Projeto de P&D GESEL inaugura primeiro carregador ultrarrápido público do Brasil
Na última quarta-feira, 21/10, o projeto Plug&Go, realizado pelo GESEL em parceria com a EDP e as montadoras Volkswagen, Audi e Porsche, lançou o primeiro carregador ultrarrápido público do Brasil, na cidade de Caraguatatuba (SP). O Projeto, aprovado na Chamada Pública da Aneel para o tema Mobilidade Elétrica Eficiente, objetiva o desenvolvimento de uma infraestrutura pública de recarga rápida que permita a difusão da modalidade elétrica em rotas de longa distância, servindo como laboratório para a criação de um operador nacional de mobilidade elétrica centrado no utilizador. O cronograma prevê o início da implantação de mais 10 novos postos ainda em 2020, que estarão na Rodovia Régis Bittencourt, Rodovia Fernão Dias, Rodovia dos Bandeirantes e Via Anhanguera. As empresas ABB, Electric Mobility Brasil e Siemens são as fornecedoras das soluções de carregamento. O primeiro local concluído fica no Shopping Serramar, litoral norte de São Paulo. Assista ao vídeo de divulgação do projeto: https://youtu.be/qHNKponJezE. (GESEL-IE-UFRJ – 23.10.2020)
GESEL disponibiliza vídeos de Webinars sobre Sistema de Transmissão e Inteligência Artificial
O GESEL está disponibilizando os vídeos dos webinars “Sistema de Transmissão: Aspectos Econômicos Associados à Revitalização do Parque Instalado” e “Perspectivas da Aplicação da Inteligência Artificial no Planejamento do Setor Elétrico”. O primeiro teve como objetivo central analisar os impactos e relevâncias econômicas sobre a cadeia produtiva, a montante e a jusante, relacionados a reforços e melhorias em instalações de transmissão no setor elétrico brasileiro. Já o Webinar sobre Inteligência Artificial no Planejamento do Setor Elétrico compartilhou experiências em múltiplas visões dos diversos desafios científicos, técnicos e tecnológicos relacionados ao planejamento do setor elétrico enfatizando o potencial de soluções já disponíveis e futuras de ferramentas de inteligência artificial. Acesse aqui e aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 23.10.2020)
Comercializadoras elevam críticas e Aneel pauta “liminar” do MCSD para reunião semanal
Doze comercializadoras criticaram formalmente decisão da diretoria da Aneel de negar pedido de medida cautelar feito em conjunto, para suspender contabilização do MCSD de energia existente relativos a contratações realizadas em três leilões, também de energia “velha”. Em ofício ao diretor Efrain Cruz, relator do processo, as comercializadoras afirmaram-se indignadas e perplexas com a decisão da Aneel, no início de setembro, de negar a medida cautelar – uma vez que segundo as empresas, a área técnica e a Procuradoria haviam emitido pareceres favoráveis. A decisão em setembro foi uma derrota para as empresas, que tentavam reverter iniciativa adotada pelas distribuidoras, como consequência da retração de mercado promovida pela pandemia de Covid-19. (Brasil Energia - 22.10.2020)
Artigo de Paulo Gama (Versattus) sobre a MP 998 e o desmonte da pesquisa no setor elétrico
Em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, Paulo Gama, doutor em engenharia elétrica pela USP e CEO da Versattus Pesquisa e Consultoria em Energia, fala sobre os efeitos da MP 998 sobre a pesquisa e eficiência energética. O autor afirma, “A nova investida contra o financiamento da pesquisa, pela MP 998/2020, tem economia estimada pelo órgão regulador de 0,8% na tarifa ou, em média, R$ 0,50 (cinquenta centavos) na conta mensal de energia com consumo de 100 KWh e tarifa social. Por outro lado, despreza toda a cadeia de profissionais, empresas, fornecedores e desenvolvedores que se criou e é mantida com os recursos do P&D e do PEE no País, e que movimenta o pagamento de impostos, como ISS, ICMS, CSLL, INSS, PIS e Cofins. Na prática, significa dizer que, para que a conta de energia diminua em R$0,50, pelo menos R$ 4,6 bi deixarão de ser colocados em circulação para girar empresas, manter empregos e gerar impostos para estados, municípios e Distrito Federal. ” Para ler o texto na íntegra, clique aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 23.10.2020)
Light e fundo CG I firmam acordo por operação sem autorização do Cade
