Apesar do revés jurídico que impediu a confirmação do rompimento da CEEE com o fundo de pensão dos funcionários, o edital de privatização da área de distribuição da empresa será publicado conforme previsto no cronograma, na próxima terça-feira (8).
Dessa forma, o leilão deve mesmo ocorrer em fevereiro de 2021, também conforme anunciado em audiência pública realizada no dia 16 de novembro.
Conforme o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos, a decisão judicial não deve impactar na avaliação da empresa no leilão ou no interesse de potenciais candidatos à compra. Lemos explica que os compromissos com a Família Previdência, antiga EletroCEEE, já estão lançados e são conhecidos das empresas do setor.
– Gostaríamos de deixar encaminhada uma solução com maior segurança jurídica, mas essa é uma correção de rumo que acabará ocorrendo. Buscava-se corrigir um problema, que será resolvido de alguma forma mais adiante. Buscamos uma negociação administrativa com a EletroCEEE, mas a cada pedido nosso, a resposta vinha com outro que fugia dos limites legais e do bom senso – afirmou Lemos sobre o rompimento com a fundação.
As pendências da CEEE-D com o fundo de pensão chegam a R$ 1 bilhão, cerca de 14% do endividamento total, que chega a R$ 7 bilhões. Como a coluna já relatou, para a privatização, a estatal receberá um reforço de capital de R$ 2,8 bilhões para permitir que seja ofertada pelo preço simbólico positivo de R$ 50 mil. Esse valor corresponde a uma espécie de perdão na dívida de ICMS que chega a R$ 4,4 bilhões.
Como se formou a dívida de R$ 7 bilhões da CEEE-D
ICMS R$ 4,4 bilhões (até abril de 2021)
BID/AFD R$ 1 bilhão
Previdência R$ 1 bilhão
Ex-autárquicos R$ 465 milhões
Marta Sfredo-ZH
Sessão pública será realizada às 8h nesta sexta-feira, 4 de dezembro, na B3 - Brasil, Bolsa, Balcão
WAGNER FREIRE, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO
A Comissão de Licitação analisou e aprovou a documentação e as garantias financeiras depositadas pelos proponentes participantes do leilão de privatização da concessionária de energia elétrica do Distrito Federal, CEB Distribuição. A sessão pública, que poderá ser acompanhada pela TV B3, será realizada sexta-feira, 4 de dezembro de 2020, com início às 8h, na B3 – Brasil, Bolsa, Balcão.
Segundo comunicado publicado pelo BNDES nesta quinta-feira, 3 de dezembro, a Comissão “considerou atendidos os requisitos do instrumento convocatório por todas as proponentes para a participação no Leilão Nº 01/2020-CEB-D.” O certame começará com a abertura de propostas econômicas. Em caso de mais de uma concorrente, a disputa poderá ir para lances a viva-voz.
Segundo o BNDES, a CEB está avaliada em R$ 1,4 bilhão, “valor estimado a partir de duas análises econômico-financeiras independentes”. A concessionária atende mais de 1 milhão de unidades consumidoras no DF, com cerca de três milhões de pessoas em uma área de 5,8 mil km2.
Alguns nomes de potenciais compradores são especulados pelo mercado. Pela sinergia com a Enel Goiás, o Grupo Enel se posiciona como potencial concorrente. No entanto, a imagem da empresa foi arranhada com o embate público travado com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Quem também sinalizou que está interessada em oportunidades de crescimento via aquisições foi a Equatorial Energia, reconhecida por recuperar concessões críticas como Cemar e Celpa.
A Equatorial Energia encerrou o terceiro trimestre de 2020 com R$ 7 bilhões em caixa consolidado e uma relação dívida líquida/EBITDA consolidado igual a 2,1x. A empresa também está muito próxima de concluir todos os projetos de transmissão de energia que estão em construção.
Em teleconferência em 16 de novembro, o diretor presidente, Augusto Paz Junior, disse que a Equatorial também estuda oportunidades no segmento de distribuição, seja extraindo valor das atuais concessões (principalmente no estado do Pará), seja participando do leilão da Companhia Energética de Brasília (CEB). “Não decidimos se vamos ou não participar. Eu diria que a gente está em uma fase de análises internas.”
