Num cenário em que todas as atenções se voltam à votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos Deputados, a equipe econômica encaminha hoje ao Congresso Nacional a proposta de Lei de Diretrizes Orçamentárias para o ano que vem. Segundo uma fonte ouvida pelo Valor, a proposta deve constar a expectativa de um crescimento econômico de, pelo menos, 1% no próximo ano. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, tem dito esperar crescimento em 2017, após dois anos de retração econômica. A previsão de expansão de 1% do PIB é mais otimista do que está previsto no boletim Focus, do BC, que estima expansão do PIB de 0,30%. Com a possibilidade, caso seja aprovada pelo Congresso, de fechar este ano com um déficit primário do governo central de R$ 96,65 bi, a tendência é que o governo tente apenas em 2017 reduzir esse resultado negativo. Sem reformas, como a da Previdência Social para reduzir despesas, e um crescimento ainda aquém do desejado, não está descartada a possibilidade de se fixar uma meta de superávit primário próxima de zero e prevendo abatimento no valor, como tem circulado, por volta dos R$ 50 bi. Diante do cenário político, a divulgação desses números perde um pouco a força. A perseguição de uma meta de superávit primário também dependerá de uma definição sobre quem estará presidindo o país e também se o atual ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, será mantido no cargo. Enquanto não há uma definição clara sobre o assunto, o clima na equipe econômica é de desânimo, apesar de tentar mostrar, com algumas ações, que o governo não está totalmente paralisado. (Valor Econômico – 15.04.2016)