De acordo com dados da Associação Mundial Nuclear (WNA, na sigla em inglês), 440 novos reatores nucleares estão atualmente em construção, e outros 510 em projeto, em todo o mundo. No Brasil, porém, o governo ainda não definiu os próximos projetos. A única usina nuclear em construção, Angra 3, está com as obras paradas desde setembro do ano passado, por falta de pagamentos e investigação de irregularidades. A obra está prevista para ser concluída em 2021. O problema, alerta o presidente da Associação Brasileira para Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Antonio Müller, é que o custo da energia nuclear aumentou nos últimos cinco anos, devido às medidas de segurança exigidas pós-Fukushima, e viabilidade econômica dos projetos exige escala e um programa contínuo. Segundo ele, o custo de implantação da energia nuclear na Coreia do Sul, por exemplo, é de US$ 1,7 mil por kW instalado. Em um país que ainda não detém a tecnologia, esse custo pode chegar a US$ 5 mil por kW. Quase todos os países que haviam paralisado seus programas de expansão de energia nuclear, após o acidente em Fukushima, retomaram os planos de construir usinas, com exceção da Alemanha, que mantém a decisão de desativar todos os reatores até 2023. Segundo Müller, entre os países que voltaram a investir no setor, estão EUA, Reino Unido e o próprio Japão, devido à necessidade de aumentar a oferta de energia, sem contribuir para o aquecimento global. Segundo ele, outros países, como Turquia e Emirados Árabes Unidos, decidiram instalar os primeiros reatores. No Brasil, a última informação oficial sobre a expansão de energia nuclear é a do PNE 2030, lançado em 2007 e que deveria ser atualizado a cada cinco anos. O documento prevê quatro novas nucleares, além de Angra 3, até o fim da próxima década. Não há, porém, qualquer sinalização sobre a construção desses projetos, que levam cerca de dez anos, desde a tomada de decisão até o início da operação. (Valor Econômico – 11.03.2016)