A projeção dos economistas para a inflação deste ano voltou a cair, após o IPCA de fevereiro ter ficado abaixo do esperado. Esse movimento nas expectativas, mostrado no relatório Focus, do BC, foi acompanhado de um novo ajuste para baixo na estimativa para a atividade econômica. De acordo com o Focus, a mediana das projeções para o IPCA em 2016 caiu de 7,59% para 7,46%. Há três semanas, a estimativa para a inflação oficial do país recuou um pouco, voltou a subir na semana seguinte, para agora cair de novo. Em fevereiro, o IPCA avançou 0,9%, taxa que ficou abaixo do 0,98% esperado pelos analistas, e também abaixo da inflação de 1,27% de janeiro. Parte dessa desaceleração foi resultado de repasses mais contidos em preços de serviços tradicionais, como no segmento educacional. Para alguns economistas, a recessão econômica já aparece no IPCA, índice que deve ver uma temporada de taxas mais baixas à frente. O setor de serviços no geral, mais resiliente à inflação, mostrou sinais adicionais de enfraquecimento ao registrar queda de 5% do volume em janeiro e de 3,7% em 12 meses, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada pelo IBGE na semana passada. O ajuste na demanda pelos serviços, porém, segue menos intenso que o enfrentado pelo varejo — captado pela Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). O comércio restrito recuou 1,5% em janeiro e o ampliado, que inclui automóveis e material de construção, caiu 1,6%, afastando a ideia de que o setor possa estar próximo ao fundo do poço, como sugerido na indústria. No Focus, os analistas também reduziram as expectativas para outra variável que influencia a inflação: o câmbio. Eles veem um real menos depreciado ao fim deste ano - R$ 4,25, de R$ 4,30 antes - e em dezembro de 2017 - R$ 4,34, de uma estimativa anterior de R$ 4,40. Também divulgada na semana passada ata da reunião do Copom que manteve a Selic inalterada indicou, segundo analistas, que o BC pode cortar os juros ainda em 2016. O documento apontou que a inflação corrente e as projeções seguem elevadas e acima da meta, mas sinalizou que a grande ociosidade da economia contribuirá para reduzir a inflação no futuro. (Valor Econômico – 14.03.2016)