Em sessão de julgamento na quarta-feira (21/10), o Cade homologou acordo com o CG I Fundo de Investimento em Participações Multiestratégia (CG I FIP) e a Light Energia por terem efetuado operação de notificação obrigatória sem autorização prévia da autarquia. As empresas reconheceram ilícito concorrencial em transação envolvendo a Renova Energia e se comprometeram a pagar R$ 1,2 milhão como contribuição pecuniária. O ato de concentração se refere à aquisição, pelo CG I FIP, da totalidade das ações detidas pela Light na Renova. (Brasil Energia - 22.10.2020)
Milícia cria taxa para conta regular de luz no Rio
De acordo com o Ministério Público, há locais em que, mesmo pagando a conta de luz de uma concessionária, o morador precisa arcar com uma taxa ilegal sobre o serviço, imposta por paramilitares. E uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) mostrou que os criminosos estão mesmo diversificando esforços para aplicar golpes e faturar em cima do fornecimento regularizado de energia. A Light calcula que, de junho de 2019 a junho deste ano, perdeu 73% da energia que distribui em 230 áreas de risco da Região Metropolitana, dominadas por milicianos ou traficantes. São locais onde vivem 703 mil clientes, 16% do total da concessionária, que deixou de faturar R$ 4,1 bilhões no período. A Enel, que atua em Niterói e outros 65 municípios fluminenses, cita 280 áreas de risco, onde 56% da eletricidade é furtada por milicianos ou traficantes. (O Globo - 23.10.2020)
CCEE: consumo de energia elétrica aumenta de 4,8% em outubro
A primeira quinzena do mês de outubro confirma a tendência de crescimento no consumo de energia elétrica sinalizada nos últimos meses, registrando um aumento de 4,8% em relação ao mesmo período de 2019. O valor representa a maior variação positiva observada até o momento neste ano, informa o boletim InfoMercado Quinzenal, divulgado pela CCEE. Analisando apenas o ACR, o estudo mostra um aumento na primeira quinzena de outubro de 3,4%. Já no mercado livre a alta foi de 8,2%. Ao se excluir o impacto das migrações de consumidores entre os ambientes, é possível observar um crescimento ainda maior no consumo no mercado regulado, de 5,5%. (CCEE – 22.10.2020)
Níveis de reservatórios pelo Brasil
Os reservatórios do Sul operam nessa quinta-feira, 22, com 27,7% de seu volume útil ao SIN, após diminuírem em 0,7% na última quarta-feira, 21 de outubro, em comparação ao dia anterior, afirmam os dados do ONS. A energia armazenada afere 5.515 MW mês e armazenável 22% da MLT. As UHEs Passo Fundo e G.B Munhoz funcionam com 53,05% e 8,05%. No Norte os níveis recuaram 0,8% e se encontram em 34,9%. A ENA segue em 58% da MLT e a armazenada afere 5.297 MW mês. A usina de Tucuruí produz energia com 29,99% de seu volume. Já no SE/CO a vazão caiu 0,3% para 26% da capacidade. A ENA armazenável está em 39% e a armazenada indica 52.868 MW mês. As UHEs Furnas e Nova Ponte registram 30,33% e 25,64%. Por sua vez os reservatórios nordestinos apresentaram decréscimo de 0,1% e o submercado trabalha com 58,9% da capacidade. A energia contida mostra 30.377 MW mês e a ENA segue em 47% da MLT. A hidrelétrica de Sobradinho trabalha a 61,21%. (Agência CanalEnergia – 22.10.2020)
EUA: financiamento de projetos para eletrificação de ônibus de transporte público
Recentemente, o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) anunciou seleções de projetos de US $ 130 milhões em pesquisas de tecnologias avançadas de veículos nos Estados Unidos. Incluídos no anúncio estava um projeto da Utah State University, que desenvolverá um conjunto de ferramentas de planejamento e operações para permitir a eletrificação de ônibus de transporte público. As ferramentas incluem uma ferramenta de design de rede de transporte público, uma ferramenta de simulação e operações e uma ferramenta inteligente de programação e gerenciamento de carga. O projeto recebeu US $ 1,75 milhão, que inclui US $ 325.000 do Federal Transit Administration (FTA). (Green Car Congress – 23.10.2020)
SSE Renewables recebe autorização para sistema de armazenamento
