Projeto de conversão será analisado novamente pela Câmara semana que vem. Medida perde a validade na terça-feira, 22
SUELI MONTENEGRO, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE BRASÍLIA
Mesmo mantendo os pontos da proposta original do governo que trata da privatização da Eletrobras, o projeto de lei de conversão (PLV) da MP 1031 foi desfigurado por um série de mudanças para acomodar interesses políticos e de segmentos específicos, que levaram alguns parlamentares a chamarem a proposta de “texto Frankenstein”. Confira abaixo, em tópicos, pontos principais da versão inicial da medida provisória e o que foi inserido nas versões aprovadas na Câmara e no Senado.
A matéria deve ser novamente analisada pelos deputados em sessão prevista para a próxima segunda-feira, 21 de junho, em razão das alterações promovidas pelos senadores na votação da última quinta-feira, 17. O prazo limite para evitar que a MP perca a validade termina na terça-feira, 22.
Texto Original:
Texto da Câmara
Acrescenta aos comandos originais da MP as seguintes alterações:
• Prorrogação do contrato de concessão da UHE Mascarenhas de Moraes, de Furnas.
• Contratação obrigatória de 6 GW de capacidade instalada de termelétricas a gás natural em localidades sem infraestrutura de gasodutos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além de pelo menos 2.000 MW de capacidade instalada de hidrelétricas até 50 MW de potência (PCHs) nos leilões de energia.
• Prorrogação por 20 anos dos contratos do Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – Proinfa.
• Permissão para que empregados da Eletrobras possam comprar ações da empresa em poder da União.
• Autorização para a União aproveitar empregados da Eletrobras em outras estatais.
• Extensão de quatro para seis anos do período em que a Eletrobras fará pagamentos ao Centro de Pesquisa em Energia Elétrica – Cepel
• Inclusão da bacia hidrográfica do Parnaíba no programa de revitalização do Rio São Francisco
• Inclusão da navegabilidade do Rio Madeira no programa de redução estrutural de custos de geração de energia na Amazônia Legal
• Destinação da parcela da outorga que vai para a CDE apenas aos consumidores do mercado regulado, para fins de modicidade tarifária
• Manutenção do subsídio ao fornecimento de energia elétrica para o Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (Pisf).
• Nomeação dos presidentes dos comitês gestores dos programas de revitalização de bacias será feita pelo ministro do Desenvolvimento Regional. Já a indicação do presidente do comitê gestor do programa da Amazônia Legal será de responsabilidade do ministro de Minas e Energia.
• Autorização para que a sociedade de economia mista ou empresa pública que poderá ser criada para controlar a Eletronuclear e Itaipu Binacional assuma direitos e obrigações do Proinfa e seja associada ao Cepel. Essa empresa poderá também incorporar as Indústrias Nucleares do Brasil (INB), e seus resultados financeiros poderão ser destinados à CDE
• Permissão para empresas do setor elétrico destinarem recursos dos programas de Pesquisa e Desenvolvimento a instituições de pesquisa e tecnologia do setor.
• Regulamentação da contratação de energia de empreendimentos de geração distribuída.
• Determinação para que sejam destinados à CDE recursos dos fundos de energia do Nordeste (FEN) e do Sudeste e Centro-Oeste (Fesc) ainda não comprometidos com projetos.
• A parcela brasileira do excedente econômico de Itaipu Binacional deve ser destinada à CDE (75%) e a programa de transferência de renda do governo federal (25%). A partir de 2033, 25% desse valor irão para custeio dos programas de revitalização de bacias e de redução de custos de geração na Amazônia, 50% para a CDE e 25% para programa de transferência de renda do governo.
• A União deverá realocar em até três anos moradias próximas a linhas de transmissão nas regiões metropolitanas, com recursos do Programa Casa Verde e Amarela
• A privatização de estatais da União, estados e municípios poderá ser feita por meio da venda de controle, ou de abertura ou aumento de capital sem a participação do controlador
Texto do Senado
Mantém o projeto de conversão da Câmara, acrescentando alterações:
Efeito foi registrado no primeiro pregão após o Senado ter aprovado a MP 1031, que permite a privatização da elétrica
MAURÍCIO GODOI, DA AGÊNCIA CANALENERGIA, DE SÃO PAULO (SP
A despeito da terminologia atribuída aos temas além da privatização da Eletrobras, sejam eles jabutis ou contribuições legislativas, o fato é que o mercado financeiro reagiu positivamente à aprovação da MP 1031, as ações da elétrica estavam entre as mais valorizadas do dia e encerraram em alta de 5,98% ante o fechamento do dia anterior.
Nos últimos meses, desde que a MP foi apresentada, em 26 de fevereiro, a cotação da ação ordinária, com direito a voto (ELET3) saiu de um patamar de R$ 32,37 para o fechamento desta sexta-feira, 18 de junho a R$ 46,22. Já as preferenciais classe B (ELET6) saíram de R$ 32,78 para R$ 45,85.
