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18/04/2022
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Notícias do Mercado

Por Guilherme F. B. Rodrigues, ARTON ADVISORS - São Paulo - 18/04/2022 às 06h44

Futuros americanos caem e mercados asiáticos fecham mistos, com indicadores da China e temporada de balanços nos EUA

Na volta do feriado prolongado, os índices futuros de ações dos EUA operam em baixa, enquanto as bolsas asiáticas fecharam mistas, com investidores se preparando para uma semana repleta de resultados corporativos pela frente e indicadores mistos na China.

O Bank of America divulga seus resultados trimestrais hoje antes da abertura do mercado. IBM, Procter and Gamble, Travelers, Dow Inc, Johnson and Johnson, American Express e Verizon também reportam seus números nesta semana.

Os investidores estarão atentos às orientações futuras, especialmente para comentários sobre como as empresas estão lidando com os custos crescentes.

Em indicadores, os dados econômicos chineses foram mistos - enquanto o crescimento do produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre acelerou, as vendas no varejo recuaram em março pela primeira vez desde 2020. A China cortou a taxa de seu compulsório na última sexta-feira, mas se absteve de reduzir as taxas de juros em uma abordagem cautelosa à flexibilização de sua política monetária.

O destaque da semana é o Livro Bege, relatório sobre as condições econômicas dos distritos do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos. O documento será divulgado na quarta-feira (20), véspera de feriado aqui no Brasil, e pode dar alguma sinalização sobre os próximos passos da autoridade monetária americana em relação aos juros.

No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou na noite de ontem (17) o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) da covid-19, decretada em fevereiro de 2020 pelo governo federal. Nos próximos dias, o ministério irá editar um ato normativo regulamentando a decisão, anulando a portaria que ancorou as medidas de enfrentamento à pandemia no País.

Do lado corporativo, começa a temporada de resultados referentes ao primeiro trimestre de 2022. A primeira a reportar balanço será a Usiminas (USIM5): os números devem sair na quarta-feira (20), antes da abertura do mercado, e a teleconferência com os executivos das companhias está agendada para o mesmo dia.

Veja os principais indicadores às 6h01 (horário de Brasília):

EUA

Dow Jones Futuro (EUA), -0,19%

S&P 500 Futuro (EUA), -0,35%

Nasdaq Futuro (EUA), -0,47%

Ásia

Shanghai SE (China), -0,49% 

Nikkei (Japão), -1,08%

Hang Seng Index (Hong Kong), +0,67%

Kospi (Coreia do Sul), -0,11%

Europa

FTSE 100 (Reino Unido), fechado por feriado

DAX (Alemanha), fechado por feriado

CAC 40 (França), fechado por feriado

FTSE MIB (Itália), fechado por feriado

Commodities

Petróleo WTI, -0,47%, a US$ 106,44 o barril

Petróleo Brent, -0,50%, a US$ 111,14 o barril

Minério de ferro negociado na bolsa de Dalian teve alta de +0,88%, a 922 iuanes, o equivalente a US$ 144,80

Bitcoin

Os preços do Bitcoin recuam 3,67%, a US$ 38.914,58

 

Eletrobras volta à pauta do TCU, que deve adiar planos de privatização do governo

O julgamento está marcado para o próximo dia 20, mas pedidos de vista podem levar a uma corrida contra o tempo para privatizar a estatal em uma janela considerada ideal por investidores, que seria até 13 de maio

Adriana Fernandes e Guilherme Pimenta, Brasília - 17 de abril de 2022 | 18h56

Apontado como o maior julgamento do ano no Tribunal de Contas da União (TCU), o processo de análise da segunda etapa da privatização da Eletrobras será julgado pela Corte esta semana. O tema está no centro da disputa eleitoral dos dois candidatos que lideram a corrida para o Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva

O julgamento está marcado para a próxima quarta-feira, 20, mas toda a atenção dos investidores interessados na realização da desestatização da estatal de energia está voltada para o pedido de vista do ministro do TCU Vital do Rego, que é dado como certo. Ele também adiou a conclusão do julgamento da primeira etapa.

Enquanto o governo Bolsonaro coloca as fichas nos seus aliados no tribunal para conseguir o julgamento a tempo de fazer a venda em maio, os aliados políticos do ex-presidente marcam pressão para barrar o processo de desestatização ainda em 2022. Visando evitar seguidas ações protelatórias, o regimento do TCU determina que os pedidos de vistas não podem passar de 60 dias e a definição do prazo tem que ser coletiva, em votação dos ministros da Corte.

Para ainda dar tempo de concluir os trâmites para a operação de desestatização da empresa, o prazo não poderia ser maior do que sete dias, estendendo o julgamento final para o dia 27. Mesmo assim, o tempo ficaria muito espremido para o leilão no dia 13 de maio, janela considerada ideal pelos investidores antes das eleições.

Apertando os prazos

Como uma forma de não prejudicar o cronograma, os ministros alinhados ao governo no TCU vão tentar emplacar a mesma tese regimental que conseguiram durante o julgamento do 5G.

