Os EUA emprestam à Exxon mais 1,5 milhão de barris de petróleo da reserva de emergência
Por Timothy Gardner
WASHINGTON, 9 de setembro (Reuters) - O Departamento de Energia dos EUA disse na quinta-feira que aprovou um segundo empréstimo de 1,5 milhão de barris de petróleo para a Exxon Mobil Corp (XOM.N) da Reserva Estratégica de Petróleo (SPR) após danos causados pelo furacão Ida produção offshore de petróleo.
"A capacidade da SPR de realizar trocas é uma ferramenta crítica disponível para os refinadores para fortalecer a cadeia de abastecimento de combustível e mitigar interrupções após emergências, como o furacão Ida", disse o departamento em seu site após autorizar o empréstimo adicional à refinaria de Baton Rouge da Exxon.A Exxon está transportando o petróleo para a refinaria de 520.000 barris por dia, "o que nos ajudará a restaurar completamente as operações normais e continuar fornecendo combustível para a área afetada", disse Julie King, porta-voz da empresa. A planta retomou as operações normais no início do dia.
O Departamento de Energia já autorizou empréstimos totalizando 3,3 milhões de barris para ajudar os refinadores a lidar com a escassez de petróleo proveniente do Golfo dos Estados Unidos.
Na quinta-feira passada, a secretária de Energia dos EUA, Jennifer Granholm, autorizou o primeiro empréstimo para Baton Rouge da Exxon . Naquele dia, ela também emprestou 300.000 barris de petróleo para a refinaria da Placid Refining Company LLC perto de Baton Rouge. consulte Mais informação
Três quartos da produção de petróleo dos EUA no Golfo do México permanecem offline depois que Ida atingiu o continente há uma semana. Ida foi um dos piores furacões para os produtores de petróleo desde as tempestades consecutivas de 2005.
A Royal Dutch Shell Plc (RDSa.L) , maior produtora de petróleo dos EUA no Golfo do México, cancelou na quinta-feira alguns carregamentos de exportação devido aos danos de Ida às instalações offshore, sinalizando que as perdas de energia continuariam por semanas.
Quedas de energia nas instalações de processamento e oleodutos em terra impediram que parte do petróleo chegasse à costa, o que sustentou os preços do petróleo desde a semana passada.A SPR tinha 621,3 milhões de barris de petróleo em estoque na semana passada, de acordo com o Departamento de Energia, o menor desde agosto de 2003.
A SPR possui quatro grandes instalações de armazenamento, duas no Texas e duas na Louisiana, para entregar petróleo bruto às refinarias próximas para a produção de combustível. Ele foi desenvolvido na década de 1970 depois que o embargo do petróleo árabe aumentou os preços da gasolina, mas foi explorado recentemente após interrupções incomuns no combustível, como furacões.
Reportagem de Timothy Gardner; Edição de Sandra Maler, Chris Reese e Himani Sarkar
Por Muyu Xu e Tom Daly
PEQUIM, 10 de setembro (Reuters) - A China planeja seu primeiro leilão público de reservas estatais de petróleo para um seleto grupo de refinadores domésticos, anunciou a administração de reservas, enquanto Pequim busca esfriar os altos custos das matérias-primas para os fabricantes.
Os lançamentos ocorrerão em fases e se destinam a usinas integradas de refino e produtos químicos, disse a Administração Nacional de Alimentos e Reservas Estratégicas em um comunicado na noite de quinta-feira.As vendas "estabilizarão melhor a oferta e a demanda do mercado doméstico e efetivamente garantirão a segurança energética do país", disse a agência, acrescentando que planeja liberar e reabastecer regularmente as reservas de petróleo da China.
Os preços do petróleo bruto Brent de referência subiram cerca de 40% este ano, à medida que a demanda se recuperava do colapso liderado pelo coronavírus em 2020. O Brent caiu 2% na quinta-feira, mas foi negociado em alta na sexta-feira.Os futuros internacionais do petróleo da China subiram 50% este ano e 80% em relação ao ano anterior.
Em seu comunicado de quatro frases, a agência não especificou o volume nem o prazo dos leilões.O texto vago e a falta de detalhes criaram alguma confusão entre os rastreadores do mercado sobre se os leilões já haviam ocorrido ou se aconteceriam no futuro, disseram traders e analistas.