A SSE Renewables afirma que o governo escocês concedeu consentimento para seu projeto proposto Coire Glas, o maior projeto de armazenamento hidrelétrico recentemente planejado do Reino Unido. A empresa diz que essa decisão marca mais um passo para ajudar a Escócia e o Reino Unido a cumprir suas ambições de zero líquido. Se aprovado comercialmente, a Coire Glas poderia dobrar a capacidade do volume de armazenamento bombeado do Reino Unido e fornecer à rede nacional a flexibilidade de equilíbrio de baixo carbono necessária para reduzir os custos de energia para os consumidores, ajudando a descarbonizar o sistema de energia. O esquema recém-aprovado seria capaz de produzir energia por 24 horas ininterruptas e teria uma capacidade de armazenamento bombeado de até 30 GWh, disse a SSE Renewables. Uma das tecnologias de armazenamento mais flexíveis, a hidrelétrica bombeada oferece uma série de benefícios e é a opção de armazenamento de longa duração mais comprovada disponível. (RenewablesEnergyWorld - 23.10.2020)
IRENA e CIP: investimento em energia nos países em desenvolvimento
Os parceiros da IRENA e da Plataforma de Investimento Climático estão trabalhando em conjunto para promover os esforços de implantação de energias renováveis em países em desenvolvimento. A Plataforma de Investimento Climático lançada pela IRENA, juntamente com SEforAll, o PNUD e em cooperação com o Fundo Verde para o Clima (GCF), combina as capacidades e recursos das quatro organizações parceiras para atender - e desbloquear - as necessidades de investimento nos países em desenvolvimento, por sua vez iniciando uma mudança radical em sua busca por ambições de energia de baixo carbono. Os Parceiros apoiam os países com o estabelecimento de metas, o estabelecimento de um ambiente legal e regulatório favorável e o desenvolvimento de medidas de mitigação de risco para estimular os fluxos de capital. Até o momento, os esforços CIP da IRENA resultaram em mais de 180 solicitações de financiamento de projetos e mais de 50 promessas de apoio de parceiros ativos. (REVE - 22.10.2020)
Estudo conclui que pássaros podem evitar as pás do rotor
Um novo estudo com pássaros no Parque Eólico Klim em North Jutland, Dinamarca mostrou que os pássaros podem evitar as pás do rotor das turbinas eólicas muito melhor do que se pensava anteriormente. O resultado positivo confirma um maior potencial de coexistência da natureza e parques eólicos. O novo estudo, realizado para a Vattenfall por três consultorias experientes em colaboração com ornitólogos locais, descobriu que mais de 99% das aves que voam na área evitam as pás das turbinas eólicas. O líder de biociência da Vattenfall Environment & Sustainability, Jesper Kyed Larsen, afirmou: “milhares de pássaros voam pelo parque eólico de manhã e à noite durante o inverno, por isso é tão gratificante saber que os pássaros voam ao redor ou sobre as turbinas eólicas em tão grande escala.” (Renews - 21.10.2020)
Parques eólicos offshore híbridos já estão sendo construídos
Em 20 de outubro, a Energinet, a TSO dinamarquesa, e a 50Hertz, a TSO alemã, inauguraram o interconector offshore da Kriegers Flak Combined Grid Solution no Mar Báltico. Isso marca a primeira vez que um parque eólico offshore é conectado a redes de eletricidade de dois países diferentes. Quando concluído, a eletricidade gerada no parque eólico Kriegers Flak será capaz de fluir para a Alemanha e Dinamarca. Isso facilita o uso ideal de dinheiro e espaço. Os cabos também podem ser usados para o comércio de eletricidade entre os dois países, o que aumenta a concorrência nos mercados de eletricidade, levando a preços mais baixos. No entanto, não existe um quadro jurídico europeu para projetos eólicos offshore híbridos neste momento, o que causa incerteza, e a indústria não será capaz de construir projetos híbridos sem perspectivas claras de receita. É, portanto, essencial que a Estratégia de Energia Offshore estabeleça regras claras para parques eólicos offshore híbridos que ajudem a torná-los investíveis. (REVE - 22.10.2020)
Usinas híbridas de energia renovável precisam de legislação mais clara
