica nacional. A solução compacta é baseada na subestação isolada a gás que oferece excelente desempenho em termos de eficiência e disponibilidade, minimizando o custo total do ciclo e as emissões de CO2. Para garantir confiabilidade e disponibilidade, os principais elementos da conexão à rede, como os transformadores, serão equipados com sistemas de monitoramento digital da Hitachi Energy para fornecer dados de desempenho em tempo real, a fim de permitir uma manutenção preditiva.
Com problema de qualidade na CEEE-D, Equatorial lucra R$ 4,3 bilhões em 2021
Controladora mencionou "aceleração" da reestruturação da distribuidora gaúcha em reunião com analistas de mercado
Marta Sfredo - 24/03/2022 - 15h06min Atualizada em 24/03/2022 - 15h07min
Controladora da CEEE-D, que neste mês deixou muitos consumidores sem luz por longos dias, a Equatorial informou nesta quinta-feira (24) seus números de 2021 durante reunião virtual com analistas de mercado.
A companhia teve receita líquida de R$ 24,2 bilhões, 35% acima do ano anterior, e lucro líquido de R$ 4,3 bilhões, 25% acima do obtido em 2020. Esses números consideram todos os negócios, que envolvem seis distribuidoras como a CEEE-D espalhadas pelo Brasil, além de operações de transmissão, geração de eletricidade e até de saneamento.
– Assumimos a CEEE-D e alcançamos excelentes resultados – disse o CEO da empresa, Augusto Miranda.
Entre as conquistas relacionadas à distribuidora gaúcha, Miranda citou a captação de R$ 2,5 bilhões desde o início da operação, em julho de 2021, utilizados na quitação de passivos e "equacionamento de parte dos investimentos planejados". Também considerou "excelente" a adesão ao plano de demissão voluntária de 46%.
Afirmou, ainda, que a revisão tarifária que elevou as contas residenciais em 14,7% em novembro passado foi "positiva" porque vai sustentar a necessidade de reforço do sistema de distribuição no Estado. A Equatorial conseguiu reduzir perdas totais de energia na CEEE-D em 0,5 ponto percentual para 18,6%. Esse indicador envolve tanto problemas de ineficiência quanto roubo por "gatos", ou seja, consumo de eletricidade sem pagamento.
Conforme Leonardo Lucas, diretor financeiro da empresa, houve redução no número de cortes, de 10 para 9,7 ao ano, e na duração da interrupção do fornecimento de 19,3 para 18,1 por ano na distribuidora gaúcha. Reconheceu, no entanto, que esses indicadores ainda estão "acima do regulatório", o que significa que ultrapassam o máximo aceito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No ranking de 2021 sobre a qualidade do serviço, a CEEE-D segue em último lugar entre as 29 distribuidoras de grande porte.
Entre os dados destacados pela Equatorial, está um caixa de R$ 10,5 bilhões, que segundo Mirada, dá sustentabilidade e segurança à operação ante o cenário econômico. Para não dizer que não houve menção à questão da melhora da qualidade (a coluna enviou pergunta durante a reunião com analistas de mercado, focados no desempenho financeiro, mas não foi respondida), a Equatorial afirmou que haverá "aceleração" da reestruturação da CEEE-D.
Copel-D anuncia R$ 1,6 bi em subestações, redes e inovação para 2022
Distribuidora destina investimento recorde e começa entrega de obras de SEs e linhas de transmissão, além dos programas para redes trifásicas e medidores inteligentes
Da Agência CanalEnergia - 24 de março de 2022
O plano de investimentos na área de distribuição de energia da Copel para 2022 já está entregando obras que reforçam o sistema elétrico e o atendimento aos paranaenses. Novas subestações, como a Sapopema, na região Norte, redes de distribuição e os programas Paraná Trifásico e Rede Elétrica Inteligente concentram a maior parte dos aportes recordes previstos pela companhia para o segmento no ano, totalizando R$ 1,634 bilhão.
Até então foram concluídas três subestações: uma em Mandirituba e outra na Lapa, região Metropolitana de Curitiba, e uma em Sapopema, no norte do estado. As novas unidades, que serão energizadas em breve, somam R$ 15 milhões em investimentos para fortalecer a rede elétrica nas localidades.
As unidades adicionam capacidade de transformação ao sistema, o que na prática prepara a rede elétrica para um crescimento de demanda na região. Conectadas por novas linhas de distribuição, elas aumentam as fontes de fornecimento energia. Se uma linha apresentar problemas, por exemplo, o atendimento por ser realizado por outra. A estratégia é conhecida como redundância.