Outros dois fortes concorrentes, segundo a reportagem apurou, seriam EDP e a CPFL Energia, porém, essas duas empresas estão atentas a privatização da CEEE, no Rio Grande do Sul. A EDP é sócia da Celesc em Santa Catarina e a CPFL já atua no RS por meio da RGE. Uma fonte contou que as três empresas que estão disputando são: CPFL, Equatorial e Neoenergia.
A contratação do BNDES para coordenação e execução do processo de privatização de CEB-D ocorreu em agosto de 2019, em um contexto no qual a companhia estava apresentando uma série de inadimplementos a parâmetros regulatórios de qualidade na prestação dos serviços e de robustez econômico-financeira.
Essa situação gerava risco de perda da concessão para fornecimento do serviço. Caso esse risco se materializasse, além de perder a oportunidade de monetização do ativo, haveria perspectiva de ônus para CEB-D da ordem de R$ 1 bilhão.
Governo teme cortes em outras regiões e busca reduzir consumo de energia
A decisão do governo federal de realizar uma campanha contra o desperdício de energia veio depois de o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, alertar o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira (30). O ministro informou que o sistema elétrico do país está no limite, com a possibilidade de haver cortes seletivos caso a falta de chuva continue e reduza ainda mais o nível dos reservatórios do país. Os cortes seletivos são interrupções do fornecimento de energia programadas pelas distribuidoras – a pedido dos órgãos que operam o sistema – em alguns horários e regiões do país, para garantir o abastecimento nos horários de pico. (G1 – 02.12.2020)
Aneel altera regras de sazonalização no MRE
A Aneel aprovou a alteração de normas que tratam do Mecanismo de Realocação de Energia, no que diz respeito aos critérios de alocação de energia e de sazonalização de garantia física das hidrelétricas participantes do MRE. A sazonalização será feita em etapa única a partir de janeiro de 2022, em substituição ao mecanismo de duas etapas aplicado atualmente. Entre janeiro de 2022 e dezembro de 2026, a alocação dos montantes contratuais será feita com base na geração média mensal das usinas do MRE nos últimos anos, observando o intervalo entre 80% e 120% da garantia física de todas as usinas, exceto para as que seguem a sazonalização média da GF-MRE (Itaipu, usinas cotistas e outros geradores que tiverem optado por isso). (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
Distribuidoras credoras receberão R$ 61,9 mi da Conta Bandeiras
A Aneel definiu em R$ 61,9 milhões o repasse às concessionárias de distribuição de energia elétrica credoras da Conta Bandeiras referente as operações de outubro de 2020. Conforme o despacho nº 3.369, publicado no DOU desta quarta-feira, 2 de dezembro, os valores serão repassados a 46 concessionárias até 8 de dezembro. Enel SP, Cemig-D, Light, CPFL Paulista, Copel D e Coelba receberão os maiores montantes, com respectivamente, R$ 5,5 milhões, R$ 5,1 milhões, R$ 3,9 milhões, R$ 3,8 milhões, R$ 3,6 milhões e R$ 3,1 milhões. Por sua vez, os agentes devedores da Conta terão juntos que aportar, até 4 de dezembro, pouco mais de R$ 450,00. (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
ONS inclui Administração da Transmissão em aplicativo para agentes
O ONS incluiu a Administração da Transmissão como nova funcionalidade em seu aplicativo ONS+, disponibilizando a atualização para os agentes a partir desse mês para realizar consultas sobre os dados de liquidação da transmissão e da contribuição associativa ao Operador em seus dispositivos móveis, de forma transparente. A iniciativa é uma parceria das áreas de Finanças, Serviços aos agentes e Tecnologia do ONS, e visa proporcionar a melhor experiência possível para o usuário. A gerente de Contratos e Contabilização da Transmissão do ONS, Monica Sammartino, destacou que o aplicativo possui uma navegação fácil e objetiva, sendo fundamental valorizar a experiência do cliente e investir nesse relacionamento, além de viabilizar serviços diferenciados que atendam às expectativas dos agentes. (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
Artigo de Ronir Correa (Duff & Phelps): “Apagão do Amapá demonstra a importância de base de dados única e planejamento setorial”
Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, Ronir Correa, diretor da Duff & Phelps no Brasil, fala sobre a necessidade da implementação da Base de Dados das Instalações da Transmissão (BDIT), evidenciada pelo apagão do Amapá. Segundo o autor, “o grande problema vivido pela população amapaense reforça a importância do planejamento setorial e de mecanismos de contingência para que situações tão impactantes sejam minimizadas da melhor forma possível”. Ele conclui que “a urgência na implementação de uma comunicação unificada é real e só trará benefícios para um país de dimensões continentais como o Brasil”. Para ler o texto na íntegra, clique aqui. (GESEL-IE-UFRJ – 03.12.2020)
Salto Grande: Copel GT investe R$ 450 mi
Com prazo de construção de 35 meses e investimento estimado em R$ 450 milhões, a hidrelétrica de Salto Grande, com 49 MW de potência instalada, deverá ficar pronta no final de 2023, se nada atrapalhar do planejamento da Copel GT, titular do projeto. Na semana passada, a Aneel publicou o despacho concedendo registro de adequabilidade aos estudos de inventário e ao uso do potencial hidráulico do Sumário Executivo (DRS-UHE) do projeto. A Copel informou que pretende comercializar a energia a ser gerada pela usina no próximo leilão de energia nova a ser realizado pela Aneel. A UHE Salto Grande será construída no rio Chopim, entre os municípios paranaenses de Coronel Vívida e Pato Branco. A garantia física (GF), segundo a empresa, será de 25,26 MW médios. A agência informou que a publicação do seu despacho tem por finalidade permitir à empresa postular o licenciamento ambiental. (Brasil Energia - 02.12.2020)
Conta de luz de Itaipu financia estradas, sede do Itamaraty e até vitrais
O presidente Jair Bolsonaro visitou nesta terça-feira (1º) as obras da segunda ponte entre Brasil e Paraguai, custeadas pela margem brasileira de Itaipu Binacional. O orçamento é de R$ 463 milhões, incluindo desapropriações e a construção de uma perimetral. Em menos de um mês, essa é a segunda vez que Bolsonaro vai ao Paraná para tratar de obras de infraestrutura custeadas por Itaipu. Uma das missões da companhia é promover o desenvolvimento na sua área de abrangência, o que inclui, do lado brasileiro, pouco mais de 50 municípios do oeste do Paraná. Mas, de uns anos para cá, nem todos os projetos estão nesse perímetro e miram a função de promover desenvolvimento. (Folha de São Paulo – 01.12.2020)
Especialistas descartam racionamento de energia, mas veem conta cara por mais tempo
Apesar da seca histórica sobre os reservatórios das hidrelétricas do país, especialistas do setor descartam o risco de apagão declarado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em redes sociais nesta terça (1). A expectativa, porém, é que os impactos da escassez na conta de luz sejam duradouros. Para especialistas no setor, o aumento de custos é, por enquanto, a única consequência da seca. A possibilidade de racionamento é descartada. Um experiente executivo do setor com passagem pelo governo diz que "é zero" a chance de apagão. "Até o momento nossas análises não indicam riscos [de apagão], apenas o custo da energia aumenta com o acionamento de recursos [térmicos], e a bandeira tarifária encaminha este sinal ao consumidor", concorda Luiz Barroso, presidente da consultoria PSR. (Folha de São Paulo – 01.12.2020)
Níveis de reservatórios pelo Brasil
O Nordeste foi a única região do país em que os reservatórios hidrelétricos registraram crescimento nos níveis na última terça-feira, 1º de dezembro, em relação ao dia anterior, ficando com 52,4% após variar 0,2%, informa o ONS. A energia contida indica 27.035 MW mês e a ENA está em 46% da MLT, com a UHE Sobradinho trabalhando a 51,66%. No Sul a vazão caiu 0,3% e o submercado opera a 17,9%. A energia armazenada afere 3.561 MW mês e a ENA foi para 53% da MLT. As UHEs Passo Fundo e G.B Munhoz funcionam com 39,90% e 2,86%. No SE/CO o recuo foi de 0,3% para 17,4% da capacidade. A ENA armazenável desceu para 28% e a armazenada marca 35.435 MW mês. As UHEs Furnas e Serra da Mesa registram 15,75% e 23,72%. No Norte do país o armazenamento hidrelétrico diminuiu 0,2% e os reservatórios apresentam 28,7% de seu volume útil ao SIN. A ENA consta em 62% da MLT e a armazenada mostra 4.356 MW. A usina de Tucuruí produz energia com 24,96%. (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