Em 8 de outubro, a conferência “Hybrid Power Plants”, organizada pela Solar Plaza, se concentrou em usinas híbridas eólica / solar e eólica / solar / de armazenamento e como elas podem ajudar a acelerar a transição energética. Uma usina híbrida de energia renovável combina pelo menos duas tecnologias de geração renovável compartilhando um único ponto de conexão com a rede e pode incluir armazenamento. Projetos híbridos podem desempenhar um grande papel no aumento da eficiência do sistema de energia e garantir um maior equilíbrio no fornecimento de energia. Atualmente, a Europa possui 7 usinas híbridas de energia eólica / solar e 22 parques eólicos co-localizados com armazenamento. Mas sua implantação só será acelerada se os governos estabelecerem usinas híbridas em sua estrutura legal e fornecerem definições claras. Isso ajudará a simplificar o licenciamento desses projetos híbridos, pois eles não terão que ser tratados caso a caso. Disposições claras também são necessárias para monitoramento, rastreabilidade e rotulagem de energia em tais plantas. (REVE 22.10.2020)
China pode tornar-se maior mercado global de eólica offshore
Apesar de a China ser considerada um gerador tardio de energia eólica offshore da indústria, espera-se que supere os pioneiros como a Alemanha e o Reino Unido em termos de instalações cumulativas ainda este ano. A crise do COVID-19 não diminuiu o crescimento da energia eólica offshore no país. Com a atual tarifa feed-in para offshore definida para expirar no final de 2021 e sem sinais de prorrogação desse prazo, a GWEC Market Intelligence espera que ainda haja pressa de instalação para cumprir esse prazo, com 11,4 GW de nova capacidade instalada de 2019 a 2021. Após esta onda de novas instalações, espera-se que o mercado alcance um pico em 2021, seguido por uma queda, quando o governo central encerrará o subsídio para a fonte. No entanto, devido ao crescimento causado pelo enorme potencial eólico offshore da China e pelo tamanho do mercado, a GWEC Market Intelligence espera que o crescimento continue com uma média de 4,77 GW de capacidade anual adicionada de 2022 a 2030. Com isso, somado a uma onda de política, tecnologia e desenvolvimento de mercado em favor de impulsionar ainda mais a indústria eólica offshore, a GWEC espera que a China ultrapasse o Reino Unido como o maior mercado offshore do mundo em instalações totais até 2021, se não 2020. (REVE - 22.10.2020)
Brasil tem superávit em conta corrente de US$ 2,3 bi em setembro
O Brasil registrou um superávit em suas transações correntes de US$ 2,320 bilhões em setembro, conforme divulgado nesta sexta-feira (23) pelo BC. A autoridade monetária estimava superávit de US$ 3,7 bilhões. No mesmo mês de 2019, o saldo da conta corrente foi negativo em US$ 2,727 bilhões. No ano até setembro, por sua vez, houve déficit de US$ 6,476 bilhões, ante déficit de US$ 36,748 bilhões no mesmo período de 2019. No acumulado de 12 meses, a diferença entre o que o país gastou e o que recebeu nas transações internacionais relativas a comércio, rendas e transferências unilaterais alcançou um saldo negativo de US$ 20,656 bilhões, o equivalente a 1,37% do PIB estimado pela autoridade monetária. Em agosto, o déficit foi equivalente a 1,66% do PIB. (Valor Econômico – 23.10.2020)
IPC-S desacelera alta para 0,79% na 3ª medição de outubro
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) voltou a desacelerar, para uma alta de 0,79%, na terceira quadrissemana de outubro, vindo de 1,01% na leitura imediatamente anterior, a segunda do mês, informou a FGV em relatório. Com esse resultado, o indicador acumula alta de 3,23% no ano e 4,53% nos últimos 12 meses. Nessa apuração, cinco das oito classes de despesa componentes do índice registraram decréscimo em suas taxas de variação. A maior contribuição partiu do grupo Educação, Leitura e Recreação (4,86% para 3,34%). Nessa classe de despesa, a FGV destaca o comportamento do item passagem aérea, cuja taxa passou de 45,11% para 30,55%. (Valor Econômico – 23.10.2020)
Dólar ontem e hoje
O dólar comercial fechou o pregão do dia 22 sendo negociado a R$5,5936 com variação de -0,38% em relação ao início do dia. Hoje (23) começou sendo negociado a R$5,5769 com variação de -0,30% em relação ao fechamento do dia útil anterior sendo negociado às 11h22 o valor de R$5,6181 variando +0,74% em relação ao início do dia. (Valor Econômico – 22.10.2020 e 23.10.2020)
Ibovespa acumula alta de 3% na semana e dólar fecha a R$ 5,62
O Ibovespa perdeu fôlego e encerrou o dia em leve correção com recesso fora de época em Brasília e impasse nas negociações para estímulo fiscal nos EUA. Apesar do recuo de 0,65% aos 101.259 pontos na sessão, o principal índice brasileiro ganha 3% na semana e acumula alta de 7% no mês. No ano, todavia, o saldo ainda é negativo: 12,44% de queda para o Ibovespa.
