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14/03/2016
Trabalhador pagará para cobrir déficit de fundações

Desconto em 2016 vai ficar ainda maior para compensar o novo rombo de 2015 

Os trabalhadores de Caixa Econômica Federal e Correios começam, em maio, a cobrir parte do rombo dos fundos de pensão - Funcef e Postalis. Na Funcef, 57 mil pessoas, entre aposentados e participantes ativos terão desconto de 2,78% nos contracheques para ajudar a cobrir os déficits registrados em 2013 e 2014, somando R$ 5,1 bilhões. Deste total, R$ 1,9 bilhão será quitado, meio a meio, entre Caixa e participantes por 17 anos. No Postalis, 80 mil funcionários terão de arcar com um rombo acima de R$ 5,7 bilhões. O percentual a ser pago será definido até o fim do mês para entrar em vigor em maio. 
A conta para os trabalhadores ficará ainda maior a partir deste ano, quando será necessário tomar medidas para cobrir o déficit do ano passado. Os rombos se acentuaram por má gestão, ingerência política e recessão. Além de Funcef e Postalis, Previ ( dos funcionários do Banco do Brasil) e Petros ( da Petrobras) vão apresentar resultados negativos. 
ROMBO DE R$ 50 BILHÕES EM 2015 
Segundo levantamento do GLOBO, o rombo acumulado dessas quatro entidades em 2015 deve se aproximar de R$ 50 bilhões. O número será conhecido ao longo do semestre, com a divulgação dos balanços. Sem somar os dados do ano passado, os quatro fundos das estatais já amargavam rombo de R$ 17 bilhões. 
Na Funcef, as 57 mil pessoas envolvidas representam 40% do total de participantes. É esperado déficit de R$ 8,8 bilhões no ano passado, atingindo R$ 13 bilhões no acumulado. Na Previ, espera- se rombo de R$ 13 bilhões e na Petros, o resultado negativo pode superar os R$ 15 bilhões. No Postalis, ficará acima de R$ 5,7 bilhões. 
Por lei, os déficits precisam ser cobertos por trabalhadores e empresas patrocinadoras. Os planos de equacionamento devem levar em consideração a duração dos planos de benefícios ( fluxo de caixa para pagar as aposentadorias): um plano em que os participantes ainda vão levar tempo para se aposentar tem prazo maior para se adequar às regras de solvência. 
A Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ) do Senado aprovou ontem um projeto da oposição, para reduzir o aparelhamento político e melhorar a gestão dos fundos. A proposta seguirá ao plenário da Casa e depois terá que ser aprovada pela Câmara dos Deputados. 
O projeto prevê que ao menos um terço dos integrantes dos conselhos deliberativo e fiscal seja de profissionais especializados, escolhidos em processo seletivo realizado por empresa independente. Atualmente, a composição é dividida entre representantes do governo e dos trabalhadores. Dirigentes e conselheiros do fundo não poderão ter atividade política ( inclusive cargos de assessoria de partidos e campanhas). E, após o fim do mandato, precisam cumprir quarentena de ao menos um ano para retornar a este tipo de atividade. 
- Conseguimos consenso, inclusive com a participação do governo. O projeto acaba com o aparelhamento dos fundos de pensão - disse o senador Aécio Neves ( PSDB- MG), relator do projeto na CCJ.  (GERALDA DOCA e CRISTIANE JUNGBLUT - O Globo)

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