EDF Renewables: fazenda solar com armazenamento na Guiana Francesa
A EDF Renewables está anunciando o comissionamento da Toucan 2, uma usina fotovoltaica de 5 MW equipada com um sistema de armazenamento inteligente. A usina possui irradiação solar abundante em quase 5 hectares e é dotada de uma instalação de acumulação de bateria inteligente acoplada a um sistema de gestão ITdriven de alto desempenho, capaz de otimizar continuamente a potência transmitida por painéis fotovoltaicos na rede elétrica de forma a aumentar o fornecimento de eletricidade quando a demanda é alta. A nova usina Toucan 2 irá complementar a instalação solar Toucan 1 com armazenamento desenvolvido, construído e operado pela EDF Renewables desde 2015. As duas instalações possuem uma capacidade combinada de 10 MW, gerando energia suficiente para cobrir as necessidades anuais de eletricidade de perto para 3.600 casas na Guiana Francesa. (REVE – 02.12.2020)
Principais fabricantes de turbinas 'vão aumentar a participação global para 60%'
A Vestas, a Siemens Gamesa e a GE devem aumentar sua participação no mercado global de turbinas de 43% em 2019 para 60% em 2029, de acordo com uma nova pesquisa da Wood Mackenzie. A Vestas, que ocupa a primeira posição no ranking global, enfrentará forte concorrência nos próximos anos devido à “expansão agressiva” da Siemens Gamesa no segmento offshore. Após os problemas financeiros da Enercon, a Nordex emergiu como um robusto quarto concorrente nos mercados globais, exceto a China, na tabela classificativa do Wood Mackenzie. A análise da Wood Mackenzie concluiu que a Vestas e a Siemens Gamesa ultrapassarão a marca de 200 GW até 2029, enquanto a GE ficará com 12 GW a menos. (Energy Global – 03.12.2020)
Aneel libera operação comercial de UTE no RS
A Aneel aprovou nesta quarta-feira, 2 de dezembro, o início da operação comercial da termelétrica Forespel – Energia Renovável de Pellets, envolvendo duas unidades geradoras num total de 3,7 MW de capacidade instalada em São José dos Ausentes (RS), e outorgado a empresa de leva o nome da usina. A Aneel também deu provimento para a Apungu Agroindustrial, liberando para testes as unidades UG1 e UG2 da UTE Japungu, totalizando 4,8 MW de potência instalada no município de Santa Rita (PB). (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
Aneel define CVU da UTE Uruguaiana
A Aneel aceitou o pedido da AES Uruguaiana Empreendimentos, agora controlada pela empresa argentina San Atanasio Energía (Saesa), determinando o valor do CVU da térmica Uruguaiana a partir do PMO de dezembro até 30 de abril de 2021, e pela CCEE, para a contabilização da energia gerada no período. O NOS e a CCEE deverão aplicar os novos valores, fixados em R$ 606,28/MWh incluindo os custos e de R$ 427,34/MWh sem a incidência, informa o despacho nº 3.370, publicado no DOU desta quarta-feira, 2 de dezembro. Já o montante de geração à recuperação dos custos fixos, ficou em 175.770 MWh. (Agência CanalEnergia – 02.12.2020)
Economia brasileira fecha 3º tri com capacidade de financiamento de R$ 40,4 bi
A economia brasileira fechou o terceiro trimestre de 2020 com capacidade de financiamento de R$ 40,4 bilhões, ante necessidade de financiamento de R$ 67 bilhões no terceiro trimestre do ano passado. Os dados constam das Contas Nacionais do terceiro trimestre, divulgadas nesta quinta-feira pelo IBGE. O IBGE mostrou que os grandes responsáveis pela capacidade de financiamento foram o saldo externo de bens e serviços e a renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo. O saldo externo de bens e serviços passou de um valor negativo de R$ 13 bilhões no terceiro trimestre de 2019 para R$ 64,6 bilhões entre julho e setembro deste ano. (Valor Econômico – 03.12.2020)
PIB tem alta de 7,7% no 3º tri; ritmo não é sustentável, dizem economistas
CRÉDITO,GETTY IMAGES
Legenda: Reabertura das cidades e redução momentânea de casos da covid-19 colaboraram para alta do PIB em relação ao semestre anterior. Getty Images
Com a reabertura das cidades e o arrefecimento momentâneo da pandemia, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro registrou alta de 7,7% no terceiro trimestre, em relação ao trimestre anterior, recuperando em parte a queda de 9,6% registrada de abril a junho.