A agência não respondeu ao pedido da Reuters por mais comentários.Também se falou no mercado de vendas não confirmadas de reservas de petróleo em julho e agosto, que fontes familiarizadas com o sistema de reservas estratégicas da China não confirmariam nem negariam à Reuters.
Analistas da Goldman Sachs estimaram a venda em 22 milhões de barris e disseram que provavelmente ocorreu em agosto e contribuiu para uma desaceleração nas compras de petróleo chinês neste verão.As importações de petróleo bruto da China de janeiro a agosto caíram 5,7% ano a ano, embora os volumes de agosto tenham subido 8% em relação a julho.Analistas do ING disseram que o anúncio parece confirmar as vendas anteriores, mas também aponta para novos leilões no futuro.
Funcionários de refinarias estatais disseram à Reuters na sexta-feira que o leilão pode ser mais uma experiência para demonstrar que Pequim tem as ferramentas para estabilizar o fornecimento de petróleo, em vez de refletir qualquer escassez real de fornecimento entre as refinarias.
"As refinarias realmente não veem oferta apertada no mercado global de petróleo. Em vez disso, alguns estão prevendo que os preços cairão ainda mais para menos de US $ 60", disse um funcionário de um refinador com base no sul da China.
A China tem guardado de perto suas informações de reservas estratégicas. Os últimos dados públicos da SPR da China foram dados em 2017, quando o governo afirmou ter construído nove bases de armazenamento de petróleo bruto com uma capacidade total de reserva de cerca de 238 milhões de barris.A Consultancy Energy Aspects estimou no início de julho que as instalações da SPR na China retêm 220 milhões de barris de petróleo bruto, o equivalente a 15 dias de demanda. consulte Mais informação"A notícia da SPR chega em um momento em que a interrupção na plataforma Mars da Shell está forçando as grandes empresas chinesas a lutar por alternativas, já que muitos dos 10-12 milhões de barris de cargas Mars comprados para carregamentos de setembro e outubro foram cancelados", analista da Energy Aspects, Liu. Yuntao disse.Liu prevê que os leilões liberarão de 10 a 15 milhões de barris por vez, no máximo.
A Royal Dutch Shell Plc (RDSa.L) cancelou na quinta-feira algumas cargas de exportação devido a danos às instalações offshore do furacão Ida.
Reportagem de Muyu Xu, Tom Daly e Chen Aizhu; reportagem adicional da Beijing Newsroom; edição de Pravin Char e Jason Neely
Por Daniela Braun — De São Paulo
O prolongamento da escassez global de semicondutores, que pode se estender até o fim de 2022, tem feito com que fabricantes brasileiros de eletroeletrônicos sigam equilibrando seus pratos entre diferentes fornecedores, custos e prazos de entrega para não perderem vendas no mercado brasileiro.
Por Gabriela Ruddy, Rafael Rosas e Lucianne Carneiro — Do Rio
Apesar de a alta nos preços dos combustíveis não ser a pauta prioritária na atual paralisação dos caminhoneiros, o aumento do diesel segue como fator de insatisfação da categoria. Cálculos do Valor Data com base em dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) apontam que o preço médio do litro do óleo diesel nos postos subiu 24,76% entre janeiro e agosto.
Por Roseli Loturco — Para o Valor, de São Paulo
Em ano de disparada da inflação e elevação da taxa Selic, os fundos de renda fixa voltam ao radar do investidor. Apesar da instabilidade, que gera muitas dúvidas e perdas no curto prazo, os títulos mais longos atrelados aos dois indicadores e os papéis indexados à inflação de crédito privado incentivado, isento de imposto de renda (IR), despontam neste ano na preferência de quem tem menos apetite a risco. Para os analistas, a busca é por proteção contra perdas relativas à pressão inflacionária, com ganhos acima do CDI.