Na avaliação de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, a abertura do mercado desta sexta mostrou o otimismo no início do dia, pois os investidores ainda tinham em seu radar uma expectativa tanto de aprovação quanto de rejeição da matéria. Com a aprovação as ações abriram o dia em alta, mas o impacto da aprovação para os papeis não deve ser tão expressivo.
“Sem os penduricalhos a privatização seria melhor, tanto é assim que avaliamos em neutro para as ações da empresa o avanço da matéria”, comentou ele durante entrevista ao CanalEnergia Live desta sexta-feira, 18 de junho, que repercutiu a aprovação da MP 1031 no Senado.
O valor mais alto do dia para as ações PNB foi de R$ 47,69 e para a ON ficou em R$ 47,99 picos alcançados logo no início das negociações. De acordo com Sanchez, apesar de não ser a ideal esse foi o texto possível nesse acordo costurado no Congresso Nacional que abre espaço para que a Eletrobras receba a injeção de capital.
Em geral, com a efetivação da desestatização a empresa deverá ter mais possibilidades de investimentos uma vez que o processo será mais transparente em termos de gestão. “O trabalho de limpeza e de subida da dívida foi bem feito e agora a empresa precisa colocar o dinamismo do capital a seu favor e tirar o aparelhamento do estado. Isso melhora a solvência e permite uma maior alavancagem”, comentou ele.
Na análise da Ativa, os penduricalhos que ficaram sob a responsabilidade da elétrica atrapalha na avaliação do valor da empresa, mas a situação é sem dúvida melhor do que antes. Esse, disse ele, é o custo de oportunidade, apesar de ser menor do que poderia chegar sem os custos adicionais impostos ao longo do processo de tramitação.
Por Joice Bacelo — Do Rio
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram manter o ISS na base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB). A maioria entendeu que esse regime se enquadra como benefício fiscal, assim, mexer no cálculo - provocando redução de tributo - o ampliaria demais.
Por André Ramalho e Gabriela Ruddy — Do Rio
21/06/2021 05h01 Atualizado 21/06/2021
Em meio à recente recuperação dos preços do petróleo no mercado internacional, as empresas começam, aos poucos, a ganhar confiança para avançar com novos projetos. Somente neste mês de junho, quando o barril do tipo Brent ultrapassou os US$ 70 pela primeira vez em dois anos, a Petrobras, a norueguesa Equinor e a australiana Karoon já anunciaram investimentos de cerca de US$ 10,5 bilhões no Brasil, para os próximos anos.
Por Arícia Martins e Lucianne Carneiro — De São Paulo e Rio
A piora do cenário inflacionário ocorreu de forma rápida ao longo deste ano e, no momento atual, a pressão de bens industriais, a recomposição dos serviços e o encarecimento da energia apontam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve terminar 2021 com alta de 6,2%. A avaliação é de Fábio Romão, especialista em inflação e mercado de trabalho da LCA Consultores, que foi o convidado de ontem da Live do Valor.
Ibovespa tem nova perda semanal; dólar sobe a R$ 5,0712
O Ibovespa (IBOV) acumulou sua segunda semana consecutiva de perda nesta sexta-feira, ainda em meio a movimentos de ajustes após renovar máximas mais cedo no mês, com sinalizações recentes de política monetária pelo Federal Reserve.
Na última quarta-feira, o comunicado da reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do banco central dos Estados Unidos mostrou que a maioria dos membros do colegiado passou a projetar dois possíveis aumentos dos juros em 2023. Antes, as estimativas eram de alta apenas em 2024.
“Isso causou um pouco mais de insegurança no mercado”, afirmou o diretor de Investimentos da Reach Capital, Ricardo Campos, chamando atenção para o efeito de baixa nas taxas curtas dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, bem como nos preços de commodities.
Campos ressaltou, contudo, que a correção experimentada na é natural e pequena, destacando que o Ibovespa ainda está positivo no mês e no ano.
Para o economista-chefe de América Latina da Oxford Economics, Marcos Casarin, essa mudança em direção a um Fed menos ‘dovish’ pode ser o incentivo para muitos BCs latino-americanos também mudarem de tom.
Mas o analista da Aware Investments, Aldo Filho, ressaltou que para os próximos dois anos espera-se tanto uma política monetária quanto fiscal expansionista nos EUA. “E o Brasil deve se beneficiar do fluxo monetário vindo dos EUA”, acrescentou.
Na pauta doméstica, também repercutiu a aprovação no Senado da medida provisória que abre caminho para a privatização da Eletrobras. O texto, que sofreu alterações, deve ser apreciado pela Câmara dos Deputados na próxima semana.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa subiu 0,27%, a 128.405,35 pontos, mas acumulou perda de 0,8% na semana. No mês, ainda sobe 1,73%. No ano, avança 7,89%.
O índice Small Caps teve alta de 0,41% na sessão, a 3.184,43 pontos, e de 0,8% na semana, enquanto sobe 2,57% no mês e 12,83% em 2021.
O volume negociado nesta sessão somou 44,3 bilhões de reais (Reuters, 18/6/21)