Apesar da piora contínua das estimativas para o PIB em 2016, economistas consultados pelo boletim Focus apontam que o momento mais crítico para a atividade econômica nesta crise pode ter se concentrado entre o último trimestre do ano passado e os primeiros três meses deste ano. A partir de meados de 2016, as quedas vão diminuir um pouco de intensidade, mas a contaminação das expectativas e os vários riscos presentes no cenário ainda não permitem apontar quando o PIB vai voltar a crescer, na comparação com igual período do ano anterior. Para alguns analistas, a estabilidade recente da confiança em alguns setores e o ajuste de estoques em curso no varejo e na indústria são alguns dos indicadores antecedentes que permitem apontar alguma estabilização da atividade econômica no fim do ano. Mas mesmo este cenário, que está longe de ser otimista, está recheado de riscos. Ontem, por exemplo, dois índices de confiança, da indústria e dos serviços, mostraram uma reversão parcial da melhora vista anteriormente. Qualquer expectativa de melhora dos indicadores de produção e vendas, ressaltam analistas, parte da premissa de que a situação política, se não vai se resolver, vai ao menos deixar de atrapalhar o andamento da economia, com algum avanço na área fiscal. Além disso, não há retomada à vista, e sim estabilidade em nível muito baixo de utilização da capacidade instalada e de outros fatores de produção, como mão de obra. Ao fim desse processo, o desemprego pode encostar em 14%. (Valor Econômico – 01.03.2016)