O dólar fechou mais um dia em alta, subindo 0,60% e negociado a R$ 5,62 na venda. Na semana, a cotação da divisa cedeu 0,24%, mas no acumulado do mês ganha 0,17% e dispara 40,25% em 2020.
As altas do Ibovespa na semana foram impulsionadas, principalmente, pela valorização nos papéis dos bancos. Os investidores ajustaram suas posições à espera dos balanços financeiros da próxima semana. O Santander abre a temporada no setor na terça-feira, seguido pelo Bradesco no dia seguinte. O Itaú Unibanco apresenta seus resultados em 3 de novembro e o Banco do Brasil em 5 de novembro. Os números do BTG Pactual são esperados para 10 de novembro.
Na próxima semana, além dos bancos, são esperados os balanços da Vale, Petrobras, Klabin, Cielo, Gerdau, GPA, Ambev, Telefônica Brasil, Lojas Americanas e B2W, Suzano e Usiminas.
No cenário macroeconômico, dados reportados hoje pelo Banco Central revelam que o Brasil registrou em setembro o sexto mês seguido de superávit em suas transações correntes, de US$ 2,320 bilhões, levando o déficit em 12 meses a cair a 1,37% do Produto Interno Bruto (PIB), menor patamar desde abril de 2018, refletindo o esfriamento da economia no país e no mundo em meio à pandemia.
Já os Investimentos Diretos no País (IDP) totalizaram US$ 1,6 bilhão, bem abaixo dos US$ 6 bilhões registrados em setembro do ano passado. A expectativa do BC é que o país feche o ano com déficit em transações correntes de US$ 10,2 bilhões. Já para o IDP, a projeção oficial, atualizada no final de setembro, é que o fluxo fique positivo em US$ 50 bilhões.
Ainda hoje, levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou alta em outubro de 0,94% na inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), o maior patamar para o mês desde 1995.
Em Wall Street, o dia foi de cautela e volatilidade com investidores acompanhando a longa negociação entre democratas e republicanos para um pacote fiscal. Ontem, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mark Meadows, afirmou que a conversa com os parlamentares para um pacote de alívio aos danos econômicos causados pelo coronavírus – totalizando US$ 1,9 trilhão – entrou na fase de ajustes técnicos. O mercado acredita que um acordo de estímulo será alcançado. A única questão seria o tamanho e momento, disseram analistas à agência Reuters. O Dow Jones fechou o dia com queda de 0,10%, enquanto o S&P 500 ganhou 0,34% no dia e o Nasdaq Composite avançou 0,37%.
As bolsas europeias subiram nesta sexta-feira, impulsionadas por balanços positivos do Barclays e um salto na Airbus. Hoje, o FTSE 100 ganhou 1,29%, o DAX subiu 0,82%, o CAC 40 teve alta de 1,20%, o Stoxx 600 valorizou 0,62% e o FTSE MIB encerrou com ganho de 1,09%. O saldo semanal, no entanto, é negativo para os índices da região. (Reuters, 23/10/20)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante cerimônia em Brasília - Adriano Machado/Reuters
Sondagem do FGV Ibre indica que incerteza é vista como risco para retomada nos próximos meses.
Quando os empresários brasileiros olham para frente, mirando os próximos seis meses, a maioria tem a expectativa de que o ambiente de negócios vai melhorar. O principal fator para o otimismo é a evolução da economia global.
Mas eles também vislumbram riscos que podem comprometer esse cenário. Além da incerteza com a pandemia, aparece com destaque a incerteza econômica e a falta de confiança na política econômica do governo.
Os dados constam da mais recente sondagem realizada pelo FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Pouco mais da metade das empresas brasileiras, 52%, afirma na sondagem que a falta de confiança na política econômica do governo é um dos principais fatores que estão influenciando negativamente as expectativas de evolução do ambiente de negócios nos próximos meses.