Mesmo os que vinham se aventurando em bolsa e fundos multimercados correram para a renda fixa. Tanto que, de janeiro até 29 de julho, a captação líquida nesse veículo de investimento foi de R$ 153 bilhões, 515% acima de igual período de 2020, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
E mesmo diante da turbulência, alguns fundos se destacaram no ranking dos dez mais rentáveis dos últimos três anos, encerrados em 30 de junho, do “Guia Valor de Fundos de Investimento”. Entre eles, os geridos por SulAmérica, Infinity, BTG Pactual e Icatu Vanguarda.
Pela terceira edição consecutiva, a SulAmérica desponta nas categorias renda fixa ativa e juro real com o fundo SulAmérica Inflatie FI RF LP, que acompanha a cesta de papéis indexados ao IMA-B. Sua meta é superar o benchmark por meio de gestão ativa. “O gestor tem a liberdade de alongar a carteira, reduzir a exposição a IPCA e fazer caixa, dependendo do cenário macro. É um dos fundos mais antigos da casa e conta com a mesma equipe de gestão desde o início”, diz Marcelo Mello, vice-presidente de investimentos da SulAmérica Investimentos.
O fundo, que tem patrimônio líquido de R$ 1,4 bilhão, aceita aplicações a partir de R$ 1 mil e possui taxa de administração de 0,4% ao ano. Sua rentabilidade nos últimos 12 meses até junho foi de 7,76%, enquanto o IMA-B entregou 7,42% no mesmo período. O gestor diz que o perfil do investidor que busca esse tipo de aplicação é o que tem obrigações indexadas à inflação e está fazendo hedge. Ou aquele que usa o IMA-B para diversificação de portfólio. Mas avisa que é preciso suportar a volatilidade alta, de 7%, para atingir o ganho. “Se a gente pegar a rentabilidade do fundo em 36 meses acumulados vai dar 43%. Se compararmos com outro fundo que tem como benchmark o CDI, em 36 meses, rendeu só 13%, mas com volatilidade menor”, observa Mello.
Já a Icatu Vanguarda, com dois fundos listados entre os dez melhores do ranking nessas categorias, acha uma “aberração” a alta correlação que o mercado faz entre a renda fixa e o CDI. “Enxergamos a renda fixa muito além e olhamos para prazos longos que vão de dois a 30 anos. Com isso, o CDI fica pouco relevante na carteira dos nossos investidores. Esses dois produtos se encaixam em portfólios que têm horizonte de médio e longo prazos”, diz Bernardo Schneider, CEO e sócio da Icatu Vanguarda.
Referindo-se aos fundos Icatu Vanguarda Prefixado FI RF LP e Icatu Vanguarda Inflação Lng FIC FI RF LP, o executivo explica que ambos utilizam títulos soberanos, mas no primeiro caso, opera com o juro prefixado nominal, seja com títulos públicos e contratos futuros de juros, buscando ganho de capital com gestão ativa. Já no segundo fundo, o objetivo é um pouco diferente: “Usa estratégias preponderantemente atreladas à inflação (NTN-Bs). Apesar de sermos fortes em crédito privado, esses fundos não usam esses ativos. Usam NTN-B e contratos futuros”. A rentabilidade em três anos do fundo prefixado foi de 36,80%, e a do juro real, de 54,29%.
Em relação à alta da inflação e da taxa Selic, os analistas dizem que como os agentes de mercado estão revisando esses indicadores para este ano e para 2022, está havendo uma diminuição na curva de juros com o aumento da Selic no curto prazo. “As nossas posições de valor relativo têm foco na curva longa de juros. Quando há diminuição da curva, essas posições tendem a rentabilizar bem. Os fundos de renda fixa seguem essa estratégia. O que difere são os objetivos de rentabilidade e risco que cada fundo tem”, afirma Bruno Russi, gestor de renda fixa da Infinity Asset. A gestora tem dois fundos listados no ranking dos dez mais rentáveis: o Infinity Lotus FI RF e o Infinity Select FI RF LP.
Já o BTG Tesouro Longo FI RF ref IPCA é o único fundo do ranking juro real cuja gestão é passiva. O gestor diz que a estratégia de diligência de seguir o IMA longo somado à taxa de administração de 0,3% dá atratividade e possibilidade de ganhos reais para o produto. “Seguimos estritamente esse índice. Quando a gente pensa em juro real longo, tem muita demanda sobre esse produto. Se a gente olhar a diferença entre as taxas - real e futura - é o que dá ganho ao investidor. Os papéis de juro real têm ainda proteção da inflação”, diz Júlio Filho, co-CIO de multimercados e renda fixa da BTG Pactual Asset Management.
