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03/03/2016
Mesmo sem colapso, mudança na China afeta Brasil, diz Gavekal

Apesar do pessimismo que domina as análises recentes sobre a economia chinesa, um cenário de pouso forçado do país, com colapso das taxas de crescimento, não parece o desdobramento mais provável das mudanças em curso na China, diz Arthur Kroeber, especialista em Ásia e sócio da consultoria Gavekal Dragonomics, dedicada à economia chinesa. Segundo ele, o problema é que para o restante do mundo - e especialmente para exportadores de commodities, como o Brasil - a manutenção das taxas atuais de expansão do PIB não vai mais ser fonte adicional de demanda, como ocorreu até 2012, já que os setores de construção civil e indústria chineses estão em recessão, enquanto o segmento de serviços ganha participação no PIB. Em palestra promovida pelo Itaú, Kroeber ilustrou com números como se dará essa diferença. Segundo seus cálculos, a China injetou, em 2012, US$ 1,5 tri em demanda na economia global, do qual metade vinha da indústria, o que ditou o preço das commodities no período. No período mais recente, a adição de demanda externa chinesa passou para menos de US$ 500 bi, com participação negativa da construção e do setor manufatureiro. O resultado, segundo o economista, é menor demanda por itens como minério, aço e cimento. "A única exceção é petróleo, porque numa economia de serviços, ainda há grande demanda por transportes, o que sustenta a demanda por esse produto", afirma. "A China pode continuar crescendo a um ritmo bastante razoável para seus cidadãos, aumentado a sensação de bem estar doméstica, mas o impacto global já não é o mesmo", avalia. Segundo ele, o maior risco para a economia global vindo da China não está concentrado no curto prazo, com temores de crise no setor bancário ou desvalorização da taxa de câmbio, que poderiam acentuar o ritmo de desaceleração da atividade no país. O problema é que caso a China não consiga fazer reformas, em cinco anos o país pode acabar em um quadro parecido com o do Japão na década de 90, com elevado endividamento e baixo crescimento. "É um cenário que tem 50% de chance de acontecer, porque a disposição do primeiro -ministro chinês em perseguir essas medidas estruturantes ainda não está clara". A reforma- chave, diz, é a da participação das empresas estatais no sistema produtivo. "A taxa de retorno delas é apenas metade da obtida por companhias privadas, mas consomem duas vezes mais capitais. Migrar para o setor privado aumentaria crescimento e reduziria endividamento, duas preocupações do mundo." (Valor Econômico – 02.03.2016)

 

 

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