Linhas avançam
Em apenas dois meses a estatal construiu 25% da meta de linhas de distribuição prevista para 2022. Foram entregues quatro novas LDs de alta-tensão, para fortalecimento do sistema. No Centro-Sul, as linhas Castro–Castro Norte e Castro Norte–Iguaçu Celulose deixam também a rede na região mais robusta, além de ampliar a infraestrutura necessária para o desenvolvimento do setor produtivo local.
Foram concluídas também as linhas Vila Carli–Ibema, no Centro do Paraná, e Londrina Sul–Arapongas, conectando duas das principais cidades da região Norte. Outras cinco estão com mais de 90% da construção concluída e devem ser conectadas ao sistema em breve.
Um dos destaques é a ampliação da subestação de Faxinal, que triplicará a disponibilidade de energia entregue pela unidade, garantindo condições para o atendimento a novas cargas na região. Adicionalmente a subestação está sendo preparada para uma futura conexão que interligará a unidade com uma SE de alta-tensão recém-construída em Londrina, por meio de uma linha em 138 mil volts. Os investimentos nessa obra somam R$ 13 milhões.
Manutenção preventiva
Além das obras de ampliação e modernização da rede elétrica, a Copel está colocando em prática um amplo plano de manutenção preventiva, que prevê uma vistoria completa de toda estrutura de distribuição. Pesquisa, tecnologia e reforço de equipes receberam R$ 12 milhões no primeiro bimestre. Grande parte dos recursos foi destinada aos principais centros urbanos paranaenses, como Curitiba, Foz do Iguaçu, Cascavel, Maringá, Londrina e Ponta Grossa.
Os serviços incluem roçada em áreas próximas às redes de distribuição, poda de árvores e substituição de diversos equipamentos, como postes, transformadores, chaves fusíveis, para-raios e isoladores. Para aumentar a produtividade, a concessionária conta com drones para a inspeção da rede, além de máquinas para roçada que ampliam a produtividade em até dez vezes. Até o final do ano a perspectiva é de destinar R$ 102 milhões nessa área em todo o estado.
Redes trifásicas e medidores inteligentes
Outra frente da companhia é nos programas Paraná Trifásico e Rede Elétrica inteligente, que irão angariar 45% do valor total do plano de investimentos para 2022, com R$ 750 milhões. O primeiro é uma iniciativa voltada ao produtor rural e já concluiu 7.343 km de novas redes, alcançando 268 municípios. Somente em 2022 foram 826 km erguidos, 20% dos 4 mil km previstos para o período. Até o final do programa, serão destinados R$ 2,7 bilhões para concluir 25 mil km.
As redes trifásicas podem melhorar a qualidade no fornecimento para o campo, garantindo também maior segurança à população. Os novos cabos possuem capa protetora isolante e são mais resistentes à queda de galhos de árvores ou outros objetos. Para o consumidor, isso se traduz em energia de qualidade, e para o produtor segurança energética para o desenvolvimento das atividades econômicas.
Já na outra área a Copel substituiu 100 mil medidores analógicos por digitais. Desde o início do programa foram trocados 285 mil equipamentos em 71 municípios. Os aparelhos se comunicam diretamente com o Centro Integrado de Operação da distribuidora, facilitando o controle de toda a cadeia de distribuição de energia, desde a subestação até o consumidor final. Em todo o estado a iniciativa vai contar com R$ 300 milhões em recursos nesse ano.
O cheque canadense de bilhões de dólares para a infraestrutura no Brasil
CDPQ, fundo que administra aposentadorias e pensões no Canadá, pretende ampliar sua participação em empresas brasileiras
Por Felipe Mendes Atualizado em 24 mar 2022, 09h47 - Publicado em 24 mar 2022, 08h29
O fundo de pensões canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec, mais conhecido por suas iniciais CDPQ, está em busca de oportunidades de longo prazo em infraestrutura para aumentar seus aportes no Brasil. Responsável por administrar o dinheiro da aposentadoria de funcionários públicos, como policiais, professores e bombeiros, da província de Quebec, o CDPQ quer evoluir significativamente a participação dos investimentos no país em sua composição acionária. Hoje, o fundo administra cerca de 400 bilhões de dólares em ativos no mundo, sendo que o Brasil representa 1,5% desse montante. Em entrevista a VEJA, Denis Jungerman, diretor-executivo do fundo no Brasil, diz que seu objetivo é fazer os aportes no país alcançarem, no médio prazo, a fatia dos 2,5%.