Bolsa salta 3,3% minutos após Bolsonaro recuar em carta escrita com Temer
A Bolsa de Valores brasileira deu um salto de 3,3% um intervalo de 15 minutos, em uma reação do mercado à divulgação da carta em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recua dos ataques feitos ao STF (Supremo Tribunal Federal) durante as manifestações de raiz golpista de 7 de setembro.
Com essa alta, o Ibovespa, principal índice da B3, reverteu o sinal e fechou o dia em alta. O dólar, que já estava em queda, aprofundou a baixa em relação ao real.
Às 16h30, o índice operava a 112.621 pontos, sinalizando que o índice terminaria com um recuo de cerca de 0,5%. Após a carta ser divulgada, no entanto, a Bolsa passou a operar em alta e às 16h45 já estava a 116.353,62 pontos, a máxima do dia –um salto de 3,3% em apenas 15 minutos.
O Ibovespa acabou fechando o dia aos 115.360,86 pontos, com alta de 1,72%.
Na véspera o Ibovespa caiu quase 4% após Bolsonaro atacar ministros do STF.
A carta desta quinta, em que Bolsonaro afirma que "nunca teve nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes", foi escrita com a ajuda do ex-presidente Michel Temer (MDB), visto como conciliador por agentes do mercado financeiro.
O dólar, que caminhava para um recuo inferior a 1%, acelerou a queda após a divulgação do comunicado, encerrando o dia com baixa de 1,84%, cotado a R$ 5,2270.
As reações do Ibovespa e do dólar nos últimos minutos do pregão foram integralmente atribuídas à carta de Bolsonaro, segundo analistas.
"Avalio que os mercados acabam reagindo melhor à nota do presidente, aconselhado por Michel Temer, de perfil mais conciliador", disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. Ele lembrou que o documento deve desagradar parte da base de Bolsonaro, mas "é mais condizente com os pressupostos democráticos".
"O passo atrás de Bolsonaro diminui riscos e acalma, marginalmente, os ânimos que sugeriram rupturas. De todo modo, avalio que não se trata de algo suficiente para abarcar novos ou ex-eleitores. Trata-se do início de uma reconsideração que, pelo menos, pode voltar a trazer à mesa perspectivas sobre reformas, ainda que diminutas, neste momento se afastam do 0% de chance de avançarem."
Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, lembrou que o dia também viu o movimento dos caminhoneiros diminuir.
“Basicamente, a alta no Ibovespa e a queda do dólar perto do final do pregão ocorreram devido à divulgação da nota oficial, amenizando o conflito entre os Poderes e também a situação da greve dos caminhoneiros”, afirmou.
A expectativa para os próximos dias, segundo Lage, é que a sinalização de estabilidade traga de volta à Bolsa investidores estrangeiros afugentados pela crise local. “Resolvidas essas questões políticas, as perspectivas macroeconômicas são positivas”, disse.
Ao se manifestar publicamente a respeito da crise institucional, Bolsonaro colocou "panos quentes" sobre as suas próprias declarações, o que, na avaliação do mercado, reduz o risco, segundo Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.
“Esse tipo de postura, que reduz risco, é louvável e diretamente respondida pelos investidores, vide a reviravolta do mercado”, disse Ribeiro.
Apesar do alívio, o cenário do mercado brasileiro, com dúvida sobre o andamento da pauta econômica, crise hídrica, inflação elevada e movimentação de caminhoneiros, entre outros fatores, deve continuar ditando volatilidade.
Esses componentes, combinados com ruídos no exterior, tiram a visibilidade do investidor, segundo o responsável pela mesa de ações da Western Asset, Naio Ino. "O momento segue de cautela."
No exterior, o índice S&P 500 terminou em baixa após os pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA amenizarem temores de uma desaceleração da recuperação econômica, mas alimentarem receios de que o Fed possa agir mais cedo do que o esperado (Folha de S.Paulo, 10/9/21)