O "boom" da migração de consumidores de energia para o mercado livre, em busca de custos mais baixos, está causando dor de cabeça, e no bolso, para alguns desses clientes. Com o excesso de migrações - que já totalizam cerca de mil casos, segundo a Abraceel -, as distribuidoras não estão conseguindo concluir os desligamentos no prazo previsto pela regulação, de até seis meses. Com isso, o consumidor que já deu entrada no processo de migração pode arcar com duas faturas: uma da distribuidora e outra do fornecedor no mercado livre. Segundo estimativa das comercializadoras, esse atraso tem ocorrido em 20% a 25% de todas as migrações em andamento. De acordo com o presidente da Abraceel, Reginaldo Medeiros, as distribuidoras não têm pessoal suficiente para fazer todas as migrações. Além disso, também é exigida a emissão de um "parecer de acesso" pelo ONS, documento que atesta as condições de acesso do consumidor livre à rede para a contratação de energia. A questão é que, na prática, segundo ele, esses consumidores já estão ligados ao sistema. "Por conta da burocracia, o consumidor está tendo aumento [de custo de energia], em vez de desconto. Isso é muito ruim para quem está entrando em um novo mercado", disse Medeiros. (Valor Econômico – 15.03.2016)