Quando a Corte de Contas começou a julgar o processo para dar aval ao leilão envolvendo as novas faixas de radiofrequência, o ministro Arnoldo Cedraz, que hoje relata a privatização da Eletrobras, pediu inicialmente 60 dias para analisar o caso. Com pressão do governo federal, que já estava atrasado para realizar o leilão do 5G, Cedraz topou reduzir o período para 30 dias, mas o ministro Jorge Oliveira recorreu ao regimento do TCU, sugeriu reduzir ainda mais o prazo, de 30 para 7 dias, sendo seguido por todos os outros ministros que participaram da sessão. 

Nos bastidores do tribunal, no entanto, membros do órgão apontam que o caso é totalmente diferente e que, em apenas sete dias, não é possível analisar os detalhes do processo. "Lá não havia a transferência de patrimônio público tangível ao setor privado", ponderou uma fonte da Corte.

Assim, um grupo de ministros do Tribunal reservadamente a necessidade de mais tempo, entre 20 e 30 dias. Passado esse prazo, a papelada para o leilão teria que ser revista.

Segundo apurou o Estadão, o TCU também recebeu informações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), na tarde de sexta-feira passada, de que investidores americanos alertaram sobre restrições de prazos na SEC, a CVM dos Estados Unidos, para a oferta global. A empresa tem ações da Eletrobras negociadas na bolsa americana e enfrenta processos no regulador por questões informacionais.

A operação de privatização da Eletrobras não é no modelo clássico, em que a União vende toda a sua participação acionária, o controle do ativo ou  concede direitos para a iniciativa privada. Será feita uma capitalização com emissão de ações da empresa até diluir a participação da União na empresa.  

Com a reestruturação societária, a União continuará com controle sobre a Eletronuclear e Itaipu e com a continuidade de programas setoriais, entre eles o Procel e Luz para Todos. O voto será limitado a 10% para qualquer acionista, o que tornará a Eletrobras uma companhia sem controlador definido. O BNDES calcula que todo o processo vai movimentar R$ 100 bilhões.

Eleições 

A privatização da Eletrobras entrou para o debate eleitoral porque lideranças do PT sinalizaram que, num eventual governo Lula, a operação seria revogada e, por isso, seria melhor o TCU não liberar a operação. O alerta foi dado em seminário organizado pelo TCU na semana retrasada para debater a venda. Lula também já fez o alerta aos empresários em tuíte postado no fim de fevereiro.

“Eu espero que os empresários sérios que querem investir no setor elétrico brasileiro não embarquem nesse arranjo esquisito que os vendilhões da pátria do governo atual estão preparando para a Eletrobras, uma empresa estratégica para o Brasil, meses antes da eleição”, escreveu.

O tema foi assunto das conversas em jantar do ex-presidente com caciques do MDB na semana passada em Brasília.

Nos bastidores do governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, critica a pressão do PT junto ao TCU e fala de interferência política na Corte de Contas se o processo não for julgado no tempo necessário para fazer a operação.  Em cerimônia no Palácio do Planalto para lançar o programa Recicla+, na semana passada, Guedes subiu o tom ao afirmar que nenhum candidato pode ligar para os ministros do TCU para tentar paralisar a capitalização da Eletrobras.

Saiba mais: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,eletrobras-tcu-privatizacao-governo,70004041134

 

Fala de Guedes sobre Eletrobras irrita ministros do TCU às vésperas de decisão sobre privatização

Coluna do Estadão - 18 de abril de 2022 | 05h00

Pegou mal entre ministros do Tribunal de Contas da União a declaração de Paulo Guedes insinuando que há demora na análise do processo de privatização da Eletrobras em razão de um suposto pedido de Lula. “Candidato não pode ligar no TCU e travar venda da Eletrobras”, afirmou Guedes na semana passada.

A irritação virou assunto no grupo de WhatsApp dos ministros do TCU. “Isso é uma completa falta de respeito com o tribunal. Peço que a presidência avalie se não é o caso de emitir uma nota contra essa declaração que pretende pressionar a corte”, escreveu o ministro Bruno Dantas.

A fala de Guedes também foi mal recebida entre seus colegas no governo. Auxiliares de Bolsonaro querem que ele tome distância do assunto para não azedar de vez a análise do TCU sobre a Eletrobras.

Saiba mais: https://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/fala-de-guedes-sobre-eletrobras-irrita-ministros-do-tcu-as-vesperas-de-decisao-sobre-privatizacao/

 

Os três cavalos da agenda ambiental

A carroça do aspecto ambiental da ESG precisa ser puxada por oferta, demanda e governo. Só a oferta não a fará sair do lugar.

Marcelo Guterman, O Estado de S.Paulo -15 de abril de 2022 | 03h00

A agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) invadiu e tomou conta definitivamente do mundo dos investimentos. A ideia por trás é simples: se queremos um mundo melhor sob esses aspectos, nada mais efetivo do que abordar o financiamento das atividades econômicas que eventualmente geram agressões nesses âmbitos.