O dado do segundo trimestre foi revisado (anteriormente havia sido divulgado um recuo de 9,7%).
O resultado foi impulsionado, na ponta da demanda, por um crescimento de 7,6% no consumo das famílias. Já no lado da oferta, o destaque foi a indústria, com uma alta de 14,8% em relação ao trimestre anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quinta-feira (3/12).
Economistas alertam, porém, que esse forte avanço da atividade no terceiro trimestre foi impactado pelo efeito estatístico da queda no período anterior e pelo impulso fiscal bilionário do governo em resposta à pandemia, com destaque para o auxílio emergencial.
No quarto trimestre, dizem os analistas, a atividade já mostra sinais de perda de ímpeto. E em 2021, o desemprego elevado, fim dos estímulos do governo e desarranjo das contas públicas são desafios para um desempenho mais forte da economia.
Estímulo do governo
"O principal destaque no terceiro trimestre é a forte reação do consumo e da produção de bens, com comércio e indústria já superando as perdas registradas a partir de abril", afirma Luana Miranda, economista e pesquisadora do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
"Isso foi alimentado pelas medidas de compensação de renda do governo", diz Miranda. Ela diz que o Brasil se destaca, entre os emergentes, como um país que gastou bastante para atender sua população nesse momento de pandemia.
A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal estima que os gastos do governo em resposta à pandemia devem chegar a R$ 496,8 bilhões em 2020, ou 7% do PIB. Somente a despesa com o auxílio emergencial deve somar R$ 267,9 bilhões.
Segundo o Índice de Estímulo Econômico da Covid-19, um ranking criado pelas universidades de Columbia (EUA), Sungkyunkwan (Coreia do Sul) e Eskişehir Osmangazi (Turquia) para comparar gastos de países durante a pandemia em proporção ao tamanho de suas economias, o Brasil ocupava em novembro a 31ª posição em uma lista de 168 países.
No ranking, o Brasil supera todos os Brics (grupo formado por Rússia, Índia, China e África do Sul, além do próprio Brasil) e vizinhos latino-americanos.
Acomodação à frente
Apesar do forte desempenho do PIB no terceiro trimestre, a atividade já dá sinais de acomodação nos últimos três meses do ano, observa Miranda.
Segundo o Boletim Macro, publicado pelo Ibre-FGV ao fim de novembro, dados da operadora de cartões Cielo utilizados para monitorar as vendas do varejo mostravam que as vendas de bens duráveis (como eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e automóveis) estavam 2,4% acima do período pré-covid em setembro, desacelerando para 1,6% em outubro.
No caso dos bens não duráveis (como alimentos, produtos de higiene e limpeza e medicamentos), a desaceleração foi de 5,5% em setembro, para 3,5% em outubro.
Já na indústria, o crescimento da produção vem desacelerando mês a mês, desde junho. Foi de 9,6% naquele mês, para uma alta de apenas 1,1% em outubro, conforme dado divulgado na quarta-feira (2/11) pelo IBGE. O resultado de outubro ficou abaixo da expectativa do mercado, que era de um avanço de 1,4% para o mês.
"Parece que em setembro começou a haver uma desaceleração, que se acentuou em outubro", observa a economista. "Com isso, essa taxa de crescimento alta que vimos no terceiro trimestre não deve se repetir no quarto trimestre, pois parece haver um arrefecimento do consumo de bens."
Conforme Miranda, os fatores que explicam essa perda de ímpeto são a redução pela metade do auxílio emergencial, de R$ 600 para R$ 300; a aceleração da inflação, que chegou a 4,22% no acumulado de 12 meses até a metade de novembro; e a incerteza com relação ao próximo ano, com o fim do auxílio e do programa do governo de preservação de empregos com carteira assinada.
Desafios para 2021
Para Vitor Vidal, economista da XP Investimentos, o futuro da economia vai depender principalmente da recuperação do mercado de trabalho.
"Sabemos que o auxílio emergencial não vai durar para sempre e, bem ou mal, o efeito dos estímulos do governo já foi suficiente para atravessar esse momento de tormenta", diz Vidal. "Agora, voltaremos ao Brasil real, que precisa de confiança do empresariado para voltar a empregar e confiança das pessoas para voltar a consumir."
