Joísa Campanher Dutra, diretora do CERI da FGV, ressaltou que o modelo de project finance foi o principal vetor de estruturação das SPEs ao separar os riscos corporativos dos empreendimentos. Ela citou como exemplo o caso da Abengoa, que vem lutando nos últimos meses contra a falência na Espanha, com fortes reflexos aqui no Brasil. Joísa destacou que apesar do processo de recuperação judicial da Abengoa estar em curso, os ativos de transmissão não refletem os riscos da espanhola em dificuldades. Além disso, há casos de boa governança em SPEs que têm estatais em seu controle. Segundo ela, que é ex-diretora da Aneel, a reguladora já identificou situações em que houve eficácia na gestão. A boa conduta, salientou, encontra receptividade por parte da agência no momento que a SPE recorrer à Aneel em busca de soluções. Ela conta que a FGV estuda ações como a criação de um observatório para estatais e empresas de economia mista. Já Sebastian Azumandi, pesquisador da FGV, avalia que avaliações de governança nem sempre são as mais confiáveis, por serem feitas pelas próprias empresas. Um ranking elaborado em 2013 pela Revenue Watch Institute, think tank do Instituto Soros, classificou a Petrobras como a terceira melhor empresa de petróle o num ranking de governança corporativa e transparência do mundo. Mesmo depois da Operação Lava-Jato, que derrubou diretores e trouxe uma série de revelações sobre negócios contrários aos interesses da empresa, propinas e superfaturamentos em contratos, a petroleira continuou classificada em um elevado patamar. A crise de governança, porém, pode afetar tanto empresas públicas como privadas, advertiu. (Agência Brasil Energia – 14.03.2016)