Superados os problemas da crise hídrica, as empresas do setor elétrico se deparam, neste ano, com um novo desafio, desta vez motivado pela queda no consumo de energia, e novamente aguardam uma solução por parte do governo. As prévias operacionais divulgadas até o momento reforçam a expectativa de queda nas vendas de energia pelas distribuidoras. Esse fator, combinado ao aumento da inadimplência e das perdas comerciais, deve pesar sobre os resultados das companhias no primeiro trimestre do ano, segundo as projeções de analistas coletadas pelo Valor. Por um lado, a crise hídrica e o déficit de geração (fator GSF, na sigla em inglês, que ganhou destaque ano passado com os problemas enfrentados pelas geradoras) ficaram para trás, e a repactuação do risco hidrológico deve ter efeito positivo sobre os resultados das geradoras hidrelétricas. Além disso, a solução apresentada para o pagamento desses débitos também possibilitou o destravamento do mercado de curto prazo de energia, permitindo que os agentes credores nesse mercado, como termelétricas e eólicas, voltassem a receber, normalizando seus fluxos de caixa. A melhora no cenário hídrico, porém, teve também efeito negativo para as geradoras: a queda dos preços de energia no mercado de curto prazo. Quem apurava lucro com a venda da energia descontratada no mercado à vista a preços elevados viu a receita sofrer forte redução nos últimos meses. Projeções coletadas pelo Valor com as casas de análise Bank of America, Goldman Sachs, Itaú BBA, Banco Votorantim, Santander e Morgan Stanley indicam piora nos resultados das principais empresas do setor, refletindo a queda no consumo, no caso das distribuidoras, e a redução dos preços de energia no mercado livre, no caso das geradoras. (Valor Econômico – 06.05.2016)