“Eu imagino que a gente vá crescer e fazer com que o Brasil se torne o maior país em investimento na América Latina [hoje, esse posto é ocupado pelo México, com 1,7% dos aportes do fundo], o que é natural por conta da relevância do PIB do Brasil na América Latina. Queremos fazer com que o país chegue a 2,5% dos nossos aportes, em uma torta que sempre está crescendo”, diz Jungerman. A empresa, hoje, detém 35% da TAG, dona da maior operação de rede de gasodutos de transporte no país, que pertencia a Petrobras; e 50% da FiBrasil, uma joint venture firmada com a Telefônica Vivo no setor de telecomunicações. Também é dona de uma fatia da Talent, plataforma de busca de empregos, e atua no setor imobiliário por meio da administradora de shopping centers Ancar Ivanhoe. “A gente continua caçando investimentos nos setores de saúde, serviços financeiros, educação e tecnologia, e eventualmente no agronegócio”, revela o executivo.
Jungerman revela que o arcabouço regulatório para investimentos em infraestrutura no país ficou mais atrativo com as microrreformas aprovadas pelo governo de Jair Bolsonaro. Ele cita, como exemplos, os avanços trazidos pelo novo marco legal do saneamento básico e pelo novo marco regulatório do gás natural. “O investidor de longo prazo, como é o nosso caso, quer uma regra clara e sensata. Ele paga, até mais caro se preciso, para ter segurança. Acho que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, tem feito um trabalho muito bom ao lado da equipe dele”, opina Jungerman. “Eles fizeram um trabalho muito bom de olhar as experiências que deram certo em outros países, respeitando as particularidades do Brasil. Os arcabouços regulatórios do gás e do saneamento ficaram melhores. Hoje, as concessões de rodovias estão com um desenho muito mais redondo, o que evita problemas. São fatores indutores de investimento.”
Na onda ESG que tomou conta do mercado financeiro, o executivo reforça o comprometimento anunciado pela empresa em diminuir os investimentos em setores que sejam poluentes ao meio ambiente. O CDPQ assumiu o compromisso de liquidar sua posição em empresas que atuem com a produção de petróleo. “Nós queremos ter um portfólio com emissão liquida zero até 2050. Até o fim do ano, vamos sair completamente da exploração e produção de petróleo, refinarias e carvão. O nosso objetivo é investir em ativos de baixo carbono, como energias renováveis e mobilidade elétrica, por exemplo”, diz ele. “Também queremos investir em projetos de descarbonização, ajudando setores que hoje são de alto carbono.”
Superior Tribunal de Justiça autoriza reajuste de planos de saúde coletivos por faixa etária
Por Redação O Sul | 24 de março de 2022
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) autorizou a aplicação de reajuste de planos de saúde coletivos por faixa etária. A decisão terá impacto especialmente para os idosos e quem está prestes a completar 60 anos.
São cerca de 7,4 milhões de beneficiários com 59 anos ou mais, de acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
A decisão foi da Segunda Turma do STJ, responsável por uniformizar entendimentos sobre direito privado no país. De forma unânime, o colegiado determinou nesta quarta-feira (23) que o reajuste só terá validade se estiver previsto em contrato, de acordo com as regras da ANS.
Quando for registrado abuso nos reajustes, a Segunda Turma decidiu também que os juízes definirão quem deverá produzir as provas, se serão os usuários dos planos ou as operadoras.
“O reajuste de mensalidade de plano de saúde fundado na mudança de faixa etária do beneficiário é válido desde que haja previsão contratual; sejam observadas as normas expedidas pelos órgãos governamentais reguladores, e não sejam aplicados percentuais desarrazoados ou aleatórios que, concretamente e sem base atuarial idônea, onerem excessivamente o consumidor ou discriminem o idoso”, determinou a Segunda Turma.
Esse entendimento já havia sido definido em 2017 para os planos individuais e familiares.
A melhor interpretação, segundo a decisão, “é aquela que observa o sentido matemático da expressão ‘variação acumulada’, referente ao aumento real de preço verificado em cada intervalo, devendo-se aplicar, para sua apuração, a respectiva fórmula matemática, estando incorreta a simples soma aritmética de percentuais de reajuste ou o cálculo de média dos percentuais aplicados em todas as faixas etárias”.
O reajuste por faixas etárias nas mensalidades dos planos de saúde coletivos é discutido no Judiciário porque a ANS só impõe tetos de valor para os planos individuais e familiares.
As entidades protetoras dos consumidores afirmam que que as operadoras impõe aumentos abusivos, que acabam por inviabilizar a permanência de beneficiários idosos, justamente o elo mais vulnerável da cadeia e que, em teoria, mais usam os serviços médicos.
