Jornal GloboNews Edição das 16h
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As taxas de juros médias cobradas pelas instituições financeiras no cheque especial recuaram em julho, enquanto os valores do cartão de crédito rotativo registraram pequena alta no período, segundo informações divulgadas pelo Banco Central (BC) nesta quarta-feira (28). Em ambos os casos, os juros continuaram acima da marca de 300% ao ano.
Ao mesmo tempo, o crescimento das taxas cobradas pelos bancos foi registrado em um ambiente de inadimplência relativamente estável. A taxa geral de inadimplência para pessoas físicas e para as empresas somou 4% em julho, contra 3,8% em junho e no fim do ano passado.
O crédito rotativo do cartão de crédito pode ser acionado por quem não pode pagar o valor total da sua fatura na data do vencimento, mas não quer ficar inadimplente.
Para usar o crédito rotativo, o consumidor paga qualquer valor entre o mínimo e total da fatura. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.
O cheque especial é uma linha emergencial que permite ao correntista gastar um certo limite definido pelo banco, mesmo que ele não tenha dinheiro na conta.
A recomendação de especialistas é de que os clientes evitem essas linhas de crédito ou as utilizem por um período muito curto de tempo, pois as taxas de juros cobradas são extremamente elevadas.
A recomendação é que os clientes substituam essas modalidades por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.
De acordo com o BC, houve pequena queda nos juros médios das instituições com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) de junho para julho. Entretanto, a taxa avançou na parcial dos sete primeiros meses deste ano:
O chamado spread bancário (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) apresentou pequena alta em julho.
No caso das operações com pessoas físicas e com empresas, o spread passou de 31,5 pontos percentuais, em junho, para 31,6 pontos em julho deste ano. Nas operações com pessoas físicas, passou de 46,2 pontos para 45,7 pontos nessa comparação. Com isso, o spread bancário segue em patamar elevado para padrões internacionais.
O spread é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.
Juros bancários elevados inibem o consumo e também os investimentos na economia brasileira. Esse é um dos problemas, segundo economistas, a serem enfrentados pela gestão do presidente Jair Bolsonaro.
Dados do BC mostram que os cinco maiores conglomerados bancários do país detinham, no fim de 2018, 84,8% do mercado de crédito. Esse cálculo inclui os bancos comerciais, os múltiplos com carteira comercial e as caixas econômicas.
No ano passado, a rentabilidade dos bancos brasileiros ficou no maior patamar em sete anos e o lucro líquido dos bancos somou R$ 98,5 bilhões, recorde da série histórica que começa em 1994.
O economista Roberto Campos Neto, antes de ter seu nome aprovado para comandar o Banco Central, avaliou que o sistema bancário brasileiro não é mais concentrado do que em outras economias desenvolvidas e disse que atuará fortemente para reduzir o spread e os juros bancários (G1, 28/8/19)