Uma crítica que se faz à agenda ESG são os custos de sua implementação, que deixariam as empresas que a adotam em desvantagem competitiva em relação àquelas que não a adotam. A alegação de que, no longo prazo, empresas com agenda ESG tendem a gerar retornos superiores ainda carece de comprovação empírica. No entanto, quando se trata de crime, empresas adotam a agenda ESG mesmo que isso signifique perder competitividade. Por exemplo, empresas sérias não embarcam em esquemas de corrupção, ainda que isso lhes dê vantagem competitiva. E investidores sérios não investem em empresas que se envolvem em corrupção, ainda que isso possa gerar menores retornos no curto prazo. Esse é somente um exemplo de como a agenda ESG pode ser adotada mesmo com o sacrifício consciente do retorno. Aliás, aqui estamos falando de gestão de risco: uma empresa que corrompe está correndo mais risco do que uma que não corrompe. Nesse sentido, a agenda ESG tem racionalidade, na medida em que o investidor escolhe empresas com eventual menor retorno de curto prazo, mas que têm menor risco de apresentar retornos negativos no longo prazo.

Se o caso é claro para crimes, o cenário torna-se mais nebuloso quando passamos a considerar o aspecto ambiental da ESG. Ainda que existam crimes ambientais tipificados, o mesmo não ocorre com as ações relacionadas com as chamadas mudanças climáticas. Não é crime (ainda) queimar combustíveis fósseis. Portanto, a discussão em torno da chamada pegada de carbono das empresas depende, basicamente, da boa vontade dos investidores. E, neste caso, o risco percebido ainda não é suficientemente alto para levar investidores racionais a deixar de investir em empresas que geram, direta ou indiretamente, gases de efeito estufa, renunciando a retornos de curto prazo em troca de um risco menor no longo prazo.

Há três atores envolvidos neste processo: 1) a oferta, que supre produtos que, direta ou indiretamente, geram gases de efeito estufa; 2) a demanda, que consome esses produtos; e 3) o governo, que regula o mercado. O problema está no foco exclusivo na oferta. As empresas são chamadas a assumir a sua responsabilidade pelo futuro do planeta por investidores cada vez mais conscientes. No entanto, continua existindo demanda por produtos que agravam o problema das mudanças climáticas. Os consumidores não estão dispostos a renunciar a seu conforto a preços módicos. Ar-condicionado e calefação são dois imperativos que continuam demandando energia elétrica de fontes não intermitentes. Geladeiras não podem depender do bom humor do sol. E assim por diante. Para alimentar e dar um mínimo de conforto a 8 bilhões de almas, o bom e velho combustível fóssil ainda é insubstituível.

É claro que avanços tecnológicos estão sendo encaminhados para que esse quadro mude. Não passa um dia sem que tenhamos notícia de como estamos às portas da fusão nuclear ou do hidrogênio verde. O fato é que, quando de verdade tivermos uma fonte de energia tão barata e confiável quanto o combustível fóssil, as cúpulas do clima, com todas as suas promessas, serão dispensáveis, pois o próprio mercado se encarregará de fazer a substituição.

Se a demanda está aí, intacta, alguém vai providenciar a oferta. Nesse sentido, a revista The Economist vem batendo na tecla, já há algum tempo, de que nada adianta os investidores não comprarem ações de empresas que produzem gases de efeito estufa. Se a demanda continua existindo, essas empresas venderão seus ativos para outras empresas não listadas em bolsa, e o capital continuará financiando a atividade, agora longe do escrutínio do grande público. É neste ponto que a revista inglesa defende a entrada do terceiro ator na história: o governo.

Segundo a The Economist, os governos deveriam regulamentar o mais rapidamente possível um mercado global de carbono, de modo a tornar mais cara a produção de gases de efeito estufa. Assim, com preços mais altos, a demanda por esses produtos diminuiria, dando espaço para fontes alternativas. O problema, como diria Garrincha, é combinar com os russos. No caso, os consumidores. Aqui, no Brasil, estamos observando como o governo está procurando alternativas para reduzir os preços dos combustíveis, num movimento justamente oposto do que significaria um mercado de carbono. E o governo brasileiro não está sozinho. Ocorre que preços altos de energia são extremamente impopulares, e seria preciso um estadista para convencer seus compatriotas a abrirem mão de seu conforto hoje para terem um futuro melhor. E, como sabemos, estadistas são mercadoria em falta no mercado global.

Trata-se, portanto, de uma equação complexa, em que as empresas e os investidores têm uma influência limitada. O aspecto ambiental da agenda ESG é meritório e precisa ser fomentado. Mas essa carroça precisa ser puxada pelos cavalos da oferta, da demanda e do governo. Somente o cavalo da oferta não será suficiente para que a carroça saia do lugar.

Saiba mais: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,os-tres-cavalos-da-agenda-ambiental,70004038250

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