A incerteza econômica é citada por 71% das empresas, percentual superior ao das que apontam também a questão da pandemia (65%).
“A incerteza não é só econômica, mas esse é o fator preponderante”, diz Viviane Seda Bittencourt, coordenadora das sondagens do FGV Ibre.
Na cúpula empresarial brasileira a preocupação é crescente. Até grandes empresários que sempre defenderam o atual governo estão insatisfeitos em alguns pontos, sobretudo com a demora para tirar as privatizações do papel e a falta de empenho para fazer com que as reformas avancem no Congresso.
Essa é uma preocupação compartilhada, por exemplo, por Rubens Ometto, acionista das empresas Raízen, Comgás, Cosan e Rumo, que atuam no ramo de combustíveis, açúcar e logística e faturam R$ 80,1 bilhões ao ano, e Lírio Parisotto, da petroquímica Innova, que fatura R$ 3,2 bilhões por ano.
“Eu ainda estou meditando sobre o que me preocupa mais [a pandemia ou a política econômica]. Fato é que essas reformas têm que deslanchar. Sair do campo teórico e ir para o campo prático. É isso aí que o pessoal está esperando", Rubens Ometto, acionista das empresas Raízen, Comgás, Cosan e Rumo
Segundo Parisotto, o cenário atual contrasta com a expectativa no início de 2019, que era muito alta. “Todos esperavam uma gestão mais eficiente nesses pontos chaves.”
Para Ricardo Lacerda, do Banco BR Partners, um dos líderes em fusões e aquisições, que realizou mais de R$ 200 bilhões em operações, é compreensível que a situação fiscal brasileira tenha se agravado durante a pandemia, mas não há justificativa para a interrupção de reformas, como a tributária e administrativa.
A desconfiança em relação ao compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas e a agenda de reformas econômicas, apontada também na sondagem do Ibre FGV, tem contaminado vários indicadores.
A alta das taxas de juros de longo prazo já dificulta a rolagem da dívida pública, enquanto o real depreciado tem provocado problemas como a alta nos preços de insumos importados, elevando custos.
O percentual de desconfiança em relação à política econômica é mais alto no varejo, opção citada por 68% das empresas de um dos setores menos afetados pela pandemia. Essa preocupação está em torno de 45% das empresas nos demais setores.
Na visão de Pedro Wongtschowski, acionista e presidente do conselho de administração da Ultrapar, empresa que teve um faturamento de R$ 89 bilhões em 2019, por exemplo, o quadro econômico é mais crítico que o pandêmico.
Enquanto o cenário para a saúde pública melhora com a perspectiva de criação de uma vacina, a perspectiva econômica turva, comprometendo a confiança para investir.
Um termômetro para ele é o comportamento dos investidores. “O próprio processo de privatização está indo muito mais lento e tem atraído interesse de investidores nacionais. A fuga de capital estrangeiro também é preocupante.”
"São grandes as incertezas decorrentes da ausência de uma higidez fiscal, diante de um câmbio desvalorizado e longe da estabilidade, de um desemprego elevado e de uma redução de consumo por conta da queda de auxílios pagos pelo governo. E ainda tem o risco de inflação. É um cenário que não convida ao investimento", Pedro Wongtschowski, acionista e presidente do conselho de administração da Ultrapar
Horácio Lafer Piva, acionista da Klabin, considerada a maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil e que teve um faturamento de R$ 10,24 bilhões em 2019, declara ter uma dupla angústia.
De um lado, mantém a preocupação com o coronavírus e teme os efeitos quando se baixa a guarda com a doença. “A pandemia ocupou tanto espaço de todos. Há um cansaço natural entre empresários e trabalhadores. Agora, as pessoas estão voltando a ter uma vida normal —o que é um perigo”, diz ele.
Por outro, teme a descontinuidade das políticas governamentais e a incerteza que esse cenário gera.
"As políticas são erráticas, voláteis. O teto fura ou não fura? As reformas não andam. Faz ou não faz a reforma tributária e a administrativa?", Horácio Lafer Piva, acionista da Klabin
No levantamento feito pelo FGV Ibre, a preocupação com a pandemia se destaca nos serviços, citada por 77% dos entrevistados no setor que mais depende do fim da crise sanitária para voltar a crescer.
O fim dos auxílios emergenciais aos consumidores e dos programas de ajuda às empresas é apontado por cerca de 25% dos entrevistados como uma das principais preocupações.
