Os empregados da Caixa Econômica Federal iniciarão, em maio, as contribuições adicionais para cobrir o deficit atuarial acumulado pela Funcef - fundo de pensão dos funcionários - entre 2012 e 2014. Trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas pagarão uma taxa extra de 2,78% sobre o valor do contracheque por 17 anos. O montante destinado a reforçar o caixa do fundo de pensão deve chegar a R$ 1,9 bilhão e metade desses recursos será repassadas à entidade pelo banco.
A tendência é que o percentual de contribuição adicional aumente no próximo ano, uma vez que a Funcef registrou novo deficit em 2015. Segundo o presidente do fundo de pensão, Carlos Alberto Caser, o prejuízo, no ano de passado, chegou a R$ 8,8 bilhões. Com isso, o rombo acumulado nos últimos quatro anos totalizou R$ 13,2 bilhões. Até 2014, a necessidade de financiamento era de R$ 5,5 bilhões.
Em comunicado aos participantes, a Funcef justificou que a conjuntura econômica adversa enfrentada pelo sistema fechado de previdência complementar, desde 2008, impôs aos fundos de pensão convivência com deficits em seus planos de benefícios, por tempo do que o de costume.
Parte dos prejuízos da Funcef decorre da perda de valor das ações da Vale, uma vez que o fundo de pensão dos funcionários da Caixa, assim como a Petros (dos da Petrobras) e a Previ (dos do Banco do Brasil) possuem participação expressiva na mineradora, fazendo parte do bloco de controle da empresa. A Vale sofre, desde o ano passado, com a desaceleração da economia chinesa, que provoca a queda de preço do minério de ferro no mercado internacional.
Investimentos ruins
A oscilação no valor das ações da mineradora influencia no patrimônio das fundações, e essa situação deve perdurar, uma vez que, pelo acordo de acionistas da Vale, os fundos participantes são obrigados a manter os investimentos até 2017.
Além dos prejuízos acumulados com a Vale, o deficit da Funcef tem sido influenciado pela situação da Sete Brasil, empresa criada para construir sondas para exploração de petróleo pela Petrobras em águas profundas. Somente em 2015, o fundo de pensão dos empregados da Caixa fez um provisionamento para perdas que equivale a 100% dessa aplicação, que corresponde a R$ 1,7 bilhão.
A Funcef informou aos participantes que tem trabalhado para auxiliar a empresa na construção de um plano reestruturação, apesar de todos os desafios encontrados pelo projeto. A expectativa é de que com a implementação, a empresa seja reestruturada para manter os trabalhos e minimizar perdas para os acionistas.
Em meio aos problemas atuarias, este ano, serão escolhidos, pelos participantes ativos, aposentados e pensionistas, um representante para o conselho deliberativo e outro para o conselho fiscal, além dos respectivos suplentes. Segundo o regulamento da entidade fechada de previdência complementar, para compor o colegiado é necessário que as chapas concorram com candidatos ativos ou assistidos para a vaga de titular e de suplente. Ainda de acordo com as regras, apenas candidatos assistidos poderão preencher a vaga de titular e de suplente no Conselho Fiscal. (ANTONIO TEMÓTEO - Correio Braziliense)