Segundo Vidal, reestabelecer essa confiança vai depender da retomada da agenda de reformas pelo governo, para que o mercado de trabalho se recupere, o que garantiria, na sua visão, uma volta ao crescimento sustentável.
Para Miranda, do Ibre-FGV, além da evolução do mercado de trabalho, também são riscos para 2021 a evolução da pandemia e o agravamento do risco fiscal.
"O problema não é simplesmente o impacto das medidas fiscais de combate à pandemia. Todos os países aumentaram os gastos", observa a pesquisadora.
"O problema é que já vínhamos com uma pressão fiscal importante antes dessa crise e não existe um plano claro do governo para estabilizar a dívida pública nos próximos anos. Essa incerteza trava investimentos, então esse também é um risco relevante para 2021." (BBC Brasil, 3/12/20)
Ibovespa fecha em alta de 0,37% e dólar cai para R$ 5,13
O Ibovespa fechou mais uma sessão em campo positivo, avançando 0,37% aos 112.291 pontos nesta quinta-feira (3). Durante o pregão, o benchmark da bolsa brasileira chegou a bater os 113 mil pontos. Entre os principais destaques positivos da sessão estão os papéis das companhias aéreas e empresas de turismo, beneficiados pela perspectiva otimista de vacinas disponíveis para a população em médio prazo. As ações da Embraer (EMBR3) lideraram as altas, avançando 11,05% e fechando a R$ 9,35.
Além da continuidade no rally das vacinas, o resultado do PIB brasileiro no terceiro trimestre divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), crescimento de 7,7%, também colaborou para o sentimento de recuperação econômica, apesar do número vir abaixo das expectativas do mercado.
“O crescimento do PIB e da Bolsa nem sempre andam coordenados quando se olha numa janela curta de um ano. A cotação da Bolsa de valores atual já antecipa um crescimento forte para o ano seguinte, acima de 3%. E antecipou um crescimento ainda mais forte depois das notícias recentes da vacina. De toda forma, o mercado continua otimista para a Bolsa também no ano seguinte, pois empresas de setores que se beneficiam com a saída da quarentena ainda negociam em níveis depreciados, como shoppings, educação, bancos, varejo físico, hotelaria e viagens”, explica João Beck, economista e sócio da BRA, escritório de renda variável da XP.
O dólar fechou em forte queda hoje, perdendo 1,93% e negociado a R$ 5,13 na venda, retornando aos patamares observados em julho. Além da fraqueza geral do dólar frente a uma cesta de moedas, as vendas foram também impulsionadas pela captação de US$ 2,5 bilhões em recursos no exterior pelo Tesouro anunciada ontem no fim do dia.
“O ‘muralha de dinheiro’ para os mercados emergentes é o maior de todos os tempos e supera os influxos após a crise financeira global em 2010. A China é uma grande diferença, pois agora está atraindo fluxos maciços, ao contrário de 2010, mas fora da China os emergentes também estão vendo uma incrível ‘muralha de dinheiro'”, disse no Twitter Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).
Nesta semana, o mercado recebeu de forma positiva o comentário do presidente Jair Bolsonaro de que não é possível “perpetuar” benefícios concedidos à população por conta da pandemia do novo coronavírus e acrescentou que é necessário definir a situação. A fala amenizou temores sobre mais gastos em 2021, que deteriorariam a já frágil situação das contas públicas – fator principal para a queda de 21,92% do real ante o dólar neste ano.
Ainda no noticiário político, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou hoje que as conversas em torno da tramitação da proposta de reforma tributária encaminhada pelo governo ao Congresso estão interrompidas no momento em razão de um “desentendimento político”, mas afirmou que o governo irá aprovar o projeto.
Em Wall Street, os índices encerram o dia em campo misto. Nas notícias positivas, os pedidos de seguro desemprego nos EUA caíram para 712 mil na última semana de novembro, abaixo das expectativas do mercado. No viés negativo, a Pfizer informou que enfrenta dificuldades na cadeia de suprimentos da sua vacina. A notícia derrubou em 1,74% a ação da companhia em Nova York e pressionou o S&P 500 que encerrou com variação negativa de 0,06%, enquanto o Dow Jones e o Nasdaq Composite fecharam em alta de 0,29% e 0,23%, respectivamente (Forbes, 3/12/20)