Essa questão é mais destacada pelos empresários da indústria (48%), principalmente nos segmentos de alimentação (70%) e limpeza e perfumaria (100%). Ou seja, por segmentos cujas vendas têm sido impulsionadas pelo programa emergencial.
No comércio, a questão do auxílio é mais citada nos segmentos de material de construção e de móveis e eletrodomésticos (58% de empresas com essa preocupação).
“Mesmo a indústria, que é a mais otimista entre os setores e tem uma recuperação muito acima dos demais, está preocupada com o fim dos auxílios emergenciais ao consumidor, o que pode diminuir a demanda interna”, diz a pesquisadora.
Na sondagem com 2.785 empresas, os principais fatores positivos que estão influenciando as expectativas são as perspectivas de retomada da economia mundial e a consolidação da recuperação do setor, apontados por mais de 50% dos entrevistados.
O setor de serviços é o que tem menor percentual de empresas com expectativas positivas (62%). Na indústria, 79% estão otimistas.
"O que preocupa é a paralisação da agenda de reformas, que teria que ser implementada para compensar o agravamento da situação fiscal. E a gente vê dificuldade de evoluir com isso. Ninguém também espera aumento de impostos para compensar, porque agravaria a situação", Ricardo Lacerda, fundador e presidente do banco BR Partners
Dados do Monitor do PIB do FGV Ibre mostram que o consumo de bens, impulsionado pelo auxílio emergencial, voltou em julho ao nível anterior à pandemia e, em agosto, estava 0,8% acima do nível de fevereiro.
Nos serviços, ainda está cerca de 10% abaixo do período pré-pandemia. Com isso, o consumo total (que é praticamente dividido meio a meio entre bens e serviços) ainda apresenta queda de 5,8%.
“Da queda de quase 10% do consumo de serviços, aproximadamente 5 pontos percentuais se devem a alojamento e alimentação, com uma recuperação que ainda não foi suficiente, mesmo depois dessa flexibilização”, afirma Juliana Trece, economista do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre.
"O governo não fez nada das privatizações, nem a reforma administrativa. Esse governo é uma decepção, dois anos se passaram e não aconteceu nada. Nenhuma mísera privatização. Até a da Previdência é uma reforma capenga que deveria ser mais profunda", Lírio Parisotto, acionista presidente da petroquímica Innova
“A indústria está com muito mais velocidade. Nos serviços, parece que só com uma solução para a questão da pandemia, que permita aglomeração”, afirma a pesquisadora.
O economista Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do FGV Ibre, afirma que o setor de outros serviços representa cerca de 25% dos serviços totais, que por sua vez respondem por aproximadamente 70% do PIB. “Isso significa que cerca de 15% do PIB não está voltando.”
As prévias das sondagens do Ibre têm mostrado que a indústria ainda está otimista, mas há um descolamento em relação às expectativas dos consumidores e de outros setores.
“Na prévia de outubro a gente vê a indústria melhorando, enquanto os demais setores apresentam uma certa redução. A gente também teve a maior diferença entre confiança dos consumidores e da indústria. Existe uma diferença muito grande entre empresários e consumidores”, afirma Bittencourt.
“Isso corrobora a análise que a gente tem feito de que o consumidor está mais cauteloso em utilizar os serviços e voltar a fazer atividades como viagens e ir a teatro e cinemas por conta desse medo em relação à pandemia. Há uma perspectiva melhor de retomada da indústria e da construção e menor do setor de serviços”, afirma a coordenadora das sondagens do FGV Ibre.
Em %
Perspectivas de retomada da economia mundial
56,1
Consolidação da recuperação do setor
51,6
Perspectiva de aumento das receitas da empresa
40,5
Continuidade da flexibilização das medidas de isolamento social
37,9
Taxas de juros baixas
19,4
Perspectiva de redução de custos
16,7
*Possibilidade de múltiplas respostas | Fonte: Sondagem quesitos especiais do Ibre/FGV – outubro 2020.
Em %
Incerteza econômica
70,8
Incerteza com relação à pandemia de Covid-19
64,9
Falta de confiança na política econômica do governo
52,1
Perspectivas negativas para a economia mundial
42,1
Fim dos auxílios emergenciais aos consumidores
27,1
Fim dos programas emergenciais às empresas
23,9
*Possibilidade de múltiplas respostas | Fonte: Sondagem quesitos especiais do Ibre/FGV – outubro 2020