10/05/2016
A redução do consumo de eletricidade com a crise ameaçam os resultados da distribuidora de energia AES Eletropaulo neste ano, com a menor demanda já tendo afetado negativamente em 40,3 milhões de reais os ganhos do primeiro trimestre, disse um executivo nesta segunda-feira.
Além disso, a concessionária paulista da norte-americana AES aguarda uma definição ainda neste ano sobre sua responsabilidade por uma antiga dívida com a Eletrobras estimada em cerca de 1,85 bilhão de reais.
A maior preocupação é justamente com a sobrecontratação de energia, que deverá aumentar de uma atual sobra de 5,9 por cento da demanda para 16 por cento até o final do ano, afirmou o presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, em teleconferência com investidores.
"Essa situação tem que se resolver... A situação da empresa vai ficar muito ruim se essa situação não se resolver de maneira efetiva", disse o executivo.
A Eletropaulo e outras distribuidoras com excedentes contratados tentam negociar com o governo federal e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma solução para que as sobras não gerem prejuízos bilionários às empresas e ao consumidor.
Quando as sobras contratuais são de até 5 por cento, o custo dessa energia pode ser repassado para as tarifas. A partir desse patamar, o excedente é vendido no mercado de curto prazo, e pode gerar perda para a distribuidora se o preço spot for mais baixo que o custo de compra de energia, o que vem acontecendo neste ano.
Segundo Nebreda, a Eletropaulo tenta buscar soluções que permitam inclusive recuperar o prejuízo gerado com as sobras no primeiro trimestre.
"Essa solução deve ser reatroativa a janeiro de 2015", disse.
Já a dívida da Eletropaulo com a Eletrobras, datada dos anos 1980, está sendo analisada pela Justiça, com expectativas de solução para breve.
A concessionária afirma que não é responsável pelo débito, e tenta cancelar na Justiça a cobrança, referente a um empréstimo contratado pela Eletropaulo junto à Eletrobras na época em que a distribuidora ainda era estatal.
Segundo o diretor vice-presidente jurídico, Pedro Bueno, a Justiça deverá definir até o terceiro trimestre se a companhia é mesmo responsável pela dívida.
Caso haja esse entendimento, a Eletrobras poderá iniciar processo de cobrança contra a concessionária paulista (Reuters, 9/5/16)