As operadoras defenderam ao STJ que os aumentos são necessários para preservar o equilíbrio financeiro do contrato.
A medida deverá impactar quem está perto de completar 60 anos, idade que faz parte da faixa etária de idosos e cujas mensalidades são maiores.
Governo quer fim de exclusividade para fundos de pensão das estatais
Ideia é permitir portabilidade dos atuais detentores de planos para qualquer instituição financeira, inclusive bancos privados
Valor Econômico
Por Daniel Rittner — De Brasília - 03/03/2022 05h01 Atualizado há 2 semanas
O governo prepara um projeto de lei quebrando a exclusividade dos fundos de pensão estatais sobre os empregados de suas respectivas companhias públicas e permitindo a portabilidade dos atuais detentores de planos de previdência complementar para qualquer instituição financeira - inclusive bancos privados, se for a vontade dos participantes.
A proposta está em fase adiantada de elaboração no Ministério da Economia. Por enquanto, trabalha-se com a perspectiva de propor essas mudanças ao Congresso Nacional por um projeto de lei, e não medida provisória.
Os fundos de pensão estatais têm uma carteira ativa de mais de R$ 550 bilhões, segundo dados do próprio ministério. Isso significa que, se apenas 10% das poupanças para aposentadoria forem transferidas para outras instituições, significa uma movimentação de R$ 55 bilhões no mercado de previdência complementar.
Apenas os três maiores fundos do setor público - Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcef (Caixa) - detêm R$ 442 bilhões. Eles reúnem 498 mil participantes, dos quais 243 mil ainda são ativos (fazem contribuições).
Caso o projeto seja aprovado, um funcionário do BB não precisará necessariamente manter um plano na Previ e um engenheiro da Petrobras terá outras possibilidades além da Petros, por exemplo.
O aval para a migração dos participantes seria faseado, obedecendo faixas etárias, a fim de evitar o esvaziamento súbito do caixa de algum fundo de pensão.
Oficialmente, a equipe econômica deverá “vender” o projeto argumentando que ele dará mais liberdade aos beneficiários dos planos e estimulará a busca por fundos com maior rentabilidade, tirando recursos daqueles que têm tido histórico desfavorável.
Auxiliares do ministro Paulo Guedes citam casos como o da Fapes, fundo dos empregados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que tinha meta atuarial de 9,6% em 2020. A rentabilidade apurada no ano foi de só 5,9%.
Outro exemplo negativo, muito mencionado no Ministério da Economia, é o do Postalis. Diante dos seguidos rombos do fundo de pensão dos Correios, cerca de 30 mil aposentados estão tendo desconto de 17,92% de seus benefícios por 23 anos - até 2039.
Uma preocupação entre as autoridades é que déficits atuariais sem a possibilidade de reversão são equacionados não apenas com contribuições extras dos participantes, mas também com recursos das próprias estatais. Se elas não tiverem caixa suficiente, requerem um aporte do Tesouro.
O governo sustenta que a portabilidade servirá de incentivo para a busca de maior rentabilidade e menores taxas de administração pelos fundos estatais, aumentando a responsabilidade de seus gestores com as carteiras.
Para além dos argumentos oficiais, contudo, integrantes da equipe econômica afirmam nos bastidores que o projeto também busca “travar” um eventual uso político dos fundos por futuras administrações. Reservadamente, os auxiliares de Guedes falam no risco de “captura” dos fundos em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas eleitorais contra Jair Bolsonaro.
Na prática, segundo pessoas que lidam diretamente com a elaboração do projeto de lei, a mera possibilidade legal de migração dos participantes representaria um “seguro” contra interferência política e direcionamento dos fundos para financiar obras consideradas polêmicas.
Um caso emblemático foi a atuação dos fundos estatais para investir na usina hidrelétrica de Belo Monte (PA). Petros e Funcef ainda têm 10%, cada uma, na Norte Energia - concessionária responsável pela usina no rio Xingu.
No governo Dilma Rousseff, os fundos também foram aventados como alternativas para viabilizar concessões de rodovias e até do trem-bala que seria construído entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Com a Eletrobras privatizada e o BNDES encolhido, apostando especialmente no crédito para pequenas e médias empresas, Guedes e seus auxiliares afirmam que os fundos de pensão das estatais poderiam ser usados com a finalidade de apoiar projetos de infraestrutura sem o devido retorno. Para eles, o fim da exclusividade funcionaria como solução de mercado contra esse tipo de “interferência”.